Fadas madrinhas existem PARTE 4

LUANA disse que a surpresa tinha a ver com minhas mãos e eu achei que ia receber mais um esmalte... mas era algo além! Muito!!!

Ela com toda naturalidade do mundo me falou: vamos agora no salão de minha irmã, vamos dar um jeito nisso.

- Ah? Eu? Salão? Sair?

Tremi, da sandália até a tiara!!!!! Disse que não, mas gaguejei, minha mão tremia...

LUANA não se aceitou minha recusa: disse que tinha a manhã toda livre, que precisava mesmo conversar com a irmã e fazia questão de me levar...

Puxou minha mão e foi me levando para a porta.

E se algum vizinho me visse? E se qualquer pessoa no planeta Terra me visse? Eu fiquei paralisada... então minha fada madrinha me abraçou com tanto carinho, que eu desmontei: ela me disse que gostava muito de mim, que eu era como uma irmã mais nova, olhou nos meus olhos e me garantiu que eu ia gostar.

Respirei fundo e topei... saí praticamente correndo para o carro dela, que embora estivesse na garagem, era um risco para mim... eu tinha medo de algum vizinho ver....

LUANA ao contrário, estava mega calma... foi conversando suavemente e em 20 minutos estávamos em frente o salão da irmã. Mais longe de casa e mais calma, desci do carro e LUANA deu a volta para me acompanhar. Pegou no meu braço e fomos.

Que sensação maravilhosa!!!!! Não era possível existir algo melhor: caminhar de saltinho, ouvir aquele toc toc... sentir minhas pernas roçando na saia que eu tinha escolhido, meus cabelos e brincos balançando!! Gente, não é possível ser feliz sem isso.... ser menina é bom demais!!!! Como é que eu iria vestir outras roupas depois disso?

Eu queria correr, gritar que meu nome era Yasmin, abraçar LUANA, chorar, tudo ao mesmo tempo....

Entramos e Renata nos recebeu: nossa, estava na cara que era irmã de LUANA.

Apenas era um pouco mais alta e magra, mas o sorriso era o mesmo, e a gentileza então...

Para quem estava pela primeira vez saindo na rua, ser recebida num salão era como estar no paraíso.... Minha nossa, minha pepeka parecia descontrolada, ela estava ficando durinha... ainda bem eu estar de saia, se eu estivesse de shortinho, ia aparecer o volumezinho...

Renata me fez sentar, e me deu uma bronca divertida: Menina, mas como pode? Uma princesinha como você, com essas unhas?

Dei a mesma desculpa, mas Renata pareceu nem ouvir: já estava pronta para começar.

Como já disse, por sorte minha, nunca tive muitos pelos no corpo, e com as pernas depiladas, não precisava me preocupar com julgamentos da irmã de minha amiga.

Na verdade, as duas só disseram que eu precisava cuidar mais do meu cabelo. Eu mantinha comprido, mas não conseguia ter um corte feminino...

Bom, voltando ás unhas: Eu fingindo que sabia de tudo (kkkkkk), mas sabia era nada.... e ali me deparava com água quente nos dedos, lixas, alicates...

E assim como a irmã, Renata era um doce... me disse que gostava mesmo era de cabelos, unhas só fazia para “amigas especiais” (era euuuuuu!!!!), que tinha 25 anos, e era dona do salão.

Nossa, até o cheiro do salão era delicioso. Me lembrava quando eu era bem menina e acompanhava minha mãe! Eu ficava maravilhada ao ver aquelas mulheres ficando lindas, se arrumando... e eu sem poder fazer nada.

Acho que toda crossdresser já passou por isso: de estar com alguém num ambiente mega feminino e ficar louca para gritar: eu quero isso para mim!!!!

Agora eu tinha uma manicure!!!! E como o maior nervosismo já tinha passado, pude até curtir o momento!

Renata preparou com muito carinho minhas unhas, aquilo era bom demais...

Ao perguntar qual estilo eu queria, não titubeei: francesinha, eu disse! Já sabia desse modelito e meu sonho de menina era realizado, com uma francesinha em tons de branco nas mãos e um rosinha nos pés.

Eu estava como sempre quis... vestida de menina, de saia, blusa, sandália... e se faltava algo no meu visual, agora não mais. Minhas unhas estavam ma-ra-vi-lho-sas...

Eu me olhei no espelho e vi uma menina linda, completa... LUANA e Renata estavam atrás de mim, sorrindo... Pela primeira vez, não resisti e chorei: me virei corri até elas e abracei as duas... eu chorava de soluçar!!! E dizia obrigada sem parar... eu não merecia aquilo!

E LUANA e Renata retribuíram meu abraço, me senti acolhida, querida, tudo!!!

Depois de me recompor, ganhei um copo de água... elas não me perguntaram por que eu tinha chorado tanto, apenas sorriram com os rostos mais carinhosos que eu poderia merecer.

Ufa, era hora de voltar.... Renata disse para eu voltar para arrumar o cabelo e me deu seu cartão, anotando seu whats atrás. Terminou me dando uma lixa, e uma acetona, me dizendo que era pra eu tirar o esmalte quando eu enjoasse.

LUANA me levou para casa e apesar de eu querer me mostrar para o mundo, desci rapidamente de novo.

Dentro de casa, eu novamente me perdi com as palavras... eu não tinha como agradecer... LUANA disse que tinha feito isso por que eu era especial pois eu tinha sido sua primeira cliente!!

Eu era muito sortuda!!!

Ela se despediu me dando um beijo na testa, disse pra eu curtir minhas unhas e prometeu voltar na semana seguinte, pra gente conversar...

Atônita, passei aquela tarde admirando minhas unhas... lá pelas 15 horas me bateu algo tipo “momento da verdade”: ficava assim, mostrava pra minha mãe e veria as consequências? Ou tirava tudo e guardava na lembrança?

O temor falou mais alto e resolvi tirar. Triste realidade!

E como eu ia tirar? Ah, espera... Renata tinha me dado uma acetona!! Nossa, que sorte! Passei o finalzinho da tarde tirando o esmalte e ainda dando uma judiada nas unhas de propósito, para minha mãe não perceber que elas tinham sido tratadas.

Minha cara era de desânimo! Mas era difícil eu explicar aquilo para minha mãe, eu tinha medo...