Linda, Louca e Mimada 1

Um conto erótico de Lara Batalha
Categoria: Homossexual
Contém 1555 palavras
Data: 18/12/2014 22:53:35
Última revisão: 18/12/2014 23:10:23

- Não acredito que você quer mudar de turno! - Felipe falava baixo, como se fosse segredo.

- Me dê duas coca's zero e doritus, por favor! - dei o dinheiro pro rapaz da lanchonete da escola e virei pra olhar pra ele – não aguento mais acordar cedo, Lipe. Tá vendo isso aqui?! - apontei os olhos – olheiras de 60 dias.

Ele sorriu. Passei a coca pra ele e sentamos no pátio, tinham ido poucas pessoas naquela segunda pela manhã, o tempo estava nublado e fazia um pouco de frio, a temperatura estava baixa.

Era setembro de 2013 e eu já estava planejando o próximo ano. Assim que bateu o sinal entramos na sala, fiquei tentando prestar atenção na aula. Um pouco antes de acabar o último tempo, peguei meu celular e tinha uma mensagem dela, Carine. “Estou indo ver você, quando sair, olhe pro lado que estarei lá”. Mostrei pra Lipe.

- Tô sentindo que vai desmarcar comigo, por quê será?!

- Mesmo se passar cem anos, você ainda vai me odiar?

Ele me beijou o rosto.

- Lei 3.459, parágrafo 4: nunca trocarás um amigo pela namorada – ele disse colocando a bolsa na costa e saindo.

Mandei beijo pra ele e demorei um pouco arrumando as coisas na bolsa, sorrindo dele. Quando sai, lá estava ela, em sua meia calça e blusa de mangas longas, sorriu lindamente. Me deu um selinho.

- Trouxe pra você – ela tirou do bolso um colarzinho com pingente dourado de um violão – abri um sorriso – posso colocar?

Virei, sem dizer nada e levantei o cabelo, abrindo espaço pra ela colocar o colar. Ela colocou e beijou meu pescoço.

- Eu te amo, srt. Lara Idiota Batalha!

A beijei, sorrindo, perdendo ou deixando passar a oportunidade de falar “eu também te amo”. Fomos juntas pra casa, conversando. Eu estava me sentindo estranha.

* * *

Há mais ou menos 2 semanas antes, tínhamos saído, Carine e eu pra uma festa da escola que ela estuda. Poderia levar um acompanhante e ela me levou. Era tipo um acampamento, levamos barraca, sacos pra dormir e tudo o mais. Tínhamos planos amorosos pra aquela noite, mas alguma coisa mudou antes de escurecer.

Todos os alunos tinham pago um valor pra tornar os 2 dias um “open bar/open comida”, Carine e eu estávamos sentadas na grama sozinhas, já que eu não era muito íntima dos amigos dela. Levantei e disse que pegaria alguma coisa pra comermos, que estava faminta. E fui, já era umas 19hrs. Tinha uma mesa com banquete, era enorme mas não foi isso que me chamou atenção. Eram em torno de 6 pessoas, eles conversavam auto e sorriam, pareciam bêbados. Mas Carine tinha dito que não podiam levar bebidas alcoólicas (não que eu fosse levar). Uma garota, ela abriu o sorriso de canto e olhou em minha direção, não para mim, mas em minha direção. Ela era linda como as estrelas que brilham no céu, como a primeira planta que brota na primavera, ou como a última folha que cai no outono. Ela vestia roupas de frio, por que realmente estava frio. O cabelo preso em um rabo-de-cavalo. Todos pareciam querer chamar a atenção dela, e ela meio que se complicava sem saber pra quem olhar. O sorriso dela era silencioso, mas estava um pouco distante e não dava de ouvir o som de sua voz. Meus olhos pareceram ligados a ela por gps. Então ela levantou e eu pensei “vai comer alguma coisa” mas a mão estendeu-se, e ela saiu levando uma garota loira, em direção aos banheiros. Os que ficaram fizeram um auê de zoada, gritando e esperneando. Senti minhas pernas enfraquecerem como se tivessem levado uma rasteira. Segui elas com os olhos, sabendo que não poderia fazer isso pessoalmente.

- Lara! - virei devagar.

- Oi. Eu já estava voltando, estava aqui observando o pessoal – falei, apressada demais, eu não tinha pego nada pra comer e aquela altura já tinha passado qualquer rastro de fome – vamos!

Fui na frente de Carine e entrei na barraca. Deitei, ela deitou-se ao meu lado e ficou me fazendo carícias, mas meu corpo rejeitou. Falei que estava com dor de cabeça e queria dormir um pouco. Ela estranhou a súbita dor, porém não discutiu e falou que iria onde uma amiga dela.

Fechei os olhos e fiquei pensando em nada. Virei, voltei, tirei o lençol, o coloquei de volta, tirei a blusa pelo color que resolvi sentir, fiquei de lado, virei de costa. Tentei dormir, mas meus olhos dormiam de madrugada e meus pensamentos vagavam perdidamente.

Escutei um barulho de grama sendo pisada perto demais da barraca e fechei os olhos rapidamente pra fingir dormir pra Carine. Mas não era ela, era um garoto que estava lá com ela na roda de amigos. Virei abrupta, me cobrindo.

- Desculpa, de verdade, barraca errada.

Antes de eu xingá-lo ele saiu tão rápido quando entrou. Depois disso eu acho que não demorei muito a dormir. Acordei ainda estava escuro, Carine estava aninhada ao meu corpo e foi difícil sair sem acordá-la. Queria ver o nascer do sol. Tinham algumas pessoas já acordadas, ou ainda acordadas aqui e ali. E nesse período de tempo entre aqui e ali lá estava ela, com 2 garotos. Ela deitada na perna de um e o outro que estava deitado ao lado dela recebia carinho na cabeça. Sentei um pouco longe, na grama molhada pelo sereno da noite. Eles falavam suavemente, como se fosse um assunto fácil, dos que não precisava pensar muito. O que estava ao lado dela levantou e entrou numa barraca. Não demorou até o outro entrar na mesma barraca e ela ir em direção aos banheiros. Levantei e fui andando no automático. O céu estava alaranjado com o sol a vir, ela entrou e eu diminui um pouco o passo. Passei as mãos no rosto e no cabelo me perguntando o que eu achava que estava fazendo.

- Oi? - uma voz masculina, virei um pouco – você pode entregar essa toalha pra uma garota que está aí? Acho que não posso entrar... - o garoto que entrou por último na barraca disse, meio sem graça.

- Posso...- estendi minha mão pra pegar a tal da toalha que cheirava a lavanda – qual o nome dela? Caso tenha mais de uma – não me contive.

- Natasha. O nome dela é Natasha.

- Ok – N.a.t.a.s.h.a. - tá bom.

- Valeu – ele disse e saiu.

Respirei antes de entrar. Já na porta pude ouvir o som da água caindo. Não tinha mais ninguém lá. Fiquei esperando, meio que sem saber o que fazer. Então ela começou a tossir, me assustei, e ela continuou a tossir. Então um som de vômito. Bati à porta e perguntei se ela estava bem.

- Carol! Vem aqui, - tosse - não estou muito bem...

Ouvi um som de coisas caindo e empurrei a porta rapidamente, estava destrancada. A garota estava ao chão de roupas molhadas com a cabeça perto do vaso sanitário, ela tinha esbarrado em sabonetes líquidos e produtos de limpeza que estavam perto da pia. Puxei ela da beirada do sanitário e abaixei a tampa, mas foi inevitável ver que o vaso estava todo vermelho, sujo de sangue.

- O que houve? - ela não parecia tão ruim assim enquanto caminhava até lá – você está embriagada?

- Você não é a Carol! - ela falou com birra e tive certeza que estava embriagada, os lábios ainda sujos de sangue.

- Não, não sou a Carol. Sou a garota da toalha vermelha aqui – mostrei a ela – deixa eu te ajudar!

Tirei a blusa dela e o short curto branco que estavam ensopados. Sem intenção alguma, ou sem má intenção alguma. Ela vestia roupas íntimas cor azul, que realçavam na sua pele branca. Coloquei ela embaixo do chuveiro. A água respingava em mim, mas eu nem ligava. Ela tinha uma cicatriz na coxa na parte de trás, tinha uns 16 centímetros e daria de ver mesmo com aquele short, ela usava um amuleto bem comprido, que provavelmente escondia embaixo da blusa. Seus olhos eram claros mas eram tão incompreensíveis que eu não sabia definir qual era a cor. Seu rosto com algumas sardas. Ela tossiu algumas vezes ainda antes de sair de debaixo do chuveiro. A enrolei na toalha vermelha por cima das roupas íntimas, ela reclamou do frio e eu tirei o casaco que eu vestia e passei por seu ombro, ela batia os lábios.

- Onde você vai dormir? - perguntei.

Eu a levava com a mão ao redor de seu corpo. Ela não respondeu e eu decidi levá-la a barraca dos meninos. Os dois estavam dormindo e lá cheirava a cigarros, era uma barraca para 4 pessoas. Eles estavam embolados praticamente em uma coisa só e eu a deitei lá do outro lado. Peguei um edredom e a cobri.

- Quem é você? - ela perguntou num sussurro.

- A pergunta é: quem é você?! - eu disse, ela puxou o edredom um pouco mais pra cima e ficou de lado, já tinha amanhecido completamente – você não vai lembrar de mim, vai?!

Passei a mão em seu rosto, acariciando, ela pareceu arrepiar com o toque. Tomaram ela de mim, os sonhos tomaram ela de mim.

Queria ficar lá, a vendo dormir, queria estar lá quando ela acordasse.

Levantei e saí.

Tinha em torno de 200 pessoas naquele sítio enorme e 7,2 bilhões mundo afora, mas assim que bati os olhos nela, eu senti. Era ela, ninguém mais.


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Comentários

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Muito bomツ esperando a continuação...

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Nossa, muito bom. É uma loucura quando acontece isso. Continua. ;)

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