Eu adoro minha esposa

Um conto erótico de Professor
Categoria: Heterossexual
Contém 1045 palavras
Data: 25/07/2018 14:49:31

Quando digo que adoro minha esposa, não pensem que estou empregando uma ´hipérbole. A verdade é que adoro essa mulher. Adoro seus cabelos, sempre castanhos, longos e muito lisos; sua pele comum, seus olhos desconfiados e matreiros como se estivessem constantemente à planear alguma diabrura; seu cheiro, seu toque, sua voz, suas manias, seus feitiços e sortilégios... Adoro, sim, com toda minha mente, cada detalhe que a compõe e fá-la ser, para mim, a mulher mais linda do mundo, e a única que foi capaz de conquistar meu coração rabugento.

O dia nem havia amanhecido ainda; lá fora, um vento bravo fazia balançar as folhas nas copas das árvores do quintal, e o galo, coitado, cantava como se estivesse a reclamar do frio, enquanto, lá perto do alambrado, um cão vagabundo dormitava encarquilhado e indiferente à garoa fria.

Desde que havíamos nos mudado para aquela cidade pequena, nossa rotina era sempre tranquila. Eu lecionava em dois períodos no único colégio da região, um prédio antigo, grande e encardido, com uma arquitetura que fazia lembrar o realismo socialista da velha União Soviética.

Mas ainda estávamos no Brasil, bem entendido; para falar a verdade, estávamos no extremo sul, numa cidadela esquecida pela civilização, pelo governo, por deus e pelo mundo, onde poucos forasteiros se interessavam em viver. Faltavam médicos; faltavam professores, assistentes sociais, civilidade...

Depois de alguns bons anos lecionando na capital, eu havia resolvido me mudar. Não foi difícil realizar a transferência, visto que, já há vários anos, a secretaria de educação tinha grande dificuldade para encontrar profissionais dispostos à se embrenhar de peito no mato, vivendo num fim de mundo onde, segundo seus próprios moradores, "o diabo perdeu o rabo".

Naquele sábado, no auge do mês de julho, vos confesso que a vontade de ficar em casa era bem maior do que a vontade de trabalhar. Sentindo o clima gelado, eu duvidava muito que algum dos alunos apareceria na escola. Eram em sua maioria pessoas de idade, aprendendo as primeiras letras depois dos cinquenta, sessenta, setenta ou até oitenta anos, fazendo grande esforço para escrever. As mãos trêmulas, os olhos às vezes já quase cegos, a surdez como um problema real, mas, mais forte do que tudo, a enorme vontade de aprender. "Quem não escreve não pensa direito", confidenciou-me certa vez d. Bentinha, a aluna mais velha.

Devagar fui descendo a rua; passei pela praça, tomei a esquerda no largo totalmente deserto àquelas horas; passei em frente a catedral e depois de uma pequena curva, cheguei ao casarão que servia de escola. Durante a semana eu lecionava para alunos em idade regular no colégio da cidade, mas aos sábados pela manhã dava aula de alfabetização aos velhinhos, que, por falta de uma professora ou pedagoga habilitada, tinham em mim a única alternativa para aprender a ler e escrever.

Não gostavam de estudar no colégio, dizendo que se sentiam mais à vontade no casarão público. Construção do início do século passado, o tal casarão era, ao mesmo tempo, prefeitura, câmara municipal, assistência social, escola, depósito e ponto turístico. Através de seus janelões baixos, que davam para a rua, durante a aula eu podia ver o movimento de uma cidade que, aos pouquinhos, despertava.

Logo chegou d. Bentinha, d. Tututa (a italiana), d. Amaranta e seu Pedrinho, d. Ana, d. Prudência e o velho seu Pontes, únicos alunos a ter coragem de ir às aulas mesmo em meio à garoinha e ao frio. Depois de umas três horas de aula, ao ouvir o sino da catedral bater onde horas, pensei lá com meus botões que não fazia mal liberar a turma mais cedo, pelo que perguntei se já queriam ir embora. E todos foram. "É bom", resmunguei lá comigo, feliz por poder chegar uma hora antes em casa. Já estava com saudades de minha mulher. Pela manhã eu a deixara dormindo, mas àquelas horas decerto já havia de ter se levantado, e, se eu a conhecia bem, apostava como iria encontrá-la, lá na cozinha, encolhida perto do fogão a lenha (único luxo presente em todas as casas do lugar sem exceção).

E não me enganei! Quando entrei na cozinha, lá estava ela. Vestia um blusão muito simples, calças quentes e alpargatas bem reforçadas, que protegiam seus pezinhos perfeitos de ter contato com o piso gelado. Na forma como me abraçou, percebi que mais tarde faríamos amor. Parece incrível, mas depois de alguns anos convivendo com alguém somos capazes de antecipar os pensamentos, vontades e ideias da pessoa apenas pelo toque, pelo olhar, por um sorriso ou mesmo por uma carranca.

Ela estava com desejo; isso estava claro na forma como pegou minha mão, como sorriu, nos olhos gulosos que fitaram-me sem querer disfarçar o calor que brotava de suas entranhas. "Beba um pouco de vinho", recomendou, e em seguida me ofereceu a caneca que tinha na mão. Bebi, ela bebeu; sentamos no sofá, perto do fogo, e ficamos bebendo e conversando. Safadamente, chegou pertinho, muito pertinho, até sentar-se no meu colo pretextando frio. "O minuano está bravo hoje!", ainda disse, sorrindo e passando o braço por trás de minha cabeça, enquanto se acomodava em meu colo e ronronava como uma gata quando está de manha.

Leitores, leitoras, amigos e amigas... Que delícia era senti-la, sentir seu peso em meu colo, seu corpo tão próximo de mim... Seus cabelos, seu rostinho, seu hálito de vinho, paixão e malandragem...

A bebida a deixou ainda mais quente, e eu simplesmente adoro quando seus instintos se manifestam de forma tão clara... Meio sem querer, meio desejando, fui acariciando-a de forma mais ousada, cada vez mais ousada, até que ela me chamou para irmos para a cama.

Naquela tarde, nos amamos... Amamos muito, com intensidade, como se fosse aquela a última vez em que nos iríamos amar. O desejo, o frio, a chuva que agora engrossara... Seu cheiro, sua pele, seu suor que para mim era precioso como a própria vida...

Como foi bom sentir seu gosto de mulher... Sentir seus suspiros, ver cada olhar... Perceber, em cada toque, em cada gesto, o desejo e o tesão que ressumava de seus poros...

Eu amo você, Sabe? Eu a amo demais, minha esposa querida; minha namorada, minha amiga, meu precioso anjo... Nunca esqueça de que eu te adoro, Yasmim Kelli Freitas dos Santos.


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Comentários

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O conto é muito bem escrito, e de erótico não tem muito, a não ser os detalhes da sua adoração por sua esposa. Mas é um começo. Talvez a gente seja surpreendido por uma segunda parte onde exploda toda a lascívia contida na nossa expectativa. Vai nessa gaúcho!

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Belíssimo conto nem só de traição vive o mundo nossa esposa e nossa alma gêmea

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