- Mãe, calma.
- Lucas, fala pra mim que eu entendi errado, por favor.
Ela chorava e eu estava quase perdendo a coragem. Mas pensei no Léo e consegui a segurança que eu precisava:
- Não mãe. Eu sou bissexual e tô namorando um cara.
- Não é possível.
Ela abaixou a cabeça e quando a levantou já estava chorando. Quem já passou por issa sabe que é de cortar o coração. O que eu queria e até esperava é que ela visse correndo e dissesse que me apoiava, mesmo não querendo isso pra mim. Grande ilusão. Ela se aproximou e começou a me bater. Eu sabia que não era pra machucar, era só pra afogar sua raiva, mas eu sentia dor, uma dor bem forte. Comecei a chorar também e ela me olhava com certa raiva.
- Por quê você tá fazendo isso comigo Lucas? Eu te dei tudo. Fui mãe e pai. Trabalho como uma louca pra você virar pra mim e dizer que é viado?
Eu nem tinha como discutir. Primeiro porque seus argumentos eram fracos demais, porém cheios de sentimentalismo e qualquer coisa que eu dissesse ia atrapalhar tudo. Além disso, seus tapas, mesmo leves, nem me deixavam responder.
- Agora você espera que eu abra os braços e aceite essa sujeira? De jeito nenhum. Não sofri no parto pra ter filho viado. Vai pro seu quarto antes que eu faça uma besteira Lucas.
Subi pro quarto e fiquei pensando em tudo. Eu amava o Léo (amo demais até hoje rsrs), mas tudo tava indo rápido demais. Já estava enfrentando minha mãe, a pessoa que eu mais amava no mundo. Por mais amor que eu sentia pelo Léo, ainda havia uma dúvida se valeria a pena.
Tomei a atitude de ir falar com ele. Não ia ficar em casa com tudo explodindo, sem poder conversar com ninguém. Peguei tudo que eu precisava, inclusive as chaves do carro e fui. Minha mãe só percebeu quando eu saí quando ouviu o portão da garagem se fechando. Ela correu até a rua, talvez pra me impedir, mas eu já estava no final da rua.
Cheguei no apê do Léo em cinco minutos (tipo pioto de fuga rsrs) e já fui subindo antes do porteiro anunciar.
Bati na porta e quando ele abriu eu só consegui abraçar ele. O abraço me transmitiu uma paz e cortou todo meu clima de dúvida. Disse em seu ouvido que o amava muito, várias vezes e ele apenas me apertava mais e mais.
- O que aconteceu Lucas?
Eu já chorava. Ele me conduziu até o sofá e eu comecei a falar:
- Minha mãe descobriu tudo. Tô ferrado Léo.
- Calma amor. Ela te bateu? Te colocou pra fora?
- Até bateu, mas isso é o de menos. Ela é contra nosso namoro e vai com certeza tirar minhas regalias.
- Acha que ela vai te colocar pra fora?
- Não. Mas eu esperava mais amor. Léo, ela parecia ter ódio, eu não sei.
- Olha, eu amo sua companhia, mas eu acho melhor você tá do lado dela pra quando ela se acalmar vocês conversarem mais calmos.
Ele estava certo. Ela ia se acalmar e entender a situação, eu acho. Dei dois beijos nele e decidi voltar pra casa. Voltei rapidinho, coloquei o carro na garagem e fui pra sala. Ela estava sentada no sofá, ainda chorando. Passei por ela em direção ao meu quarto, já que com certeza ela ainda não tinha se acalmado, mas ela me chamou:
- Onde você vai?
- Vou pro meu quarto. Quer conversar mãe? Escutar o que eu...
- Você não tem mais quarto. Nem mãe. Suas malas já estão prontas. Não quero viado na minha casa.
Olhei pro lado e duas mochilas, provavelmente com roupas minhas, estavam colocadas ao lado da tevê. Eu teria de ir embora.