Timmy & Sam: Don't ask, Don't tell part 1

Um conto erótico de Syaoran
Categoria: Homossexual
Contém 5385 palavras
Data: 16/02/2013 00:39:41

Antes de mais nada gostaria de agradecer a quem acompanhou os meus outros contos. Agora estou vendo a Experiência homossexual, mas agora fiquei pensando em como seria um gay no exército. Então decidi fazer esta série. Que vou dedicar a meus quatro amigos da casa: Neto Lins, Bernardo, Iky e o menino que escreve a história do Thomas e do John, como também a todos aqueles que eu perturbo dentro da casa, que são muitos. Espero que gostem.

EUA, Julho de 2004.

Esta foi uma semana atípica, sendo que, praticamente de uma hora para outra grande parte dos meus sonhos e desejos foram jogados no ralo como se não fossem importantes. De uma hora pra outra o meu noivo, que não tinha nada de mais interessante a fazer decide se alistar nas forças armadas de nosso país. “Sam, eu decidi, eu sei que você não vai gostar, mas eu devo fazer isso, eu vou me alistar”, dizia ele. Claro que eu não iria gostar, que pessoa em sã consciência iria querer seu namorado, noivo, marido, servindo ao país, aquilo não era vida pra ele, e muito menos pra mim.

Vocês me perguntam, qual é o problema dele servir ao país, esta é uma tarefa digna, o país precisa de pessoas dispostas a lutar por ele. Nestas horas eu respondo, eu sei que ele pode fazer muito pelo país, confiaria minha vida a ele, ou melhor, já confio. Eu me pergunto é o que o país pode fazer por ele. Querer que ele vivesse uma vida falsa, tentando esconder quem ele é para poder vestir um uniforme e levar uma bala, ou pior ser vítima de um atentado a bomba em países como o Afeganistão, Iraque? Não obrigado, se você quer isso para o seu marido, a questão é sua, mas eu não gostaria disso pro meu.

Dizer que o serviço militar nunca havia passado pela sua linda cabeça com cabelos pretos com alguns pequenos cachos, isso é uma grande mentira. Seu pai havia servido ao país e, ele mesmo tinha um sonho de servir, sonho este que foi abortado por mim. Não, eu não o obriguei a não se alistar, nós apenas nos apaixonamos e decidimos que a política da “Não pergunte, não fale” (Don’t ask, don’t tell) não se aplicava a nós. Então, por que isso agora?

Desculpe, eu não sou normalmente assim, é que estou tão chateado que comecei a falar sem nem me apresentar, sou Samuel Owen, possivelmente Miller, tenho 24 anos, cerca de 1,80 de altura, gosto do meu corpo, que é normal não sou nem um bombado nem um magrela, e desculpem por começar com este desabafo, mas o idiota do Timmy as vezes me faz perder a paciência. Ele tem a mesma idade que eu, ligeiramente mais alto, cabelos pretos e mais encorpado, afinal ele ama esportes. Ele decidiu transformar a nossa vida em um inferno com essa ideia de se alistar. É. eu sou homem e ele também. É somos gays e ele quer voltar pro armário com essa ideia, mas como o cabeça dura decidiu se alistar, eu vou dizer, foi no dia em que viajaríamos para o nosso casamento...

Era um dia quente e seco em Ashley, Dakota do Sul, o sol castigava a todos, minha pele branca já encontrava uma leve coloração avermelhada em virtude da rudeza do clima daqueles dias, mas, mesmo assim estava feliz. Nem o sol, nem se estivesse chovendo torrencialmente, nem se fosse a neve que nos castigasse, ou mesmo, quem sabe, um tornado passasse e decidisse levar tudo eu ficaria triste, estava radiante, como o sol daquele dia, ou melhor, creio que estava mais radiante que o sol. O motivo para estar tão feliz, eram os preparativos finais para uma certa viagem que há muito programava.

- Está tudo pronto amor? – perguntei muito feliz, afinal não é todo dia que você vai se casar.

- acho que esta sim, você já conferiu as passagens?

- Claro, elas são a coisa mais importante, sem elas como iríamos pra Massachusetts?

No dia 17 de maio os jornais noticiavam que o estado de Massachusetts havia sido liberado o casamento civil de pessoas do mesmo sexo. O texto divulgado pelo jornal dizia:

“O casamento é uma instituição social vital. O compromisso de dois indivíduos ente si e que aporta estabilidade a nossa sociedade. Para aqueles que decidiram se casar e para os seus filhos, o casamento aporta abundantes benefícios no nível social, financeiro e legal. Por outro lado, ele impõe obrigações nos mesmos níveis. A constituição afirma a dignidade e a igualdade de todos os indivíduos e proíbem que existam cidadãos de segunda classe.”

Um texto tão simples, que já transformava o sonho de muitos, que durante tanto tempo havia sido negado pelo estado em realidade, agora poderíamos ser casados, se eles seriam válidos em outros estados, isso não vem ao caso, mas estaríamos casados. Passamos dois meses da liberação, tentamos acompanhar pelos jornais o que se falava acerca deste casamento, requerimento, espera, taxas de cartório e lemos uma informação. Nos jornais dizia que a lei do Estado só permitia o casamento de pessoas de Massachusetts, ou que planejassem morar, lá. No entanto outras informações diziam que tais requisitos não eram cumpridos por casais heteros então decidimos ir.

– as alianças, você está com as alianças não está? – perguntei.

- Amor... as alianças... as alianças – disse Timothy com um ar sério, o que me deixou muito preocupado, o que poderia ter acontecido?

- Timothy Brian Milles, o que diabos aconteceu com a porra das alianças – desculpem, não sou muito de me alterar, mas como você poderia casar sem alianças?

- Nada, foram à primeira coisa que eu coloquei – disse ele rindo – você acha que eu sou besta é? – aquela resposta ao invés de me deixar mais tranquilo, ou feliz, me fez ter mais raiva, como ele poderia brincar com uma coisa tão séria. E depois emendou. – tu sabe qual é uma das coisas que eu mais gosto em você?

- O que? – Pergunto com cara de poucos amigos. Eu o amava, mas creio que brincadeira tem hora. – meu cabelo, meu olhos, minha boca, minha bunda, meu pau, o que?

- calma aé, eu gosto disso tudo, e do seu amiguinho, com certeza, - ele fala o acariciando - minha área de diversão, né safado, mas o que eu mais gosto é da cara que você faz quando esta com raiva, ou preocupado. – disse começando a rir.

- larga de ser bobo – falo isso ficando mais calmo. Nestes cinco anos que estamos juntos esta não é a primeira vez que ele faz isso. E pior, não é a primeira vez que ele faz isso só pra ver a minha cara de raiva. – então você gosta da minha cara de raiva é?

- Claro, quando você esta com raiva. – ele fala e para, se dirige ao meu ouvido e continua sussurrando – a reconciliação faz tudo ficar ainda MELHOR.

- ai é? Ai é? Espera só... se eu quando estou com raiva fico assim, imagina só o que faremos na nossa lua de mel. - falo rindo e só agora atentando para seu rosto, que mudou tão pouco nestes cinco anos. Ele permanece o mesmo menino, aquele que eu dividi o quarto durante a faculdade e depois, não apenas o quarto, mas a minha vida. Vida que daqui a três dias não será mais nem minha nem dele, será nossa. – mas antes disso vou te dar uma palhinha.

- você está preparado? – disse lhe dando um selinho, ele nada respondeu.

- olha que é só uma palhinha viu!? – disse advertindo-o.

- Para de marmota e vem logo. – disse ele sem paciência.

- Ai é... ai é... vamos ver quem é a marmota?

Neste momento eu o jogo contra a parede seguro seus braços acima de sua cabeça, e vou beijando sua boca, minha língua entra facilmente e executa os movimentos que ele já conhecia tão bem. Lambo seus lábios e bochechas.

- tá gostando safado... ahhh – perguntei.

- Não vale a pena casar por isso. - respondeu o cretino.

Neste momento ele me coloca de frente e parede e começa a beijar o meu pescoço, sua leve barba ao roçar em nesta parte de meu corpo me fazia sentir uns calafrios.

- Diz... me diz que é disso que você gosta? – ele perguntou?

- MUITO... mas dois podem brincar disso?

Andamos mais um pouco e eu o joguei em cima da cama, subindo em suas pernas, as imobilizando e ficando mesmo em cima de seu pau. Tirei a gravata que ele estava usando, peguei suas mãos e coloquei-as acima de sua cabeça e as amarrei na cabeceira da cama. Depois beijei sua testa e fui descendo... nariz... boca... pescoço... e o seu perfume invadia as minhas narinas e entorpecia ainda mais os meus sentidos. Ele usava uma camisa de botões, que eu pacientemente desabotoei a medida em que eu o beijava e lambia os seus peitos, primeiro um, depois o outro e fui baixando em direção ao seu tanquinho. Enquanto eu fazia isso ia rebolando em seu mastro, que já estava mostrando sinais de vida e cutucava a minha bunda freneticamente.

- Tá gostando, safado...

- Muito... eu quero te ter safado.

- O que?

- deixa eu ter agora... – dizia ele rasgando a gravata, que era linda, e passando a mão em torno de minha cintura, fazendo nossos corpos ficarem ainda mais juntos. Eu tiro a minha camisa e fico sobre ele... que passa suas mãos em minhas costas, da cintura ao cabelo, seus dedos acariciavam meus cabelos, fazendo-me ficar ainda mais a mercê de seus caprichos. Eu remexia cada vez mais minha bunda em seu pau que estava prestes a romper a cueca e a calça... quanto ele estava pronto para tirá-las com todo o seu tesão...

- Vamos, se não vamos perder o voo. – disse contendo um riso.

- você me deixa deste jeito – ele aponta para o coleguinha – e agora para por conta do voo.

- Eu disse, era só uma palhinha. – lanço um sorriso malicioso.

- tá bom safado, mas espero ser bem recompensado por estas verdadeiras algemas que você tá me colocando. – fala ele em tom jocoso tirando as alianças da mala.

- Se tu não quer, tem quem queira, garanto que se eu ligar pro Erik Clarkson...

- Erik Clarkson? – pergunta ele entendendo e ficando de cara séria – Aquele seu ex que mesmo depois que estávamos juntos continuava te paquerando nas aulas de antropologia?

- este mesmo, garanto que se você não quiser as algemas, ele irá querer. – falei em um tom distante, como se estivesse apenas pensando comigo mesmo. - oh céus, mas vou ter que aturar todas aquelas piadas bestas e sem falar em o problema das mãos bobas dele.. e ele é tão pegajoso, mas pelo menos ele não iria me enrolar.

- Olha a brincadeira besta – falou sério –Você é meu e ninguém me tira, muito menos o idiota do Clarkson.

- Mas vocês não eram tão amigos? – disse contendo o meu riso.

-Éramos, disse muito bem, até ele dar em cima de você nas aulas de antropologia. O cara, meu amigo e tentar roubar namorado, eu quebrou a nossa amizade, e eu, a cara dele.

Timothy era do tipo de garoto que amava fazer piadas, mas, muitas vezes ficava logo enfezado quando faziam brincadeiras com ele, mas como eu sou daqueles que prefere perder o amigo, no caso noivo, a perder a piada. Opa, não posso perder o noivo, mas, como fica a brincadeira?

- Ahhh, tá certo, eu já estava mandando uma mensagem pra ele.

Timothy arranca o celular de minha mão e vê a mensagem.

“Erik, sei que é meio repentino, mas devo confessar que sempre te amei. Percebo que o Timothy não quer nada sério comigo, então devo deixá-lo pra ficar com você? Diga sim que eu dou um pé na bunda deste idiota que eu amo tanto, e que eu também gosto muito da sua cara zangada.”

Ele começa a rir e enquanto esta com meu celular em suas mãos e informa que, só para garantir ele estava apagando o contato de Erik da minha lista: “vai que, né? Sem querer você envia uma mensagem como esta? Ai daquele idiota se ousar chegar perto de você”.

- Nossa, como eu tenho um namo...

- Você não tem um namorado, tem um MA.RI.DO, muito ciumento. – disse dando-me um abraço por trás, enquanto cheirava no meu pescoço – e vamos logo que o táxi já esperando.

Neste clima descontraído e feliz vamos em direção ao Aeroporto, seria uma cerimônia simples, na verdade parecia mais que estávamos indo nos casar em Las Vegas, tendo em vista que não chamamos ninguém, seria uma surpresa, todos já sabiam que estávamos juntos, eu já chamava a mãe dele de sogra, e ele aos meus pais. O casamento só iria coroar nossa trajetória. Ele tinha um pai também, o senhor John Paul Milles, meu sogro. Se ele me ouvisse proferindo estas palavras, provavelmente teria um ataque cardíaco, ele não me aceitava, ele disse que gostaria de alguma coisa melhor para o seu tão amado filho.

Timothy não era filho único, mas desde sempre todos sabiam que era o preferido do pai. E era, até que eu cheguei em sua vida e estraguei todos os planos que seu pai tinha pra ele. Acreditem, nestes três anos que eu passei de colega de faculdade, colega de quarto, melhor amigo, pra namorado ele passou um ano sem, se quer dirigir a palavra ao meu Timmy. Eu tive que aguentar tantas coisas, o sofrimento dele era o meu sofrimento, depois de certo tempo eles voltaram a se falar, a relação ficou, digamos, normal, mas devo admitir que o sogrão nunca gostou de mim, mas não ligo, dentro de poucas horas estarei me casando, dá pra acreditar, casando com o filho dele. Se ele faz parte do pacote de Timmy eu aceito, aceito seus olhares tortos, o seu não me olhar nos olhos em troca dos beijos, e de outras cositas más que só o Timmy pode me dar, ou eu dar a ele.

Quando chegamos ao aeroporto fomos fazer o chek-in e ver a questão da bagagem, neste momento meu celular toca, estranhei, aparecia no visor: Timmy’s Mom, havíamos nos falado na noite anterior, na certa ela estava ligando pra desejar boa viagem, e que ligasse quando chegássemos em Massachussets, coisas de uma verdadeira mãe.

- Oi sogrinha, como a senhora está? – falei alegre esperando a sua reclamação, ela dizia que era muito nova pra ser chamada de senhora.

- Samuel, o Timothy esta com você? Eu tento ligar pro celular dele, chama, chama e ninguém atende. – Quando escuto ela me chamar de Samuel minha alegria se esvai, se tem uma coisa que eu aprendi nestes anos é que Luna, minha sogra, só me chama de Samuel quando o assunto não é pra brincadeira.

- Na certa, como ele é distraído, como a senhora bem sabe, deve ter esquecido o celular carregando... bem que ele disse que achava estar esquecendo de algo, mas o que foi que aconteceu? Luna, eu tô ficando muito preocupado.

- Samuel... Samuel – ela falava meio chorosa, o que aumentava ainda mais a minha aflição – eu sei que... vocês estavam indo viajar, mas agora... agora eu preciso do meu menino.

- Dona Luna, por favor, o que aconteceu? Se antes eu estava preocupado... agora eu estou ainda mais.

- Deixa eu falar com o meu menino... acho que eu é quem tenho que dizer isso a ele?

A cada palavra dela minha preocupação aumentava ainda mais, o que de tão sério seria ao ponto dela dizer que precisava de seu menino?

- Timmy, sua mãe quer falar com você. – Disse o entregando o telefone.

- Por que ela não ligou pro meu? – ele me indagou.

- na certa, você o deixou do lado do criado-mudo carregando, o cabeça de vento. – Disse tentando alegrar o clima, embora eu estivesse preocupado com o que dona Luna gostaria de falar com ele.

- Na certa são pra nos dar os parabéns e dizer para ligarmos quando chegarmos. Ele pega o celular e, à medida que conversa com sua mãe sua feição muda, vai ficando mais séria, triste.

- Não... não... não! – Ele falava ao telefone com a feição séria.

- O que foi? – o perguntava preocupado, mas ele não respondia. Apenas seu olhar ficava mais distante e triste.

- Quando foi isso?... e como a senhora só me diz isso agora? – Lágrimas começavam a brotar de seus olhos e eu ficava cada vez mais triste.

- Meu amor, o que aconteceu? – Perguntava sem resposta, ele não era muito de chorar, seja La o que tenha acontecido deveria ser sério.

- A senhora não tinha o direito de me esconder isto mamãe, nem a senhora e nem ninguém, eu tinha que saber... agora, me diz como eu fico?... Eu queria dizer tanta coisa a ele... – suas lágrimas já saiam sem nenhuma cerimônia.

- Tá certo... não, não... eu vejo isso com o Sam depois. Estamos indo praí agora... eu sei... eu sei, eu sei que eles não gostam dele. - falava sério, tentando não mais chorar. Quem é que não gosta de mim? Todos, exceto o meu sogro, me amam e vamos para onde mesmo? Timmy desliga, seu olhar estava perdido o que me fazia automaticamente ficar perdido também.

- a mamãe já te disse? – perguntava ele, quase como uma pergunta retórica, as lágrimas voltavam a macular sua face.

- Não, ela disse que acharia melhor te dar uma notícia... que eu não sei o que é... o que pode te fazer sofrer tanto meu amor? – falava já quase chorando também.

- Sam, o meu pai Sam... o meu pai. – a forma como ele falava choroso, desarmado frágil me fizeram ter a noção do que seria, que foi confirmado logo em seguida – o meu pai... ele morreu.

Eu não chorei, não que eu não gostasse do meu sogro, não era isso, sempre serei grato a ele pelo melhor presente de toda a minha vida, seu filho, mas precisava ser forte por Timmy, ele agora sim necessitava de todo o meu apoio.

- Então, vamos pra casa dos seus pais, sua mãe deve estar precisando muito de você neste momento... depois nos casamos. – disse dando um leve beijo em seus lábios agora salgados por suas lágrimas.

Ao receber esta notícia entendi também o “não gostam dele”, minha sogra e os irmãos de Timmy não tinham nada contra mim, mas os parentes de seu pai, já eram outra história. Eles simplesmente me detestavam. Eles me culpavam por duas coisas: primeira, ter levado o Grande Tim para o mal caminho, tê-lo feito o meu Timmy e acabado com os anseios que a família paterna tinha de vê-lo como um oficial. E a segunda, me culpavam pelo afastamento que ele teve com o pai durante um período. E os funerais de meu sogro seria o local em que todos estes irmãos estariam prontos a me crucificar por uma coisa que eu não fiz. Mas, por ele irei para a cova dos leões.

Antes de irmos em direção à casa de seus pais decidimos passar em nosso apartamento, deveríamos nos vestir para a ocasião, e sentia que ele precisava de um tempo pra poder digerir esta notícia, e eu estaria lá para apoiá-lo. Pegamos um táxi e voltamos. Se a ida ao aeroporto o tempo parecia não passar, por aproveitarmos a felicidade de nossa possível união, agora o tempo não passava pelo imenso sofrimento que havia sido fixado em sua a face. Dos quarenta minutos que era do aeroporto até a nossa casa ele não me dirigiu a palavra uma única vez. Durante todo o percurso eu ficava afagando o seu rosto e cabelo enquanto ele simplesmente chorava.

Chegamos a casa e pedi para que ele subisse para o quarto, acreditava que precisaria de um tempo sozinho, ele subiu sem dizer uma palavra. Decido ligar para minha mãe e informá-la acerca da fatalidade.

- Querido, vocês viajaram mais cedo e já chegara? Me conte como foi a viagem? O Timothy esta muito ansioso para o casamento?

- Mãe, uma pergunta de cada vez, tá certo. – falo de uma maneira séria. – Eu tô ligando porque é melhor que a senhora saiba por mim que não vai haver mais casamento...

- Como assim, o que aquele rapaz te fez? Eu não acredito, ele... ele parecia tão certo de tudo isso, sacripanta... mas como você está meu filho?

- mãe, não foi isso. Quando estávamos no Aeroporto ligaram e... não tem uma forma fácil de dizer isso, o... o pai dele morreu...

- Entendo. – ela fala de forma mais calma. – E como ele está querido?

- Tá mal né mãe... – falo com minha voz embargada ao lembrar de sua face triste. – e o pior... é que eu não tenho como tirar esta tristeza dele. – já chorava.

- Querido, eu entendo, mas o deixe-o sofrer, faz parte do processo de luto, mas sempre esteja ao lado dele.

Mamãe e eu passamos uns 20 minutos conversando. E comecei a dar por falta de meu Timmy, para um banho rápido ele demorava demais, o que me fazia ficar preocupado com ele. Corro em direção ao nosso quarto, “o que será que aconteceu com ele?” era o que eu pensava, quando adentro ao nosso quarto o vejo, como um garoto sentado aos pés da parede com as pernas recolhidas, protegidas por seus braços e chorando.

- Timmy você está bem?

- Foi minha culpa Sam, o meu pai morreu por minha culpa. – ele chorava.

- Não, não foi sua culpa.

- Você não entende, eu o afastei de mim... se eu não... se eu não...

- Você não tem culpa nenhuma....

- Se eu não o tivesse decepcionado tanto, ele estaria aqui, vivo. E agora morreu e ninguém nem ao menos me disse que ele estava doente.

Enquanto ele chorava o deixei um momento, indo em direção ao banheiro preparei um banho com água morna, coloquei alguns sais e volto em direção ao quarto.

- Vamos amor, você precisa se acalmar.

Levo-o em direção ao banheiro e dispo sua roupa, o deixando completamente nu, lembro da primeira vez que ficamos juntos em um ambiente como aquele, mas agora o colorido era diferente, se antes aquele ambiente era recheado de volúpia e desejo, do começo de um relacionamento, agora era o companheirismo, para que ele percebesse que, não importava o que acontecesse eu sempre estaria ao seu lado. Naquele momento eu não entendia que ainda seria testado em meu amor por ele tantas vezes. Sento na banheira e o deixo entre minhas pernas, que quase não contornam suas pernas. Deixo a água contornar seu corpo e lavo seu cabelo.

- Você não tem culpa de nada, você é um filho maravilhoso e o seu pai te amava. – dizia a ele, que nada respondia, apenas chorava.

Depois de um tempo nos vestimos com roupas pretas formais e dirigimo-nos até a casa de seus pais, onde ocorreria o funeral. Vou dirigindo durante o trajeto de ida, percebia seu olhar cada vez mais distante, ele ficava olhando para a vizinhança, as ruas e as casas e a mudança de cenário. Gostaria tanto de poder saber o que se passava com sua cabeça naquele momento, mas aquele poder me era vedado, só poderia acompanhar sua tristeza e tentar fazer o meu melhor para aplacá-la.

Ao adentrar por aquela porta, percebi que todos os olhares se voltaram para nós, principalmente os da Almirante Christina Miller, com seus cabelos pretos cacheados, olhos azuis, suas feições davam a entender que ela seria uma mulher calma e serena, entretanto a vida na marinha haviam moldado aquela mulher, sua beleza e simplicidade eram ímpares, mas a força e o pavio curto fazia com que eu tivesse medo dos soldados que estaria sob seu comando, Comandante Teodor Miller, era alto, cabelo loiro, olhos castanhos, com temperamento um pouco mais calmo do que sua irmã, sempre frequentou os melhores institutos militares do país, era um homem que o amor pela pátria estaria acima de qualquer coisa, havia tido dois casamentos mal sucedidos, suas esposas não haviam aguentado a rotina deste militar que já havia sido destacado mais uma vez para o Afeganistão e o Tenente Jack Miller, o caçula: alto, cabelos pretos como a noite, olhos castanhos tentou a carreira militar em diversos locais, até que se encontrou com a aeronáutica, como o irmão estava sendo destacado para servir ao Afeganistão. Não ligo muito para eles, sigo em direção a minha sogra e cunhados.

Seus rostos não expressavam muitas feições que o momento esperava, na certa o serviço funerário havia providenciado alguns calmantes. Presto minhas condolências a dona Luna, e meus cunhados, os gêmeos: Vivian e Craig, depois disto fico recolhido. Acreditava que este era um momento familiar.

Timmy ficou com a mãe e os irmãos e eu o cuidava de longe, queria demonstrar os meus sentimentos, mas aquilo poderia ser considerado uma afronta à memória do falecido. Decido fazer um prato para ele, meu querido não havia comido nada desde que recebeu a notícia, no entanto, quando estou me dirigindo à mesa percebo que os irmãos de meu sogro continuam a me olhar. No momento em que preparo o prato sinto que alguém aperta o meu braço e me leva em direção à cozinha.

- Saia desta casa, agora! – Teodor falava de uma forma direta.

- Oi?

- Você me ouviu muito bem, saia desta casa agora. Você não é bem-vindo. – ele continuava.

- Do que o senhor está falando? – eu não entendia.

- Você sabe muito bem... você o matou... você destruiu o espírito dele tirando aquilo que ele tinha de mais precioso... você fez o grande Tim descer ao ponto de não poder voltar mais... você tirou tudo dele. E agora vem aqui, apenas conferir o que fez?

Eu tentava desconversar, dizer que não era o responsável pela morte de meu sogro, e que aquelas acusações eram absurdas. Que entendia a dor que ele deveria estar sentindo naquele momento, mas que ele deveria cuidar de sua cunhada e sobrinhos, não tentar me tirar daquele lugar, que, querendo ele ou não, era meu de direito, eu entrava naquela família como um genro. Genro não desejado, mas, mesmo assim um genro. Em nossa conversa ele apertava cada vez mais o meu braço, sentia ele começar a latejar, mas se ele havia esquecido o local em que estávamos, eu não.

- Por favor, solta o meu braço. – pedia, sem que ele demonstrasse muito interesse em atender ao meu pedido. Ele me arrastava como uma espécie de animal sarnento em direção à porta dos fundos.

- Você vai sair daqui agora, e vai ser pela porta dos fundos que é o local reservado pra gente como você. Não entendo como o Tim foi... pobre do meu irmão, eu imagino o quanto ele deve ter sofrido por sua causa, seu... seu infeliz.... eu não vou permitir que você macule a sua memória.

Eu não conseguia sentir raiva de Teodor. Eu sabia que aquilo era motivado por uma dor imensa, a perda de seu irmão mais velho, o qual era bem mais que isso um amigo para todas as horas e em outros momentos um confidente, eu podia perceber que, a cada vez que ele falava, era como se tentasse fazer justiça a memória do irmão, sua fala era transtornada. O treinamento militar fez de Teodor um homem forte, no sentido corporal do termo, sendo assim, sentia que meu punho iria quebrar a qualquer momento. Ele me joga sem muita dificuldade para fora daquela casa como se eu fosse uma espécie de animal, ou o portador de uma doença contagiosa que deveria ser extirpada. Em seus olhos eu não percebia traços de raiva, mas desprezo. Nunca conversamos muito, mas não era apenas desprezo em relação a minha pessoa, mas desprezo a tudo que eu representava. Sei que, para muitos daquela família eu era o grande corruptor. Ele então me olha nos olhos e começa a me xingar e informa, em tom respeitoso:

- Saia daqui e, faça a todos nós um favor, não volte nunca mais. Esta sempre foi uma casa de família e vai voltar a ser... se você gosta do Grande Tim, como diz gostar faça um favor a ele também, saia da vida dele e o deixe seguir em paz. – ele falava sério enquanto eu estava no chão. Se antes as acusações e xingamentos não me feriam este pedido sim, quem ele pensa que é pra se meter na nossa vida?

Ao virar de frente a ele começo a chorar, não pelas acusações e intimações que ele havia me feito, mas percebo que não estávamos sozinhos naquela cozinha, mais alguém assistia a tudo e também chorava, era o meu Timmy, que não havia sido respeitado em sua dor pelo tio, se até aquele momento suas lágrimas eram de tristeza, agora eram de raiva. Ele passa pela porta e vai ao meu encontro.

- Sam, você está bem? Ele não te machucou? – ele perguntava preocupado.

Meu braço doía horrores, mas eu menti, dizendo que estava tudo bem, a última coisa que eu precisava era que ele brigasse com o tio.

- Sam, olha nos meus olhos e me diz, tá tudo bem com você? Ele não te machucou? – ele inquiriu mais uma vez.

O lado ruim dos relacionamentos longos é que as pessoas passam a se conhecer muito bem e, aquela altura, ele sabe quando estou mentindo. Esforcei-me o mais que pude para continuar a dizer que estava bem, quando na verdade não estava. Ele, percebendo que eu não iria dizer nada, e também tinha a questão do momento em que estávamos não me perguntou mais nada, apenas me envolveu em seus braços, enquanto nos dirigíamos a casa.

- Este... este rapaz não vai entrar aqui, Timothy, entendido?... entendido? – Falava Teodor como se estivesse dando ordens a um soldado.

- Este rapaz tem nome, e é Samuel. E ele vai entrar nesta casa, ele tem o mesmo direito que Nicholas e Anita (namorados de Vivian e Craig). – respondia Timmy seco.

- Se ele entrar nesta casa eu saio. Não vou assisti-lo manchando a memória de meu irmão – ameaçava Teodor, estufando o peito, tentando demonstrar a autoridade que lhe era devida, tanto pela idade, quanto pela posição militar.

- Titio, se ele não entrar, ou... ou melhor, se o senhor não se desculpar com ele e o pedir para que entre, quem não entra mais sou eu. – Timothy também estufava o peito, como se estivesse se preparando para uma briga, enquanto um filete de lágrima rompeu sua face já tão encharcada.

- Ê.. eu nunca vou me desculpar... ele destruiu a vida de seu pai. E vai destruir a sua também. Me diga Timothy você não quer mais servir ao país?

- Isso não vem ao caso.

- Você passou os primeiros anos de sua vida em bases militares, foi escoteiro, frequentou colégios de educação militar, iria se alistar assim que tivesse idade, só não se alistou, pois, seu pai achava interessante que tivesse uma educação superior, e o que você faz com isso Tim? Você cospe no prato em que comeu, abandona os seus sonhos, tudo isso por causa dele.

- Mas, tio, eu sou feliz com ele.

- Isso não é felicidade, isso é só tesão. Como você pode ser feliz abandonando tudo o que você ansiava, por conta, disto.

Ao longo que esta discussão se desenvolvia eu me sentia cada vez mais sujo, salvo a vez em que Timmy havia me levado, pela primeira vez como namorado, nunca havia me sentido tão mal naquela casa. A discussão só foi aplacada quando Christina deu por falta dos dois e presenciou a cena. Ela era uma mulher dura, porém sensata, embora nunca tenhamos nos dado muito bem ela percebeu o despropósito das acusações do irmão, e que, naquele momento de luto seria necessário que a família ficasse junta. Teodor, mesmo de contragosto se desculpou e o restante dos funerais de meu sogro ocorreram naturalmente.

Entretanto, eu conhecia Timmy muito bem, percebi que algo estava diferente, ele estava distante, preocupado com algo, algo que ele não gostaria de me contar, o que me fazia ficar ainda mais com a pulga atrás da orelha. Um mês depois tentei questioná-lo quando iríamos para Massachusetts para nos casarmos. Enquanto estávamos em nosso quarto, em nossa cama percebo suas feições cada vez mais séria, fúnebre.

- Timmy, que cara é esta?

- Sam, eu tenho uma coisa muito séria pra te contar.

- O que foi? Você esta me assustando.

- eu não sei como dizer, então eu vou direto ao assunto.

- você arrumou outra pessoa, foi isso?

- Sam, eu decidi, eu sei que você não vai gostar, mas eu devo fazer isso, eu vou me alistar.


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Comentários

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oi vc ainda gostaria de ler o conto o namorado da minha amiga? se vc quiser esse é meu email me manda um email que eu te mando o conto

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Nossa como o seu conto é maravilhoso, é tão magnifico que estou sem palavras.

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Muito bom, parabéns, louco pela continuação, vlw mesmo. Hj eu volto ao msn, abraços, continue logo, virei fã do Sam.

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Muito bom, perfeito. Espero que continue logo. Jah to com saudades. Andim;D

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Muito bom ja começou excelentemente bem...

Continue logo pliss* ja virei fã

rsrsrs

grande abço

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Nossa maravilhoso eu não tenho nem palavras para descrever tamanha perfeição desta historia. Agora vou esperar anciosamente pela continuação.

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Muito bom, adorei a parte que eu ainda não havia lido, espero pelo restante da história, pois agora sim, com todo o "circo armado" a coisa ficou muito interessante. Quando voltar a ter algo que possa realmente chamar de provedor de internet volto a falar contigo (espero que amanhã, pois hoje está uma vergonha). Abraços e até logo. Parabéns!

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