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Aqui estou eu, pensativo, e sinto o peso dos últimos dois anos sobre os meus ombros como se fossem grilhões invisíveis…
Parece uma eternidade viver aprisionado nesta mansão que, a cada dia que passa, se assemelha menos a um lar e mais a um mausoléu. Um mausoléu não de corpos inertes, mas de esperanças sufocadas, de sonhos desfeitos e de mágoas que ecoam pelos corredores como fantasmas silenciosos.
Os Johnson!
Bastaria pronunciar o nome para sentir um arrepio de desconforto, uma onda de frieza.
Donos de uma fortuna daquelas que se perdem nos labirintos dos bancos suíços e nos investimentos em paraísos fiscais, colecionam bens materiais como quem coleciona desafetos. Cada objeto reluzente, cada obra de arte valiosíssima parece ter sido adquirida não por apreço estético, mas como um troféu, como a prova tangível do seu poder, da sua superioridade.
A mesquinhez deles impregna o ar que respiramos aqui dentro com uma densidade sufocante de superficialidade. É quase palpável, uma névoa viscosa que se cola à pele, que entra nos pulmões e que corrói a alma. Respirar aqui, por vezes, parece um esforço hercúleo, como se o próprio ar estivesse carregado de desprezo e de indiferença!
Incontáveis são as ocasiões em que a senhora Johnson, a matriarca, em particular, me reduziu a pó. Sua voz, sempre tão bem modulada, tão aparentemente calma, carrega consigo lascas de gelo cortante. Um tom glacial que congela o sangue nas veias, que aniquila qualquer réstia de autoestima.
Como esquecer o seu olhar de desprezo?
Um olhar que varre da cabeça aos pés, encontrando sempre algo para criticar, para diminuir, para humilhar. Um olhar que atravessa a fachada de servo impassível que me esforço tanto para manter e que alcança as profundezas da minha insegurança, expondo as minhas fragilidades como se fossem feridas abertas!
A rotina na mansão Johnson é uma maratona exaustiva, um círculo vicioso de tarefas repetitivas e sem fim.
Polimento!
Organização!
Discrição!
Estas são as palavras-chave, os pilares que sustentam a minha existência aqui dentro. Polir a prata até que brilhe como espelhos, organizar os livros na biblioteca segundo uma ordem obscura e mutável ditada pela rainha desalmada, manter a discrição absoluta, como se fosse um fantasma que se move silenciosamente pelos corredores, sem ser visto, sem ser ouvido, sem ser sentido.
Limpo.
Lustro.
Organizo.
Me esforço para a perfeição reinar em cada canto da mansão, mas as paredes dessa casa parecem absorver qualquer vestígio do meu esforço, como esponjas insaciáveis. Engolem o brilho, a organização, o meu próprio suor e devolvem apenas o silêncio gélido da indiferença.
É como trabalhar para o vazio, para o nada, para um ideal inatingível de perfeição que não existe na realidade, mas apenas na mente distorcida dos meus empregadores!
Se não fosse pela saúde frágil dos meus pais, já teria cruzado o portão desta propriedade sem olhar para trás. Sem hesitar, sem remorsos, com um alívio profundo que me lavaria a alma. As pilhas de remédios caros que me obrigam a este sacrifício diário, que me forçam a engolir o orgulho e a suportar a humilhação. A cada comprimido que lhes dou, sinto um aperto no peito, uma mistura de amor, culpa e ressentimento. Amor pelos meus pais, culpa por não lhes poder dar uma vida melhor, ressentimento por estar preso nesta engrenagem cruel!
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Setembro chegou com a sua brisa fresca e as folhas começaram a dourar nas árvores. Este mês trouxe consigo uma inesperada lufada de alívio, um raio de sol a romper as nuvens densas que pairam sobre a minha cabeça.
Eu estava sozinho na mansão porque a arrogante família foi viajar para o Japão!
Aproveito a oportunidade para invadir o único território proibido do imóvel: o quarto do herdeiro.
Nunca ousei sequer me aproximar daquele cômodo, quanto mais entrar. Entretanto, agora que a casa está vazia, sinto uma curiosidade irresistível, uma necessidade de transgredir as regras, de explorar o desconhecido.
Abri a janela e um raio de sol iluminou o ambiente, revelando um local limpo e organizado — fato que me deixou intrigado.
O mauricinho arrumava o próprio covil?
Existia um funcionário secreto que somente ele conhecia para fazer o seu serviço sujo?
Bom, jamais saberei…
Deixo que o ritmo contagiante do Kpop preencha o vazio do meu ser e penso em Markus, o futuro rei deste império de ostentação e superficialidade. Um homem de trinta anos adornado com a beleza clássica dos deuses: olhos azuis como o céu de verão; um sorriso encantador que seduz até os homens; cabelos castanhos que emolduram seu maravilhoso rosto; uma pele perfeita e um porte físico espetacular!
Um oceano de diferenças nos separa, um abismo social intransponível!
Ele, um belo príncipe.
Eu, um mero serviçal.
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Na área da lavanderia, coloquei a água no balde azul, sentindo o aroma suave do sabão neutro perfumando o ar enquanto eu o mergulhava no líquido. A espuma branca e cremosa começou a se formar, prometendo uma limpeza profunda e reluzente. Meus dedos roçavam a textura macia da generosa esponja, planejada para cobrir grandes superfícies com eficiência.
Ao caminhar até a sala de estar, os meus olhos se fixaram nas imensas portas de vidro que separavam o gigantesco cômodo do jardim exterior. Cautelosamente, me dirigi a elas, contudo, em um movimento quase inconsciente, como se guiado por uma força invisível, senti meus braços removendo a camisa do uniforme, um tecido simples e sem forma.
Esfreguei a bucha embebida em água e sabão contra meus peitos gordos. A pressão suave do esfoliante e a espuma criaram uma sensação prazerosa. Os meus mamilos endureceram instantaneamente ao contato! Uma onda de calor percorreu o meu corpo, um fluxo de energia que me surpreendeu e me excitou, simultaneamente.
A minha ação se tornou ainda mais ousada ao friccionar as tetas nas portas de vidros. Fechei os olhos, idealizando estar roçando no primogênito gostoso, assim despertando o meu pau. O tesão era a minha única companhia e desejei que o tempo parasse, pois jamais estive tão vivo!
Fiquei absorto naquele instante efêmero de indulgência, perdido no meu pequeno e secreto ato de rebelião contra a monotonia e a impessoalidade da mansão Johnson. Estava tão imerso que sequer percebi a mudança sutil na atmosfera, a sombra crescente que se projetava sobre a sala.
❝Que porra é essa?❞
A voz do Markus, grave e carregada de fúria, reverberou pelas paredes da sala, me arrancando daquele devaneio com a violência de um tapa no rosto. O som abrupto e a cólera implícita na pergunta me lançaram de volta à horrenda realidade, um choque que me despiu da minha fantasia e me expôs à nua e crua vergonha.
Congelei completamente!
A espuma, que antes cobria minhas mamas com uma carícia suave, se esvaiu rapidamente, deixando apenas o rubor do constrangimento no rosto, um vermelho intenso que se espalhava como fogo, denunciando a minha conduta libidinosa. O meu olhar, antes cerrado em prazer, agora estava arregalado, apavorado, na figura imponente do homem parado no limiar da porta.
Ele parecia maior do que nunca, sua silhueta bloqueando a luz do corredor, a atenção fixada em mim com uma intensidade cruel. Seu semblante, usualmente inexpressivo e distante, estava agora contorcido em uma máscara de raiva e repulsa.
❝Meus pais vão te demitir quando souberem dessa aberração!❞
Em uma atitude desesperada, impensada, me atirei aos seus pés. O medo de perder o emprego, a angústia de imaginar o futuro incerto, a humilhação de ser pego em um momento tão íntimo e vulnerável, tudo isso me impulsionou a um gesto extremo.
Implorei, supliquei por seu silêncio, por sua compaixão, qualquer vestígio de humanidade que pudesse existir naquele ser perverso. As mãos trêmulas agarraram os seus tornozelos, enquanto lágrimas rolavam incessantemente, embaçando a minha visão.
O unigênito soltou uma risada cruel, me observando com desprezo.
❝Como você é ridículo, sua baleia! Saia imediatamente daqui, senão o jogarei no lixo que é o seu lugar!❞
Em um último lampejo de clamor, oferto a única moeda de troca que me restava.
❝Por favor, seu Markus, tenha piedade! Preciso desse emprego, os meus pais estão muito doentes! Faço o que o senhor quiser, qualquer coisa!❞
Naquele momento, a misericórdia do herdeiro era o bem mais valioso que eu podia comprar, mesmo que o preço fosse a minha própria alma!
O sorriso que se alastrou pelo rosto do mauricinho não era amigável nem convidativo; era uma máscara distorcida de sadismo puro, uma promessa silenciosa de dor e humilhação.
❝Parece que é o seu dia de sorte, Tiago… Eu tô cheio de tesão e o seu cuzinho virgem é ideal pra aliviar a pressão na minha piroca!❞
Sem nenhuma cerimônia, Markus desabotoou a calça jeans. O tecido áspero deslizou para baixo, revelando a virilidade que antes povoava apenas os meus sonhos mais sombrios e reprimidos. Um membro grande e ereto surgiu, pulsante e ameaçador, pronto para reivindicar o que tanto desejava.
A visão me paralisou, me prendendo em um misto de terror e fascínio.
❝Chupa logo o meu pau, piranha!❞
Me aproximei hesitante, como um animal acuado, atraído e repelido, em simultâneo. Estendi a mão e tomei posse daquele falo imponente que me esperava faminto, sentindo o peso e o calor sob a palma direita. Com o coração pulsando nas têmporas, levei-o à boca. Os lábios tremiam ligeiramente ao tocar a glande sensível, o cheiro almiscarado invadindo as minhas narinas.
Engoli toda a rola, a sensação da carne quente e saborosa preenchendo a minha cavidade bucal era indescritível. O unigênito segurou a minha cabeça com força, os dedos se cravando nos meus cabelos, ditando o ritmo daquela ação profana. Sua mão firme e possessiva controlava meus movimentos, impedindo qualquer desvio, qualquer tentativa de fuga. Ele fodia a minha garganta com uma intensidade brutal, me deixando sem fôlego.
Dei tapinhas nas suas coxas, demonstrando estar sufocando, então Markus se afastou, me permitindo respirar fundo. Observei, com um olhar enviesado, o homem arrogante se masturbar enquanto ele mordiscava os lábios.
Instintivamente, a minha língua alcançou os seus testículos, lambendo-os como se fossem um sorvete de flocos.
❝Puta gulosa! Diz que você é a minha cachorrinha gorda e safada, diz!❞
❝Sou a sua cachorrinha safada!❞
❝Quer o meu pau, vagabunda?❞
❝Demais!❞
Ele voltou a foder a minha boquinha com a mesma fúria, inflamando ainda mais o seu desejo de dominação. Após alguns minutos, o mauricinho retirou a sua calça, me oferecendo segundos preciosos para recuperar o ar.
❝Olha só pra você, Tiago… Sedento pela minha vara! Aposto que sempre me desejou, não é? Às vezes, eu esqueço que vadias imensas como você adoram um cara gostoso como eu!❞
Rapidamente, o primogênito removeu a sua camisa, expondo o seu corpo atlético. O peitoral, a barriga tranquilo, os bíceps, tudo nele me alucinava!
Markus colocou o seu caralho entre as minhas tetas, esfregando-o com veemência. A ❝espanhola❞ me fez gemer muito e acabei gozando na cueca. De maneira brusca, ele me levantou e também me empurrou contra a superfície de vidro; o meu rosto sendo pressionado na porta.
❝Quero ver o seu cuzão! Empina essa bunda pro seu dono, cachorra!❞
Obedeci, oferecendo a ele a última fronteira da minha submissão, a parte mais íntima e vulnerável de mim mesmo.
Pelo reflexo do vidro, vi a esponja molhada deslizando sobre minhas nádegas, um toque úmido e provocante. Sua boca quente encontrou o meu ânus; a língua ardilosa preparava o caminho para a invasão inevitável. Em um golpe seco e implacável, senti o seu membro dilacerar o meu buraco. A dor aguda e lancinante irrompeu como um incêndio, um fogo vivo que se espalhou por todo o meu organismo, arrancando um grito gutural da minha garganta, um som animalesco de agonia e ultraje.
As lágrimas brotaram dos meus olhos; a minha voz se perdeu entre gemidos e súplicas!
Possesso, o herdeiro, me comeu com uma violência implacável, aniquilando as minhas pregas. Ele espremeu a bucha ensopada sobre as nossas partes íntimas, a espuma escorrendo pelo meu orifício.
❝Está gostando, vadia?❞
A minha resposta foi apenas um murmúrio rouco, um som involuntário que denunciava a dor lancinante que rasgava o meu interior. A penetração inicial havia sido quase insuportável, uma tortura crua que me fez querer gritar e fugir, mas, como uma onda imensurável, o prazer começou a se insinuar, a dominar os meus nervos, a transformar a agonia em algo paradoxalmente bom.
Presenciei os meus grandes peitos balançarem ritmicamente contra a porta a cada investida dele, uma dança involuntária que me deixava ainda mais fragilizado.
❝Que cu gostoso você tem, Tiago!❞
As mãos do Markus apertaram os meus braços com força, me prendendo contra o vidro como um espécime sob observação. Os seus lábios ardentes se aproximaram do meu ouvido, e ele despejou obscenidades, palavras que me incendiavam por dentro, mesmo que me fizessem corar de vergonha.
Abruptamente, o mauricinho ergueu os meus membros superiores acima da minha cabeça, forçando as minhas tetas contra o vidro, me obrigando a esfregar os mamilos inchados na superfície fria e lisa.
❝Por mais que você se limpe, sempre será uma putinha suja!❞
Em seguida, ele passou um dos meus braços em volta do seu ombro, levantando uma das minhas pernas, expondo ainda mais a minha intimidade. Sem piedade, o milionário atacou o meu ânus com uma ferocidade, cada estocada mais forte e profunda que a anterior, me levando ao limite da dor e do prazer.
❝Me mama, serviçal!❞
Obedeci de imediato, colocando a sua vara dura e latejante na boca. Enquanto eu saboreava o seu falo, ele agarrou a esponja encharcada e a espremeu sobre nós; a água escorreria pelo seu pau, molhava a minha face e se misturavam com a minha saliva. Além disso, o líquido auxiliou ainda mais na lubrificação.
❝De quatro, cachorrinha!❞
Prontamente me ajoelhei, obedecendo às suas ordens sem questionar. O unigênito se deitou no piso úmido e eu me posicionei, oferecendo-lhe novamente a minha retaguarda. Sem mais preâmbulos, ele me fodeu o meu cu com uma velocidade surreal, arrancando o meu oxigênio, me deixando totalmente à mercê dos seus movimentos impiedosos.
Um jato de água atingiu as minhas nádegas, me fazendo estremecer e arquear as costas involuntariamente. Olhei para trás por cima do ombro e observei aquele gato revirar os olhos revirados de prazer. Me apoiei nos seus joelhos, buscando um pouco de estabilidade.
A velocidade da penetração era quase absurda, me motivando a quicar descontroladamente no seu pau. Me sentia como uma marionete, completamente dominado pela sua força e possessividade. Ele me fodia com selvageria e, paralelamente, friccionava a bucha contra as minhas nádegas, espalhando espuma por toda a minha pele já irritada e sensível, intensificando ainda mais as sensações extremas que me governavam.
Subitamente, Markus me puxou para mais perto de si, ajustando a posição até que se tornar mais confortável, pelo menos um pouco menos brutal para mim. Apoiei uma das mãos no seu belo peitoral, enquanto a outra mão, quase por instinto, desceu até a minha virilidade, iniciando uma masturbação em busca de algum alívio naquele turbilhão de luxúria.
Notando a minha atitude, ele me moveu para cima, até que eu estivesse deitado sobre ele, prensando-o com o meu peso. Com firmeza, ele pegou o meu pinto e bateu uma punheta deliciosa para mim, acompanhando o compasso violento das suas estocadas no meu cuzão. A combinação era avassaladora, a estimulação dupla, a intensidade insuportável. O orgasmo explodiu dentro de mim como um vulcão em erupção, e eu gozei litros, jorrando abundantemente sobre a minha gordura, libertando a tensão acumulada numa torrente de êxtase puro.
❝Senta no sofá, com o cuzinho bem na beirada, sua vaca tetuda!❞
Obviamente, cumpri exatamente como ele ordenou. O homem arrogante se manteve deitado no chão, de frente para mim, enquanto posicionava as pernas no estofado. Sua masculinidade entrava e saía do meu buraco como um relâmpago, me causando gemidos incessantes.
Mantendo a posição, ele arqueou as minhas pernas, assim aguçando a penetração. O meu cu se tornou o centro do universo, o único ponto de foco na minha existência.
Sem aviso, ele parou de meter e abocanhou o meu toba, me enlouquecendo de paixão.
❝Seu rabo é sensacional, putinha!❞
Após se deleitar com o meu ânus, o filho dos Johnson se esticou no sofá e ensaboou o próprio torso. Fiquei admirando a cena enquanto me recompunha, entretanto, sua voz roubou a minha atenção. Impaciente, ele me mandou esfregar as minhas mamas no seu tórax definido e logo acatei a sua ordem. Repentinamente, senti três dedos se apoderando do meu orifício, expandindo os limites da lascívia.
Quando o quarto dedinho tentou adentrar, não me contive e gozei pela terceira vez, agora em sua barriga. Mal tive tempo para recobrar o fôlego e ele me obrigou a me posicionar de quatro novamente, mas desta vez no sofá, a bunda inclinada para cima. Com uma cadência lenta e deliberada, ele me comeu, desfrutando de cada movimento. E então, para levar a excitação ao auge, voltou a enfiar as digitais em mim, me fodendo simultaneamente com o seu caralho e dois dedos.
Num gesto dominante, Markus colocou o seu pé no meu rosto, pressionando com força enquanto continuava a meter profundamente. A sensação degradante era uma demonstração clara do seu poder sobre mim. Poucos minutos se passaram e ele se levantou, autoritário, exigindo que eu ficasse de quatro mais uma vez, agora com a fase direcionada para a porta de vidro. Me posicionei como ele indicara, me sentindo uma verdadeira meretriz.
Pegando a esponja, o unigênito a friccionou com força no meu cuzinho, me preparando para o último assalto. Ele me penetrou até que finalmente atingiu o clímax. Com um gemido gutural, aquele gato jorrou uma quantidade exorbitante de esperma no vidro, uma marca indecente da nossa luxúria. O mauricinho empurrou a minha cara contra a superfície gozada e me forçou limpar a sua porra com a língua.
Agressivamente, ele me levantou e desferiu um tabefe violento na minha bochecha direita.
❝Quero essas portas reluzindo, sua cachorra imunda!❞
A dor do tapa e a humilhação das suas palavras picaram tanto quanto o prazer que ele me proporcionara momentos antes.
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O término daquelas duas semanas que se arrastaram como uma eternidade marcou para mim o prenúncio de um retorno sombrio. Era como se o próprio ar da casa se adensasse com a realidade implacável do retorno dos Johnson. O anseio, que ousara florescer timidamente durante aqueles dias de quietude, murchou instantaneamente, como uma flor delicada sob o peso de uma geada inesperada. A constatação dolorosa de que a postura do Markus em relação a mim permanecia inalterada ainda me atingia como uma flecha envenenada, dissipando qualquer resquício de otimismo que eu pudesse ter nutrido.
A sombra da nossa foda pairava sobre nós como um espectro incômodo, um fantasma que se recusava a ser exorcizado. Aquele dia, que outrora fora carregado de uma conexão fugaz que me permitira vislumbrar uma faísca de esperança, agora se erguia como um monumento à minha própria ingenuidade. O calor da sua pele, a entrega dos nossos corpos que por um instante se fundiram, se tornaram memórias distantes, quase etéreas, substituídas por um imenso vazio.
Naquela noite de sábado, a melancolia me envolvia como um manto pesado, sufocando qualquer resquício de alegria. O peso do desânimo se instalava nos meus ombros, curvando minha espinha sob o fardo da rotina e da falta de perspectiva. No entanto, em meio a essa escuridão densa, uma pequena faísca de ousadia começou a brilhar. A ideia de solicitar um aumento de salário germinou em minha mente, como uma semente teimosa que busca romper o solo árido. Era um pensamento audacioso diante da minha posição e da minha relação com a família Johnson, mas também era uma possibilidade de mudança, por mais remota que pudesse parecer.
Consciente da dinâmica familiar e especialmente da forma como a matriarca me tratava, sabia que um pedido direto seria fútil. A ideia de me dirigir diretamente a ela, com um pedido tão ousado quanto um aumento salarial, me parecia um exercício de autoengano, fadado ao fracasso. Por isso, decidi trilhar um caminho mais sinuoso, uma rota indireta que, embora mais arriscada, poderia me oferecer uma chance, ainda que mínima, de sucesso.
Com cuidado e esmero, como se estivesse a compor uma carta de amor secreta, redigi um bilhete endereçado ao primogênito. Depositei nele a responsabilidade de interceder por mim, de usar sua influência sobre a mãe para alcançar o que eu, em minha posição subserviente, jamais conseguiria sozinho.
No papel, as palavras foram cuidadosamente escolhidas, alinhavadas com a precisão de um alfaiate experiente. Busquei a persuasão sutil, o tom respeitoso, porém firme, a argumentação lógica e convincente. Expliquei, de forma concisa e objetiva, as razões pelas quais acreditava merecer um aumento, mencionando minhas responsabilidades, minha dedicação ao trabalho, o tempo que dedicava àquela mansão e àquela família. Não me permiti ser sentimental ou lamurioso, evitei qualquer tom de súplica ou vitimização. Queria ser visto como um profissional valoroso, não como um pedinte desesperado.
Durante o jantar, em meio ao burburinho familiar, às conversas animadas que ecoavam pela sala de jantar e ao aroma apetitoso da refeição que se espalhava pelo ar, esperei o momento oportuno para agir. Observava cada movimento, cada gesto, buscando uma brecha na atmosfera aparentemente harmoniosa. Quando a oportunidade se apresentou, discretamente, deslizei o bilhete em direção ao herdeiro. O papel, dobrado com cuidado, deslizou sobre a toalha de mesa imaculada, parando ao alcance das suas mãos.
Ao tomar conhecimento do conteúdo da mensagem, sua reação foi tudo, menos o que eu esperava. Uma gargalhada alta e estridente, que se propagou pelas paredes, reverberando no ambiente, chamando a atenção de todos os presentes.
A princípio, fiquei perplexo, sem entender o motivo de tamanha histeria. Contudo, logo a ficha caiu e a indignação começou a crescer dentro de mim, como um fogo que se alastra rapidamente. O seu riso zombeteiro, perante um pedido tão sério e importante para mim, me atingiu como um soco no estômago. Senti o sangue ferver nas veias, a humilhação me invadir por completo. Ali, diante de toda a família, Markus me expunha ao ridículo, transformando minha valentia em motivo de escárnio.
A gargalhada debochada do mauricinho deu lugar a uma tosse seca e desesperada. Um pedaço de comida, que ele engolira apressadamente enquanto ria, se desviou para o caminho errado, obstruindo suas vias respiratórias. Um silêncio súbito invadiu o lugar, como se o próprio tempo tivesse parado, quando o unigênito lutou desesperadamente por ar.
O pai dele, em um gesto instintivo de pânico, se levantou abruptamente da cadeira, derrubando o guardanapo e quase tombando a mesa. Tentou auxiliá-lo, dando-lhe tapas intensos nas costas, na esperança de desobstruir as vias aéreas. Todavia, os seus esforços, desordenados e ineficazes, se mostraram completamente infrutíferos à frente do desespero crescente do filho, que agora se debatia, agarrando a garganta com as mãos, os olhos arregalados em pavor.
A rainha gélida, cujo semblante raramente se alterava, agora demonstrava sinais claros de horror. As mãos tremiam incontrolavelmente, o rosto pálido como cera, ela pegou o celular, discando freneticamente para o número de emergência. A voz, embargada pelo medo, mal conseguia articular as palavras necessárias para pedir socorro. Enquanto isso, Markus já apresentava um tom arroxeado na face, um sinal alarmante da falta de oxigênio.
Em meio ao caos e à apreensão generalizada, a minha mente agiu com uma rapidez e clareza surpreendentes. Em um lampejo de memória, me recordei das técnicas de primeiros socorros que aprendera em um curso há alguns anos. Sem sequer pensar nas consequências ou nas possíveis falhas, me aproximei com determinação. Me posicionei atrás dele e, com as mãos firmes, localizei o ponto correto no seu abdômen e realizei a manobra com precisão, aplicando a força necessária para expelir o pedaço de carne.
Para o alívio de todos e também o meu próprio, consegui desengasgá-lo! Gradualmente, a cor vibrante retornou ao seu rosto, o tom arroxeado dando lugar a um rubor saudável. Ele respirava fundo, com dificuldade ainda, mas estava vivo.
Visivelmente emocionada, a senhora Johnson se dirigiu a mim, com os olhos marejados e a face banhada em lágrimas. Em um sussurro embargado pela emoção, expressou a sua profunda gratidão pela minha intervenção salvadora. Naquele momento de crise, a barreira invisível que nos separava ruiu, dando lugar a uma conexão humana, um reconhecimento genuíno.
No dia seguinte, a atmosfera na casa ainda reverberava os ecos do incidente da noite anterior. Fui convocado ao escritório da matriarca, um espaço usualmente reservado para assuntos de grande importância, para conversas formais e decisões cruciais. Aquele cômodo imponente, com seus móveis clássicos e pesados, as cortinas grossas e escuras que abafavam a luz do sol, sempre me intimidara.
Manifestando mais uma vez a sua imensa gratidão por salvar a vida de seu filho, a imponente empresária me abraçou e perguntou a quantia que eu desejava em troca daquele ato heroico. Proferi o valor que me parecia justo e transformador: um milhão!
Para minha surpresa, ela não expressou objeções, não demonstrou espanto ou indignação. Pelo contrário, acenou com a cabeça em sinal de concordância. Um simples aceno, quase imperceptível, mas que selava um acordo que mudaria o rumo da minha existência para sempre…
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Um ano transcorreu na velocidade vertiginosa de um raio, transformando a minha vida em um caleidoscópio de mudanças inimagináveis. A chácara exuberante, um refúgio de paz e tranquilidade que adquiri com parte da quantia recebida, se tornou o nosso lar, o meu e dos meus pais. A saúde deles, outrora fragilizada pelas dificuldades e pela falta de recursos, florescia novamente, impulsionada pelos cuidados dos melhores médicos e especialistas, aos quais agora tinham acesso irrestrito.
As preocupações financeiras haviam se dissipado, dando lugar a uma estabilidade financeira sólida e duradoura!
Uma parcela considerável do montante, investida de forma estratégica e inteligente, gerava lucros ainda maiores, consolidando o meu patrimônio e me permitindo vislumbrar um futuro próspero e seguro. Naquele dia ensolarado, radiante de felicidade e gratidão, decidi levá-los para almoçar em um restaurante sofisticado e elegante, um local onde a culinária refinada e o ambiente requintado se harmonizavam em uma experiência sensorial completa.
Observar o brilho nos olhos deles, o sorriso genuíno estampado nos seus rostos, a alegria que emanava dos seus corações, preenchia o meu próprio uma satisfação profunda, uma certeza inabalável de que o risco que havia corrido, a ousadia que demonstrara, valera cada instante, cada centavo!
Fui ao banheiro, absorto em meus pensamentos, e me deparei com o filho dos meus ex-patrões. A princípio, ele pareceu não me reconhecer. Talvez ofuscado pela minha nova aparência, mais elegante e confiante, talvez perdido na névoa das suas próprias preocupações e privilégios. Os traços antes desleixados, a postura insegura e hesitante, haviam dado lugar a um porte distinto, a uma presença marcante. As roupas modestas, antes escolhidas pela necessidade e pela falta de condições, foram substituídas por peças de bom corte e tecidos nobres, refletindo minha nova condição social e financeira.
Quando finalmente a sua atenção se fixou em mim, um lampejo de reconhecimento brilhou no seu olhar, seguido por uma expressão maliciosa, um sorriso debochado que me transportou de volta ao passado, àquela dinâmica de poder desigual e humilhante que ele tanto apreciava manter.
❝Como você tá diferente, cachorrinha!❞
❝Eu tenho nome, seu babaca!❞
❝Quem você pensa que é para falar assim comigo?❞
❝Alguém especial! Agora saia da minha frente, mauricinho!❞
❝Porra, Tiago! O seu cuzão tá precisando de umas aulas de boas maneiras, não acha? A minha piroca vai ensiná-lo direitinho!❞
❝Será que ela dá conta? O meu branquinho é muito rebelde!❞
❝Bora descobrir, sua vadia gorda!❞
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