-
=
=
-
O dia seguinte foi uma bagunça completa na minha cabeça. Eu mal dormi, revivendo cada segundo da noite anterior. Guilherme e eu finalmente tínhamos cruzado aquela linha invisível que nos separava, e agora, tudo parecia diferente. Não era ruim, muito pelo contrário, mas eu precisava contar a alguém. Alguém que pudesse me ajudar a processar tudo isso. E quem melhor do que Denise?
Ela sempre soube que eu tinha sentimentos por Gui, mesmo antes de eu admitir para mim mesmo. A gente se encontrava todo fim de semana para almoçar e conversar, então era natural que eu a procurasse depois de tudo que aconteceu.
Cheguei no bar antes dela, nervoso. Mexia no celular, esperando Denise aparecer para despejar tudo. Quando ela finalmente chegou, com seu sorriso sempre animado e sua peruca preta lisa até a cintura.
Denise — Oi, sumido! — ela disse, me abraçando e sentando na cadeira. — Que cara é essa? O que aconteceu?
Eu respirei fundo, tomando coragem. Sabia que ela não esperava o que estava prestes a ouvir.
Eu — Denise... Eu preciso te contar uma coisa. É sobre o Gui.
Ela arqueou uma sobrancelha, pegando o cardápio como se fosse uma conversa qualquer.
Denise — Lá vem... — disse com um sorrisinho. — O que o Gui aprontou dessa vez?
Eu inclinei-me para frente, abaixando a voz, ainda que o lugar estivesse relativamente vazio.
Eu — A gente se beijou, Denise.
Ela parou de mexer no cardápio na mesma hora, me encarando como se eu tivesse dito que vi um alienígena.
Denise — O QUÊ? VOCÊS FUDERAM? — quase gritou, chamando a atenção das mesas ao lado.
Eu — Shhhh! Ow sua vagabunda fala baixo, lógico que não, a gente só se beijou — tentei acalmá-la, mas Denise estava chocada demais para se conter. — É, foi isso. Aconteceu ontem à noite... A gente tava na casa dele, assistindo a um filme, e as coisas meio que... rolaram.
Denise se recostou na cadeira, me olhando como se tentasse processar a informação.
Denise — Eu sabia! Eu sabia que você sempre gostou dele! E ele de você! Quem vê de fora sente a tensão entre vocês, as brincadeiras... O que me deixa surpresa é isso de fato finalmente rolar — Disse ela depois de alguns segundos.
Eu — Eu também tô surpreso. — Suspirei, sentindo uma mistura de alívio e nervosismo ao finalmente compartilhar o que aconteceu. — Foi tão... natural, sabe? Como se sempre estivesse lá, mas a gente só não queria enxergar.
Denise me olhou por alguns instantes, e então seu olhar mudou, como se estivesse ligando os pontos na cabeça dela.
Denise — E agora? Como você tá se sentindo? E o Gui? — ela perguntou, genuinamente preocupada.
Eu — Eu não sei exatamente. É estranho porque, de certa forma, a gente sempre foi muito próximo, mas agora tem essa outra camada... — Passei as mãos pelo cabelo, confuso. — E o Gui... Eu acho que ele tá tão perdido quanto eu. Não conversamos direito sobre o que isso significa. Só aconteceu.
Denise balançou a cabeça, ainda parecendo um pouco atônita.
Denise — Cara, eu tô chocada, mas também feliz por vocês. Só espero que isso não complique tudo... Quer dizer, Mileninda ta lá no apartamento dele, né? Pelo que ele contou aquele dia a relação deles ta uma merda, ela confundindo as coisas.. O bb...
O nome de Milena me trouxe de volta à realidade. Eu tinha esquecido por um momento, mas ela estava lá, no fundo da minha mente. E Denise tinha razão: as coisas poderiam ficar complicadas, muito rapidamente.
Denise me olhou com seriedade, e eu sabia que ela estava preocupada, mas também que estava do meu lado, como sempre esteve.
Denise — Bom, eu te apoio, André. Você e o Gui... sempre foi algo especial, mas agora, mais do que nunca, vocês precisam conversar e descobrir o que isso significa pra ambos. Só... cuidado com a vaca leiteira. Se ela já tá desconfiando, as coisas podem sair do controle.
Eu balancei a cabeça, concordando.
Eu — HAHAHA Eu sei. Vou ter que lidar com isso em algum momento... Mas, por enquanto, eu tô tentando entender tudo que tá acontecendo entre a gente.
Denise sorriu, apoiando a mão sobre a minha.
Denise — Vai ficar tudo bem. Só não deixa de seguir o que você realmente sente. Afinal, vocês dois merecem ser felizes, seja lá como isso for.
Eu agradeci com um sorriso. Era bom ter alguém como ela ao meu lado, mesmo quando o mundo parecia um caos.
-
=
+
3 dias depois.
Era inevitável. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, acabaria me encontrando com Milena. Não que eu estivesse evitando, mas desde que a situação entre mim e Guilherme mudou, a tensão entre nós três se tornou quase palpável, mesmo que ela ainda não soubesse a verdade. Eu tentava me manter longe para evitar qualquer confronto, mas parece que o destino tinha outros planos.
Estava um dia frio até mesmo para o RJ, quando já estava saindo da agência quando a vi. Milena vinha em minha direção, com passos rápidos e o olhar determinado. Não deu tempo de escapar ou fingir que não a tinha visto. Ela me viu e, sem hesitar, veio diretamente até mim.
Milena — André! — ela disse, com uma expressão séria. — A gente precisa conversar.
Eu suspirei, sentindo o estômago revirar. Sabia que aquele momento chegaria, mas não imaginava que seria tão abrupto. Respirei fundo e decidi enfrentar o que estava por vir.
Eu — Claro, Milena. Sobre o que você quer falar?
Ela parou na minha frente, os olhos fixos em mim. Parecia mais nervosa do que raivosa, o que me fez perceber que talvez ela soubesse mais do que eu gostaria.
Milena — Eu não sou boba, André. Eu tô percebendo que você e o Gui andam... diferentes. E eu não tô falando só de amizade. — Ela estreitou os olhos. — Então, vou te perguntar de uma vez: o que tá acontecendo entre vocês dois?
Seu tom era acusatório, mas havia algo mais ali — insegurança, talvez. Ela sabia que algo estava fora do lugar, mas ainda não tinha certeza do que. Eu poderia ter desviado, mentido ou simplesmente tentado acalmá-la, mas, naquele momento, eu decidi que não iria mais esconder.
Eu — Olha, Milena... — comecei, tentando manter a calma, mas também sem recuar. — Eu não vou mentir. Sim, as coisas entre mim e o Gui mudaram, e muito. Mas você também sabe que o relacionamento de vocês acabou faz tempo, e ele tá livre pra fazer as próprias escolhas.
Ela franziu a testa, visivelmente irritada.
Milena — Então é isso? Você e ele...? - D\ise ela com certa cara de nojo.
Eu — Sim — interrompi, firme. — É isso. Mas, sinceramente, eu acho que você já sabia. Você só não queria admitir.
Milena ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo o que eu tinha dito. Eu via os pensamentos passando pela cabeça dela, como se ela estivesse tentando encaixar as peças.
Milena — Eu sempre soube que vocês eram próximos, mas isso? — disse, com um riso amargo. — Então é por isso que ele tem me afastado? Porque você tá no meio?
Eu dei um passo à frente, mantendo o olhar firme no dela.
Eu — Não é sobre "estar no meio", Milena. O Gui se afastou porque vocês dois já não funcionavam mais, e isso não tem nada a ver comigo. Mas as coisas mudam. E eu não vou ficar me desculpando por isso.
Ela parecia pronta para contra-atacar, mas minhas palavras a desarmaram. Eu podia ver a raiva se misturando com uma tristeza profunda. Milena respirou fundo, como se estivesse tentando manter o controle.
Milena — Eu sabia que algo tava errado, mas... — ela parou, olhando para o lado, antes de voltar a me encarar. — O que vocês têm, André? O que ele te prometeu?
Eu segurei o olhar dela, sem hesitar.
Eu — Ele não me prometeu nada não, Milena... E o Gui não te deve explicações sobre o que sente agora. Vocês têm um filho juntos, e isso sempre vai conectar vocês, mas o relacionamento de vocês acabou faz tempo.
Ela cerrou os punhos, e por um momento, achei que fosse explodir. Mas em vez disso, Milena deu um passo para trás, balançando a cabeça.
Milena — Isso não vai acabar bem... — disse, quase como um aviso. — Eu não vou deixar você destruir o que resta da nossa família.
Eu mantive minha postura firme, mas não com raiva — apenas decidido.
Eu — Eu não tô destruindo nada. Você e o Gui já fizeram suas escolhas, e ele merece ser feliz, assim como você.
Ela me olhou por mais alguns segundos, seus olhos brilhando com uma mistura de frustração e dor. Sem dizer mais nada, virou as costas e foi embora, deixando no ar uma tensão que eu sabia que ainda não tinha terminado.
Eu me senti um pouco exausto, mas também aliviado. Finalmente, a verdade estava à tona. Não haveria mais segredos. E agora, era hora de encarar o que viria a seguir, com Gui ao meu lado.
-
=
Estava em casa, deitado no sofá, tentando relaxar depois do encontro tenso com Milena, quando meu celular vibrou no bolso. Era uma mensagem de Guilherme: "A gente precisa conversar, agora."
Meu estômago revirou. Sabia que a conversa com Milena tinha mexido com ela, mas não imaginava que seria tão rápido. Sem perder tempo, respondi que estava em casa e que ele podia vir. 1h depois, ouvi a campainha tocar. Abri a porta e vi Guilherme parado ali, com o rosto tenso e claramente abalado.
Eu — O que aconteceu? — perguntei, preocupado.
Ele entrou sem dizer nada, passou direto para a sala e jogou a mochila no chão, o que não era nada típico dele. Fechando a porta, me virei para encará-lo. Ele estava diferente, nervoso, como se estivesse prestes a explodir.
Guilherme — O que foi que você disse pra Milena? — Ele começou, o tom de voz mais rude do que eu estava acostumado.
Eu — Do que você tá falando, Gui? — perguntei, tentando entender.
Guilherme — Milena! Porra, ela me disse que se eu continuar com isso, com a gente, ela vai embora com o Cauã! — Ele estava agitado, andando de um lado para o outro. — Como assim, cara? Você foi lá e falou pra ela sobre nós?
Respirei fundo, sentindo o peso da situação. Sabia que Milena poderia reagir mal, mas não esperava que ela jogasse o filho no meio dessa confusão.
Eu — Ela me confrontou, Gui. Ela sabia que tinha algo acontecendo e não fazia sentido continuar mentindo. Ela perguntou e eu... eu falei a verdade.
Guilherme — A verdade? — Ele me olhou com raiva. — A verdade é que você pode ter acabado de foder tudo!
Fiquei em silêncio por um momento, sentindo o impacto das palavras dele.
Eu — Gui, a gente sabia que isso ia ser complicado. Eu só não achei que ela usaria o Cauã pra te manipular assim. Ela não pode fazer isso!
Guilherme — Você não entende, André! — Ele me encarou com raiva e frustração. — Você não tem ideia do que é estar preso entre duas pessoas, uma que você ama e outra que tem o seu filho. Você tá me colocando numa posição impossível!
As palavras dele eram como facadas, e eu lutei para manter a calma. Não era justo que ele jogasse tudo em cima de mim, mas, ao mesmo tempo, eu entendia o desespero dele.
Eu — Eu entendo que é difícil pra você, mas eu não sou o vilão aqui, Gui! — respondi, tentando controlar a raiva que começava a crescer dentro de mim. — Eu te amo e eu tô aqui por você, mas não vou aceitar que você me trate assim por causa da manipulação dela.
Guilherme — Manipulação ou não, eu tenho um filho...
As palavras ficaram no ar, e o silêncio entre nós se tornou insuportável.
Eu — Não coloca essa escolha em cima de mim. — Minha voz falhou um pouco, mas eu mantive o olhar fixo nele. — Eu nunca te pediria pra escolher. Mas, ao mesmo tempo, não vou permitir que você me culpe pelo que tá acontecendo. Milena tá jogando baixo, e você precisa ver isso.
Guilherme - Eu acho melhor a gente se afastar um pouco... Até eu resolver meus bo, saca?
Eu - Te entendo...
-
=
+
Duas semanas. Foi o tempo que se passou desde a última conversa que tive com Guilherme, e, para ser honesto, cada dia que se arrastava era como um peso crescendo no meu peito. Ele se afastou, como eu temia, e o silêncio entre nós se tornou mais alto que qualquer palavra que poderíamos ter trocado. Guilherme, pelo jeito, tinha feito sua escolha. E, por mais que eu entendesse as razões dele, isso não tornava as coisas menos dolorosas.
Estava em um restaurante de comida Mineira, estava com saudades do tempero de casa... Pra falar a verdade eu estava com saudades de como em Minas as coisas eram mais tranquilas, estava pensando na ideia de voltar para lá, pelo menos por 1 ano...
Então, como se o destino quisesse brincar comigo mais uma vez, vi Milena entrando. Ela me viu também, e a expressão de triunfo no rosto dela não deixava dúvidas de que aquela conversa não seria agradável. Ela caminhou até mim, o som de seus saltos ecoando no chão de cerâmica.
Milena — André — disse, sem esconder o tom deboxado. — Podemos conversar?
Olhei para ela, sentindo o incômodo que sua presença trazia, mas sabia que evitar não ajudaria.
Eu — O que você quer, Milena? — perguntei, tentando manter a calma.
Ela sorriu, aquele sorriso carregado de uma satisfação cruel, e sentou-se na cadeira à minha frente. Colocou sua bolsa sobre a mesa, como se estivesse se preparando para uma longa conversa.
Milena — Eu só queria te informar uma coisa — começou ela, cruzando os braços e me olhando com ar de superioridade. — O Guilherme finalmente tomou a decisão certa. Ele escolheu o que é melhor para o filho dele... e para mim. Ele se afastou de você, como deveria ter feito desde o começo.
Senti um nó se formar no meu estômago, mas não deixei transparecer. Milena estava ali para me provocar, para garantir que eu soubesse que ela "vencia" essa disputa. Eu podia ver o orgulho brilhando nos olhos dela.
Eu — É isso mesmo? — perguntei, mantendo minha expressão o mais neutra possível.
Ela balançou a cabeça afirmativamente, o sorriso ainda estampado no rosto.
Milena — É. Você perdeu, André. Eu sabia que o Guilherme jamais iria escolher você em vez do filho dele. E, se você for esperto, vai se afastar de vez. O Gui me disse que já está focado em criar o Cauã e que nós dois estamos voltando a ser uma família. — Suas palavras foram afiadas, como se quisessem me perfurar.
Eu fiquei em silêncio por um momento, tentando digerir o que ela disse. Milena estava convencida de que tinha conquistado tudo — o controle sobre a vida de Gui, o futuro deles e, claro, a vitória sobre mim. Mas, por mais que aquilo doesse, havia algo que eu precisava deixar claro.
Eu — Milena, você pode até achar que venceu, que o Gui está voltando para você, mas eu conheço ele melhor do que você pensa. Ele fez essa escolha por causa do Cauã, não por causa de você. E no fundo, você sabe disso. — Minha voz estava firme, mas controlada. — Se acha que usar o filho de vocês como arma vai te dar o que quer, um dia isso vai te custar caro.
Ela piscou, surpresa pela minha resposta. Não era o que esperava ouvir. Por um segundo, seu sorriso vacilou, mas ela rapidamente recuperou a postura.
Milena — O que eu sei é que você está fora da vida dele. E é só isso que importa pra mim.
Me levantei da mesa, cansado daquele jogo que ela insistia em jogar. Encostei as mãos na mesa e a olhei diretamente nos olhos.
Eu — Te fode garota.
Sem esperar resposta, virei as costas e saí, deixando Milena para trás. Eu sabia que aquela batalha ainda não tinha acabado, e mais cedo ou mais tarde, Guilherme teria que enfrentar suas verdadeiras emoções.
Fui direto para casa de Denise, assim que cheguei ela fez dois chocolates quentes e trouxe algumas bolachinhas, amavamos fazer esses rolezinhos de velhas hahaha
Estava sentado no sofá da sala de Denise, a cabeça pesada de tantas coisas acontecendo nas últimas semanas. O silêncio entre nós era raro, mas aquela notícia precisava ser dita. Ela estava na cozinha, mexendo em alguma coisa, provavelmente preparando mais uma das suas misturas estranhas de chá, enquanto eu tentava encontrar as palavras certas.
Eu — Denise... — comecei, minha voz mais baixa do que eu esperava. Ela parou o que estava fazendo e me olhou com curiosidade.
Denise — O que foi, André? Você tá com uma cara... — disse, se aproximando com uma caneca em mãos, já notando que algo estava fora do normal.
Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos. Sabia que ela não ia gostar do que eu tinha para dizer.
Eu — Eu tô indo embora — falei, finalmente, olhando para ela. — Voltar pra Minas.
Denise ficou parada por um momento, a caneca ainda na mão, como se processasse o que eu acabara de dizer. Seus olhos se arregalaram, e ela colocou a caneca de lado antes de se sentar ao meu lado no sofá.
Denise — Como assim? O que tá acontecendo, André? E a faculdade, emprego?
A sensação de alívio que eu esperava não veio. Em vez disso, um peso maior parecia se acumular dentro de mim.
Eu — Eu preciso de um tempo, Denise. Um tempo de tudo isso... do Rio, do Gui, da Milena. A situação aqui tá me sufocando. Eu não consigo mais ver uma saída sem me afastar de vez. Voltar pra Minas é a única coisa que faz sentido agora. Tenho família lá, emprego... eu posso recomeçar.
Ela me olhava como se estivesse tentando encontrar uma falha no que eu estava dizendo, algo que ela pudesse usar para me convencer a mudar de ideia.
Denise — André... Você não precisa fugir. — Sua voz ficou mais suave, tentando me alcançar. — Eu sei que as coisas com o Gui e a Milena estão complicadas, mas você não pode simplesmente... desistir.
Eu balancei a cabeça, sabendo que ela não entenderia completamente. Denise sempre foi o tipo de pessoa que lutava até o último segundo por tudo e todos, mas eu... já estava esgotado.
Eu — Não é fugir, Denise. É me proteger. — Passei as mãos pelo rosto, tentando manter a compostura. — Eu tô machucado. E cada vez que eu tento ficar perto, parece que só piora. Não sou capaz de lidar com a chantagem da Milena, com o afastamento do Gui... Eu não consigo ficar preso nessa espera, sabe?
Ela suspirou e se aproximou, colocando a mão no meu ombro.
Denise — Eu entendo que você tá cansado, mas Minas? Pra sempre? — Ela fez uma pausa, o olhar cheio de emoção. — E o Gui? E o que vocês têm?
Aquela pergunta me atingiu em cheio. O que nós tínhamos? Era algo que, até então, eu achava que sabia, mas com todas as reviravoltas, o afastamento, as ameaças... tudo parecia desmoronar.
Eu — Eu não sei mais, Denise — respondi, minha voz finalmente tremendo. — O Gui escolheu a família dele, o que eu entendo. Eu respeito isso. Mas ficar aqui, esperando ele decidir o que quer, enquanto eu assisto de longe? Isso tá me destruindo.
Denise ficou em silêncio, as palavras não pareciam suficientes para contornar a decisão que eu já havia tomado.