<<<Gabi>>>
A viagem foi demorada. Eu praticamente chorei o tempo todo. Não só por causa da Fabi, mas por saber que eu iria ficar longe da minha mãe e do lugar que eu amava. A imagem de Fabi e Marcelo se beijando também não saia da minha mente, aquilo doía muito. Eu não sentia raiva de nenhum deles, mas machucava demais lembrar do beijo.
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Quando cheguei em São Paulo minha madrasta já me esperava na rodoviária. Agradeci a Deus por ser ela. Não queria ter que explicar pro meu pai os motivos dos meus olhos vermelhos. Assim que me viu ela veio me dar um abraço. Depois fez carinho no meu rosto e com um pequeno sorriso disse que ia ficar tudo bem. Ela me chamou para a gente ir para casa e eu a acompanhei até o carro. Durante o caminho ela foi puxando assunto comigo, mas não falou nada e nem perguntou nada sobre a cara de choro que eu estava. Achei estranho, porém foi melhor assim. Não gosto muito de falar sobre minha vida pessoal com ninguém e sobre minha cara de choro eu não queria falar mesmo.
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Minha madrasta acabou me fazendo conversar um pouco e quando chegamos em casa eu já estava menos triste. A casa era muito bonita e grande. Meu pai não era um homem rico e quando se separou deixou tudo com minha mãe. Voltou para São Paulo só com suas roupas e algum dinheiro. Mas minha madrasta era bem de vida. Ela era viúva quando conheceu meu pai. Nessa época ela já tinha uma vida confortável. Ela é de uma família de classe média alta e formada em jornalismo. Hoje ele é editora chefe de uma revista muito famosa no Brasil. Meu pai hoje também está muito bem. É dono de uma loja de produtos agropecuários.
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Minha madrasta me mostrou onde eu iria ficar. Eu já conhecia bem a casa. Fui pro mesmo quarto que eu geralmente ficava e desfiz minhas malas. Tomei um banho e coloquei uma roupa mais confortável. Quando desci minha madrasta perguntou se eu queria comer algo. Já era mais de 14 horas e como eu não tinha almoçado, resolvi tentar comer pelo menos um lanche.
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A gente seguiu para a cozinha e ela foi preparar um lanche para mim. Ficamos conversando e ela me perguntou qual era meus planos. Eu falei que se ela e meu pai concordassem eu queria fazer minha faculdade de agronomia ali em São Paulo. Ela disse que com certeza eu poderia ficar ali com eles. Que ela iria adorar e meu pai mais ainda. Eu falei que então esse seria meu objetivo nos próximos anos.
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Fiquei o resto do dia de papo com minha madrasta que como sempre foi um amor de pessoa comigo. Ela me mostrou algumas opções de faculdades para eu escolher. Resolvi escolher uma que ficasse mais perto da minha nova casa.
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No início da noite meu pai chegou. Depois de vários abraços e sorrisos, eu e ele tivemos uma boa conversa. Ele ficou muito feliz por eu ir morar com ele. Também começamos a planejar meus próximos passos. Tirar uma carteira de motorista para eu não depender de transporte público ou deles para eu ir estudar. Estudar bastante e ir fazendo todos os cursos possíveis para eu me dar bem nos estudos. Quando eu disse que eu queria fazer agronomia ele ficou muito feliz por eu querer seguir seus passos, mas depois ficou meio triste porque sabia que eu com certeza iria voltar para o sítio quando eu me formasse. Mas ele entendeu de boa. Ele também concordava que meu futuro era ao lado da minha mãe já que ela não tinha mais ninguém além de mim e meu tio.
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O tempo foi passando e as coisas foram dando certo. Consegui entrar na faculdade que eu queria. As aulas eram muito boas. O ruim é que não fiz nenhuma amizade. A maioria dos alunos eram homens e eu era muito na minha. Então conversava com algumas pessoas mas amigos mesmo não fiz. Consegui tirar minha CNH no meio do ano e fiquei muito feliz. Ainda mais que pude comemorar junto com minha mãe que veio me visitar.
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Mas nem tudo eram coisas boas. Eu nunca consegui tirar Fabi dos meus pensamentos e só eu sei quantas lágrimas derramei deitada na minha cama sozinha à noite. A falta dela doía muito ainda. Nunca mais falei com ela ou com Marcelo. Eu sentia falta dele também. Apesar de tudo ele sempre foi um bom amigo.
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Minha mãe disse que Fabi fez um monte de perguntas para ela, mas ela não contou o que realmente aconteceu. Se fingiu de boba. Disse também que Fabi andava meio triste depois que eu vim morar com meu pai. E que não sabia se ela e Marcelo estavam namorando, mas se tivesse era escondidos porque Fabi sempre estava junto com ele, mas eles se tratavam como amigos perto das pessoas.
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Eu sinceramente não sabia se ficava feliz ou triste com aquela notícia. Mas também não importava se eles estavam juntos ou não, eu vi o beijo. Fabi era hétero e era inevitável que ou com Marcelo ou com outra pessoa ela iria namorar. Resumindo, eu precisava tirar aquele amor que eu sentia por ela de dentro de mim.
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Minha mãe tentou me convencer a falar com ela, mas eu disse que não iria. Eu não conseguiria mentir para ela e não podia falar a verdade. Isso só pioraria as coisas no momento. Algum dia quem sabe eu possa falar com ela e quem sabe podemos até rir disso. Mas por enquanto é melhor eu manter o que decidi.
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A vida seguiu e eu continuei meus estudos. Minha madrasta sempre me ajudava a praticar a direção nas ruas. Mesmo já com minha carteira na mão era bem complicado dirigir com aquele trânsito infernal. Com o tempo eu fui melhorando, mas sinceramente acho que dirigir não era para mim. Até comentei com minha madrasta ai ela teve uma ideia que iria me apresentar uma nova paixão na minha vida.
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Quando voltamos para casa ela me levou até a garagem que era bem grande. Nos fundos ela tirou um lençol que cobria algo. Quando vi já amei. Era uma moto vermelha e preta linda. Minha madrasta disse que tinha algum tempo que ela estava ali meio abandonada, mas que no passado ela era apaixonada por motos e aquela era a última que ela comprou. Ela disse que era uma Yamaha R1 YZF 2008. Eu fiquei ali com a boca aberta olhando aquela maravilha.
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Tânia: Pelo jeito você gostou?
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Gabi: Ela é linda. Eu amei!
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Tânia: Bom, se você tirar uma carteira de moto eu posso te ensinar a andar nela. Porém isso pode demorar um pouco. Não é fácil domar uma fera dessa não kkkk
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Gabi: Eu quero tentar, quero muito.
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Tânia: Amanhã te levo na auto escola então e você logo começa a praticar. Quando você tirar a carteira a gente te dá uma menor e depois vou te ensinando você a andar na minha. Quem sabe no futuro você possa ter uma igual.
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Eu realmente amei aquela moto e jurei para mim mesmo que ia conseguir tirar minha carteira e ter uma algum dia. Naquele mesmo dia minha madrasta me mostrou várias fotos que ela tinha das viagens e passeios de moto que ela fazia quando era mais jovem. Eu realmente amei as fotos. Eu estava com bastante entusiasmo com aquilo tudo.
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O restante do ano foi tranquilo. Eu consegui ótimas notas, minha mãe veio passar as festas de fim de ano com a gente. Foi muito divertido passar as festas com minha família reunida. Eu tive muita sorte de minha mãe e minha madrasta se darem bem. Na verdade era mais que isso. Elas realmente se tratavam como boas amigas.
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Minha mãe foi embora no início de janeiro e me bateu uma tristeza de ficar sem ela de novo. A falta de Fabi me machucava muito e parecia que o tempo não estava ajudando a aliviar aquilo.
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Eu estava meio tristonha no meu quarto quando minha madrasta entrou com um sorriso enorme no rosto.
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Tânia: Gabi tenho uma notícia ótima para te dar.
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Gabi: Que bom, estou precisando mesmo de boas notícias.
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Tânia:Minha sobrrinha Sophia vai vir passar uns dias aqui com a gente. Vai ser muito bom para você conhecer ela.
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Gabi: Ah legal. Vai ser bom ter alguém para conversar.
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Tania: Gabi sei que não ficou muito entusiasmada, mas tenho certeza que quando a conhecer você vai me entender. Ela é uma garota gente boa, alegre, quase da sua idade e é lésbica também.
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Naquela hora eu não sabia o que dizer. Como assim lésbica igual eu? Eu não tinha contado isso a ninguém a não ser para minha mãe.
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Tânia: Acho que eu falei algo que não devia. Desculpe, mas sua mãe nos contou Gabi. Não era para eu te falar, mas agora é tarde.
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Gabi: Nos contou? Então meu pai sabe de tudo?
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Tânia: Sim, ele sabe, sua mãe não ia esconder isso de nós. Você veio viver com a gente e sua mãe queria que a gente soubesse para poder tentar te ajudar. Ela não fez por mal.
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Gabi: Então meu pai está de boa por eu ser lésbica? Se é que eu sou mesmo.
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Tânia: Ele está sim, nós estamos. Se você for lésbica, BI ou seja lá qual for sua sexualidade não vai mudar em nada o que seu pai senti por você. Pode ficar tranquila.
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Aquela informação me tirou um peso enorme das costas. O susto deu lugar a uma sensação de alívio. Eu abri um grande sorriso. Dei um abraço na minha madrasta e agradeci ela pelas duas boas notícias que ela me deu.
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A tal Sophia chegou no início da noite e quando a vi entrando com minha madrasta eu fiquei de boca aberta. Ela era loira com os cabelos até os ombros. Tinha uma mecha rosa de um dos lados. Olhos azuis. Um pouco menor do que eu. Provavelmente tinha um pouco mais de 1.70 de altura. De longe deu para ver que ela tinha um belo corpo. Deu para ver também que tinha algumas tatuagens no braço esquerdo. Quando ela se aproximou, minha madrasta nos apresentou. Ela veio me dar 3 beijinhos e o último foi bem no cantinho da minha boca. Aquilo já fez meu corpo se arrepiar todinho. Quando a olhei deu para notar seus belos olhos azuis e um sorriso meio sacana no rosto.
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Sentamos ali no sofá da sala e ficamos conversando por um bom tempo. Na verdade eu mais ouvia as duas do que falava. Sophia parecia mesmo ser uma garota divertida. Quando ficou um pouco mais tarde, minha tia disse que ia preparar um jantar para nós e disse para eu mostrar um dos quartos vazios para Sophia ficar. Eu me levantei e pedi para ela me acompanhar. Seguimos com suas malas e quando mostrei o primeiro quarto vi que eu iria ter problemas.
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Sophia: Gabi, você dorme sozinha em um quarto?
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Gabi: Sim, porque?
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Sophia: Olha eu prefiro ficar com você então. Não gosto de dormir sozinha. Eu prometo que não vou te incomodar. São poucos dias e assim a gente pode se conhecer melhor. Eu gostei de você, acho que vamos ser boas amigas.
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Gabi: Eu também gostei de você. O problema é que tem só uma cama no meu quarto e não sei se sua tia vai gostar disso.
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Sophia: Eu posso dormir no chão, ou com você. Juro que não vou atrapalhar seu sono. Só não quero dormir sozinha e quanto a Tia, pode ficar tranquila que ela não se importa não. Acho que ela até vai gostar já que ela me convidou aqui para te conhecer.
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Gabi: Como assim para me conhecer?
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Sophia: Calma, não entenda errado. Ela não quer que a gente tenha um relacionamento romântico ou algo do tipo. Ela só achou que você estava precisando de alguém para desabafar e para te ajudar com suas confusões. Olha eu já passei por isso, tenho certeza que posso te ajudar. Pelo menos posso tentar.
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Gabi: Talvez não seja uma má ideia ter alguém para conversar. Tudo bem, você me convenceu. Você pode ficar no meu quarto.
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Ela abriu um sorriso lindo e me agradeceu. Entramos e ela disse que precisava de um banho. Eu mostrei o banheiro e disse para ela ficar a vontade para pôr suas coisas no guarda roupas, tinha bastante espaço. Ela disse que depois do banho arrumava tudo. Fui pegar uma toalha para ela e quando olhei de volta ela estava de costas para mim terminando de tirar sua calça de pano. Nossa eu paralisei ali olhando aquela bunda linda toda empinada para meu lado. Senti minha menina molhar na hora. Senti um calor tomar conta do meu corpo. Com certeza eu iria ter problemas com ela ali no meu quarto por alguns dias.
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Continua.
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Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper