Eu estava realmente chateado. Pensei que Karen estava fazendo sinais para ganhar tempo para que eu pudesse nocautear o Negão, mas só estava tentando pegar o lubrificante para ele comer o cuzinho dela da novo.
- Querido, eu não sabia que o Mestre Omar estava lá na lavanderia sangrando...
Resolvi me acalmar. Percebi que, nesse jogo de dominação, Omar havia incutido esse lance de “Mestre” na cabeça dela, ela ainda estava submissa a ele. E ela havia ficado completamente alucinada com as várias sessões de sexo total. Como a ideia inicial de participar de uma sessão de BDSM havia sido minha ( conforme escrevi no primeiro conto), agora eu tinha que aguentar.
- Está bem, querida. Vamos ver o final.
Terminamos de ver o filme. Pela contagem do site, já havia passado de seis milhões de visualizações. Isso significava que continuaríamos a receber uma boa grana, conforme havia sido combinado. E isso explicava o motivo da insistência de Omar em fazer um novo filme conosco. Ou melhor, com minha esposa.
- Karen...ele só quer fazer um novo filme com você. E eu não quero que você se torne uma atriz pornô, não precisamos disso.
- Não é isso, querido! Pode olhar todas as mensagens! Ele disse que quer que nós dois participemos de uma nova sessão!
- Ahã...tá. Vai querer comer meu cu, colocar a porra da gaiola de castidade. Nem pensar! Mas então deixa eu ler as mensagens, quero ver o que rolou sem eu saber.
- Pode ler tudo, vai ver que eu não topei nada!
Então ela me entregou o telefone. Estava identificado como “Mestre Omar” mesmo. Ele começou a enviar mensagens logo depois do que aconteceu conosco. Deu pra ver que no início ela não respondia. Nós viajamos algumas vezes, e as mensagens dele ficavam sem resposta.
(Devo ressaltar que o único contato que eu tinha com ele eram os depósitos que entravam em minha conta corrente, referentes à participação nos lucros do filme. Mais nada. Eu não sabia o número dele e, se ele sabia o meu , nunca havia ligado).
A primeira mensagem dele que minha esposa respondeu foi uma onde ele escreveu:
- Bom Dia, Minha Putinha. Hoje eu estava revendo as fotos e filmes que foram feitos durante nossas sessões de amor e sexo, e fiquei com uma saudade imensa de ter você inteirinha só para mim. Lembra que você prometeu que a gente poderia continuar trepando depois ?
Depois do texto, ele anexou uma foto onde eles estavam trepando de madrugada, dando um beijo apaixonado nele, as pernas cruzadas nas costas dele. Ela respondeu logo depois:
- O que é isso, Mestre? Como essa foto foi tirada?
- Minha Putinha querida, todo o meu apartamento tem câmeras em vários lugares, que podem filmar e tirar fotos. Foi assim que o filme foi feito.
- Mestre Omar, por favor, peço que não divulgue essas fotos. O que falei naquele momento foi para que meu marido não fosse torturado. Ele não quer uma nova sessão.
- Minha Putinha, ele não precisa participar. Podemos fazer algo só nós dois. Não se preocupe, essas fotos são apenas para lembrarmos dos momentos em que fizemos amor de todas as maneiras, atingindo o ápice do prazer.
- Foram momentos inesquecíveis, Mestre. Mas agora estou novamente em minha casa, com meu marido. Eu nunca faria nada sem que ele estivesse junto comigo.
- Ah Minha Putinha, mais algum tempo comigo e você nem vai pensar em mais ninguém a não ser seu Mestre Amado.
Olhei para Karen, e falei:
- Querida, você realmente devia ter me contado assim que ele escreveu estas coisas!
- Mas amor, pode ver que eu não aceitei!
- Está mais do que evidente que ele está usando técnicas de persuasão, e você, sem perceber, foi ficando mais e mais submissa a ele, tanto que só o chama de “Mestre!” Experimente, tente dizer apenas “Omar” ou “O Safado”!
Ela ficou quieta.
- Vamos, querida, diga “Aquele safado do Omar!”
- Eu... aquele... eu...não consigo! O que está havendo?
- Ele usou algum tipo de hipnose em você. Talvez com a ajuda de alguma droga.
- Mas eu não bebi nada... só tomei água mesmo.
- Mas a droga não precisa estar na água que bebemos. Poderia estar naquele óleo que ele fez questão que fosse passado no seu corpo. Ou no líquido do enema, pode ter sido absorvido pelo intestino. Ou pode ser inalada.
- Mas o que poderia ser?
- Já li sobre uma droga que anula a vontade das pessoas, mesmo conscientes elas fazem tudo o que forem ordenadas a fazer. É chamada “Burundanga”.
- E como é que não aconteceu com você?
- Porque eu não recebi enema, nem óleo no corpo. Ao que parece, uma vez que você se submeteu totalmente a ele, ele manteve o domínio sobre você com algum tipo de sugestão pós-hipnótica, desencadeada por uma palavra ou grupo de palavras.
- Credo, amor! Acho que não é nada disso!
- Claro que é! Você nem consegue falar mal dele.
Ela ficou pensativa, olhando para mim.
- Mas e qual seria o problema em fazermos mais uma sessão, talvez saísse um filme melhor produzido...
- Está vendo só?? Você se tornou escrava dele!! Chega! Vamos cortar esse assunto agora! Se você realmente me ama, deixe que eu bloqueie e depois apague os números dele! Pode ser?
- Claro que eu amo você mais que tudo, querido! Mas é que...
- Você deixa eu fazer isso ou não?
- Eu...deixo...
Peguei o telefone dela, localizei todos os números que ele havia colocado, havia “Mestre Omar”, “Amado”, “Mestre Amado”, “Dono da Putinha”. Bloqueei todos e deletei depois ( não sem antes anotá-los em um papel, que guardei). Também coloquei uma senha secreta no “Bluetooth” já que o safado poderia tentar clonar o telefone dela.
- Se vier alguma ligação de número desconhecido, não atenda, quero que você me avise, tudo bem?
- Mas aí você vai estar me controlando.
- O SAFADO do Omar é que controlou você até agora! Estou tentando livrá-la das garras dele! Assim que esse cara sumir das nossas vidas, volta tudo ao normal. Mas você pode decidir diferente. Se quiser se separar...
- NÃO, AMOR!!! De jeito nenhum! Eu amo só você!
- Eu também amo muito você. E lamento que tudo isso tenha acontecido, afinal foi minha ideia essa coisa de experimentar BDSM.
- Foi mesmo. Mas eu concordei na hora.
Então, ficou resolvido que não haveria mais contato com ele. Como havíamos combinado, ela não atenderia as ligações de número desconhecido, me passava o número para que eu anotasse. Comprei um telefone pré-pago, e ligava para verificar. Algumas vezes, eu reconhecia a voz dele ou do Negão, então esse número era bloqueado.
Alguns dias depois, encontrei no banheiro um frasco de óleo perfumado, era o mesmo cheiro do óleo que fora usado no apartamento de Omar. Então, ele havia enviado e ela estava usando. Com certeza tinha a tal droga! Como era absorvida pela pele, devia ter um efeito mais prolongado. Joguei tudo fora no vaso do banheiro, havia três frascos. Comprei outro óleo, com o mesmo perfume ( a Burundanga não tem cheiro nem cor) mas coloquei nos mesmos frascos, depois de bem lavados. Assim, ela não saberia que houve a troca.
Devagar, parece que minha esposa foi melhorando da sua situação de submissão. No início, ela ainda tentava puxar o assunto, sugerindo que poderíamos pensar em participar de uma nova sessão com o fulano. Mas quando ela ia pronunciar “mestre” eu cortava na hora.
- Mestre o CARALHO!!! PORRA!! Ela fazia beicinho, cara de triste, mas acho que a tal droga foi perdendo o efeito devagar.
Demorou cerca de um mês, mas finalmente ouvi ela dizendo, enquanto víamos um filme na televisão:
- Esse lugar parece com aquele onde ficamos, do tal Omar.
- Parece mesmo, querida, só que esse é o apê de um Serial Killer.
- Nossa, amor, já imaginou se o safado fosse um assassino em série? No que teríamos nos metido?
- Putz...nem fale nisso, Karen. Se formos encontrar com alguém ou algum casal de novo, terá que ser em um lugar público. E depois, em um motel conhecido, no mínimo.
- Ou um hotel mesmo, onde haja mais pessoas. Mas acho melhor ficarmos um bom tempo “de férias”, só nós dois.
Achei que a coisa havia terminado por aí, até que ouvi a campainha, era uma entrega expressa pelo correio. Karen foi atender, mas eu corri na frente dela:
- Deixa que eu recebo, querida.
- Ah amor...e se for para mim?
- Pode ser do safado. EU PEGO.
- Ô desconfiado...
- Estou desconfiado mesmo.
E realmente era o que eu pensava. Um pacote para minha esposa, com “Mestre Amado” como remetente. Dentro havia três frascos de óleo e dois de enema! Ainda por cima, um pendrive com mensagens faladas em MP3.
- PORRA, será que esse cara não desiste?
- O que foi amor, por que está bravo desse jeito?
Mostrei a ela os “presentes”. E contei que havia trocado o óleo, porque essas coisas estavam cheias de droga.
- Nossa, amor! Quanta desconfiança!
- Eu sabia que você iria pensar isso, então se prepare, porque eu posso comprovar.
- Como assim?
- Eu mandei analisar o óleo que havia nos frascos anteriores, antes de jogar fora. Aqui está a análise. Havia uma grande quantidade de Escopolamina, que é o nome científico da “Burundanga”!
Karen olhou o papel com o exame de laboratório. Ela me olhou nos olhos, e começou a lacrimejar.
- Desculpe, amor...desculpe...eu...você estava certo, eu não conseguia me controlar.
- Era o efeito da droga, amor. O safado queria continuar usando você.
- Desgraçado!
Ela pegou o pacote e jogou no latão de lixo. Fui até lá e tirei .
- O que está fazendo? Já joguei fora.
- Estou abrindo os frascos e jogando esses líquidos no vaso sanitário. Alguém pode achar e querer usar.
- Não está desconfiando de mim, não é, amor?
- Para falar a verdade, tenho receio que ainda haja um resto de domínio dele sobre você. E que pode ser ativado de repente por algum comando pós-hipnótico.
- Mas isso é coisa de ficção!
- Não é. As agências de espionagem já fizeram isso com várias pessoas, principalmente nos tempos da Guerra Fria.
- Ah , qual é...
- Os filmes “O Candidato da Manchúria” e “O Telefone” mostram como isso pode ser feito.
- Você acha mesmo que ele fez isso comigo?
- Tenho certeza. E esse “presente” de hoje confirma tudo. Por isso mesmo, vou mandar analisar estes restos que estou guardando. E depois falar com meu primo que é policial.
Ela me olhou de novo nos olhos:
- Precisa tudo isso?
- Querida... isso que você acabou de dizer prova que ainda há um tanto de submissão em você. Mas não vai me impedir de colocar esse demônio na cadeia.
- Ele é muito rico, duvido que fique preso. E depois vai querer se vingar de você...de nós.
- Falou certo. Vai querer se vingar de mim, e tentar ficar com você de novo.
- Deve haver alguma maneira de resolver isso sem envolver a polícia.
- Não vejo outra alternativa. Vou ter que fazer isso, ou nunca vai acabar.
CONTINUA