Os dois caras começaram a andar pra minha direção. Eu fiquei com o cú na mão naquela hora, e então dei meia volta. Eles foram mais rápidos.
- Onde cê tá indo, princesa?
- Vão lá pra minha casa.
Eu estava localizando meu celular, mas a pasta de rascunhos para achar a mensagem do meu pai estava muito longe.
- Vem cá experimentar essa pirocona. - O maior pegou a minha mão e passou por cima da calça. Estava muito dura.
- Se você gritar, vai ser pior pra você. - Disse o outro, me dando um tapa forte na cara, quando eu respirei pra gritar.
Eu estava chorando e soluçando bem baixo, enquanto eles se aproveitavam de mim. Era nojento. Eu queria ter força pra lutar, pra reagir.
- É uma putinha mesmo, olha. Adora levar tapa. - E continuou com os tapas fortes. Eu senti minha cara queimando.
ONDE ESTAVAM AS PESSOAS? NINGUÉM TAVA VENDO QUE UM DELES TAVA COM AS CALÇAS ABAIXADAS ALI NO MEIO DO PASSEIO NÃO? O maior tirou o pau pra fora e colocou minha mão nele. Era muito grosso e nojento. Ele começou a se masturbar com minha mão, e então eu agarrei o pau dele, e comecei a masturbá-lo sozinho. Quando ele tirou a mão da minha, eu enfiei um soco nas bolas dele, com toda a minha força. Quando ele tava cobrindo o pau com a mão em dor, eu me virei para socar o outro também, mas ele não tava ali. Olhei para o lado, e vi ele sendo socado pelo Gabriel diversas vezes na cara e na barriga.
O outro se levantou pra me bater, mas antes, estava subindo as calças, quando um pé voou na cara dele. Eu vi isso acontecer em câmera lenta. O pé direito do Gabriel estava apoiado na coxa esquerda do cara, e o outro, no nariz do cara. Gabriel me viu soluçar sentado no chão (quando eu levei o primeiro tapa, eles me ajoelharam), e correu pra minha direção, ajoelhando-se e passando a mão na minha cabeça.
- Daniel! O que aconteceu, você tá bem?
Só deu pra eu apontar na direção do cara menor, cambaleando na nossa direção. Gabriel se virou pra ele e deu um chute certeiro no meio dos joelhos dele. O cara caiu no chão na mesma hora. Gabriel se virou pro outro e enfiou um soco na boca do estômago e um golpe de quebrar tijolos no karatê na garganta, fazendo-o tossir.
- Vem, vamos pra farmácia.
Estranhei o convite dele, mas eu estava chorando e desesperado pra recusar e ficar sozinho ali. Ou acompanhado ali. Ou fazendo qualquer coisa ali. Atravessamos a avenida e entramos na farmácia. Ele me fez sentar num banquinho preto, e o ouvi conversando com o balconista.
- Pode me dar um antisséptico pra mão e um (era uma pomada para dor que eu esqueci o nome)?
Os dois discutiram sobre marcas por um segundo, e Gabriel veio até mim com o antisséptico na mão. Ele colocou um pouco na minha mão e me pediu pra esfregá-las. Enquanto eu fazia aquilo, ele passava a pomada nos punhos, e parecia gelar pra caramba, pela expressão dele. Depois, ele passou essa pomada nas minhas bochechas, pra tirar a dor dos tapas. Ele ficou abraçado comigo o caminho todo até o ponto de táxi, e ele chamou um. Entramos no táxi, ele passou meu endereço pro taxista, e o velho começou a andar.
Cada vez que eu dava um soluço de choro, Gabriel me apertava mais forte, mais aconchegante, me acalmando. Ele não parava de fazer carinho na minha cabeça. Quando chegamos na minha casa, ele pagou o taxista e me acompanhou até la dentro. Pegou as chaves da minha mochila e destrancou a porta, tudo isso sem nem uma palavra.
- Cadê seu pai?
- ... Foi pra São Paulo.
- Vai tomar banho. - Ele disse. - Eu vou fazer seu almoço.
Subi as escadas, tirei minha roupa e entrei no banheiro. Tomei um banho quente, sem saber se chorava por causa do que aconteceu, ou se ficava feliz por Gabriel estar ali do meu lado. Terminei o banho, passei desodorante, coloquei minha roupa confortável (tava fazendo frio, então coloquei uma blusa e o short do pijama) e desci as escadas. O almoço estava em panelas em cima da mesa.
- É assim que eu gosto de te ver. Limpo e cheiroso.
Sorri, sem graça e comecei a colocar comida pra mim. Gabriel perguntou se eu me importaria se ele tomasse banho. Eu disse que não, e ele foi ao banheiro. Sentei na mesa e comecei a comer. Aquela comida era maravilhosa! Nunca comi nada igual. Acho que eu acostumei com a comida do meu pai desde pequeno, e não ligava muito pro gosto. Não posso culpá-lo. Minha mãe morreu assim que eu nasci, e ele teve que aprender a se virar sozinho com dois filhos pequenos. Ele aprendeu a cozinhar com minha tia na época.
Chico apareceu na cozinha, aos meus pés, e então, saí para o quintal para colocar ração pra ele. Quando voltei, Gabriel estava na porta do banheiro, pedindo uma toalha emprestada. Peguei uma do armário da dispensa e entreguei pra ele, aproveitando e olhando para seu pau através da fresta porta. Não consegui. Voltei pra mesa e terminei de comer aquela comida dos deuses.
Gabriel saiu do banheiro todo lindo e cheiroso. Estava com uma camisa e uma bermuda.
- De onde saiu essa roupa?
- Tava na minha mochila. Ei, você quer assistir algum filme?
Fiz que sim com a cabeça e peguei meu colchão da minha cama, enquanto ele guardava as panelas. Coloquei-o sobre o tapete da sala e peguei o outro, fazendo o mesmo. Coloquei os cobertores e deitei, esperando-o. Ele pegou seu pendrive de dentro da mochila e inseriu na TV (morram de inveja, bitches, minha TV tem suporte pra pendrive). Ele selecionou Um Amor pra Recordar. Eu simplesmente adorava aquele filme. Ele deitou ao meu lado, colocando o travesseiro atrás da cabeça.
Quando o filme chegou na parte em que o Landon começa a realizar os desejos da Jamie, eu "escorrego" no colchão e caio com a cabeça no peito do Gabriel. Minha queda pareceu tão real, que Gabriel esperou alguns segundos, até eu levantar a cabeça e olhar pra ele. Deitei minha cabeça no peito dele de novo e ele começou a fazer carinho, assim como eu passava a mão na barriga dele. Ficamos assim até o filme acabar.
- Daniel? - Ele disse, desligando a TV com o controle.
- Oi?
- A gente ainda tá terminado?
- ... Eu te amo. - Levantei a cabeça. - Você não sabe o quanto.
Ele me beijou, tremendamente. Estava começando a escurecer lá fora, ficando cada vez mais frio, enquanto nossos corpos se aqueciam com aquele beijo.
- Você me ama, é? - Disse ele, tirando minha blusa.
- Amo! - Respondi, tirando sua camisa. Ele parou por um segundo.
- Daniel, você tem certeza?
Debrucei em sua direção e lhe dei um beijo. - Apenas me ame.