A sacristia estava quente, eu suava embaixo daquele meio fraque. Na era só calor da estação, e sim o que estava acontecendo ali. Em poucos minutos minha vida ia se decidir com uma simples palavra: “Aceito”. Diante de mim, havia um homem, um menino de olhos vermelhos, faces molhadas, cabelos desgrenhados em desespero.
- Thiago, não faz isso! Eu te imploro!!! Não depois de tudo. Não faz isso com a gente!!! Há outra saída, tem que haver outra saída!!! Só não faz isso, por favor!!! – Ele gritava sem se preocupar com o escândalo que poderia arruinar a minha vida ou muda-la pra sempre.
Mas eu não posso começar a história desse ponto. Não posso ignorar o seu começo ou tentar ao menos partir do principio onde tudo começou. Deixei então que minha mente vagasse para o último momento que me lembro de uma vida tranquila como uma manhã de Domingo. Que eu era feliz, e não sabia.
Por minutos a fio fiquei olhando para tela do computador sem acreditar no que eu via. O nome que eu lia na lista de aprovados em jornalismo na universidade federal era o meu. Eu estava ali, entre tantos outros nomes e não conseguia assimilar o que estava vendo. Levantei da escrivaninha e fui ao banheiro jogar uma água no rosto. Tinha sido um ano difícil para mim em relação aos estudos. Depois de terminar o colégio, fiz intercâmbio no Canadá com o dinheiro que minha madrinha me presenteou e acabei ficando lá por dois anos, fazendo cursos e trabalhando em um pequeno café para me sustentar. Por insistência dos meus pais, acabei voltando para o Brasil e me senti perdido num primeiro momento. Já fazia dois anos que não via o conteúdo da escola, e estava completamente por fora do que iria cair no vestibular. Pensei muito antes de optar por jornalismo, mas o fiz por gostar muito de ler e escrever, além de admirar muito essa profissão. Há oito meses estava estudando por conta própria para todas as faculdades públicas do Rio de Janeiro, já que meus pais não teriam condições de bancar todas as minhas despesas, e felizmente consegui. Isso mudaria e muito a minha vida, eu sabia disso. Para um cara como eu, que mora no interior desde criança, a vida na cidade grande é desafiador. Não posso reclamar da minha infância ou adolescência. Hoje, como quase 22 anos, vejo que passei momentos maravilhosos aqui, com muito amigos, namoradas, diversão e liberdade. Sempre fui um cara normal, não sou feio, mas nunca fui o mais bonito. Uma beleza comum eu diria. Cabelos e olhos castanhos, estatura mediana no auge dos meus 1,85m, um corpo atlético por causa dos esportes que sempre pratiquei, mas não sou musculoso nem sarado. Como eu disse um sujeito comum, que nunca foi o pegador da escola, mas nunca fui o encalhado. Sempre tive muita facilidade para fazer amigos, sempre gostei de estar nas festas e nos bares com a galera, porém conseguia ser uma aluno razoável que nunca ficou de recuperação, mas também nunca o melhor da classe. Quando voltei do Canadá, reencontrei uma amiga de infância que estava mais bonita do que nunca, a Alice, e depois de um tempo começamos a namorar. Ela tem cabelos ruivos, olhos verdes, e a pele bem branquinha, o que faz com que ela tenha algumas sardas no rosto. Porém eu sabia que ali naquela cidadezinha, eu não poderia pensar no futuro. Não havia uma boa faculdade na região, e eu precisaria cedo ou tarde sair dali. Era melhor que fosse logo. Respirei fundo e resolvi contar a noticia para os meus pais. Desci as escadas chamando pela minha mãe.
- Estou na cozinha Thiago! - A ouvi gritar.
Peguei mais um folego antes de entrar na cozinha, e vi minha mãe na pia cortando alguns legumes para o jantar. Parei e fiquei esperando ela voltar a sua atenção para mim. Não demorou muito ela colocou tudo na panela, mexeu um pouco e se virou na minha direção.
- O que foi meu filho? Você está com uma cara estranha. Aconteceu alguma coisa? – Ela perguntou me olhando com aquela preocupação materna típica.
- Mãe, eu passei. Passei pra Federal. – Eu disse com um sorriso no rosto.
- Ah Meus Deus!!!! Serio???? Isso é alguma brincadeira??? Meu filho!!! – Ela correu e me abraçou apertado. Retribui o abraço com alegria. – Ivan, corre aqui na cozinha!!! – Ela gritou para o meu pai.
- O que foi Lúcia? Que gritaria é essa?- Meu pai entrou na cozinha assustado.
- Ele passou Ivan, nosso filho passou pra Federal!!! Meu Deus, eu nem acredito! – Ela falou me abraçando mais uma vez. Olhei para o meu pai e vi seus olhos cheios de lágrimas. Sorri emocionado e o abracei. Ele me abraçou forte, me dando seguidos tapas nas costas.
- Parabéns meu filho. Isso é mérito seu. Achei que não fosse conseguir passar de primeira, mas você mais uma vez mostrou o quanto é capaz. Estou muito orgulhoso de você.
- Obrigado Pai. – Consegui falar ainda muito emocionado e o abracei mais uma vez.
- Agora vamos ter que ver como que você vai para o Rio. Aonde vai ficar, como vamos conseguir te manter lá – Minha mãe foi falando como uma metralhadora, pensando em mil alternativas. – Eu já tinha comentando com a sua madrinha, que você estava prestando vestibular para lá, e ela falou que fazia questão de você ficar com ela. É perfeito! A Marina te ama como um filho, e eu posso confiar inteiramente nela.
- Mãe, calma. Temos ainda dois meses para pensar e organizar tudo. Quero curtir esse momento e comemorar. Deixa para pensar nisso depois. – Disse eu eufórico agora que a ficha tinha caído.
- Meu filho, você é jovem, acha que tudo se resolve na hora, mas amanhã mesmo eu vou ligar pra ela e combinar tudo. Nossa, eu estou tão feliz! – Ela disse me abraçando mais uma vez.
No dia seguinte, acordei muito bem disposto. Sai cedo e fui da uma corrida no parque, e quando cheguei em casa vi que tinha várias mensagens no meu celular, me felicitando pelo vestibular. Já estavam marcando uma comemoração num barzinho no centro e eu não tinha nem como recusar. Na verdade, queria comemorar muito mesmo!
Durante o almoço, minha mãe contou que conversou com a minha madrinha e ela estava radiante com a noticia que eu iria morar com ela. Fazia anos que não a via, e das ultimas vezes que a vi foi porque ela veio nos visitar sozinha, sem os dois filhos. Eu nem me lembrava muito deles. Só sabia que tinha um mais velho, e um mais novo, mas confundia o nome dos dois. Eu e o mais novo, Heitor eu acho, brincávamos muito quando éramos pequenos. Morei no bairro da Tijuca até meus sete anos de idade. Foi quando minha família sofreu um sequestro relâmpago comigo dentro do carro, e meu pai resolveu se mudar para o interior para vivermos uma vida mais tranquila. Não tive mais contato com ele depois disso, nem com o irmão dele.
À noite encontrei a galera no barzinho em questão, e animação foi total. Bebemos, brindamos, rimos até altas horas da madrugada. A Alice estava feliz e triste ao mesmo tempo. Ela sabia que aquilo era meu passaporte para longe dali, e consequentemente para longe dela. Mas não ia pensar nisso agora. Ainda tinha tempo para pensar na nossa relação e decidir o que fazer.
As semanas foram passando sem eu sentir. Me divertia ao máximo com os meus amigos, aproveitava intensamente a minha namorada, e a minha família. As festas de fim de ano passaram, o mês de janeiro passou e quando me dei conta faltavam apenas dois dias para a minha partida. Nessa noite, separei todo meu tempo para a Alice e a nossa despedida. Ficamos o dia inteiro junto, conversamos bastante sobre o nosso relacionamento e decidimos que manteríamos o namoro, afinal poderia vir aos finais de semana ou de 15 em 15 dias. Passei a noite com ela, e transamos quase que o tempo todo para tentarmos suprir a saudade que iriamos sentir um do outro. Meu apetite sexual sempre foi grande e ela sempre correspondeu à altura. Naquela noite em especial fizemos todas as posições possíveis, e caprichamos muito nas preliminares. Ela tinha um corpo, que em minha opinião era perfeito, e eu adorava explora-lo ao máximo. Beijei seu corpo inteiro, me demorando nos seios e no meio das suas pernas. Chupava e sugava com muito tesão, o que a levou a loucura. Ela devolveu as caricias com maestria e seguimos esse ritmo de provocar e consumar até quase de manhã. No dia seguinte, era o meu último dia. Almocei com meus pais e o Lucas, meu irmão mais novo. E a noite sai com a galera que marcou um churrasco de despedida na casa do Renato, meu melhor amigo. Ali eu pude ver o quanto eu era querido por todos. A casa estava lotada, com as pessoas que eu convivi praticamente minha vida inteira. Às vezes me batia uma certa tristeza de me imaginar longe deles, mas ao mesmo tempo sabia que tinha que alçar novos voos, e encarar aquele desafio de frente. Sai do churrasco com o dia amanhecendo. Fui pra casa, tomei café da manhã com a minha família e eles me levaram na rodoviária. Lá a Alice e o Renato estavam me esperando para uma última despedida. Os abracei com força, e fiz promessas que viria assim que desse. Me despedi da minha família e antes de embarcar no ônibus, dei mais uma olhada para trás. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu me segurei. Não queria chorar na frente deles. O ônibus não demorou a partir, e me deixei levar em pensamento olhando pela janela enquanto ouvia as musicas da minha playlist. Alguma coisa me dizia que minha vida ia mudar drasticamente, e que aquela paisagem que via pelo vidro nunca mais seria a mesma para mim.
Fala galerinha!!!
Demorei mas voltei. Depois de meses desde da última parte do último conto, resolvi ceder aos apelos e estou de volta. Sei que muito de vocês já me conhecem, e espero de coração que gostem desse novo conto. Ele com certeza será surpreendente. Se vai ser curto ou longo, vai depender de vocês. Chega de delongas. Até a próxima parte.