Obsidian: A Primeira Escrava - Parte 12

Da série Obsidian
Um conto erótico de Fabio N.M
Categoria: Heterossexual
Contém 4398 palavras
Data: 13/03/2025 07:23:21

O silêncio no corredor era denso, carregado de sentimentos não ditos.

Otávio segurava o braço do pai com firmeza, guiando-o até a porta do quarto. Dr. Paulo ainda parecia confuso, o olhar perdido, como se tentasse se lembrar do que acontecera momentos antes. Clara os seguia logo atrás, o coração ainda disparado pelo susto.

— Eu não sei como fui parar lá fora… — a voz de Paulo saiu trêmula, quase um sussurro.

Otávio forçou um sorriso, tentando não demonstrar preocupação.

— É normal, pai. Você deve estar exausto. Vamos te colocar para descansar, ok?

Clara abriu a porta do quarto e se apressou a ajeitar as almofadas sobre a cama, puxando os lençóis para que Paulo se deitasse com conforto. O médico idoso sentou-se na beira do colchão, massageando as têmporas.

— Acho que estou mesmo cansado demais. O evento… toda essa movimentação… — ele suspirou. — Estou ficando velho.

Otávio trocou um olhar com Clara antes de abaixar-se para segurar a mão do pai.

— Você não está velho, só precisa desacelerar um pouco.

Paulo riu, um riso breve, mas cansado.

— Por isso preciso que você assuma a clínica quando voltarmos. Está na hora, filho.

A frase pesou no ambiente. Clara observou a troca de olhares entre pai e filho, vendo em Otávio um brilho de resignação misturado à aceitação.

— Eu sei, pai. Eu sei.

Paulo sorriu, fechando os olhos enquanto se ajeitava na cama.

— Clara… — ele murmurou, abrindo os olhos apenas o suficiente para encará-la. — Obrigado por cuidar de mim.

Ela engoliu em seco, sentindo o aperto na garganta.

— Sempre, doutor.

Paulo fechou os olhos, e logo sua respiração se tornou lenta e ritmada.

Clara e Otávio permaneceram ali por um momento, observando-o, até que o silêncio se instalou.

Foi então que saíram do quarto, fechando a porta com cuidado.

Clara segurava a bolsa contra o peito, os olhos ainda turvos da preocupação com Dr. Paulo. O episódio daquela noite pesava como um fardo sobre seus ombros, deixando sua respiração curta e o coração inquieto. Ela não conseguia perdoar a si mesma, como havia permitido que ele ficasse sozinho?

Otávio estava ao seu lado, observando-a com uma expressão tácita. Ele via além da culpa que Clara carregava; ele enxergava a tempestade que se formava dentro dela.

— Ele está bem agora. Você não pode se martirizar por isso.

A voz dele era baixa, aveludada, tentando guiá-la de volta à calma.

Clara suspirou, os braços cruzando-se em torno do próprio corpo como se quisesse se proteger de algo que ela ainda não compreendia totalmente.

— E se não tivéssemos chegado a tempo? E se ele tivesse…

Ela não conseguiu terminar a frase. A ideia a dilacerava por dentro.

Otávio deu um passo mais perto.

— Não aconteceu.

Ela ergueu o rosto para fitá-lo, e naquele instante, o peso que carregava pareceu encontrar um novo centro de gravidade.

Otávio estava tão próximo que Clara conseguia sentir o calor que irradiava dele, um calor perigoso, intenso. Seus olhos, escuros e atentos, pareciam tocá-la antes mesmo de suas mãos.

E então, ele a abraçou.

Foi um gesto espontâneo, sem pressa, sem segundas intenções. Clara não sabia o que a levou a corresponder tão rápido, fechando os olhos e enterrando o rosto no ombro dele. A respiração dele era calma contra seus cabelos, e o coração batia forte contra seu peito.

Algo se rompeu.

O alívio da culpa se misturou a algo muito mais intenso, algo que ela vinha ignorando desde que pisara em São Paulo.

Otávio deslizou as mãos lentamente pelas costas dela, e Clara percebeu que não era apenas um abraço de consolo. Era um abraço de descoberta, um abraço de rendições silenciosas. Seu corpo reagiu antes da mente processar.

Ela sentiu o próprio coração acelerar de uma forma diferente agora, uma forma tórrida, inquieta. O calor que subia por sua pele não era apenas da adrenalina; era da sensação de estar presa em um campo magnético que a puxava para mais perto dele.

Quando ergueu o rosto, seus lábios se encontraram sem hesitação.

Foi um choque de calor, um incêndio inevitável.

Otávio segurou sua cintura, aprofundando o beijo, explorando cada sensação com uma intensidade que a deixou sem ar. Clara sentia seu corpo inteiro tremer, não de medo, mas de algo que não conseguia mais conter.

Ela sabia o que aquilo significava. Sabia o que estava fazendo, mas não conseguia parar.

Cada toque, cada suspiro, era uma rendição lenta e ardente. O mundo já não existia mais, apenas os corpos colados, apenas o desejo que os conduzia para dentro do quarto, sem que nenhuma palavra fosse necessária.

A porta do quarto se fechou com um estrondo abafado, engolindo os sons do corredor do hotel e isolando-os em um mundo onde nada mais existia além da febre dos seus próprios desejos. Clara tropeçou para trás, sustentada apenas pelos braços firmes de Otávio, que a seguravam com uma posse voraz. O ar ao redor parecia carregado de eletricidade, faiscando entre seus corpos colados.

Otávio esmagou a boca contra a dela, um beijo urgente, brutal, faminto. A língua dele deslizou entre seus lábios, tomando, exigindo, dominando. As mãos grandes desceram por suas costas, explorando-a com uma sede que a fez arfar contra sua boca. Ela se perdeu ali, agarrando-se a ele como se precisasse de algo sólido para ancorá-la enquanto seu mundo girava vertiginosamente.

Foram avançando pelo quarto, os passos desordenados, as bocas nunca se separando por muito tempo. A camisa de Otávio já estava aberta, e Clara afundou as unhas na pele quente e rígida de seu abdômen, sentindo os músculos se contraírem sob seu toque. Ele gemeu baixo contra seu pescoço, a voz rouca, carregada de desejo.

— Você me quer tanto assim, Clara? — ele provocou, mordiscando o lóbulo da orelha dela, enquanto suas mãos deslizavam para a curva da sua cintura.

Ela apenas ofegou em resposta, o calor latejante entre suas pernas denunciando o quanto já estava entregue. Cada toque dele era um incêndio em sua pele. Otávio não precisava de confirmação; ele sentia, cheirava, sabia.

Aos tropeços, desabaram sobre a cama. Otávio a manteve presa sob ele, beijando-a com uma intensidade que a deixava tonta. Suas mãos deslizaram pela renda fina do vestido dela, puxando-o para cima, expondo suas coxas macias. Quando seus dedos encontraram a pele nua, Clara arqueou-se, apertando-se contra ele em uma súplica silenciosa.

— Tão quente… — ele murmurou contra seu colo, descendo os beijos pelo pescoço, pela clavícula, até alcançar o vale de seus seios.

Clara prendeu a respiração quando sentiu os dedos dele deslizando por suas coxas, subindo lentamente até alcançar o centro de sua umidade. O primeiro toque foi como um choque elétrico, arrancando um gemido sufocado de seus lábios. Ela tentou fechar as pernas instintivamente, mas ele a manteve aberta, explorando-a sem pressa, sem piedade.

— Assim… — ela sussurrou, a voz embargada pelo prazer.

Ele riu baixinho, a ponta da língua traçando círculos na pele sensível de seus seios enquanto seus dedos a provocavam, escorregando pela umidade que só aumentava.

— Assim como? Assim? — ele pressionou, fazendo-a arfar e agarrar seus cabelos com força.

— Sim, Otávio… mais…

Ela nunca se ouvira suplicar daquele jeito. Nunca havia se sentido tão fora de si. Mas Otávio a estava desmontando peça por peça, desarmando-a de maneiras que Vincent jamais fizera. Não havia calma ali. Não havia contenção. Apenas o desejo bruto, latente, consumindo tudo em seu caminho.

Quando ele deslizou para baixo, beijando seu ventre, suas coxas, e finalmente a tocou com a língua, Clara arqueou o corpo, um grito entre os lábios. Ele a segurou firme, saboreando-a lentamente, torturando-a com cada movimento calculado. Ela se contorceu sob ele, puxando os lençois, enquanto os gemidos se tornavam cada vez mais altos, desesperados.

Ele não a deixou escapar. Não até sentir que ela estava prestes a explodir.

E então, parou.

Clara abriu os olhos, ofegante, os lábios entreabertos em protesto.

— Por que?… — começou, mas a resposta veio quando ele subiu novamente, alinhando-se a ela, o olhar carregado de luxúria e posse.

— Porque eu quero sentir você me implorando mais uma vez.

Ela gemeu em frustração, mas não demorou a obedecer.

— Otávio… por favor…

Ele não a fez esperar mais.

O primeiro movimento foi profundo, um preenchimento avassalador que fez Clara arfar e apertar os ombros dele. O ritmo começou lento, provocador, mas logo foi aumentando, guiado pelos gemidos sufocados e pelos pedidos desesperados de mais.

O quarto era um santuário de pecados. O ranger do colchão, o som úmido dos corpos se chocando, as respirações entrecortadas se misturando em um coro erótico. Clara cravou as unhas nas costas dele quando o prazer se tornou insuportável, quando a sensação se acumulou em sua espinha e explodiu em ondas avassaladoras que a fizeram gritar o nome dele.

Mas Otávio não parou.

Mesmo com Clara tremendo sob ele, com as pernas enlaçadas em torno de sua cintura, o corpo ainda se contraindo em espasmos involuntários, ele não estava satisfeito. Ele queria mais. Precisava de mais.

Com um movimento firme, saiu de dentro dela, fazendo-a soltar um gemido arrastado de protesto. O olhar dela, enevoado pelo êxtase, encontrou o dele. Havia ali algo que a fez estremecer ainda mais: um desejo bruto, devorador, um olhar de posse que a fez sentir-se menor e ao mesmo tempo tão completamente desejada.

— Vira — ele ordenou, a voz rouca.

Clara hesitou por um segundo, ainda tentando recuperar o fôlego, mas obedeceu. Moveu-se lentamente, apoiando-se sobre os joelhos e as mãos, sentindo o colchão afundar sob seu peso. O ar morno da noite acariciou sua pele úmida, e um arrepio percorreu sua espinha ao perceber como estava exposta para ele.

Otávio segurou sua cintura, as mãos firmes, quentes, queimando sua pele.

— Assim... — ele murmurou, deslizando as pontas dos dedos por suas costas, até seus quadris, apreciando cada curva.

Ela arqueou as costas, empinando-se mais para ele, em pura provocação.

— Me fode mais forte... — Clara sussurrou, a voz carregada de luxúria.

Otávio prendeu a respiração por um segundo, como se aquelas palavras tivessem acendido algo ainda mais selvagem dentro dele. Sem hesitação, ele puxou seus quadris para si e se afundou nela de uma vez, arrancando um gemido rasgado de sua garganta.

O ritmo que antes era cadenciado agora se tornou implacável. Ele a segurava firme, os dedos afundando em sua carne, guiando cada investida com força, com fome. O som dos corpos se chocando ecoava pelo quarto, abafado apenas pelos gemidos e palavras desconexas que escapavam de Clara.

— Isso... assim... mais...! — ela implorava, a voz quase chorosa, o prazer insuportável.

Otávio inclinou-se sobre ela, os dentes arranhando sua nuca enquanto suas mãos deslizavam pelo seu ventre, segurando-a mais para si. Cada estocada fazia seu corpo inteiro vibrar, sua mente se perder em um nevoeiro de sensações que a faziam esquecer de tudo. De Vincent. De seu casamento. De qualquer coisa que não fosse Otávio, seu cheiro, seu toque, o jeito como ele a estava tomando como se ela fosse dele.

— Você é minha, Clara — ele rosnou contra sua pele, cravando os dedos ainda mais fundo em sua cintura.

Ela não poderia negar. Não naquele momento.

O prazer subia como uma onda avassaladora, consumindo tudo em seu caminho. O corpo de Clara cedia a cada choque de seus quadris, os joelhos tremendo, os braços quase sem forças para sustentá-la. O clímax se construía sem piedade, sem pausas, e quando chegou, atingiu-a como um raio, um choque profundo que percorreu cada célula do seu corpo.

Ela gritou, o corpo inteiro desabando em espasmos intensos, as contrações pulsando violentamente em torno dele, arrastando-o para o abismo junto com ela.

Otávio grunhiu algo ininteligível contra sua pele, enterrando-se fundo uma última vez antes de explodir dentro dela, o prazer tão forte que fez seus músculos se retesarem enquanto ele derramava tudo que tinha dentro dela.

Ficaram assim, corpos entrelaçados, corações disparados, pele quente e suada. O quarto cheirava a sexo, a pecado, a algo que jamais poderia ser desfeito.

Clara fechou os olhos, a culpa já sussurrando em sua mente. Mas então sentiu os lábios de Otávio em seu ombro, um beijo suave, quase reverente.

— Você foi minha esta noite — ele murmurou.

Ela abriu os olhos, encarando-o.

E soube, sem sombra de dúvida, que não seria a última vez.

**********

A porta do quarto se fechou suavemente atrás de Otávio, isolando-o do resto do hotel e do mundo exterior. Seu corpo ainda vibrava com as sensações das últimas horas, o calor de Clara ainda impregnado em sua pele, mas, ao contrário da plenitude que esperava sentir, havia um peso em seu peito, uma inquietação que não conseguia afastar.

Ele passou as mãos pelos cabelos, respirando fundo enquanto tentava organizar seus pensamentos. O que havia acabado de acontecer?

Não era como se ele nunca tivesse estado com uma mulher antes. Pelo contrário, o charme natural e a confiança faziam com que nunca lhe faltassem oportunidades. Mas Clara não era qualquer mulher.

Clara era casada. Clara era a esposa de outro homem. E, pela primeira vez em anos, Otávio sentiu que havia cruzado uma linha da qual não poderia voltar.

Ele caminhou pelo quarto na penumbra, retirando a camisa e jogando-a sobre uma poltrona, o tecido ainda carregando o perfume de Clara. Droga. Seu corpo ainda reagia ao simples pensamento dela. Mas então, quando se virou para a cama, percebeu que não estava sozinho.

Seu pai estava acordado.

Dr. Paulo não disse nada de imediato. Apenas observava.

Os olhos experientes do velho dentista estavam fixos nele, analisando-o com aquele olhar perspicaz que sempre fora sua marca. Não havia necessidade de palavras.

Otávio sentiu um frio na espinha. Seu pai sabia.

Ele pigarreou, forçando um sorriso descontraído enquanto caminhava até a mala para pegar uma camiseta.

— Está tarde, pai. Pensei que já estivesse dormindo.

Paulo suspirou, mudando de posição na cama, o corpo fragilizado pela idade e pela doença.

— O sono vem e vai — Sua voz soou cansada. Ele estreitou os olhos para o filho — Assim como certas tentações.

Otávio parou no meio do movimento. O coração deu um salto.

Ele forçou uma risada baixa, mas sentiu a tensão escorrendo pela nuca.

— Não sei do que está falando.

— Não? — O pai arqueou a sobrancelha, um sorriso triste nos lábios — Então me deixe refrescar sua memória. Você está brincando com fogo, Otávio.

O silêncio que se seguiu foi pesado.

Otávio passou a língua pelos lábios secos, evitando o olhar paterno. Ele não podia negar.

Dr. Paulo sempre fora um homem observador. Ele provavelmente já tinha percebido tudo desde o primeiro instante.

— Ela é doce e inocente, filho. — A voz do velho homem suavizou, mas o peso das palavras permaneceu — E, acima de tudo, ela é casada.

Otávio engoliu em seco.

Era estranho ouvir aquilo de seu pai, um homem tão racional, tão pouco dado a sentimentalismos. Mas, naquele momento, ele não estava falando como cirurgião dentista, nem como profissional respeitado. Ele estava falando como alguém que conhecia bem a vida.

O filho desviou o olhar, esfregando o rosto com as mãos antes de responder:

— Eu sei, pai.

— Então pare.

O pedido foi simples. Direto. E completamente impossível.

Otávio ergueu os olhos para o pai, a mente rodando com todas as justificativas que poderia dar. Ele poderia dizer que não era nada, que tudo foi um erro, poderia até mesmo mentir e fingir que não havia acontecido nada, mas Dr. Paulo o conhecia bem demais.

O homem soltou um longo suspiro e fechou os olhos por um momento. Quando voltou a falar, sua voz era mais fraca, mas repleta de um peso que Otávio não conseguia ignorar.

— Eu sei que você sempre fez o que quis. Sei que nunca foi de seguir regras ou tradições — Ele fez uma pausa, olhando para o teto — Mas, às vezes, quebrar uma regra pode custar caro demais.

Otávio sentiu algo afundar dentro dele.

Havia muitas coisas que ele poderia responder. Muitas formas de se justificar. Mas, no fundo, sabia que o pai estava certo. Ainda assim…

— Não se preocupe — Sua voz saiu baixa — Eu vou cuidar dela, como se fosse minha irmã.

Dr. Paulo virou o rosto lentamente para encará-lo. Seu olhar era afiado como uma lâmina.

— Não minta para mim, Otávio. E, principalmente, não minta para si mesmo.

O silêncio voltou a cair entre eles. Pesado. Sufocante. Otávio desviou o olhar primeiro. Sem dizer mais nada, apagou a luz do abajur e deitou-se na cama. Mas, mesmo com os olhos fechados, a única coisa que conseguia ver era o rosto de Clara e dentro dele, uma certeza crescia como uma sombra. Ele não conseguiria parar.

**********

O salão de conferências do CFO estava repleto naquela manhã, as vozes se misturando em um murmúrio contínuo enquanto os profissionais se acomodavam para o primeiro painel do dia. No palco, um renomado especialista em odontologia digital preparava-se para apresentar os avanços tecnológicos que prometiam revolucionar os tratamentos clínicos.

Mas para Clara e Otávio, o verdadeiro desafio daquela manhã não era absorver as novas informações, e sim a presença um do outro.

Desde que haviam se sentado na primeira fileira ao lado de Dr. Paulo, os dois evitavam se olhar diretamente. Os resquícios da noite passada ainda pairavam no ar, invisíveis para os demais, mas tão pesados que pareciam sufocá-los.

Clara mantinha as mãos sobre o colo, os dedos inquietos girando a aliança em seu dedo. Era um gesto involuntário, um reflexo da culpa que insistia em queimá-la por dentro.

Vincent... Wagner...

Ela repetia os nomes mentalmente, como se isso fosse suficiente para dissipar o desejo insano que ainda latejava dentro de si. O que ela havia feito? Como pôde permitir que aquilo acontecesse?

Otávio, por outro lado, mantinha os olhos fixos no palco, mas sua mente estava longe dali. Sentado a poucos centímetros de Clara, ele sentia sua presença como uma corrente elétrica invisível que lhe percorria a espinha. Seu corpo ainda carregava a memória do toque dela, da forma como seus lábios se moviam contra os seus, da maneira como seu nome havia escapado dos lábios dela em um sussurro pecaminoso. E agora, estavam ali, sentados lado a lado, forçados a fingir que nada havia acontecido.

Dr. Paulo, sentado entre eles, percebeu o clima estranho. A energia entre seu filho e Clara havia mudado.

Ele conhecia Otávio bem demais para não notar os olhares esquivos e a rigidez nos ombros dele. E conhecia Clara o suficiente para perceber o jeito como sua respiração ficava mais curta sempre que Otávio se mexia.

Paulo suspirou baixinho, sem dizer nada. Mas dentro dele, a preocupação crescia.

Após a conferência da manhã, os convidados foram conduzidos ao restaurante do hotel para o almoço. O salão elegante estava repleto de profissionais discutindo as palestras e as novas tendências tecnológicas da odontologia.

Dr. Paulo, sempre entusiasmado com a troca de conhecimento, puxava conversa com colegas e fazia observações sobre as apresentações. Mas, enquanto todos pareciam relaxados e aproveitando o momento, Clara e Otávio permaneciam tensos.

Dessa vez, não havia como disfarçar.

Sentados à mesa, Clara mantinha o olhar fixo no prato, mexendo na salada sem realmente comê-la. Otávio, ao lado, tamborilava os dedos contra o guardanapo de linho, impaciente.

Dr. Paulo observava a interação com atenção.

Em algum momento, ele pousou os talheres sobre o prato e limpou a boca com calma antes de falar:

— Certo, vou perguntar diretamente. O que está acontecendo com os dois?

Clara engasgou com um gole de suco. Otávio olhou para o pai, tentando manter a compostura.

— Não sei do que o senhor está falando, pai — Respondeu, forçando um tom leve.

Paulo arqueou uma sobrancelha.

— Tu me acha idiota, Otávio? Eu posso estar envelhecendo, mas ainda não perdi a percepção.

Clara sentiu o rosto esquentar.

— Dr. Paulo, não é nada, eu só…

Paulo ergueu a mão, interrompendo-a com um olhar sério.

— Seja lá o que for, precisa parar. Agora.

Otávio cruzou os braços.

— Está exagerando, pai.

— Estou? — O mais velho inclinou-se levemente para frente — Clara é casada. Tem um filho. Tu vai assumir a clínica, e ela trabalha lá. Vocês precisam aprender a trabalhar juntos de forma profissional.

Clara sentiu o coração apertar. Era como se as palavras de Dr. Paulo fossem um golpe de realidade. Era isso. Eles precisavam ser profissionais. Nada mais. Ela lançou um olhar discreto para Otávio, como se buscasse confirmar que ele estava de acordo. Mas, para sua surpresa, ele não parecia convencido.

Otávio segurou os talheres com força. Não era um garoto inconsequente. Sabia que aquilo era errado, mas, ao mesmo tempo, não conseguia se convencer de que deveria simplesmente ignorar o que havia acontecido.

Ele nunca se sentiu assim antes e, por mais que quisesse respeitar a vontade do pai, não tinha certeza se conseguia ficar longe de Clara, mas, ao olhar para ela, viu que ela já havia tomado sua decisão. Clara endireitou os ombros e respirou fundo, como se estivesse se forçando a encontrar equilíbrio.

— O senhor tem razão, Dr. Paulo. Foi só um momento de tensão. Nada mais.

Otávio sentiu um peso no peito.

“Nada mais?”

Era isso que ela achava que foi? Ele não disse nada. Apenas observou enquanto Clara colocava de volta a máscara da mulher correta e controlada. E, ao vê-la deslizar os dedos sobre a aliança mais uma vez, percebeu que ela estava se forçando a acreditar nisso. Mas ele sabia, sabia que, assim como ele, ela estava tremendo por dentro.

Depois do almoço, enquanto saíam do restaurante, Clara se manteve estrategicamente ao lado de Dr. Paulo, usando-o como um escudo.

Otávio não insistiu. Mas o desejo ainda estava ali, queimando como uma brasa debaixo das camadas de racionalidade e culpa que Clara tentaria apagá-lo a qualquer custo.

O evento finalmente chegava ao seu desfecho. Durante dois dias intensos, o CFO reuniu os melhores profissionais do país, discutindo avanços, premiando destaques e reforçando o compromisso com a evolução da odontologia.

No último dia, o clima era de celebração. O auditório principal estava lotado, e todos os olhares estavam voltados para o palco, onde o presidente do Conselho Federal de Odontologia fazia seu discurso de encerramento.

Dr. Paulo ouvia atentamente do seu assento na primeira fila, ao lado de Clara e Otávio. Seu nome havia sido citado mais de uma vez ao longo da conferência, sempre com admiração e respeito, e todos sabiam que ele seria chamado ao palco a qualquer momento.

Quando finalmente o apresentador anunciou:

— E para encerrar este grande evento com chave de ouro, convidamos ao palco uma das maiores referências da odontologia brasileira, o doutor Paulo Queiroz!

Uma salva de palmas tomou o auditório. Clara sorriu, aplaudindo com entusiasmo, sentindo um orgulho genuíno do mentor que tanto admirava. Otávio também aplaudiu, mas seu olhar era mais reservado, aquela homenagem era também um lembrete de que a aposentadoria do pai estava mais próxima do que nunca.

Dr. Paulo se levantou, ajeitou o paletó e caminhou até o palco com uma postura digna de um verdadeiro mestre.

Clara sentiu um aperto no peito ao vê-lo ali, diante de tantas pessoas que reconheciam sua genialidade e sua trajetória impecável. Mas, ao mesmo tempo, não pôde evitar um pensamento angustiante:

"E se este for o último evento do qual ele participa?"

A ideia de perdê-lo de alguma forma lhe roubou o fôlego por um instante, mas ela balançou a cabeça, afastando os pensamentos pessimistas.

No palco, Paulo pegou o microfone e sorriu para a plateia.

— Senhoras e senhores, é uma grande honra estar aqui hoje.

Sua voz ressoou forte e segura, apesar da idade avançada.

— Há quatro décadas, quando escolhi essa profissão, eu não fazia ideia de que um dia estaria aqui, cercado de tantos talentos e mentes brilhantes. A odontologia mudou muito ao longo dos anos, e eu tive a sorte de ver essa evolução de perto.

A plateia ouvia atentamente, pendendo cada palavra dita por aquele homem que inspirou gerações.

— Se há algo que aprendi em todos esses anos, é que nosso trabalho vai muito além de cuidar de dentes. Nós lidamos com sorrisos, autoestima, saúde e, acima de tudo, com pessoas. E para mim, não há maior realização do que saber que fiz parte disso.

Clara sentiu os olhos marejarem.

— Mas toda jornada tem seu tempo, e a minha se aproxima do fim.

O auditório ficou em silêncio.

— Nos próximos dias, passo oficialmente o bastão para a nova geração. E sei que, sob os cuidados do meu filho, Otávio, e de profissionais como Clara, essa profissão estará em boas mãos.

Os olhos de Clara se arregalaram ao ouvir seu nome.

Ela não esperava ser mencionada, muito menos com aquela carga de responsabilidade.

Otávio, ao lado dela, permaneceu impassível, apenas assentindo discretamente para o pai. Mas, no fundo, um peso se instalava em seu peito. A partir de agora, sua vida estava prestes a mudar completamente.

A plateia irrompeu em aplausos, e Dr. Paulo deixou o palco sob uma chuva de gratidão e reconhecimento.

Com a cerimônia oficial encerrada, a noite trouxe um evento igualmente grandioso: o baile de gala no salão de festas do hotel.

O ambiente era sofisticado, com lustres brilhantes, música ao vivo e mesas elegantemente decoradas. O dress code exigia trajes formais, e todos os convidados estavam deslumbrantes.

Clara usava um vestido longo de tecido leve, em um tom de azul profundo que realçava sua pele e seus cabelos loiros presos em um coque. Otávio a viu atravessar o salão, e algo dentro dele se contorceu.

"Ela está linda."

Ele tentou afastar o pensamento, mas foi impossível não notar os olhares de outros homens sobre ela.

Não deveria se importar. Não tinha esse direito, mas se importava.

Em determinado momento, um dos convidados, um jovem cirurgião de São Paulo que já havia puxado conversa com Clara antes, aproximou-se e a convidou para dançar.

Clara hesitou por um instante, mas, sem ver motivo para recusar, aceitou. Otávio prendeu a respiração enquanto observava a cena. Vê-la sorrindo para outro homem, entregando a mão para ser conduzida à pista, o fez ferver por dentro.

"Isso não te diz respeito."

"Isso não te diz respeito."

Ele repetia o mantra mentalmente, mas cada movimento de Clara ao ritmo da música era como um golpe certeiro no estômago. Seus dedos seguraram o copo de whisky com mais força, enquanto um gosto amargo tomava sua boca.

O pior de tudo? Clara parecia estar se divertindo.

Por mais que ele tentasse ignorar, aquela noite proibida ainda queimava em sua mente. Ele sabia que não deveria desejar algo que não podia ter, mas o que fazer quando tudo dentro dele gritava o contrário?


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Foto de perfil de Fabio N.MFabio N.MContos: 127Seguidores: 159Seguindo: 51Mensagem Segredos para uma boa história: 1) Personagens bem construídos com papéis e personalidades bem definidas qualidades e defeitos (ninguém gosta de Mary Sue ou Gary Stu); 2) Conflitos: "A quer B, mas C o impede" sendo aplicado a conflitos internos e externos; 3) Ambientação sensorial, descrevendo onde estão seus personagens, o que estão vendo ou sentindo.

Comentários

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Seta segunda temporada esta excelente curioso para saber como Clara vai transitar entre duas realidades a esposa e a amante.Sem esquecer que Vincent nao e do tipio de aceitar ser traido

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