“Não tenho medo de mostrar meus sentimentos, e de fazer coisas imprudentes, pois acredito que o que não se mostra não se sente...” - Razão & Sensibilidade de Jane Austen.
“Não julgue e você nunca estará errado” – Jean Jacques Rousseau
Cá estou eu aqui de novo. E antes que vocês me apedrejem peço desculpas pela demora pessoal... É que ultimamente eu tenho correndo atrás de uma série de contratempos pessoais, e fico sem tempo de escrever. Mas desde já eu aviso que o próximo conto não faço a mínima ideia de quando vai sair, pelo simples motivo de que eu e o Ariel vamos viajar. Bem, este capitulo é pra todos vocês, que a cada comentário me enchem de alegria! É sério, pessoal, vocês não sabem como é bom receber esse carinho. Esta é a musica desse capitulo, é uma das minhas bandas preferidas ( / )
Acordei aos poucos com uma sensação muito boa de satisfação muito boa... Era uma sensação de tranquilidade, pois me lembrava da noite em que eu havia transado com ele. É engraçado pensar isto... Mas é a mais pura verdade. Quando você tem essa relação com alguém que realmente ame, você se sente completo como se uma peça de seu quebra-cabeça há muito tempo perdida voltasse mais uma vez pra completar... Clichê? É com certeza. Mas o amor é assim. Ele nos faz ficar bobões e clichês...
Mas quando eu estava lá no meu nirvana pessoal, vejo que estou sozinho no quarto, totalmente pelado com a cama revirada ao avesso... Fui ao banheiro ver se tinha alguém, mas estava vazio. Ele teve a cara de pau de vazar assim depois de usar e abusar do meu corpitcho? Quem aquele garoto pensa que é? Tomei uma ducha rápida e fui me vesti, perguntando a mim mesmo que cara ele deveria estar agora depois dos planos maquiavélicos dele. Desci às escadarias, rápido me dirigindo a sala de jantar onde estava ele e o pai comendo o café da manhã;
Ariel estava sentado na mesa com um caderno e comendo pão de queijo, enquanto seu Antônio estava lendo o jornal, com os óculos e com uma expressão tranquila. Mas quando me viu mudou radicalmente o humor, estreitando os olhos verdes como um daqueles mafiosos do Poderoso Chefão.
--Demorou em? Tem que acordar mais cedo, para poder ir para a aula. Ou você quer virar um sanguessuga do seu pai? – disse ele doce que nem um limão azedo. O velho rabugento do diabo;
--Pai por favor! Não hoje de manhã... Dormiu bem Bernardo? – disse Ariel pegando uma maçã vermelha e girando na mão. Cara de pau.
--Com certeza! A cama estava beeeeem macia! – disse.
--Fico feliz por isso! – disse ele dando uma dentada com vontade.
Cara eu tinha que me contorcer para não cair na risada... Ele era muito cara de pau mesmo... Sentei-me à mesa e comecei a comer, sendo que uma vez ou outra ele roçava os pés dele nas minhas pernas, descendo e subindo, enquanto tomava tranquilamente o chocolate quente e sorria inocentemente. Certo, eu devia tomar as rédeas de mim mesmo, antes que o meu pau endureça em plena 07h00min da manhã.
Depois fomos pra escola em carros separados (o meu “milagrosamente” prestou de manhã. E por isso o ditador, digo, pai dele resolveu que cada um deveria ir num carro diferente... Acho que ele pensa que eu sequestraria o filho dele... o que não seria de fato uma má ideia), e chegamos lá a tempo; Bem naquela hora quando sai de meu carro, Carlos veio a até mim.
--Fala parceiro! –disse dando um soco de leve no ombro dele.
--Eae Bernardo... Cara eu estava mesmo querendo bater um papo contigo. – ele falou um tanto receoso.
--O que?
--É que eu ouvi um boato... Que sinceramente eu não acreditei...
--Fala logo porra! – disse estressado.
--Estão falando que você está comendo o garoto-Mary Jane, pelas costas... Por que agora tu só anda com ele.
--O quê? De que porra tu tá falando? – disse nervoso.
--Cara, por favor só me diga que não é verdade... Tu é o cara mais pegador que eu já conheci, além de eu é claro – disse ele apontando o dedo pra ele mesmo
--Pra que você quer saber?
--Véi, você é o meu amigo há anos, desde que a gente era muleke... Por favor, me diga que tu não virou viado – disse ele falando as palavras em um tom suplicante.
Quase que eu não caio em cima do Carlos, pra soca-lo tanto que nem a mãe dele o reconheceria. Mas ele era o meu amigo há anos... Sempre o meu parceiro das raves, do futebol... E ele me conhecia bem, mas era que eu estava com medo. Sim, medo. É duro de imaginar o que os outros estão pensando ou irão pensar a respeito de mim... Por que deve ser ruim demais quando você é tachado de alguma coisa. Mas o que eu posso fazer? Eu deveria aguentar a situação... Mas era difícil demais. Eu poderia manter essa relação de forma discreta... Não escondido, mas também não escancarado.
--E se eu dissesse a você que eu sou o namorado dele? – disse tremulo, baixinho para só ele ouvir.
A cor de Carlos mudou instantemente... Ficou pálido, de choque, e me encarou assustado com os olhos castanhos escuros fixos em mim. Mantive o rosto sério, por mais que estivesse com medo. E por fim ele saiu vacilante pra sala... Fiquei lá atônito, quando Ariel veio até mim.
--O que foi amor? – disse ele – Está tudo bem?
--Não é nada...
--Não parece! – ele insistiu;
--EU JÁ DISSE QUE NÃO É NADA! - gritei nervoso.
Ele olhou pra mim bem fundo dos meus olhos, e vi que estava lacrimejando. Ah que maravilha!!! Agora vai ficar dois com raiva de mim... Peguei a minha mochila e joguei-a no fundo da sala e sentei na carteira do canto. Lógico que nenhum filho da puta ousou me incomodar. Eles sabem que quando faço isso é o sinal de neon piscante alertando PERIGO NÃO SE APROXIME. Ariel estava sentado mais na frente com um cara loiro insuportável, e uma guria chamada Jéssica... E pelo o que eu pude perceber ele esta magoado e irritado. Ah culpa é minha lógico, mas que merda que estou fazendo;
Parece que estou afastando todos cuja eu queria mais perto de mim... Merda, eu tenho que parar de meter os pés pelas mãos. Foi ai que uma bolinha de papel acertou a minha cabeça e peguei ela pra ver o que tinha escrito nela...
“Preciso falar contigo mais tarde... Carlos.” Eu revirei o papel, mas só isso estava escrito. E senti mais uma vez o meu estomago borbulhar e revirar... E ficou assim até o sinal tocar. O fosforozinho ficou na sala que já estava vazia.
--Preciso falar com você amor... - disse
--Ah agora você quer falar comigo? – disse ele seco.
--Me desculpa... Eu estava estressado... – falei
--E por acaso eu tenho cara de saco de pancada ou terapeuta pra ouvir desaforos seus Bernardo? – ele disse indignado
--Não... É que eu abri o jogo pro Carlos... Ele estava desconfiando da gente... – falei tristonho.
-- Você contou pra ele? – ele disse empalidecido.
--Ele ouviu uns rumores e veio me perguntar... Não adiantaria mentir, por que ele me conhece. – abaixei os olhos.
--Tudo bem. – ele me disse dando um abraço apertado passando o nariz no meu pescoço enquanto eu cheirava o cabelo dele. Aspirei com vontade até o cheiro inebriante se espalhar completamente no meu corpo, reverberando com uma intensidade anormal.
--Eu tenho que falar com ele... – disse.
--Vai lá... - murmurou ele enquanto tirava os braços de meu ombro.
Dei um beijo leve nele e desci as escadas, para falar com Carlos. Ele vai me rechaçar... Me advertir que isso é um erro... Mas eu me recuso a voltar atrás. Eu perderia alguém que eu realmente amo, pelo o bem estar dos outros? Viveria infeliz pelos outros? Mas as vezes a vida é assim... Ela exige que você seja egoísta pelo seu bem próprio, ou se não você se arrepende, mas a coragem é necessária.
Pois constantemente vão surgir pessoas que vão querer fazer você desisti, te impedir. É nessas horas que você tem erguer a cabeça, certo? Bater de frente, encarar de peito aberto os riscos... Só se conquista algo através do esforço... Nada é fácil.
Carlos estava com uma expressão tranquila no rosto. Me aproximei dele e perguntei:
-- Fala brother... – disse;
--Bem primeiramente quero saber desde quando vocês estão namorando... – ele falou tranquilo.
--Faz duas semanas.
--Por que você não me contou antes? – indagou
--Sei lá... Aconteceu tudo rápido demais... Quando percebi, deu no que deu.
--Cara, eu ainda estou absorvendo esta novidade... Eu não consigo imaginar tu e aquele guri juntos véi... Eu sempre te vi com cada gostosa... – ele disse confuso.
--Eu também no começo, mas fazer o que? Eu estou caído por ele... Eu nunca senti isso. Senti o seu coração bater mais forte só de ouvir a voz... Eu me sinto bem só de estar no mesmo ambiente que ele... É incontrolável. – admiti envergonhado.
--Você realmente o ama não é?
--Com todas as minhas forças... Eu sou maluco por aquele guri.
--Então o playboy mais cara de pau se apaixonou de verdade... – disse ele rindo.
-- Acho que sim...- disse rindo
-- Bem Bernardo, eu ainda vou me acostumar a isso... Mas eu quero que tu saiba que sou teu irmão, e vou te apoiar... Bem se junta com a gente e chama o ruivinho. – disse ele estendendo a mão.
--Cara tu é muito bacana... – disse rindo dando um soco na barriga dele.
--Ai caralho essa doeu...
--Deixa de frescura e vamos logo. – cai na gargalhada
E saímos de lá e fomos para o refeitório onde sentamos lá e ficamos papeando... O Carlos se desculpou com o Ariel sobre as palhaçadas que ele fez com ele. Tudo ficou numa boa... Até que o tal de Jonas (o loirinho filho da puta, aquele que falei antes )ficava lá bem próximo do meu fosforozinho, puxando conversa com ele. Cara se ele encostar mais um centímetro no Ariel eu vou amassar a cara desse fudido.
Bem o dia se passou mais lento do que nunca com a aula insuportável de matemática (É sério... Eu fico me perguntando como aquela desajustada da professora consegue ser mais chata a cada dia que se passa?), interessante à aula de biologia (a professora nova tinha uns peitões bonitos pra caramba... Lindos demais. Mas por conta dessa aula fiquei com o braço roxo de tanto beliscão do Ariel). E por fim a libertação daquele inferno estudantil.
Eu sai com o fosforozinho até há um parque em um lugar mais reservado... Enquanto eu fazia um cafuné nos seus cabelos ele lia O Morro dos Ventos Uivantes. Enquanto ele folheava as páginas que nem um esfomeado por letras eu ficava reparando em seu rosto.
Nunca fui de reparar o rosto de caras, mas o dele era lindo... As feições eram bem regulares com um queixo bem desenhado, as bochechas eram de um rosa bem claro que sempre tendiam a ficar vermelha por situações constrangedoras ou engraçadas, a boca bem bonita com lábios macios que de vez em quando eram umedecidos pelos nossos beijos, o nariz era bem afilado e com a pontinha levemente arrebitada, o cabelo era vermelho-enferrujado escuro que em vez de ser feio o tornava ainda mais lindo.
E por ultimo os olhos. Os olhos mais lindos que eu já vi, de um azul incomum, mais escuros que o céu e uma vivacidade imprecionante, como se tivessem sempre um sorriso brincalhão escondido nas suas profundidades azuis. Eu sempre perdia o fio dos meus pensamentos quando eu o via, era como mergulhar de cabeça e se deixar levar por um turbilhão de coisas que eu nem sei colocar em palavras.
Eu o segurei pelas laterais do rosto e o beijei. Era natural, os movimentos da lingua, as contrações da boca, tudo sem esforço e ainda com o gosto maravilhoso, como se comesse uma fruta madura bem suculenta em que a gente sente o sabor. Acho que estar apaixonado intensifica essas sensações, nos absorvendo de tudo e nos deixando completamente atordoados.
--Você não faz ideia do quanto eu te amo. – falei em seu ouvido.
--Bem pode até ser, mas eu é que te amo mais... Você não faz ideia... - ele disse.
--Quem te falou isso? – disse mordiscando a orelha dele.
--Além dos motivos óbvios... Eu amo estar ao seu lado... Com você. E mesmo que um dia você me chutasse pra ficar com alguma mulher... Apesar da dor, e do ódio... Eu iria te amar... Sempre. – ele corou.
--Saiba de uma coisa... Não posso me separar de você agora, por que simplesmente não consigo ver a minha vida sem você Ariel... Agora tu é parte de mim. – falei constrangido – Você é minha vida agora.
--Então é isso... Somos agora indivisiveis. Separe um e arrancará a metade do outro. Céus é uma coisa brega, mas é verdade. – ele murmurou vermelho.
--É verdade sim. E por mais que eu seja estupido e grosseiro de vez em quando tenha a certeza que eu te amo. - falei beijando a testa dele.
-- Eu tambem te amo B. Por mais que eu seja totalmente chato, irritante, e complicado. – ele riu.
--Você não é isso seu bobinho... Acho que nunca conheci alguem tão irreal como você... – afirmei.
--Como assim? – indagou.
--Você é gentil e doce com as pessoas mesmo elas não merecendo... Nunca vi você falar mal de ninguem, acho que mesmo que alguem não seja tão bom assim, você sempre procura alguma qualidade, algo de bom. E isso é incrivel é sério! – falei.
--Você fala isso por que é o meu namorado, mas eu tambem sou humano. Erro, choro, grito, falo besteiras de vez em quando... – ele falou pensativo.
--E é talvez por isso que completa o quebra-cabeça. Aliás, você é um ser humano bem melhor do que eu. – murmurei sincero.
--Claro que não! – ele falou incredulo;
--Eu sou mil vezes pior que você acredite! Fico me perguntando como eu tive a sorte de encontrar você. – disse honesto.
--Sorte de me encontrar? Isso é completamente errado! Eu que tive a sorte de ter você. – ele bufou.
--Sim, fosforozinho. Eu é que tive a sorte de ter você... Mas vamos parar por aqui. E é simplesmente isso.
--Simplesmente o quê? – perguntou ele.
--Eu sempre vou querer ter você... Até quando estivermos velhinhos e eu echendo a sua paciencia... E se eu for pra sepultura te arrasto junto pra ter você ao meu lado. – disse agarrando ele.
--Sério? – ele sorriu.
--Sim. Sempre.
CONTINUA