O dia do casamento finalmente chegou, e o sol parecia brilhar especialmente para nós. Tudo estava perfeito, e o local que escolhemos era um espaço ao ar livre cercado por árvores, flores e luzes delicadas, criando um ambiente quase mágico. As cadeiras estavam enfileiradas, e os amigos e familiares esperavam ansiosos pelo começo da cerimônia. No altar, com uma vista aberta para o céu, haviam montado um arco de flores brancas e lilases, simples e elegante, exatamente como imaginávamos.
Eu estava com um leve nervosismo, mas não conseguia parar de sorrir. Anne, minha amiga, veio até mim antes de tudo começar, ajeitando os detalhes finais do meu terno. Ela usava um vestido longo e azul que destacava seus olhos, e parecia tão animada quanto eu.
— Quem diria, hein? — ela disse, dando risada. — Não é qualquer um que faz o Erick se ajoelhar no karaokê, e agora aqui.
— Você acha que ele está nervoso? — perguntei.
— Acho que nunca vi ele tão ansioso, na verdade. Acho que ele quer garantir que o amor da vida dele não vai fugir.
Gabriel chegou logo depois, com o cabelo arrumado e vestindo um terno impecável. Ele me deu um abraço forte, e, em meio à risada, percebi que também estava emocionado. Ele não precisou dizer nada — nossos olhos compartilhavam uma gratidão mútua por termos nos apoiado em tantos momentos difíceis.
Por fim, Isa apareceu, usando um vestido branco de renda que combinava com as flores no cabelo. Ela segurava as alianças com todo o cuidado, com uma expressão de seriedade tão linda e divertida ao mesmo tempo, que meu coração se encheu de orgulho.
Quando finalmente chegou a hora, uma música suave começou a tocar, e todos se voltaram para ver Erick entrando. Ele estava deslumbrante em um terno clássico, e seus olhos brilhavam de uma maneira que só eu entendia. Ele deu um sorriso quando me viu, aquele sorriso que só ele tem, o sorriso que falava tudo sem dizer nada.
Erick parou ao meu lado, e Isa entregou as alianças com um olhar determinado, como se ela estivesse cumprindo a missão mais importante do mundo. Quando segurei a mão dele, senti o calor e a segurança que sempre me transmitia. Era como se todos os desafios que enfrentamos até ali tivessem nos trazido a esse exato momento.
O juiz de paz começou a introdução.
— Boa tarde a todos. Hoje estamos aqui reunidos para celebrar o amor de Yuri e Erick, um encontro que transcende todas as circunstâncias e que nos prova, como disse a escritora Carla Madeira, que 'existe um certo milagre nos encontros'. Porque, sim, foi um milagre que esses dois corações se encontrassem e se reconhecessem em meio a uma vida cheia de desafios e aventuras.
Quando pensamos em encontros, imaginamos algo inesperado, um pequeno instante em que vidas que seguiam rumos diferentes se cruzam e, de alguma forma, se transformam para sempre. Foi assim para Yuri e Erick, que se encontraram. Em meio a uma operação policial, em meio ao inesperado, surgiu algo ainda mais poderoso: um laço que transcende o tempo, as dificuldades e as circunstâncias. Erick e Yuri se encontraram para se curarem e completarem, e ao longo dos anos provaram a força desse amor.
Por isso, olhem nos olhos um do outro e sintam que realmente existe um milagre nos encontros, pois essa é a última vez que vocês vão ouvir sua história antes de serem casados.
Eu já estava chorando com a introdução feita pelo juiz de paz, mas quando chegou a hora dos votos, foi como se só existíssemos nós dois.
Erick começou a falar primeiro, com a voz carregada de emoção.
— Yuri, — ele começou, respirando fundo. — Quando te conheci, eu não fazia ideia do quanto você ia transformar a minha vida. Você trouxe alegria, desafio, e me mostrou um tipo de amor que eu nem sabia que existia. Juntos, enfrentamos coisas que ninguém deveria enfrentar, mas, mesmo nos momentos mais sombrios, você sempre foi minha luz. Você me mostrou que ser vulnerável não é fraqueza, e me ajudou a entender o valor do amor e da família. Prometo ser a sua força nos dias difíceis, e a sua paz nas tempestades. Você, Isa e eu — nós somos um só. Eu amo você, Yuri, e quero passar o resto da minha vida te mostrando isso.
Sua voz falhou nas últimas palavras, e eu senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Com um suspiro, comecei a dizer meus próprios votos.
— Erick, desde o primeiro momento que te vi, soube que você era alguém que mudaria minha vida. Em você encontrei um lar, um lugar onde posso ser eu mesmo, com todas as minhas falhas e medos. Sei que já fiz você passar por momentos difíceis, e agradeço a Deus todos os dias por você ter tido paciência e me ajudar a enfrentar minhas sombras. Obrigado por amar Isa como você ama, por me dar uma família, por ser meu apoio e minha alegria. Prometo, hoje e sempre, caminhar ao seu lado, e ser o que precisar, seja nos dias de sol ou nas noites mais escuras. Eu amo você, Erick, com todo o meu ser, e não posso esperar para viver cada dia ao seu lado.
Ao terminar, trocamos as alianças, selando a promessa de um futuro juntos. Quando o juiz de paz anunciou que éramos oficialmente casados, nossos amigos e familiares explodiram em aplausos e lágrimas, compartilhando da nossa alegria.
Com o céu começando a ganhar tons alaranjados do pôr do sol, as luzes da festa se acenderam, e a música começou a tocar. Logo, estávamos todos dançando, rindo e celebrando. Isa rodopiava ao meu redor, e Anne e Gabriel dançavam juntos, enquanto minha sogra observava com um sorriso de orgulho no rosto.
Num momento de calmaria, enquanto observava tudo ao meu redor, Erick se aproximou, segurando minha mão.
— Hoje foi só o começo, — ele disse, olhando profundamente nos meus olhos. — Temos uma vida inteira pela frente, e quero aproveitá-la ao máximo com você.
— E eu também, — respondi, apertando sua mão. — Obrigado por tudo. Obrigado por ser o meu sempre.
E ali, sob o céu estrelado e a luz suave do nosso novo começo, eu soube que estávamos exatamente onde deveríamos estar: juntos, até o fim dessa vida.
Resolvemos passar nossa lua de mel em Morro de São Paulo, uma ilha que ficava na Bahia. Minha sogra, é claro, ficou com Isa para que pudéssemos ter nossa tão sonhada viagem juntos.
Chegamos à suíte do hotel, e o silêncio do ambiente só fazia aumentar a intensidade do momento. Eu ainda sentia o peso de tudo o que passamos até ali, e olhar para o Erick agora, mais próximo e vulnerável do que nunca, me fazia ter a certeza de que não poderia existir outra pessoa para mim.
Ele fechou a porta atrás de nós, e em segundos senti suas mãos envolvendo meu rosto, puxando-me para um beijo lento, mas urgente. A sensação do toque dele me deixava sem ar, como se o mundo lá fora tivesse desaparecido, e a única coisa real fosse nós dois. Perdi a noção do tempo, dos movimentos, até que me dei conta de que estávamos nos afastando, entre risos e toques, em direção à cama.
Erick era minucioso, fazia questão de aproveitar cada detalhe, e aquilo me incendiava. Cada toque parecia mais profundo, mais intenso, como se quiséssemos gravar um no outro cada momento dessa noite. Os olhares que trocávamos falavam mais do que qualquer palavra, e tudo era diferente, intenso, com uma naturalidade que só nós entendíamos.
Estávamos tão conectados que parecia que as respirações se tornavam uma só, e me entreguei completamente a ele, absorvendo cada segundo, cada detalhe. Era o momento mais verdadeiro que poderíamos ter juntos, uma noite que parecia infinita.
A semana da nossa lua de mel foi como um sonho que se desenrolava sob o sol quente de uma ilha paradisíaca. Lembro-me de acordar todas as manhãs com o som das ondas quebrando na areia, o cheiro do mar misturado ao aroma do café fresco que Erick preparava para nós. Cada dia era um novo capítulo de descoberta, de paixão e, acima de tudo, de amor.
Nossos momentos eram preenchidos por risos e toques sutis, como se o mundo fora de nossa bolha não existisse. Passamos horas explorando as praias, mergulhando juntos em águas cristalinas, onde a luz do sol dançava nas ondas. Era tudo tão perfeito, tão certo. O calor do sol no nosso corpo era nada comparado ao calor que eu sentia no coração.
As noites eram ainda mais mágicas. Nós nos perdíamos em conversas até altas horas, falando sobre tudo e nada, enquanto a brisa suave nos envolvia. Eu sentia um amor tão profundo por Erick que não conseguia imaginar como seria viver sem ele. Cada olhar trocado, cada toque, era uma promessa de que estaríamos juntos para sempre.
Assim que voltamos para casa, a vida começou a seguir seu curso, mas a magia da lua de mel continuava viva em nós. Lembro-me de como, em cada pequeno gesto, cada momento cotidiano, encontrávamos a felicidade. Isa estava crescendo tão rápido. Sua risada iluminava nosso lar, e a cada dia que passava, ela se tornava mais parecida com Erick — cheia de energia e amor.
Então, chegou o dia do seu 15º aniversário. A festa foi uma mistura de emoções: alegria por vê-la crescendo e tristeza ao perceber que ela não era mais a “neném” que eu costumava carregar nos braços. Quando a vi entrar na sala, vestida com um lindo vestido rosa, meu coração se encheu de orgulho e saudade. Foi naquele momento que ela nos apresentou o primeiro namorado, um garoto tímido que me fez sentir um ciúme que eu nunca soube que tinha. Olhei para Erick e vi a mesma expressão em seu rosto. O tempo havia passado, mas a proteção que sentimos por Isa parecia atemporal.
Os anos seguiram, e Isa se formou no ensino médio com honras. Aplaudimos de pé, nossos olhos brilhando com lágrimas de felicidade. Lembro-me de como Erick segurou minha mão com força enquanto nossa filha recebia seu diploma, e não conseguíamos parar de sorrir. A sensação de realização era indescritível. Nós dois estávamos tão orgulhosos dela.
A vida seguiu seu curso e, em um piscar de olhos, me vi como o chefe de cirurgia do hospital. O sonho que eu sempre tive tornou-se realidade, e a paixão pela medicina apenas crescia. Erick sempre esteve ao meu lado, apoiando cada passo, cada conquista, e sua presença se tornou minha fonte de força.
Anne e Gabriel também seguiram suas vidas, e logo se tornaram pais. Eles tiveram três filhos adoráveis, e a alegria deles se tornou parte da nossa história. Fazíamos jantares em família frequentemente, e a casa se enchia de risadas e gritos de crianças. Era um cenário que eu sempre desejei.
Quarenta anos se passaram rapidamente. Um dia, Erick chegou em casa com um semblante diferente. Quando o vi, meu coração disparou. Ele estava pálido e com uma expressão que eu conhecia muito bem: a de alguém que guarda um segredo. As palavras que ele pronunciou pareciam ecoar em minha mente, “Eu estou doente, Yuri.” O mundo desabou ao meu redor. O homem que havia sido meu pilar por tantos anos estava enfrentando uma batalha que eu não sabia como suportar.
Decidi que não importava o que acontecesse; eu estaria ao lado dele, segurando sua mão, como ele fez tantas vezes por mim. O tempo se tornou uma nova prisão, mas também um presente. Cada momento se tornou precioso, cada riso e cada lágrima, uma lembrança a ser guardada com carinho. Durante os meses que se seguiram, passamos horas conversando sobre a vida, sobre nossas memórias, e sempre encontrando um jeito de rir, mesmo nos dias mais sombrios.
Quando a hora final chegou, eu o segurei em meus braços, sentindo seu coração batendo lentamente, até que parou. Foi doloroso, mas ao mesmo tempo, havia uma calma, como se estivéssemos finalizando um belo livro que escrevemos juntos. Ele partiu cercado de amor, e eu me despedi dele com um beijo, sabendo que nossa história nunca acabaria.
Um ano depois, eu também fui chamado para o meu descanso. Não havia tristeza, apenas uma sensação de completude. Ao fechar os olhos, recordei todos os momentos felizes que vivi: a lua de mel, a risada de Isa, as festas em família, os sorrisos de Erick. Cada um deles brilhava em minha mente como estrelas em uma noite clara.
Quando finalmente me despedi deste mundo, senti a certeza de que já havia cumprido meu tempo. E, assim como a autora Carla Madeira disse, “existe um certo milagre nos encontros.” O nosso encontro foi um milagre que mudou tudo, e eu sabia que, onde quer que eu estivesse, Erick estaria sempre comigo.
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Amanhã às 10h sairá um epílogo para os fãs de Robinho!
