Com a notícia de que lutaria no maior evento de MMA do mundo tiver que procurar uma nova academia, foi junto de Taís nos despedir do nosso local de trabalho, eu precisava intensificar meus treinamentos e a Taís logo sairia de licença maternidade, e com o dinheiro da rescisão de ambos, iríamos ajustar algumas coisas para o nosso casamento e o bebê.
Pedimos demissão, o dono que gostava muito de mim não descontou um centavo desses anos trabalhados, quando estávamos saindo Aline veio correndo nos abraçar.
- Poxa vocês iam embora sem se despedir de mim? - Disse ela com olhar triste
- Não sua boba, íamos te convidar para ser madrinha do nosso casamento, em um momento mais tranquilo.
Aline não continha a alegria e a surpresa da notícia e cheia de malicia que só ela é capaz de ter soltou a pérola do dia.
- Espero que o padrinho seja gostoso igual ao noivo – disse ela sem pensar
- Gostoso porque? Você já experimentou? – Falou Taís já um certo ciúme na voz enquanto olhava para nós dois.
- Não né amiga, você que me contou que ele era gostoso, e ainda disse que...
- Chega, chega – cortou Taís me olhando e rindo
- Então quer dizer que as senhoritas ficam falando de mim por aí? Falei rindo
- Não amor, na verdade sim, mas só coisa boa – respondeu Taís
- Sei, bom já que a Aline sabe uma coisa de mim, precisa saber uma de você também, Aline ela fala dormindo, parece filme de terror
- Para! - Gritou Taís
- falo nada, você que tá inventando.
- Bom, pelo menos se ela tiver outro, eu vou descobrir quando ela soltar o nome dele dormindo – Disse gargalhando
Ela fechou a cara e cruzou os braços, percebi que fiz a brincadeira errada.
- Nunca mais repita isso, entendeu? Nunca mais! Você é o único homem da minha vida e nunca vou te trair.
Pedi desculpas e nos despedimos da Aline marcando um encontro para os detalhes do casamento.
Luciano nos esperava na saída para nos levar para a academia nova, lá fui recebido por José que iria me treinar boxe e boxe tailandês, ele me apresentou Rodrigo, que ia me treinar no Jiu-jitsu brasileiro e por fim Yago, me treinaria Judô e Greco Romana, além de todos da equipe que contava com mais de 20 profissionais, entre eles psicólogo, nutricionista e etc.
Os dias foram passando e José se tornou um grande amigo e nos convidou para um jantar na casa dele, prontamente aceitei e falei pra Taís se ela podia ir, com a gravidez ela enjoava, os pés incharam, os seios doíam e ela tava sempre nervosa.
Certa vez peguei ela com a mãe no telefone, que tinha hora marcada para ser feita, que era quando Tony saia para beber, ele não podia saber que as duas se falavam.
- Porra mãe, eu não aguento mais, vivo nervosa e casei com um monge budista, eu quero brigar e ele fala com a voz mansa, - sim amor – eu vou fazer – calma – dizia ela tentando imitar uma voz de monge.
- Eu só queria uma discussão, jogar uns pratos nele, acordar ele gritando, que ele subisse a voz uma vez só, eu nem sei se homem já gritou um dia.
Nesse momento eu ri do quarto e falei – só quando meu time faz gol
Fui até ela abracei pelas costas e brinquei
- Posso gritar contigo, mas na cama, te dou até uns tapas, mas acho que você vai gostar
- Minha mãe menino – disse tapando o celular.
Ela aceitou o convite para o jantar e assim aparecemos lá, ela com um vestido larguinho e tênis branco, eu de bermuda, havaianas e camisa, ela logo reclamou da minha vestimenta, ignorei e saímos.
Chegando lá eu já me arrependi das minhas escolhas, era um casarão, com uma porta de três metros, mordomo, segurança e o caralho a quatro, meu alívio veio quando José abriu a porta e estava de havaianas, bermuda e camisa. Olhei pra ela, pra Taís e ri.
A esposa dele logo apareceu, Lidiane, ela se apresentou, tinha muitas tatuagens, era morena clara, cabelos negros e lisos, baixinha, pernas torneadas, barriga trincada, um espetáculo.
Entramos e o jantar era bife e batata, eu estava esperando algo de rico, mas me lembrei que José era pobre, enriqueceu com as lutas, mas não perdeu a humildade.
Conversa vai e vem, Taís começa perguntar das tatuagens de Lidiane, ela queria fazer uma com o nome do filho ou filha que ia nascer, ela foi mostrando as costas fechadas com um dragão no templo chinês, o braço tinha um círculo, abaixo do peito um versículo bíblico, que eu logo soltei
- Isso não hein Taís, não quero mamar teus peitos lendo o salmo 91.
Todos começaram rir e depois de uma 10 tatuagens ela mostrou um naipe de espadas acima do tornozelo. Eu e Taís não sabíamos do que se tratava na época e eu soltei mais uma.
- Já vi que estamos na frente de uma exímio jogadora de sueca.
O casal se olhou com um sorriso no rosto
- vocês não sabem o que significa? Disse José
- Ué, significa que ela joga baralho? Disse eu surpreso
- Não! Significa que ela é liberada – disse José pegando na mão da esposa
Olhei pensativo e algo se encaixou na minha cabeça, eu tive que perguntar
- Liberada para transar? Com quem quiser? Falei quase incrédulo.
- Sim, somos liberais – disse José
Eu queria perguntar muitas coisas, mas não sei se Taís estaria disposta a ficar mais tempo ali, e soltei a pior pergunta possível.
- Até comigo? – Falei o que pensava em voz alta
Taís me olhou de canto de olho e já ia me ofender, mas José tomou a frente.
- Basta ela querer, e eu preciso ficar sabendo de tudo, não existe segredos com a gente, e mesmo vale pra mim.
Taís já se esquecia de me ofender e perguntou porque eles fizeram isso, se não se amavam
- nos amamos muito por isso fazemos isso – disse Lidiane
- Nosso casamento estava passando por dificuldades, ele vivia em viagens, quase não transávamos, na minha paranoia achava que eram amantes por esses países que ele ia, mas ele jurou que nunca me traio e eu agora acredito.
- Um casal de amigos liberais nos propôs essa vida, no início foi muito difícil, sou ciumenta, ele apesar de não demonstrar também é, e aos poucos a gente foi se acertando, combinando e hoje nos amamos cada vez mais e curtimos muito.
Eu e Taís estávamos atentos aquela conversa, na minha cabeça eu só pensava -Corno!- mas dessa vez eu não falei nada.
- você deve tá pensando que sou corno otário – disse José quase que lendo meus pensamentos.
- Claro que não – Menti
- Para ser corno, precisa existir traição, sem traição existe cumplicidade, apesar de nossas fantasias ela me chamar de corno e eu chamo ela de putinha, eu nunca me senti traído. Disse ele
Terminamos o jantar, eu e Taís seguimos para casa em total silêncio, quando entramos no quarto Taís logo soltou
- Nem pense, olha se eu... Se eu imaginar que você tá comendo aquela mulher com o marido dela sabendo de tudo, eu mato, mato, ouviu?! Disse ela tremendo.
Eu a abracei acalmando ela e já fui beijando ela, entre os beijos eu eu colei minha testa nela e disse
- Eu só penso em você, o que eu disse lá, falei brincando porque até aquele momento eu achei que eles estavam brincando.
Ela me olhou e voltou a me beijar, naquela noite fizemos amor bem devagar, passei creme no seu corpo, com aquela barriga linda, massageei seus pés inchados, subi até sua buceta e fui fazendo leves movimentos, ela suspirava e se contorcia.
Sentei com as costas escoradas na cama e ela veio sentando no meu pau entrelaçando as pernas nas minhas costas, lentamente ela eu a levantava e desvia, ela gemia na minha orelha nem baixinho, gozamos juntos numa sintonia que não inventaram palavras para descrever.
Peguei ela no colo levei para o banheiro e dei um banho caprichado nela, depois dormimos.
Marquei o casamento quando ela fez 9 meses, queria ela de barrigão no vestido, eu era católico de IBGE, mas era o sonho da minha mãe que eu me casasse na Igreja, e ela evangélica com pais conservadores, fizemos um casamento ecumênico na Igreja, com padre e pastor. O padre João eu meu amigo de infância e se prontificou a fazer o casamento.
Os padrinhos e madrinhas eram Aline e Thiago, irmão da Taís, José e Lidiane, Taísa e Yago, Luciano e a esposa, dona Vanderleia, ou só Léia, até tentamos achar alguém para o Rodrigo, mas não rolou. A mãe da Taís enfrentou o pai e foi ao casamento.
Eu estava de pé no altar e meu irmão entrou com a Taís, fazendo papel do pai dela.
Quando abriu a porta da Igreja, a banda tocava anunciação, Taís estava com o vestido lindo branco, barrigão de nove meses e para minha surpresa e para fazer a vontade da minha mãe o véu do vestido tinha uma Nossa Senhora bordada.
Eu quando a vi já estava chorando, quando ela chegou ao altar estava no refrão da música “Tu vens, tu vens, eu já escuto teus sinais”, eu me ajoelhei chorando e encostei minha testa na barriga dela, eu senti que ali era o único lugar no mundo que eu queria estar.
O casamento seguiu normalmente, a festa estava ótima, mas Taís estava cansada, partimos pra lua de mel, uma casa de praia emprestada pelo Yago que nem curtimos, Taís entrou em trabalho de parto no caminho, corri com o carro emprestado pelo José, com motorista e tudo.
Naquela madrugada nasceu meu filho, um meninão, demos o nome de Alceu. Alceu Freitas da Silva. Em homenagem ao Alceu Valença por causa da música anunciação.
Minha luta era em 15 dias, eu estava preparado. Mas pela frente aconteceria minha primeira morte, eu vou morrer três vezes, a primeira vem na próxima parte, a última eu ainda espero até hoje.
Continua...
Os nomes presentes neste conto são fictícios, mas os detalhes descritos são reais.
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