• AO SOM DA VITROLA ~ Capítulo 6 [Parte 2/4]

Um conto erótico de Sativo
Categoria: Heterossexual
Contém 4547 palavras
Data: 15/07/2024 12:12:10
Última revisão: 30/10/2024 22:16:12

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• Capítulo 6.2 ~ [Diário 1: Dayana] DECLÍNIO DIVINO

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Desde que eu decidi me envolver com o Ícaro, um adolescente irresoluto e muito devasso, tenho pensado mais sobre a relação entre o amor, o prazer e a liberdade.

Minha mãe me disse uma vez, quando eu tinha uns treze anos, em um de seus momentos de boemia, que entrar em situações insustentáveis era o mesmo que caminhar em direção a cenários críticos. Eu não entendi muito bem, perguntei-a como eu saberia se, algum dia, eu estivesse me envolvendo em uma situação assim e ela me respondeu que, muitas vezes, não era possível saber, porque as contradições e os conflitos faziam parte da vida, que quando menos esperávamos eles apareciam, mas que o problema era permanecer neles ou não conseguir resolvê-los, pois aí que se criavam os cenários críticos.

Outra vez ela me disse que a nossa liberdade inexiste sem inteligência. Minha mãe foi o meu maior exemplo de uma vida livre e inteligente. Não pude conhecer o meu pai, que foi vitimado em um acidente de trânsito quando eu ainda era bebê. E quando minha mãe faleceu eu tive que enfrentar o mundo praticamente sozinha com apenas vinte anos. Apesar de eu já ser bem independente, foi muito difícil. Acabei dentro de muitas situações insustentáveis. Descobri que quando permanecia nelas e os cenários extremos apareciam, minha mente entrava em uma espécie de flash-back e as escolhas que me levaram até aquele ponto me massacravam até que eu resolvesse tudo.

Hoje, flagro-me refletindo sobre os conselhos da minha mãe mais uma vez. Indago a mim mesma se me envolver com o Ícaro foi uma situação insustentável, sinto que circunstâncias extremas se aproximam, visto que memórias intensas dos nossos três "encontros" se repetem em minha cabeça enquanto o meu relacionamento com o João sinaliza uma primeira crise.

* * *

Conheci o João há um ano e meio e, seis meses depois, começamos uma relação amorosa que nos permitíamos fazer sexo sem compromisso com outros parceiros e parceiras, só exigíamos responsabilidade afetiva e sinceridade. Sempre respeitamos muito um ao outro, sempre conversávamos abertamente até mesmo sobre nossas experiências casuais. Nos tornamos muito íntimos e criamos um forte laço.

O João tem vindo ficar mais vezes comigo aqui em casa e, ultimamente, tem tentado me convencer, insistentemente, a noivar com ele e começar a construir uma vida só para nós dois. Estou relutante porque sei que continuarei desejando sexualmente outros e outras por aí. Ainda que, modéstia parte, eu tenha um autocontrole invejável, sempre presei pela minha liberdade — as vezes até de forma meio individualista mesmo — e sempre gostei de conhecer novas pessoas e curtir com novas companhias agradáveis. O João também compartilha intensamente desse meu modo de viver. No fim, a melhor coisa é saber que temos a companhia um do outro sempre. Contudo, ele vem, pouco a pouco, alimentando a vontade das restrições de um relacionamento comum.

* * *

Antes daquela sexta-feira em que eu conheci o Ícaro, eu já tinha o visto algumas vezes naquela mesma parada de ônibus. Isso foi possível porque eu trabalho em uma modesta agência de modelos alternativas no mesmo prédio onde está a loja "Amigo Vinil", só que no andar de cima subindo por uma escada lateral. Esse prédio fica do outro lado da rua onde é localizado o tal ponto de ônibus. A sala onde eu fazia sessões de fotos durante a semana, tinha um janelão bem de frente para lá e, algumas vezes, enquanto eu fumava um cigarro depois das sessões, avistei o Ícaro chegando naquela parada com uma garota linda de pele pálida e cabelos cor de fogo. Depois de um tempo até fiquei curiosa em saber sobre a relação dos dois. Eles eram bem afeiçoados e pareciam muito íntimos mas reparei que não ultrapassavam um certo nível de afeto, que foi o que me levou a julgar que fossem irmãos ou nutrissem um amor platônico. Como eles não se pareciam em nada e não se comportavam como irmãos, descartei a primeira opção. Era nítido que havia um desejo ali que não cabia em uma amizade comum.

Estranhamente eu os observei por quase uma semana, sempre a mesma situação. Eu terminava uma sessão, pegava o meu copo de café e meus cigarros, ia para a janela, receber um ar na face e divagar sobre a vida e, minutos depois, os dois surgiam caminhando sob o pôr do sol.

Até então, meu único interesse era motivado por aquela curiosidade momentânea em relação aos dois. Na quinta-feira, quando aguardava o meu colega fotógrafo terminar algumas edições no computador, percebi que o Ícaro estava só naquele dia e parecia perturbado com algo. Ele se afastou um pouco da parada, que não tinha ninguém no momento e puxou de um dos bolsos apenas um cigarro. Com certeza era cannabis. Não era um adolescente tão careta, afinal. Já conhecia ao menos um pouco das ilicitudes da sociedade. Sua figura passou a capturar mais a minha atenção e, naquela hora, pensei em puxar assunto com ele caso ainda estivesse na parada quando eu fosse esperar o meu ônibus também. Quando desci com uma amiga da agência já passava das dezoito horas e ele não estava mais lá. Mas, para a minha surpresa, eu o encontraria sozinho de novo no dia seguinte, naquela sexta-feira.

Ícaro era um garoto esbelto de dezessete anos, seis anos mais novo que eu. Seu cabelo era longo, abaixo dos ombros, tinha um tom castanho bem claro e era ondulado como o meu. Sua pele era parda, um pouco mais clara que a minha. Quase sempre usava camisetas largas combinadas com uma folgada calça jeans surrada nos joelhos e tênis desses tipos que esqueitistas usam, um estilo bem despojado — como eu gosto. Quando conversamos pela primeira vez percebi que, embora fosse de poucas palavras, em certos momentos se mostrava inseguro e falante. Foi, facilmente, condicionado por mim durante toda a conversa. Vê-lo imobilizado em minhas teias me excitou. Aguçou-me ainda mais quando notei que ele também estava. Ícaro se tornou refém da minha tenacidade e eu da sua sujeição. Não pude deixar de sugerir um novo encontro entre nós na próxima segunda-feira, ideia que foi acatada por aquele garoto incendiado de tesão.

* * *

Quando cheguei em casa aquela sexta, o João já me esperava para começarmos a curtir o nosso fim de semana. Tomei um banho e jantei rapidamente. Enfim, fomos de moto ao centro histórico da cidade e ficamos algumas horas em um Pub temático dos anos noventa, onde tocava muitas das músicas que gostamos. Tomamos muita cerveja, dançamos, cantamos nossas músicas... Ficamos bem empolgados aquela noite. Quando nos aquietamos um pouco, conversamos sobre a nossa semana. O João me contou desde as suas dificuldades em ajustar a reforma de uma das instalações do museu onde trabalhava, até sobre o ménage à trois que havia feito com um casal dois dias atrás. Só de ouvir fiquei até excitada.

— E tu, o que andastes aprontando esta semana? — perguntou-me ao fim de seus relatos.

— Progredi bastante na agência. Fiz umas fotos muito boas para duas lojas de moda alternativa. Uma gótica e outra cyberpunk.

— Isso é ótimo. Aquele fotógrafo, o Guilherme, já é muito competente e, ainda por cima, tu és uma modelo e tanto. Não tem como dar errado.

— És sempre muito gentil comigo.

— É o que mereces, mas foi um comentário sincero.

Encaramo-nos e então começamos a entrelaçar nossas línguas em um lento beijo molhado. Em seguida, tomamos o restinho do último copo de cerveja o João voltou a puxar conversa.

— Conheceste alguém novo essa semana? — perguntou curioso.

— Sim. Ainda hoje, assim que saí da agência — respondi de maneira objetiva.

— Pouco antes de nos encontrarmos em sua casa?! — nesse momento seu tom ganhou um leve tom de seriedade, achei compreensível. Nosso dia de curtir era só nosso, no entanto o que tive com o Ícaro não foi um encontro e muito menos foi planejado.

— Apenas conheci um garoto, por acaso, no ponto de ônibus. Mas não rolou nada além de insinuações. Conduzi bem a conversa e marcamos de sair um outro dia.

— Não seria a Dayana se não tivesse o controle da situação.

— Tu sabes bem — gracejei e o João sorriu.

Nossa conversa terminou daquele jeito descontraído. Foi quando decidimos pagar a conta e procurar um hotel para findar nossa noite e pernoitarmos. O João amava vinho tinto e, no caminho para o hotel, comprou uma garrafa. Chegando lá, tomamos um banho gostoso juntos e, depois de duas taças de vinho, fomos para a cama e nos entregamos ao enlace caloroso de nossos corpos nus. Embebida em prazer, entreguei o melhor que pudia naquela noite. Confesso que assim o fiz porque durante o sexo estava pensando nos estímulos sutis, porém intensos, de horas atrás entre eu e o Ícaro.

— Tu estais um pecado esta noite! — disse João, ofegante, enquanto eu envolvia o seu mastro em uma cavalgada fatal.

— Talvez tenha sido o vinho...

* * *

Ainda era cedo da manhã quando o João me deixou em casa naquele sábado. E, para mim, aquele sábado sucedeu como qualquer outro. Quer dizer, excluindo o fato de que me ocorreu rapidamente o pensamento de que eu poderia não encontrar mais o interessante garoto chamado Ícaro, que talvez ele não levasse tão a sério o que eu tinha sugerido, no calor do momento, para a próxima segunda-feira. Fora essa ligeira invasão mental do Ícaro, todo o resto foi igual a qualquer sábado em casa. Varri, limpei e organizei as coisas; coloquei meus discos de 'trip hop' na vitrola, tomei meu banho gelado e me acomodei só de calcinha na sala. Enquanto "Down By The Water" da PJ Harvey servia de trilha sonora, preparei um caprichado cigarro de maconha que só fumei a metade e, minutos depois, caí em um sono tão profundo que até sonhei... sonhei com Ícaro.

No sonho, eu estava no alto de uma montanha, contemplando o cintilante verde do mar e pensando coisas aleatórias e sem sentido quando, de repente, uma criatura com asas caiu dos céus bem do meu lado. Não era bem um criatura na verdade, parecia um híbrido. Era Ícaro e suas asas de cera, não o da mitologia grega mas aquele jovem da parada de ônibus. Ele estava desacordado, tinha um sangramento na cabeça e alguns ferimentos que estampavam o seu corpo nu. Quando me posicionei com o meu rosto bem próximo ao dele, ele abriu os olhos devagar e falou "Afinal, Dayana, não era você o meu Sol". Foi nesse exato momento que acordei e, como uma boa supersticiosa, temi que aquele sonho estranho carregasse algum significado oculto. Minutos depois me dei conta que o sábado já estava perto de virar domingo e, depois daquele belo e merecido descanso, virei aquela noite tomando vinho, comendo porcaria e assistindo besteira.

* * *

Por volta das cinco horas da manhã daquele domingo, fui para cama descansar pois o João viria me ver ao fim da tarde, depois da sua caminhada vespertina pelo calçadão da praia. Quando acordei já estava de tarde, o João já estava perto de chegar, então fui logo tomar o meu banho para esperar por ele. Enquanto eu tomava meu banho, ouvi o João chegando e uma pequena agitação tomando a casa. Ouvi outras vozes na sala, foi aí que o João veio até o banheiro e me explicou sobre como se envolveu em uma briga na praia para ajudar dois garotos. Quando saí do banheiro, ao passar pelo corredor, o João me apresentou ao Fernando, com quem troquei palavras rápidas. O tal Fernando me direcionou um sorriso suspeitoso quando ouviu o meu nome, estranhei. Ainda só de toalha de banho, ouvi algo vindo do quintal e me dirigi até o basculante da cozinha a fim de investigar o ruído. Foi quando, para a minha total surpresa, percebi que mais uma vez eu havia sido agraciada pelas imprevisibilidades da vida... era Ícaro quem estava lá, seminu, banhando-se em meu quintal. Um ímpeto de indecência tomou conta de mim, então decidi fazer com ele uma brincadeirinha deliciosamente imoral de auto-estímulo. Vale ressaltar, inclusive, que eu nunca havia me tocado tão gostoso como nesse dia... e acredito que ele também.

Depois que os dois amigos se foram, João voltou com um maço de cigarros e fomos para a varanda fumar e jogar conversa fora. Em certo momento me peguei pensando se deveria contar sobre o Ícaro para ele, no mesmo instante o João me interrompeu os pensamentos.

— Poderia jurar que o tal Ícaro já te conhecia. Bem, ele é um bom garoto e adorei tê-lo o conhecido, mas também achei esquisito como ele olhava para você.

Não sei bem o por quê, mas simplesmente não consegui dizer que o Ícaro era o garoto que eu havia conhecido por acaso na última sexta-feira. Talvez eu estivesse me sentindo um pouco culpada por causa da brincadeira de minutos atrás no quintal. Era como se eu tivesse quebrado parte do acordo e estivesse dando um tratamento especial para um adolescente que eu mal tinha conhecido. Por outro lado tive receio do João me julgar por eu estar começando algo com um garoto de dezessete anos. Então, ao invés da verdade, eu apenas o respondi dizendo que não tinha notado nada daquilo vindo do garoto...

— Contudo, João, eu também poderia jurar que você não adorou ter conhecido o Ícaro mais que o Fernando, não é mesmo? — aproveitei para insinuar descontraidamente o que eu também havia percebido e foi divertido ver a reação do João.

— Por que ainda me espanto contigo? Já deveria saber que nada passa despercebido por você — gargalhamos, atiramos as piolas em direção à rua, fomos para o quarto aproveitar o resto do domingo e, pela segunda vez, entreguei meu corpo para o João enquanto minha mente era dominada por Ícaro. Aquilo não estava certo. Nitidamente era o início de uma situação insustentável, mas, como minha mãe já havia me adiantado, eu não percebi aquilo acontecendo.

Enfim, mais uma segunda-feira estava nascendo e não era uma segunda-feira qualquer. Era a segunda-feira que Ícaro teria que perder o ônibus outra vez, segunda-feira que eu havia planejado uma prazerosa aventura na capelinha do museu em que o João trabalhava. A segunda-feira em que eu finalmente me entregaria de corpo e alma para Ícaro.

* * *

Na segunda, quando acordei de manhã o João já tinha saído. Deixou um bilhete avisando que estaria ocupado durante toda a tarde, mas que era só eu avisar que ele viria me ver à noite caso eu não chegasse tão tarde. Ele estava de folga do trabalho, havia deixado suas chaves perto do bilhete, chaves das dependências do museu que ele havia solicitado os devidos reparos. Nesse instante eu lembrei que o João tinha comentado sobre estarem revitalizando a capela secundária do mosteiro e tive a ideia suja levar o Ícaro para lá e, dessa vez, entregar-me inteira para ele em um ato prazeroso de puro pecado da carne. Foi exatamente o que fiz.

Quando saí da agência já era um pouco mais que cinco e meia da tarde, dei uma olhadinha para o ponto de ônibus e o Ícaro ainda não havia chegado. Geralmente ele aparecia com sua amiga por volta desse mesmo horário. No dia que nos conhecemos ele havia chegado lá pelas seis horas. Resolvi deixar ele chegar primeiro outra vez, então fui matar um tempo na "Amigo Vinil"; fiquei por alguns minutos procurando algum disco que me agradava e eu ainda não tinha em casa. Foi quando vi o "Badtime For Democracy" do Dead Kennedys, lembrei-me da camiseta do Ícaro, aquele era o disco favorito dele. Até onde sabia ele não tinha uma vitrola, mas decidi dar o disco de presente para ele. Um colega meu trabalhava na loja e conseguiu incluir o disco em uma promoção do dia.

Enquanto deixava a loja, com o disco em mãos, fiquei refletindo se aquilo seria um passo muito grande para o tipo de relação que eu estava construindo com o Ícaro. Imaginei que ele poderia achar que significava para mim mais do que era verdade. E enquanto me distraía com esses devaneios esbarrei de frente com ele na porta da loja. Isso mesmo, o Ícaro estava entrando na loja naquela hora. Mesmo quando marcamos o encontro, ele acabou acontecendo de uma forma imprevista. Depois de nossas reações de surpresa, entreguei o disco para ele e, por coincidência também, ele estava indo ali para comprar uma vitrola. A propósito, ele também me presenteou mais tarde, durante nosso encontro. Deu-me um lindo isqueiro de metal com um lindo dragão chinês ilustrado em alto-relevo. Achei muito fofo da parte dele. Tentei me convencer erroneamente de que nos presentear naquela situação não significaria nada de especial. Ícaro teria maturidade o suficiente para viver o momento sem muitas expectativas.

Tudo havia se encaixado afinal. Ou melhor, na verdade, nem tudo. Ainda faltava a gente se encaixar. E iríamos. Tudo ocorreu como eu havia planejado, pelo menos até certo ponto sim.

Na chegada, ludibriei facilmente um vigilante que rondava o local e me lancei para dentro do museu exatamente até a porta que dava acesso ao salão da pequena capela interditada. O rostinho jovem de Ícaro me revelava toda sua confusão de medo e prazer.

— Você ainda vai me matar... se não for de tesão, será de ansiedade —ele me confessou quase sussurrando e sua voz explanava um desejo ardente. Amei ouvir aquilo, estimulou-me ainda mais.

Imprimir aquele domínio sobre Ícaro me excitava bastante, ele parecia um gatinho perdido e, eu, uma ave de rapina à espreita, pronta para atacar com fome e violência. Comecei a ficar molhada só de ouvir os seus sussurros de aflição e desejo e por imaginar o que sucederia ali.

Sozinhos na escuridão da sagrada capelinha, encontrei algumas velas gastas que estavam em suportes numa parede perto do altar. Foi quando ganhei o meu novo isqueiro e as acendi dando um clima sensual e sombrio ao local. Sentei-me sobre o altar exibindo parcialmente o meu sexo coberto pela renda da minha minúscula calcinha. O tesão estampava o rosto de Ícaro e a minha vontade era de começar a devorá-lo naquela hora, mas eu precisava manter o meu domínio por mais um tempinho. Chamei-o para perto de mim, pedi um cigarro e quando ele indicou que me acompanharia eu recriei a cena da última sexta, acendendo o dele com as chamas do meu o deixando igualmente desconcertado e com mais tesão que da primeira vez. Deixei de ser sua Deusa por um momento, chamou-me de diaba dessa vez. O meu tesão aumentava de uma forma inédita para mim, um calor tomou conta do meu corpo me fazendo se livrar do meu casaco. Meus mamilos pareciam querer perfurar o meu cropped e o meu sexo já umedecia toda aquela renda que o cobria. Ordenei a ele que me beijasse e ele, que antes parecia um gatinho assustado. começou a me devorar como um animal selvagem. Mas, como todo felino, não deixou de lado a sua delicadeza. Com uma destreza incomum para a sua idade, Ícaro beijou, mordeu, lambeu e chupou todo o meu corpo. Mesmo com seu pênis proeminente quase saltando para fora da roupa, não teve nenhuma pressa em me penetrar. Por minutos a fio Ícaro trabalhou sua boca com excelência, principalmente quando desceu de meu ventre até os meus lábios profanos. Eu amei aquilo, estava louca de tesão por aquele garoto.

Ícaro já ia vestir aquele seu generoso mastro rijo com um preservativo. Provavelmente tinha receio de me engravidar ou de alguma doença. Porém o tranquilizei quanto a isso, pois sou infértil e faço exames regulares. Eu havia derramado o meu mel em sua boca e, nada mais justo que, em troca, Ícaro banhasse o meu interior com todo o seu leite fervente. Naquele momento eu ansiava por aquilo e, mais um vez, ele foi um bom garoto e acatou minhas ordens. Penetrou-me com uma perícia voraz, gemíamos em sintonia criando ecos animalescos dentro da capelinha que se assemelhavam a uivos. Eu estava quase explodindo de prazer quando percebi a pulsação do pênis dele aumentar e acabei gozando de novo, poucos segundos antes de sentir o seu leite ferver dentro de mim. Até então, nunca havia sentido um prazer igual. Mas, depois de todo esse júbilo, as coisas começaram a fugir do meu controle.

Reconheci quase de imediato a voz do vigilante enquanto tentava abrir a porta da capelinha e conversava com uma segunda pessoa que depois, também pela voz, soube que era o João. O vigilante o telefonou alertando sobre sons meio bestiais que estavam sendo emitidos de dentro da segunda capela e, de pronto, o João interrompeu o seu compromisso e foi direto para lá. Foi o próprio João que me contou isso mais tarde naquele dia. Na hora em que os dois tentavam adentrar na capelinha tentei manter toda a calma possível, pois o Ícaro estava numa extrema ansiedade. Como eu já tinha visitado aquele museu algumas vezes, já conhecia relativamente bem a sua estrutura. Já sabia que havia um outro cômodo nos fundos da capelinha que nos levaria até um jardim, abri a porta e eu e o Ícaro nos escondemos bem a tempo. Na fuga apressada — e meio desastrada — acabei deixando para trás o meu casaco e meu colar, pra completar as velas ficaram acesas, as piolas de cigarro no chão e o altar completamente encharcado com nossos fluídos corporais. Provas do nosso ritual de blasfêmia. Provas que fizeram o João já sair de lá sabendo do quê e de quem se tratava. Por sorte o vigilante não chegou a tempo de ver outras provas além das velas acesas, deu tempo do João reconhecer meu casaco e empurrá-lo para baixo do altar e em seguida o ludibriou para que ele o deixasse resolver aquilo sozinho. Logo depois de eu e o Ícaro escaparmos pela janela do depósito, o João encontrou o meu colar preso no encaixe do ferrolho e confirmou que era mesmo eu quem tinha participado daquela invasão.

O João me ligou e indicou que já sabia que eu tinha feito algo no museu, pedi para conversar tudo aquilo com ele em casa. Ele partiu em sua moto e eu e o Ícaro fomos esperar o ônibus. Percorremos o mesmo caminho de volta com um clima completamente diferente da ida, mas conseguimos nos despedir com alguma empolgação no fim. O coletivo 512 chegou rápido e, assim que me acomodei em um acento, ouvi o ronco de moto em alta velocidade igualzinho ao da moto do João. Para a minha surpresa era mesmo ele. Na hora eu só consegui torcer com todas as minhas forças para que ele não tivesse visto e reconhecido o Ícaro lá no ponto. "A parada é extremamente escura, impossível ele ter visto", eu pensava ansiosamente tentando, sem nenhum sucesso, convencer-me de que o pior não teria acontecido. Aconteceu.

Quando cheguei em casa naquela noite de segunda, não imaginava que conheceria um lado do João que eu não tinha conhecido até então.

— Você escondeu de mim! Como pôde ser tão fria? — acusava-me o João assim que pôs os pés dentro da minha casa.

— Por favor, vamos por partes, querido. Do quê estais falando exatamente? Eu te falei que teria um encontro hoje.

— Estou falando que ontem eu trouxe aquele garoto, o Ícaro, teu amante, aqui, na tua e tu não me dissestes nada sobre ele. Pior, dissestes que não o conhecia. Mentiu! Como tivestes coragem de fazer isso, se te dou total abertura pra confiares em mim? — o que eu mais temia acabava de ser confirmado nesta última fala do João.

— Perdão, João! Peço-te perdão do fundo do meu coração. Eu apenas fiquei muito confusa, foi tudo tão de repente que acabei não sabendo como reagir na hora. Fiz muito errado mesmo — eu tentava segurar meu choro de arrependimento.

— Tu estais sentindo algo mais por ele, Dayana? — os olhos do João pareciam estar em chamas enquanto me encaravam.

— Que pergunta mais besta, João. É claro que não! Eu amo somente a você. Por isso espero que tu possas me perdoar.

— Então noivas comigo! Perdoo-te se tu esqueceres essa história de relação aberta e aceites viver somente por nós. Jura que faria isso fácil por você.

— Eu tenho total consciência do meu erro, João, mas isso que me sugeres não se trata de perdão, trata-se de chantagem emocional! — irritei-me um pouco nesse momento.

— Ora! Se me amas de verdade, não negarias algo assim. Pelo visto tu tens mesmo uma paixão diferente por aquele adolescente. Isso quebra o nosso acordo.

— João, por favor, não fale estas coisas assim tão precipitadamente. Assim tu me deixarás magoada contigo.

— Porra, Dayana! Magoada comigo?! Tu?! Sério?! Não jogues nenhuma culpa para mim. O único que foi magoado nesta história fui eu — João disparava em minha direção todas aquelas palavras em cólera. Sua face revelava algo monstruoso, eu comecei a ter medo dele, senti-me sozinha, senti falta da minha mãe ali comigo e comecei a chorar — Não dê uma de fraca e sensível agora! — ele terminou de esbravejar aquela última frase e foi em direção ao banheiro para tomar um banho.

Desejei que ele não ficasse na minha casa aquela noite. Sabia que tinha vacilado feio com ele e queria muito concertar as coisas, mas também sabia que naquela noite isso seria impossível. Quando consegui respirar e me acalmar um pouco, enviei uma mensagem mostrando que estava tudo bem para o Ícaro não ficar preocupado. Assim que a mensagem foi enviada o João entrou no quarto e pegou o celular da minha mão.

— Diga-me que tu não estavas falando com o garoto mesmo depois de tudo isso?! — o João ainda se mostrava transtornado.

— Eu apenas o enviei uma mensagem para tranquilizá-lo. Nada demais.

— Nada demais?! — gritou e em seguida me empurrou com violência sobre a cama — Nada demais para quem?

— João, por favor, isso já é demais! Não posso admitir que tu...

— Calada! Tu não tens razão nenhuma aqui!

Eu estava muito assustada nesse momento e com certeza o João percebeu isso quando decidiu me olhar bem no rosto. Eu só conseguia chora e evitar um contato visual direto com ele. Estava temendo que aquilo piorasse ainda mais. Mas assim que ele notou que eu sentia medo dele, parece que ele foi trazido um pouco de volta a sua normalidade.

— Olha, Dayana... recomponha-se e tentes descansar. Eu irei dormir na casa de minha mãe. Depois continuamos esta conversa — agora ele parecia confuso e assustado.

—Tá certo — foi só o que consegui responder em meio aos soluços.

João se retirou da minha casa e partiu em sua moto por aquelas ruas obscuras. Quando procurei meu celular para ver se o Ícaro havia me respondido, percebi que o João tinha levado ele consigo. Apenas desejei que não tivesse sido intencional, mas algo me dizia que tinha sido.

(Continua...)

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Nota: Peço desculpas pela demora, mas é que eu tenho tido pouco tempo no computador nos últimos meses e pelo celular não aguento escrever textos muito longos. Mas acredito que consegui aproveitar o formato deste capítulo e encaixar um bom resumo pra relembrar um pouco do que rolou até aqui nessa série. Espero que gostem. Abraço!

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© Todos os direitos reservados. Este conto está publicado oficialmente em: site "Casa dos Contos Eróticos"; blog "Sativos Devaneios"; e "Wattpad". Qualquer publicação feita além desses três endereços será considerada plágio. Agradeço a compreensão.


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Comentários

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Sativo, sua história só tem um "defeito": demora muito para chegar a nós leitores um novo capítulo! Essa é uma das séries mais bem construídas, com personagens densos e tramas elaboradas,e hoje com o ponto de vista da Dayana, mais essa surpresa do celular no final! Ansioso pelos próximos passos de Ícaro, Dayana e companhia!

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Você não imagina o quanto fico grato com o seu comentário. Prometo que, assim que possível, voltarei a publicar com mais regularidade.

Forte abraço, Hammond!

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Cara... Sei nem o que dizer. Só posso resumir o que eu senti lendo assim: "eita porra!"

Nobre autor, lamento a sua impossibilidade de escrever mais, visto que a sua história é extraordinária. Só peço que não maltrate seus fãs dessa maneira. E agora eu ficarei na ansiedade por mais um capítulo. É uma benção e uma maldição.

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Eita porra, mesmo. 😂😂😂

Muita bom. ⭐⭐⭐

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Obrigado, mais uma vez, queridas!

Tô ansioso pra tirar um tempinho livre para maratonar os contos de vocês que ainda não li.

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Fico muito grato, cara, de verdade. Realmente o tempo tá curto, mas tô escrevendo aos pouquinhos do jeito que dá. Agradeço demais pela força.

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