Recorrendo ao velho clichê que diz “O que os olhos não veem, o coração não sente”, evitei ao máximo me encontrar com Catherine, e quando era preciso, como quando ia visitar minha filha ou falar sobre algo relacionado aos negócios, tentava ser o mais breve possível, não queria dar brecha para de repente ela contar que estava com outro. Apesar de fingir estar tudo bem, minha ex notou e me perguntou por que eu estava tão seco, aleguei que era a correria e me desculpei.
Só a título de esclarecimento, a respeito do problema da falta de sexo que rolou entre nós, algumas mulheres, quando estão amamentando têm uma queda dos hormônios sexuais, fazendo com que percam a libido, mas tão logo param de “dar o peito” voltam a sentir o mesmo desejo de outrora. Foi o que ocorreu com Catherine. Já outras tentam satisfazer o marido mesmo elas não estando com vontade, e há, as que sentem tesão ainda no período de resguardo quando nem podem. Creio que no nosso caso, houve menos diálogo do que deveria, para não força-la, evitei ficar tocando tanto na questão da falta de sexo, e ela, por sua vez, deveria sacar que estava sendo difícil para mim. Mas, agora era tarde, a descoberta da minha infidelidade, a separação e até outras pessoas já tinham surgido.
Nas semanas seguintes transei muito com diferentes mulheres, aos poucos, a dor de tê-la perdido passou a me perturbar menos, mas ainda batia especialmente antes de dormir.
Certo dia, fui tomar umas com meu ex-cunhado, Marcel, ele era um grande amigo e altas horas, resolveu me confidenciar algo:
-A Catherine ainda te ama, se você souber jogar o jogo, pode voltar com ela.
-Que nada! Sua irmã já tem outro e para falar a verdade, eu também estou em outra, ou melhor, outras, tenho trepado direto, mas sem essa de compromisso.
-Mas você ainda ama a minha irmã, dá para ver que está bolado.
-Sim, não posso negar...
-E ela também te ama, escutei o papo dela com a Virginia (irmã deles). De fato, a Catherine parece que tem um casinho aí, mas numa tarde de domingo, peguei as duas conversando no fundo do quintal, ela contou enxugando as lágrimas que depois que a poeira abaixou, começou a pensar se não deveria ter te perdoado, te dado um susto, mas depois reatado. Também falou que só depois foi se tocar que era muito difícil para um homem ficar tanto tempo sem sexo e que agora seu maior medo era você se apaixonar por outra e acabar se casando ou indo morar junto.
Aquelas palavras me animaram, talvez ainda houvesse uma chance, mas o foda era o tal “grandão”, as mensagens que li deixaram claro que minha ex estava adorando trepar com o cara.
Resolvi não forçar a barra, deixei a coisa rolar, mas tratei de estar mais presente no dia a dia de Catherine. Ela estava ficando cada vez mais carinhosa comigo, coisas simples como um abraço mais demorado, arrumar meu cabelo, ajeitar a gola da minha camisa etc.
Numa tarde de domingo, fui levar Karina de volta para a casa da mãe, e Catherine me convidou para assistirmos a um filme infantil na casa dela com a nossa filha. Minha ex estava usando uma camisetinha azul-marinho e um shortinho branco de algodão bem curto. Num dado momento, ela deitou a cabeça em meu ombro como nos velhos tempos e tive certeza que algo rolaria.
Um tempo depois, Karina pegou no sono e eu a levei para o quarto, na volta, Catherine e eu ficamos de frente no corredor e nos beijamos demoradamente, mas quando as coisas pareciam que iriam resultar em sexo, minha ex se afastou com jeito e disse:
-Melhor não, Jonas, seria um erro.
Doido para tê-la em meus braços novamente e transarmos, perguntei:
-Erro por quê? Acho que ainda existe uma chama entre nós, pelo menos da minha parte nada mudou, eu te amo como antes.
Catherine deu alguns passos confusa com a mão na cintura e depois disse:
-Acho que a gente pode conversar, mas com calma, vamos descer e eu faço um café.
Já na cozinha enquanto tomávamos um café, minha ex disse:
-Olha, Jonas, não vou negar que não sinto sua falta, que te amo, mas não tenho certeza se devemos voltar, tem horas que acho que reatarmos seria maravilhoso, tanto para nós, quanto para Karina, mas em outros momentos, penso que seria um erro e viraríamos aqueles casais iô-iô que vão e voltam, o lance da traição foi pesado demais para mim, confiava cegamente em voc.
-Se você me ama e sabendo que eu te amo, não entendo qual o problema, sobre o risco de ficarmos reatando e separando, ficamos anos juntos e isso só ocorreu uma vez por causa de uma cagada minha, mas isso não se repetiria.
-Eu sei, quer dizer acho que sei, também não posso dizer que não errei, deveria ter ficado mais atenta às suas necessidades, mas é que a Karina sugava todas as minhas energias, aquele choro estrondoso o dia inteiro, se eu dormia mais que duas horas podia comemorar, quase fiquei louca...
-Isso é passado, não tem como consertarmos, mas podemos recomeçar agora.
Catherine ficou pensativa por um bom tempo, depois me disse:
-Tenho que decidir umas coisas antes, Jonas, me dê um tempo para pensar, certo? Não vou fechar a porta de vez para nossas chances nem dar falsas esperanças, preciso pensar, mas até lá, vamos continuar assim conversando como amigos, sem sexo. Enquanto isso, tranquilo se estiver saindo com outra não precisa parar, nós dois somos livres para nos envolvermos com outras pessoas, o que valerá é a partir do momento que sentarmos e reatarmos.
Fui embora num misto de sensações, ao mesmo tempo em que ouvir Catherine dizer que ainda me amava e que talvez pudéssemos reatar, era animador, senti que sua dúvida era em relação ao tal “grandão”, talvez estivesse dividida.
Dez dias depois dessa tarde, recebemos a resposta de um grupo de empresários do Rio de Janeiro que queria formalizar uma sociedade com a gente para montar duas escolas em bairros nobres da capital Fluminense. As negociações já vinham sendo feitas há tempos, mas finalmente agora começariam a sair do papel.
Catherine e eu teríamos que passar um dia inteiro no Rio, fechando os últimos detalhes do negócio. Além disso, haveria um jantar com eles, por isso Karina ficou com os pais de minha ex e fomos viajar. Fiquei todo animado, acreditando que quem sabe o Rio não fosse o cenário da nossa reconciliação.
Catherine seguia fazendo jogo duro e reservou um quarto para cada, um ao lado do outro.
A reunião foi um sucesso e fechamos negócio. No final da tarde, voltamos para o hotel e nos aprontamos para o jantar que felizmente não se estendeu por muito tempo. Estava uma noite bem quente e ainda era cedo. No caminho, pensei em tentar algo com minha ex, afinal de contas o momento era propício, então perguntei:
-O que acha de tomarmos um chopinho num desses bares ou mesmo no hotel?
-Ai...Acho que não, estou muito cansada, esses sapatos castigaram meus pés, vou tomar um banho e cair na cama. Além disso, nosso voo amanhã é para bem cedo, não é?
Minha noite de reconciliação tinha miado, tentei não demonstrar frustração e concordei que o melhor era dormimos.
Já em meu quarto, troquei de roupa e comecei a zapear os canais. Após uns 40 minutos, decidi ir até o quarto dela, inventar alguma desculpa e tentar beijá-la. No corredor, olhei para baixo da porta e vi que a luz estava acessa, aquilo me deixou mais animado, pois Catherine ainda estava acordada. Dei três batidas suaves e instantes depois escutei o barulho da fechadura se abrindo e no mesmo instante ouço a voz de minha ex-esposa:
-Abre para mim, é o champanhe que pedi.
A porta se abriu, mas ao invés de Catherine quem apareceu foi um cara de uns 42 anos, forte, alto, talvez, 1,90m, daqueles de ombros muito largos, branco, cabelos negros penteados de lado, com um topete, tinha um maxilar grande, uma cara quadrada, braços grossos, estava com a camisa social azul com uns três botões desabotoados, ele e eu ficamos nos olhando por alguns segundos sem dizer nada, até que ouço a voz de minha ex perguntando e logo em seguida aparecendo:
-O que foi, Diego?
Catherine estava com uma camisola preta discreta e ao me ver, ficou pálida, chegou a gaguejar e por mais alguns segundos ficamos ali, os três sem saber o que dizer. Coube a ela tentar explicar mesmo totalmente sem graça.
-Jonas, esse é o Diego, uma pessoa que conheci em São Paulo, ele está no Rio a negócios e decidiu vir me visitar. Diego, esse é meu ex-marido, o Jonas.
Deduzi imediatamente que era o tal “grandão”, o cara estendeu a mão se apresentando e eu retribui, em seguida tratei de encerrar aquela cena que foi uma das piores de minha vida e disse olhando para Catherine.
-Eu só vim saber se seus pés tinham melhorado, você falou que estavam doendo por causa dos sapatos, mas já que está tudo bem, vou dormir. Nos vemos amanhã.
Catherine, ainda branca como um fantasma, falou sem pensar direito:
-Você não quer entrar? Toma um champanhe com a gente.
-Não, não, tranquilo, fiquem a vontade.
Entrei em meu quarto e as coisas pareciam rodar. Sentei-me na cama totalmente desolado, não éramos mais casados nem havia a certeza de que voltaríamos, mas não imaginei que ela e o cara se encontrariam naquela rápida viagem.
Alguns minutos depois, ouço batidas em minha porta, já sabia que era Catherine. Ela tinha colocado um roupão por cima da camisola e já foi entrando, mesmo sem eu chamar.
-Desculpa pela cena, Jonas, vou te explicar.
Tentando parecer calmo, disse:
-Você não me deve explicações, somos divorciados, só que assim...Já que vocês iriam se encontrar aqui depois do jantar com nossos agora sócios, poderia ter reservado quartos em andares diferentes, seria mais discreto.
-Ai é que está, eu não planejei nada, eu tenho saído com o Diego, uma, duas vezes por semana, mas sem compromisso, contei a ele que viria para cá e passaria uma noite e só às 18h, o doido me liga dizendo que estava chegando e queria me ver. Se ele tivesse avisado antes, claro que eu não toparia ou faria como você disse, reservaria os quartos em andares diferentes, me desculpa, não queria te magoar, ainda mais hoje que foi um dia tão bom.
-Bem, supondo que seja verdade, na volta para cá, você já sabia da presença dele e por isso mentiu dizendo que estava cansada e com os pés doendo.
-Sim, nesse momento, eu já tinha falado com o Diego e tínhamos acertado que quando eu chegasse ao meu quarto lhe mandaria uma mensagem avisando, mas jamais imaginei que depois de nos despedirmos, você iria até lá.
-Entendi, mas fique tranquila, como disse antes somos separados.
-Ah, mas agora estou triste não queria isso, na verdade, o que tenho com ele é apenas sexo, e te disse que iria pensar em voltarmos ou não e enquanto isso éramos livres.
Notando que eu estava sendo digno de pena de minha ex, tratei de levantar minha bola e fingir que estava tudo bem:
-Entendi isso também, tanto que ontem, no final da tarde peguei um motel com uma garota de 22 anos, e foi como você disse, apenas sexo, pode ficar tranquila e volta lá porque o cara veio te fazer uma surpresa e agora fica esse climão.
Catherine se sentou do meu lado e perguntou:
-Se quiser, posso manda-lo embora, ele nem está hospedado aqui, o que acha?
Pensei comigo, de que adiantaria ela não trepar com o cara naquela noite, se provavelmente, na seguinte, poderiam se ver, aquilo estava parecendo uma caridade com quem já perdeu o jogo, por isso, me mantive no papel de fingir que estava tudo ok.
-Já disse que tudo bem, vamos combinar uma coisa? Não tocamos mais nesse assunto, se em breve você decidir que devemos voltar a viver juntos como marido e mulher, aí te cobrarei fidelidade, mas por ora, não tem nenhum problema.
Catherine saiu do quarto e ainda disse com um tom triste:
-Vou lá então...Amanhã a gente conversa, me desculpa, por favor.
Pouco depois que ela saiu, tentei colar o ouvido na parede, mas não conseguia ouvir o que estavam conversando. Um tempo depois, ouço a porta se abrindo e imaginei que o cara estivesse indo embora, mas logo o ouvi dizendo:
-Vamos lá embaixo, você precisa relaxar. – Depois eu soube que os dois foram para o bar do hotel e o safado, com muita lábia, conseguiu convencê-la a transarem mesmo depois do clima que ficou.
Sabendo que não conseguiria pegar no sono, tomei um remédio que me ajuda nos casos de insônia e por sorte fez efeito. Entretanto, um tempo depois sou acordado de uma maneira nada agradável. Comecei a ouvir gritos e sons como se alguém estivesse batendo na porta. Quando consegui despertar totalmente, entendi que os sons vinham do quarto de Catherine. Meu coração disparou, os dois estavam transando. Fiquei sentando por alguns instantes, mas não resisti e encostei-me na parede para ouvir melhor.
O som das batidas provavelmente era da cabeceira da cama, o tal grandão estava socando tão forte que mesmo as paredes não sendo finas, dava para ouvir, bem como os gritos de prazer de minha ex-esposa que parecia transtornada.
A bateção e os gemidos não cessavam, num dado momento, ouvi o filho da puta dizendo alto:
-Goza de novo para mim, goza, essa bocetinha apertada ama a minha rola, olha como está ensopada, você é gostosa demais, Cat.
Catherine berrava vários AAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII e de vez em quando, dizia com voz de choro “Fode caralho! Me arregaça toda, safado pauzudo!” e de. A trepada foi longa, nem sei se era a 1ª, a 2ª ou 3ª, mas foi um tempo enorme. Devem ter trocado de posição várias vezes, pois ouvia, o cara dizendo como todo poderoso; “Fica de quatro”, “Vem por cima” etc.
Creio que só nessa trepada minha ex-esposa gozou duas vezes e na segunda após berrar como uma felina no cio, dizendo que estava até tremendo. Um tempo depois, Diego soltou um urro longo digno de um primata e deve ter gozado, o barulho da cama dava a impressão de que a cama iria se espatifar.
Ouvir aquilo me deixou trêmulo e com falta de ar, mas no meio dessa insanidade toda, tive uma reação absurda pelo menos para mim, ouvindo minha ex-esposa gozando e fazendo outro macho gozar, coloquei meu pau para fora até de maneira inconsciente e passei a me masturbar ouvindo-os, o que me levou a um tesão impossível de ser transmitido através das palavras, pouco depois senti que iria gozar e acelerei, ouvindo os dois. Gozei, gozei, gozei... Nenhuma punheta e muitas transas não me proporcionaram na vida, o prazer que senti ali, pelo menos por alguns segundos, pois depois, caí de joelhos no chão para, em seguida, me arrastar até a cama, onde num átimo de segundo, o tesão passou e o que senti foi um dor tão dilacerante como a de alguém que recebe uma notícia devastadora. Não digo que chorei, mas fiquei praticamente catatônico de tanta tristeza.
Acabei tomando mais um remédio para me acalmar e apaguei após um bom tempo. Porém, perto das 5h30, acordei e após olhar no relógio, não consegui dormir mais. Perto das 6h, ouvi os dois conversando na porta e se despedindo com beijos, ou seja, além de fodê-la por horas, ainda dormiram juntos, se é que dormiram.
Tomei um banho, comecei a sentir vontade de chorar, mas me dei uma bronca mental, dizendo que tinha que parar com vitimismo e seguir em frente. Tomei um café no quarto e me arrumei para ir para o aeroporto. Ensaiei um discurso de que estava tudo bem e que o melhor era não tocarmos no assunto.
Catherine veio ao meu quarto já trocada, de banho tomado, apesar de bem vestida e maquiada, dava para notar a expressão de cansaço, afinal de contas, o dia anterior tinha sido puxado e passar horas e horas trepandocom seu “grandão” realmente é desgastante. Muito sem graça, ela voltou a se desculpar, mas fiz o mesmo discurso de que estava tudo bem, apenas perguntei, me fingindo de bobo:
-O cara lá, desculpa, esqueci o nome dele, ficou chateado com o que ocorreu?
-Ah, nós três ficamos sem graça, né?
-Lamento ter atrapalhado a noite de vocês, ele foi embora depois ou ainda ficaram juntos?
Catherine abaixou a cabeça envergonhada e disse:
-Não, ele ficou, descemos para tomar algo no bar do hotel e depois voltamos...
-Menos mal...
Catherine deve ter ficado na dúvida se eu estava realmente levando aquilo numa boa ou apenas sendo sarcástico, mas deve ter percebido que independente de qual opção fosse, se ela tinha vontade de voltar comigo, havia queimado muitos cartuchos naquela viagem.
Já no avião, minha ex veio inquieta, até que decidiu falar:
-Podemos conversar hoje à noite?
-Qual o assunto?
-Sobre o que ocorreu, é claro que você não gostou e eu estou me sentindo péssima, mesmo a gente estando divorciados, há poucos dias, você disse que ainda me amava e disse que também te amo, impossível que tenha digerido isso tão bem.
-Vamos fazer o que eu falei ontem, esquecermos, ok?
-Pelo jeito que está tratando a coisa, talvez tenha mudado de ideia e não cogite mais a hipótese de reatarmos, é isso? Pode falar?
Respirei fundo, na verdade, não tinha mais resposta para aquela pergunta:
-Acho que devemos fazer o que você falou, pensarmos bem se devemos ou não voltar.
Catherine abaixou a cabeça e ficou com os olhos marejados.
De volta a São Paulo, muitas novidades estavam por vir.