Capítulo 56 – Daí eu bebo
-E me parece que além de linda, ela não tem boca. Ou só serve para beijar? - Disse se aproximando de mim para um beijo.
Me afastei, a empurrando gentilmente. Apesar de ser uma noite agradável, não estava no clima para beijar alguém que não conhecia.
-Se me dão licença, eu vou ao banheiro. -Rafaela disse se levantando, pareceu aborrecida.
-Bella sua louca! Você viu a bofinha da hora que você tá perdendo por ser besta! – Léo brigou comigo.
- Léo você que só pode estar doido armando pra mim! Você me disse que me deixaria a vontade!
-Tudo bem, se você prefere ficar aí comendo mosca, enquanto parece que alguém já te superou. – Falou frisando a palavra alguém.
-O que? – Perguntei sem entender.
Léo olhava para uma direção fixa e assim que olhei, tive náuseas. Há alguns metros dali, Cássia estava abraçada a ex noiva num grupo de amigos. Curiosamente, Rodrigo estava junto.
Olhei para Léo que me olhava com quem diz: “Me explica?”
Mas como eu poderia explicar algo que nem eu entendia?
Tratei logo de pegar uma caipirinha que estava sobre a mesa e enfiar goela abaixo.
-Anh, essa não! -Márcio soltou assim que viu que eu não gostei nada daquilo e que afogaria as mágoas bebendo.
Ainda de costas para a delegada e sua perua toda trabalhada no bronzeamento artificial, me levantei.
-Onde você vai? – Márcio me olhou com cara de pai preocupado, que geralmente ele tinha.
-Vou buscar mais... – Falei me referindo ao drink.
Na verdade, só queria sair ali de perto, talvez ficar sozinha um pouco ajudasse.
-Bella, por favor, não exagere, você não está acost...
- Não se preocupe comigo!
-Amor, deixa ela, é melhor a gente sentar e assistir o show, digo, cuidar dela daqui. – Léo disse por fim e saí, deixando os dois terem uma breve discussão.
Fui até o bar e pedi para o cara no balcão.
-Me vê a coisa mais forte que você tiver.
Ele me olhou assustado e me serviu uma coisa em um copinho pequeno de vidro, que parecia mais ser álcool puro. Virei de uma vez e pedi outro...
Depois de algum tempo, lá pelo 4º copinho, eu já estava alta e com vontade de ir embora dali. Me levantei e meio cambaleando, senti tudo girar.
-Opa, vai com calma! Não queremos que se machuque!
Era Rafaela, a colega de Márcio, me ajudando a equilibrar.
Soltei uma gargalhada sem graça.
-Você parece meio alta... Quantos desse você bebeu? – Ela falou olhando o copinho que eu havia tomado.
-Alguns... -Disse a encarando
-Nem parece que você estuda enfermagem, como é que pode cuidar de alguém, estando nessa situação! – Disse segurando meu rosto com as mãos.
-E que tal se você cuidar de mim em?
Falei sorrindo, ela estava um pouco embaçada na minha frente.
- Essa não é uma boa i...
Não a deixei terminar de falar, lasquei logo o beijo que já deveria ter dado momentos antes nela.
Não estava confortável em beijar uma estranha, tão pouco em ter suas mãos passeando pelas minhas contas e bunda por sobre o vestido, mas o álcool me anestesiou e eu poderia muito bem fingir que estava tudo bem.
-Vem... -Rafaela me puxou pela mão. Eu estava entorpecida e caminhava com dificuldades. Caminhamos até um canto mais escuro.
-Será que atrapalho?
Ouvimos essa voz, que eu já conhecia e agora estava num tom ameaçador. Com urgência nos separamos e eu encarei com dificuldades quem nos proferia o questionamento.
Continua...