Quarta-feira, 06 de dezembro de 2017.
NARRADO POR HELOISA:
Hoje vamos começar os interrogatórios sobre a morte de Pedro e os primeiros a depor vão ser os pais e tios. Pedi para Julia me encontrar na sala de depoimentos com os resultados dos exames que foram feitos no corpo de Pedro, prevejo que hoje vai ser um dia longo...
Me perco nos meus pensamentos, mas logo sou interrompida por uma mensagem de Tônia que avisa que os tios de Pedro chegaram e estão me aguardando na sala de depoimentos, respondo dizendo que já estou indo encontra-la.
NARRADO POR MICHEL:
Os meninos acabaram de ir embora, apenas Tiana ficou. Ela está lá embaixo com a minha avó e eu estou terminando de me arrumar, hoje vamos ir para a casa de Dona Josefa tentar entender a historia que descobrimos ontem. Termino de me arrumar e desço, a mesa do café está pronta, mas como acordamos tarde nem vai dar tempo de tomar café, minha avó pede para que antes de julgarmos a Dona Josefa ouvi-la e que tudo que ela vai contar para a nos era a mais pura e triste verdade, concordamos e vamos.
Eu e Tiana estamos indo até à casa de Dona Josefa em total silêncio e conhecendo Tiana sei que ela esta pensando a mesma coisa que eu: nesse tal irmão gêmeo de Pedro e se questionando o porque que nos nunca soubemos dele.
Atravessamos a cidade e fomos parar em um bairro simples na cidade vizinha da nossa, paramos em frente a uma casa bem simples, mas muito bonita. Sr. Alfredo me avisa que já chegamos, estranho o fato dele te achado a casa com tanta facilidade, mas lembro que ontem ele que trouxe a senhora em casa. Desço do carro e olho para Tiana que também me olha e finalmente depois de quase 1 hora ela fala comigo:
- Eu não estou preparada para isso. - Ela me conta triste.
- Eu também não, mas só assim para entender um pouco essa loucura. - Eu tento convencer minha amiga.
- Então vamos lá.- Ela me responde indo tocar a campainha, aproveito para dispensa Sr. Alfredo avisando que eu voltar de Uber.
Não demora muito até que a porta se abre e Dona Josefa vem nos atender feliz:
- Entre meus filhos, a comida está quase pronta! Só por favor não reparem na bagunça. - Ela fala para nos enquanto entramos na casa.
Eu entro na casa logo depois de Tiana, assim como minha amiga, cumprimento a senhora com um simples beijo no rosto. Analiso a casa, mas logo sou interrompido com um barulho vindo do corredor, percebo que tinha alguém vindo, e esse alguém veio! Parado aqui na minha frente está um homem sem camisa que tinha a mesma fisionomia e o mesmo tipo físico (confesso que estou olhando muito para o corpo dele) que Pedro, a única coisa que os diferenciava é o bigode e as tatuagens que esse tem e o eu amigo não.
Olho para o lado e percebo que Tiana está tão desacreditada quanto eu, parecia ser um sonho depois de ter visto Pedro morto dentro daquele caixão e agora vê esse menino igual ele parado na minha frente é surreal. Vejo que Tiana vai andando, ate o menino e toca a sua mão na tentativa de saber ele é real, eu permaneço no mesmo lugar tudo isso para mim ainda é muita loucura. Ele da um sorriso ainda mais encantador que o de Pedro.
Dona Josefa nos convida para sentar e manda outro neto ir colocar uma camiseta e voltar para se juntar a nós. Me sento no sofá do meio, ao lado de Tiana e entre duas poltronas, Dona Josefa se senta em uma e deixa a outra para o gêmeo de Pedro se sentar. O menino volta, todos permanecem em silêncio, mas eu não consigo mais aguentar e logo começo com as perguntas:
- Vocês podem me explicar como o Pedro tem um irmão gêmeo e como nos nunca soubemos? - Pergunto.
- Para vocês que possam entender essa historia eu preciso contar o que veio bem antes de vocês. - Dona Josefa explica.
- Pode falar que eu estou bem curiosa e confusa. - Tiana pede.
- Você minha neta sabe muito bem que eu nunca frequentei a sua casa e muito menos tive uma boa relação com sua mãe e sua tia! - Dona Josefa nos lembra.
- Sim e eu nunca entendi isso o Pedro então... Ele nunca aceitou isso. - Tiana fala para a avó.
- Agora eu vou poder explicar para vocês o que eu já havia contado para o Pedro, a verdade por trás das historias de nossa família. - Dona Josefa nos avisa.
- Como assim a senhora falou com o Pedro? - Tiana questiona a avó.
- Seu primo já sabia de tudo há um certo tempo. - Ela explica para a neta.
- E ele escondeu tudo isso da gente por quê? - Tiana segue questionando a avó inconformada.
- Você vai entender se deixar a avó contar. - O gêmeo de meu amigo fala.
- Exatamente minha filha, você vai saber de tudo hoje ou pelo menos de uma parte. - A senhora fala.
- Então por favor fale logo dona Josefa que eu to quase tendo um treco de tanta curiosidade. - Peço.
- Vamos lá então... Eu sempre morei naquela cidade, foi lá que eu conheci eu ex marido e meus melhores amigos, seus avôs Michel e seus avôs paternos Tiana, sempre fomos com uma grande família por isso os nossos filhos sempre foram tão próximos e acabaram se evolvendo, mas isso nunca foi um problema para nenhum de nós, tanto que depois que os seus avós paternos morreram Tiana seu pai e seu tio foram morar conosco até completarem 18 anos, eles sempre cuidaram muito do meu Antônio... - Ela nos conta até ser interrompida pela Tiana.
- Como assim seu Antônio? Nome do meu avô até onde eu sei é Baltazar. - Tiana questiona a avó.
- Antônio é o nome do seu Tio mais novo minha neta. - Ela conta nos deixando surpresos.
- Como assim Tio? - Tiana pergunta assustada.
- Eu tive um filho mais novo que infelizmente morreu para me proteger. - Dona Josefa fala chorando.
- Se não for muita intromissão de quem dele te protegia? - Pergunto.
- Do meu próprio marido... - Ela me responde ainda chorando de cabeça baixa.
- Vó nos conte essa historia direito e do começo por favor! - Pede Tiana.
- Isso tudo aconteceu antes de vocês nascerem. Seu avô depois de um certo tempo de casamento foi se tornando uma pessoa muito violenta comigo, nada do que eu fazia para ele era bom sempre tinha alguma coisa para reclamar, eu sempre cuidei muito bem da casa e das minhas filhas que eram o xodó do pai. Baltazar tinha outra mulher na vida dele e sempre fez questão de deixar isso bem claro e eu que sempre dependia dele para tudo na minha vida relevei. Meu filho Antônio veio de uma noite em que Baltazar chegou em casa, bêbado e mais nervoso do que o normal, não quis saber de comida, mandou as filhas entrarem para os quartos, me bateu e na nossa sala me forçou a transar com ele, pois o mesmo me disse que a outra mulher dele estava naqueles dias e não podia satisfazer a vontade dele. Semanas depois descubro que estava gravida, Baltazar ficou revoltado e só não me bateu porque Nanci interviu e me defendeu, mas não durou muito a calma dele. Quando eu estava com sete meses de gestação, ele voltou a me bater e com isso tive que fazer uma cirurgia de emergência e meu filho nasceu prematuro. Depois disso cada vez mais Baltazar ia se distanciando de mim e do nosso filho. Antônio foi crescendo e todos a sua volta perceberam que ele não era um menino como os outros, era mais sensível e nitidamente gay, isso nunca foi um problema para mim, mas para Baltazar isso era a coisa que ele mais odiava na vida dele e ele não aceitava o filho. Um dia Baltazar saiu e Antônio foi atrás dele e viu o mesmo com a amante, Antônio se revoltou e foi enfrentar o pai, mas não deu muito certo, a amante de Baltazar ficou revoltada, foi embora e Baltazar transtornado trouxe Antônio pela orelha por quatro quadras até nossa casa chegando lá começou a bater em Antônio ate sair sangue quando eu vi aquela cena fiquei desesperada e fui para cima do meu marido para defender meu filho, Baltazar não deixou barato e me bateu bastante, mas ele ainda não estava satisfeito, nunca estava! Então ele me deixou no chão e entrou nossa casa, trancou nossas filhas no quarto, voltou me puxando para dentro de casa pelos cabelos e em trancou, retornou até o quintal para bater ainda mais no seu tio, fiquei desesperada, até que ouvi o barulho de três tiros vindo la dê fora, ainda se passaram quase meia hora até que meu ex marido abrisse a porta, tirei forças de onde não tinha e quando olhei para fora vi meu filho caído no chão sob uma possa de sangue, corri até ele, mas ele não tinha mais vida, minhas filhas saíram dos quarto e apenas observavam meu desespero, mas não faziam nada, Baltazar estava sentado no canto do quintal com a arma na mão, com uma cara de satisfação e eu ali abraçada no corpo morto do meu filho fiquei assim até Nanci chegar na minha casa, pois a mesma já iria lá me fazer uma visita, foi ela que chamou a polícia, que me ajudou a fazer tudo referente a morte do meu filho e a prisão do meu marido. Pensei que mesmo sabendo de toda a historia minhas filhas iam deixar de idolatrar o pai, mas estava errada, Dóris e Marta ficaram contra mim, tentaram de tudo para fazer com que o pai não fosse preso, tentaram usar a influência que meu marido tinha dentro da delegacia, mas não adiantou muito e o elas com o apoio do pai se emanciparam e entram na justiça para me afastar delas e da nossa casa alegando que a culpa da tragédia da nossa família foi minha, desde então eu sou proibida pela justiça de chegar perto delas. - Ela nos conta entre lagrimas e suspiros tristes - Preciso de um copo de água. - Ela pede.
NA DELEGACIA
NARRADO POR HELOISA:
A primeira pessoa que eu vou interrogar é justamente a Tia materna de Pedro, uma das advogadas mais respeitadas do estado e sei também que ela e o sobrinho não tinha a melhor das relações...
- Bom dia, Dona Marta! - Comprimento quando entro na sala
- Bom dia e pode me chamar de Dr. Marta, hoje eu sou minha própria advogada. - Me avisa a mulher.
- Tudo bem! Essas são Julia e Tônia e elas estão trabalhando comigo no caso do seu sobrinho. - Falo apresentando minhas parceiras para a advogada que pareceu não se importar muito.
- OK! Podemos começar? - Ela nos questiona.
- Sim já vamos começar e só para deixar claro uma coisa aqui eu respeito muito o seu trabalho com advogada e sei como é a sua forma de atuação por isso aviso desde já que quem faz as perguntas aqui somos nós e quem é a interrogada aqui é você. - Tônia avisa.
- Veremos como tudo vai ser encaminhado. - Ela fala de maneira sarcástica.
- Pois bem sem mais enrolação, gostaria de saber onde a senhora estava na noite do crime? - Pergunto
- Estava em um show na capital do estado com meu esposo, minha irmã e cunhado, estão aqui os documentos que comprovam minha versão e mostra quem estava comigo. - Ela diz me entregando uma pasta com fotos e documentações.
- Quero que nos conte sobre a sua relação com o seu sobrinho? - Julia pergunta
- Era boa na medida do possível. - Ela é breve e básica.
- E qual era a medida? - Julia volta a questionar
- Quando ele era menor tudo sempre foi mais fácil com o tempo ele foi crescendo e fomos os distanciando, formas de pensar diferente... - Explica a tia
- Nesses últimos dias nós pesquisamos algumas coisas sobre seu sobrinho e descobrimos que você e ele tiveram uma briga recente em um restaurante, você poderia nos contar o que aconteceu? - Pergunto surpreendendo Marta.
- Nossa tão fazendo mesmo o trabalho de vocês, gostei de vê! e sim eu posso explicar. O que aconteceu foi que como eu mesmo expliquei anteriormente Pedro cresceu e as ideias dele não batiam com a minha e parecia que ele tinha tirado esse dia em questão para me irritar por isso discutimos, me exaltei, pois, ele falou coisas relacionadas a minha filha que eu não concordei e como uma boa mãe defendi ela. - Marta nos conta parecendo esconder algo.
- Mas pelo que sabemos ele e sua filha eram bem amigos e eles eram primos como explicar o que você me disse a pouco com esse fato? - Julia questiona.
- Tudo que ele fazia ela achava um máximo, pois ele é mais velho então sempre serviu de espelho, porem ela começou a fazer muita coisa errada por influência dele. - Explica a advogada.
- E isso refletiu na relação de vocês dois? - Pergunto.
- Não, qualquer coisa que tínhamos para resolver, era esclarecido na hora e tudo ficava bem. - Me conta a tia.
- Em relação a sexualidade do seu sobrinho, o fato dele ser gay assumido, isso interferia na relação de vocês dois? - Pergunto deixando a mulher desconfortável.
- Não ele, a única coisa que me incomodava era o fato dele ser muito chamativo, ele poderia ser mais discreto, porém ele escolheu o caminho mais difícil. - Respondeu com frieza se perdendo no pensamento.
- Qual era a ligação do Pedro com a avó Materna, a dona Josefa?
- Ele não tinha relações com ela. - Respondeu com raiva
- E a sua? - Pergunto.
- Não existe relação também. - Responde ficando calada.
- Por conta dessa história? - Falo e mostro o depoimento dela.
Resumo do depoimento da Marta referente ao caso da morte do Antônio no ano de 1995
"Desde pequena nunca tive uma boa relação com a minha mãe, meu pai sempre foi o meu herói, cresci vendo os dois brigarem, meu pai só queria carinho e ela nunca dava, eu e minha irmã vivíamos na casa da Dona Nanci, pois estudávamos com a filha dela, minha mãe sempre mentiu sobre meu pai, dizia que ele não gostava dela, que tinha outras mulheres na rua e que só maltratava ela, mas de repente ela aparece grávida dele, grávida de um menino, um invertido, tanto o meu pai quanto eu e minha irmã não concordamos sobre a escolha dele em querer ser uma menina, ele inventou que meu pai havia traído a minha mãe, conseguiu tirar meu pai do sério a ponto de fazer ele pegar a arma para acabar com as mentiras contadas para a minha mãe, meu irmão morreu e meu pai foi preso, e eu e minha irmã não vamos nunca perdoar minha mãe, tudo isso que aconteceu foi culpa dela e do meu irmão, meu pai não deveria estar preso e sim minha mãe"
- Tudo isso é verdade, meu pai não deveria ter sido preso e sim minha mãe, ela sempre foi culpada de tudo. - Marta nos conta com raiva.
- Mas o seu irmão era gay e você se referia ele de maneira pejorativa, chamava ele de invertido, você não aceitava ele não é mesmo? - Júlia questiona deixando a mulher ainda mais nervosa.
- Não, eu não aceitava ele, aquilo era uma vergonha para a nossa família, foi certo o que meu pai fez com ele! - Marta esbraveja sem pensar
- Então você assume que seu pai foi responsável pela morte do seu irmão? - Julia continua.
- Isso ninguém precisa assumir porque todos já sabem. - Reponde de forma irônica.
- Mas se o seu sobrinho também era gay, sendo assim ele seguindo essa sua forma de pensar era uma vergonha para a família? - Pergunto deixando a mulher desconcertada.
- Sim! - Ela me responde de cabeça baixa.
- Então você acredita que ele deveria ter morrido? Por ele ser gay? - Pergunto.
- Não, eu preferia ele vivo sendo gay que morto, nós não se dávamos bem, mas eu amava meu sobrinho e tudo que eu podia fazer para proteger ele eu fiz, mas não foi o suficiente. - Ela me responde chorando.
- Então, por que você considera ele uma vergonha para a sua família? A vergonha era maior que o amor? - Pergunto.
- Porque não havia problema nenhum ele ser gay mas também não tinha necessidade de ser um gay tão espalhafatoso, não precisava ficar de safadezas com outro homem no meio da rua. - Ela responde de maneira ríspida.
- Entendo. - Respondo tentando não surtar com o pensamento preconceituoso da mulher.
- Ele sabia que tinha um irmão gêmeo? - Pergunto surpreendendo a mulher.
- Como é que vocês sabem disso? - Ela me pergunta.
- Dona Marta quem faz as perguntas aqui somos nós - Informa Tônia.
- Mas eu posso responder, somos policiais e temos acesso a algumas informações e essa para nós é essencial de saber - Respondo sendo curta e grossa.
- Ele não sabia do irmão porque nem nós sabemos o paradeiro dessa criança e nos nunca contamos nada para ele. - Ela responde seca.
- Mas há alguma possibilidade dele saber sobre esse irmão ou desse irmão saber a verdade. - Júlia questiona.
- Ele pode até ter por causa da Josefa, mas do jeito que ele era já tinha vindo confrontar a gente e o outro menino nunca tivemos notícias sobre ele. - Ela conclui.
- Você me disse a cima que ele não tinha contato com ela, como ela poderia falar algo para ele? - Júlia Pergunta.
- Nos não deixamos nossos filhos chegarem perto da mulher que destruiu a minha família, mas infelizmente não conseguimos mais fazer com que ela nos deixasse em paz. - Marta esbraveja.
- Então há possibilidade da sua mãe está de volta na vida dos netos? - Tônia pergunta.
- Sim mesmo com a medida protetiva que temos contra ela é bem provável que ela foi atrás dele. - Ela responde de cabeça baixa.
- E porquê você acha isso? - Pergunto.
- Pedro nos últimos meses vinha fazendo muitas perguntas sobre a avó e ele nunca quis saber dela. - Ela me responde convicta.
- E vocês falavam o quê? - Tônia questiona.
- Que não tínhamos nenhuma notícia sobre ela. - Ela responde como se fosse óbvia a resposta.
- Entendi - Tônia fala deixando transparecer a desconfiança.
- A senhora sabe quem pode ter feito isso com o seu sobrinho? - Pergunto
- Não, pois se eu soubesse já tinha informado vocês e não precisaria estar aqui. - Ela me responde de maneira irônica.
- Obrigada Dona Marta, você está dispensada, por enquanto, qualquer novidade eu aviso. - Falo entregando os papéis para ela assinar e abrindo a porta da sala.
- Qualquer coisa que precisar pode entrar em contato comigo. - Ela fala depois de assinar os papéis e saindo.
- O que você achou Helô? - Pergunta Tônia.
- Ela foi sincera em alguns momentos, mas ela é a nossa primeira suspeita como mandante do assassinato. - Aviso.
- Eu também acho, o depoimento dela de antigamente bate muito com e do hoje e a forma como ela fala em relação à sexualidade dele é preocupante. - Júlia acrescenta.
- Não podemos perder mais tempo, Júlia conseguiu registrar tudo? - Pergunto.
- Sim Helô - Júlia confirma.
- Tônia pode chamar o Sr. Luiz para depor - Peço a Tônia.
- Pode deixar! - Responde Tônia, saindo da sala.
O homem entra na sala com o semblante muito triste e estranho o fato dele ter vindo sem advogado, bem diferente da mulher, peço para ele se sentar e confirmar os dados com a Júlia para podermos começar.
- Ola boa tarde, senhor Luiz? Pode se sentar. - Falo.
- Isso, boa tarde! - Ele me responde se sentando.
- O senhor não vai quer ser acompanhado por advogado? - Pergunto
- Não quero que minha mulher aqui comigo e ela não ia aceitar outro advogado que não fosse ela ou minha cunhada, então para evitar brigas eu resolvi vim sozinho mesmo, conheço muito essas coisas então para mim tranquilo. - Ele me responde de forma calma.
- Um pergunta que eu tenho que fazer é: onde o senhor estava na noite em que seu sobrinho morreu? - Pergunto mesmo sabendo a resposta.
- Eu estava em um show na capital com a minha esposa, meu irmão e cunhada - Ele responde sem pensar.
- Você notou se o seu sobrinho sofria alguma ameaça, Bullying ou se ele praticava? - Pergunta Tônia.
- Creio que ele nunca fez nada contra alguém, nunca demonstrou nenhum comportamento agressivo, ele sempre se defendeu muito bem, mas nunca, atacou alguém gratuitamente. - Ele me responde convicto do que diz.
- Como era a relação de vocês? - Júlia pergunta.
- Sempre foi boa, nunca fui contra ele ser gay, muito pelo contrário preferia ele gay do que um viciado e ele sempre defendeu minha filha com unhas e dentes. Pedro sempre foi um menino alegre e de bom coração por isso eu duvido que ele tenha feito algo de ruim com alguém - Ele fala sorrindo.
- Pelo jeito você gostava muito do seu sobrinho né? - Perguntei
- Muito mesmo, ele sempre demonstrou muito carinho por mim e como eu não tive um filho homem ele fui um para mim, mas ele foi crescendo e se afastando da gente, mas é normal de jovem. - O Luiz fala começando a chorar.
- O senhor quer uma água? - Tônia Pergunta.
- Não, eu só quero que vocês encontrem fez isso com o meu sobrinho. - Ele diz ainda chorando
- É uma questão de honra. - Júlia Reponde.
- Ele sabia que tem um irmão gêmeo? - Pergunto deixando ele surpreso.
- Que eu saiba não, pois nos nunca tivemos notícia do outro bebê. - Ele responde incrédulo.
- Mas ele tinha conhecimento dessa história? - Tônia Pergunta.
- Não! Até onde eu sei nenhum de nos cinco contamos para ele. - Ele explica.
- Nós cinco? Quem são as pessoas que sabem dessa história? - Questiono.
- Meu irmão, minha esposa, minha cunhada, Dona Nanci que é uma amiga muito antiga da nossa família, mas contando com a minha sogra somos seis. - Ele responde triste.
- Vocês já tentaram achar o irmão gêmeo dele? - Pergunto.
- Eu e meu irmão tentamos a todo custo achar a outra criança, mas nunca conseguimos achar. Infelizmente. - Ele nos conta.
- O senhor acredita que de alguma maneira o outro gêmeo descobriu tudo e possa ter feito isso com o Pedro motivado por vingança? - Tônia o questiona.
- Olha sinceramente eu acredito que não, se ele tivesse que se vingar de alguém essas pessoas seriam minha cunhada e talvez meu irmão. Pedro não fazia ideia que tinha outro irmão sendo assim ele não podia ser culpado por algo que ele não tinha nem conhecimento. - Ele fala de maneira incisiva.
- Como era a relação dele com os pais? - Tonia Pergunta.
- Ele sempre foi muito genioso e minha cunhada também, então os dois viviam se estranhando e com o meu irmão ele sempre teve uma relação muito boa, eles tinham uma cumplicidade muito grande. As primeiras pessoas adultas que o Pedro contou sobre a sua sexualidade foram para o meu irmão e para mim. - Ele nos conta com um sorriso no rosto.
- E como vocês reagiram quando ele contou que era gay? - Júlia interroga o homem.
- Nós já sabíamos e só estávamos esperando ele decidir contar, então foi tudo numa boa, conversamos com ele sobre o mundo e como ele é violento e preconceituoso, mas que nunca iríamos virar as costas para ele e que sempre podia contar com a gente para tudo. - Ele fala deixando as lágrimas caírem.
- Vocês falaram sobre o tio dele? - Tônia Pergunta
- Não, porem tivemos muita vontade. - Ele suspira e responde.
- Por que vocês não contaram? - Pergunto.
- Porque aquele momento estava tão maravilhoso que não queríamos estragar contando uma história que trouxe tanto sofrimento e mágoa para a nossa família. - Ele explica.
- Entendo - Tônia Reponde.
- Esses são os depoimentos iniciais e ainda estamos levantando algumas informações e nessas pesquisas descobrimos que Pedro e Marta sua esposa discutiram recentemente em um restaurante, o senhor poderia me dizer o que aconteceu naquela noite. - Pergunto.
- Pedro e Marta sempre bateram muito de frente, formas de pensar muito diferente e nesse dia minha mulher falou algumas coisas sobre a minha filha e sobre o Michel que era o melhor amigo de Pedro e como eu já havia dito antes Pedro sempre defendeu muito minha filha por isso que eles acabaram discutindo. - Ele nos conta uma versão diferente da que foi contada pela mulher mais cedo.
- O senhor tem algum suspeito em mente, alguém que possa ter feito isso com Pedro? - Pergunto.
- Olha sinceramente eu não tenho nem ideia de quem possa ter feito isso com ele. — Ele nos informa triste.
- Bom senhor Luiz, por enquanto é só isso, qualquer nova informação que surgir entraremos em contato com o senhor, obrigado. - Falo me levantando e pegando os papéis para ele assinar.
- Se precisar podem me chamar, só peço que achem o culpado da morte do meu sobrinho e o façam pagar. - Ele também se levanta e nos cumprimenta.
- É nosso dever e obrigação, até qualquer hora. - Falo o levando na porta.
- E desse Helô, qual sua opinião? - Pergunta Tônia
- Ele foi totalmente sincero vi verdade em tudo que ele falou, da para vê a dor estampada nos olhos dele. Coloque ele sob leve suspeita - Informo.
- Vocês também notaram que ele contou outra versão sobre a briga da mulher com o sobrinho no restaurante? - Julia nos Pergunta.
- Sim, assim que ele terminou de contar eu pensei na mesma coisa. - Tônia fala.
- A única pessoa que pode confirmar uma das versões é a Tiana, pois ela que estava junto deles naquela mesa e só amanhã vamos ter a certeza. - Aviso lembrando elas.
- Quem vem agora? - Tônia Pergunta.
- A mãe! Júlia quando ela chegar me chame, vou estar na minha sala. - Falo saindo da sala.
VOLTANDO PARA A CASA DA DONA JOSEFA
NARRADOR POR MICHEL:
- Pelo amor de Deus Dona Josefa, continue. - Falo isso e minha barriga começa roncar de fome, roncar alto.
- Antes que eu continue, vamos almoçar, vocês devem estar com fome. - Dona Josefa avisa.
- Não sei se vou conseguir comer. - Tiana avisa.
- O tempero da vó é muito gostoso, duvido você não gostar. - O gêmeo fala.
- Tudo bem, eu vou tentar. - Ela responde se levantando e chamando a avó. - Vem vó, fique calma, pois eu preciso saber de toda essa história. - Tiana estende a mão para a Dona Josefa que logo se levanta.
Seguimos para a cozinha e olho para um móvel que está no meio do caminho e vejo que há algumas fotos, paro para olhar, uma lágrima está escorrendo do meu rosto, tem uma foto dos meus pais no dia que eles morreram e do lado tem uma porta retrato com uma foto que está eu, Tiana e Pedro na nossa formatura do ensino fundamental, agora choro mais ainda, Tiana se aproxima de mim e me abraça chorando junto de mim. Paro de chorar, ela também nos soltamos e percebo que o Lucas está chorando em silêncio de cabeça baixa, dona Josefa está na cozinha então não percebeu nada, vou até o primo da minha melhor amiga e o abraço, não sei porque fiz isso, mas sinto que ele precisa de um abraço, ele também estranha, mas retribui o gesto, é estranho abraçar ele, minha cabeça está confusa, logo ele se desfaz do abraço e agradece:
- Obrigado! - Ele fala.
- Não precisa agradecer, imagino que essa história virou sua vida de cabeça para baixo. - Respondo.
- Foi difícil entender que eu tinha um irmão gêmeo e uma família que me rejeitou. - Ele me responde de secando as lágrimas.
- Mas, por que será que meus tios não ficaram com você, mas resolveram ficar com o pedro? - Tiana pergunta também emocionada.
— Eles não resolveram ficar com o Pedro, eu os obriguei. - A avó dos gêmeos responde vindo ao nosso encontro.
- Como assim Dona Josefa? - Pergunto.
- Eu falo, mas vamos comer antes que esfrie. - A senhora responde nos pegando pelas mãos.
Entro na cozinha e percebo que ela é simples como todo o resto da casa, mas o que eu vejo na mesa faz os meus olhos brilharem, dona Josefa fez um verdadeiro banquete, tem arroz, maionese, farofa, salada colorida, bife grelhado, frango assado e duas jarras enormes com uma bebida que me parece suco, fico admirado, Tiana também.
- Podem se sentar e começar a se servir, a comida da vó é maravilhosa. - Lucas nos convida ja se sentando e se servindo.
- Lucas meu filho, primeiro as visitas. - Dona Josefa repreende o neto.
- Desculpa vó, é que eu to com muita fome. - Ele fala abaixando a cabeça e colocando o prato no lugar.
- Que isso, se eu sou sua prima e o Michel também, essa casa é da nossa avó portanto estamos em casa também sendo assim não há visitas, pode continuar se servindo Lucas. - Tiana fala pegando todos de surpresa.
- Você ta certa minha filha, a casa é simples mas é de vocês também. - Josefa concorda com a neta.
Todos se servem e fico em silicone esperando alguém falar algo, até que Tiana puxa o assunto anterior de volta:
- Como assim você achou o Pedro e obrigou meus tios a ficar com ele? - Tiana pergunta fazendo a avó respirar fundo.
- Já está mais que na hora de vocês saberem essa história. - A senhora responde.
- Então pode começar vó. - Lucas fala como se ja soubesse a história todinha.
- Depois da morte do seu tio, como eu ja havia falado eu fui afastada da minha casa pelas minhas próprias filhas, elas pensaram que eu não tinha mais contato com ninguém da cidade, porém eu e Nanci ainda nos falávamos em segredo e isso se estendeu por muitos anos. Pela Nanci descobri que elas haviam terminado o ensino médio, e que tinham começado a faculdade de direito, eu apesar de tudo estava muito orgulhosa com o caminho que as duas estavam tomando para a vida delas, o relacionamento delas com os namorados (seu pai e seu tio Tiana) estavam no auge do amor, cursaram a mesma faculdade juntos só que em cursos diferentes, os seis que desde sempre foram muito amigos, minhas filhas, meus gêneros, Rogério e Renata seus pais Michel, recebi as fotos da formatura, fiquei muito triste, eu havia começado a cozinhar para fora, vendendo Marmitex, mas depois de perder tantos momentos da vida das minhas filhas, dos meus sobrinhos tão queridos eu acabei entrando em depressão... - Ela é interrompida por Tiana
- Mas a senhora não foi atrás delas, para tentar conversar? Tentar uma reaproximação? - Tiana questiona.
- Eu fui diversas vezes, mas elas não queriam de jeito nenhum, compraram a história do pai e me odiaram, a última vez eu quase fui presa por está chegando perto delas, só não fui porque seu Tio não deixou, por falar no seu Tio, ele e seu pai sempre faziam questão de vim me visitar, os dois perderam os pais quando ainda eram crianças, Nanci pegou a guarda e nos duas criamos eles juntos dos nossos filhos, eles mesmo com a "proibição" imposta pelas minhas filhas nunca deixaram de me visitar, mas era só escondido. - Ela fala parecendo concluir.
- Desculpa ser indelicado, mas onde os gêmeos entram nessa história? - Pergunto.
- Logo após a faculdade Dóris foi para a nossa fazenda no interior alegando estar estressada e dizendo que precisava descansar, mas ela foi só, não quis nem a companhia do noivo, todos estranharam este fato e Nanci não satisfeita foi até a fazenda, quando ela chegou lá encontrou a Doris, junto com Renata e a Marta e uma surpresa, Doris estava grávida, mas passando muito mal pois havia feito um aborto, Nanci ficou desesperada mas foi convencida a ficar calada, todas voltaram juntas da fazenda, Doris inventou que estava gorda por conta dos medicamentos, aceitou uma bolsa internacional de estudo que havia recebido e foi embora... - Dona Josefa explica.
- Ela abortou, foi embora e o meu tio deixou? Que história mais estranha. - Tiana comenta.
- É ai que mora a mentira e que os gêmeos entra, respondendo sua pergunta Michel. - Dona Josefa responde e continua. - Ela voltou para a fazenda, sozinha dessa vez somente a Marta sabia de toda a história, ela não conseguiu realizar o aborto e por isso ainda continuava meio gordinha, usava até roupas mais largas para disfarçar a gravidez para que ninguém soubesse além da Marta, seu Tio Tiana não sabia nem que ela estava grávida, pois ela queria ter o filho e iria entregá-lo para a adoção sem que ninguém soubesse pois se o noivo descobrisse tudo iria querer ficar com a criança e ela não queria aquilo, dizia que filho só ia atrasar a vida dela. Passou cinco meses isolada no interior, só se comunicando com a irmã que logo descobriu que também estava grávida, mas diferente da irmã ela não conseguiu esconder do marido a tempo. Eu vinha observando as duas a muito tempo, uma funcionária da casa me contava tudo que ela ouvia e eu estava esperando o momento certo para agir, mas falhei, ela estava grávida de gêmeos e não sabia, quando viu àquelas duas crianças ficou ainda mais descida a entregar os bebês para a adoção, Pedro e Lucas nasceram prematuros, com sete meses, Marta não quis nem dar a primeira refeição dos dois, fez com que os funcionários entregassem as crianças na igreja sem deixar rastros, fez com que eles ficassem uns dias fora, se recuperou e voltou para a cidade como se nada tivesse acontecido dizendo eu a bolsa não tinha dado certo. Eu fiquei desesperada quando soube de tudo, juntei tudo que eu tinha e fui atrás dos meus netos. - Dona Josefa para de falar dando lugar ao choro.
NA MESMA TARDE NA DELEGACIA
NARRADO POR HELOISA:
Acabo meu almoço, é hora de interrogar os pais do Pedro, resolvo fazer como fiz com os tios, primeiro as mulheres e depois os maridos, ligo para o laboratório pedindo agilidade nos exames que foram realizados no corpo do Pedro, sigo com os meus pensamentos até ser interrompida:
- Helô, os pais do Pedro acabaram de chegar. - Tonia entra na minha sala me avisando.
- Colha as informações iniciais e mande a mãe para a sala de interrogatório e o pede para o pai aguardar. - Peço terminando de tomar meu café.
Chego na sala de interrogatório e a mãe do Pedro já esta aqui, sinto ela tensa, mas é compreensível, acaba de perder um filho.
- Boa tarde Dona Dóris. - Comprimento a senhora.
- Espero que você tenha boas notícias, pois talvez ela se torne boa. - Ela me responde de forma ríspida.
- Hoje começamos a colher os depoimentos e estamos esperando os resultados dos exames para ter mais informações. - Respondo também de forma ríspida.
- Vocês estão muito devagar. - Ela questiona.
- Estamos fazendo tudo o mais rápido possível, senhora. - Julia responde.
- Não parece. - Ela responde
- Pois a senhora não está aqui para nos questionar e sim ser questionada. - Tonia avisa perdendo a paciência.
- Meu filho está morto sujeita, eu posso falar o que eu quiser. - Esbraveja a mulher.
- Não pode não e a senhora como advogada sabe disso, isso aqui é uma delegacia e precisamos manter a ordem e tudo tem seu tempo, então nesse momento se limite apenas a responder as nossas perguntas. - Falo querendo de terminar a discussão que estava se formando.
- Isso não vai ficar assim! Vamos logo começar com esse interrogatório, podem fazer essas perguntinhas. - Desdenha a interrogada.
- Vamos deixar passar só mais essa porque entendemos o seu nervosismo, mas o próximo afronte a senhora vai sair dessa sala algemada. - Avisa Tônia.
- Dona Dóris sem mais discussões, o onde a senhora estava na noite do assassinato? - Pergunto.
- Na capital, com meu marido, irmã e cunhado em um show. - Ela responde seca.
- Como era a sua relação com o seu filho? - Pergunta Júlia.
- Boa. - Responde a mulher de maneira rápida.
- Bom não é isso que ficamos sabendo. - Tonia avisa.
- E o que vocês ficaram sabendo? - Agora quem pergunta é a mulher.
- Que vocês não se davam bem, que vinham brigando bastante ultimamente, que você não aceitava fato dele ser gay, entre outras coisas. - Tonia conta deixando a mulher sem graça.
- Isso é verdade, vínhamos discutindo por falta de compatibilidade de pensamentos e nenhuma mãe aceita um filho gay e essa é a realidade. - Responde a mulher.
- Mas a sua mãe aceitava e defendia o seu irmão, que era gay porque não seguir esse exemplo? - Pergunto deixando a mulher desconectada.
- O que essa mulher tem a ver com isso? Ela nunca foi exemplo a ser seguido, por ninguém. - Doris se exalta.
- Porque ela também era um dos motivos da sua discussão com seu filho. - Lembro a mulher.
- Eu tenho uma medida preventiva contrata ela, que faz ela ficar longe de mim, eu nunca iria permitir que meu filho tivesse contato com àquela mulher. - Doris fala inconformada.
- Mas a senhora acredita que ela nunca teve contato com os seus filhos? - Júlia pergunta.
- Como assim filhos, o que vocês sabem sobre essa história? - Ela nos pergunta nervosa.
- Indo atrás de qualquer coisa que falasse a respeito do Pedro, achamos alguns arquivos do hospital que a senhora estava grávida de gêmeos, mas só um voltou para os seus braços, procede? - Tônia questiona.
- Procede, vocês sabem onde está o outro bebê? - Ela nos pergunta apreensiva.
- Não! - Respondo.
- Então ele pode estar morto? - Ela me pergunta.
- Pode ser que sim, mas isso não faz parte da investigação, eu estou tentando achar o culpado pela morte do Pedro, não estou investigando a vida do seu outro filho até achar necessário para esse caso. - Explico.
- Então você sabe onde ele está? - Ela me pergunta nervosa.
- Não, mas se soubesse não falaria. Mas uma vez volto a falar que a senhora está aqui para responder perguntas. - Informo para a mulher.
- Vocês deveriam estar investigando minha mãe. - Ela tenta mudar completamente o foco
- E por você diz isso. - Falo entrando no jogo dela.
- Minha mãe é falsa e garanto que fez a cabeça do meu filho contra mim, por isso ele estava mais agressivo nessas ultimas semanas. - Ela nos conta.
- Mas como você pode ter certeza que o seu filho estava vendo a avó? - Tonia pergunta.
- Vindo da Josefa eu espero tudo, ela pode muito bem ter achado o meu filho e feito com que ele escondesse da gente para se proteger e ficar contra nos. - Ela fala tentando se esquivar.
- O que você está querendo nos dizer com isso? - Pergunto.
- Que a Josefa pode ter algo haver com a morte do meu filho ou até mesmo o bastardinho querendo se vingar talvez eu posso ser a próxima vítima. - Ela fala acusando a própria mãe.
- Você acredita que sua mãe seria capaz disso? - Tonia pergunta incrédula.
- Eu não tenho mãe! Mas sim, para se vingar de mim eu tenho certeza! E mais, pode ser que ela venha a tentar fazer algo contra a minha sobrinha e irmã também, vocês precisam fazer algo. - Ela nos pede.
- Como a senhora sabe nos não podemos fazer nada contra a sua mãe sem provas. - Julia fala perdendo a paciência.
- Em relação seu outro filho a quem você se refere como bastardinho, por que você pensa que ele tem alho haver com a morte do Pedro? - Tônia
- Inveja, porquê o Pedro foi criado pelos pais, com uma família de verdade, já ele deve ter sido criado em algum buraco. - Ela nos responde de maneira seca.
- Por que a senhora acha isso, tem alguma notícia ou contado com outro rapaz? - Tonia continua fazendo as perguntas.
- Não e nem quero saber, nunca quis nenhum dos dois, na verdade. - Ela fala de maneira seca e sem pensar.
- Então, por que ficou com o Pedro? - Pergunto.
- Fui obrigada pelo meu marido. - Ela responde.
- Então a senhora nunca gostou do seu filho? Se nunca o quis, pode muito bem ter mandado matar ele. - Tonia a acusa.
- Você meça suas palavras mocinha, eu nunca teria coragem de mandar matar meu filho, eu nunca quis ser mãe, fui obrigada a ficar com aquela criança para não perder meu marido e com o tempo eu fui me apegando nele, talvez tenha sido tarde de mais, porém eu nunca ia mandar matar meu filho. - Ela me responde emocionada de forma sincera.
- Porque não foi atrás do outro? - Tônia questiona.
- Porque eu não queria aquelas crianças, a minha relação com o Pedro foi construída aos poucos e foi bem difícil, imagina com outra criança, não quero encontrar o outro, pois eu só tive um filho, qualquer outra coisa que aparecer não é meu filho. - Ela responde secando as lágrimas de forma seca.
- Ele já tentou contato com vocês? - Pergunto.
- Sim, mas eu cortei qualquer possibilidade de minha família ter alguma relação ou convivência com ele. - Ela fala.
- Entendo, se realmente o irmão gêmeo do seu filho tiver algo haver com a morte do Pedro, metade dessa culpa é sua. - Falo de maneira enfática.
- São atitudes e necessárias que tive que tomar para continuar minha vida, tudo sob controle, o meu controle. - Ela explica.
- E seu pai? - Tônia pergunta.
- O que tem ele? - Responde surpresa.
- Qual a relação dele com o seu filho? - Tonia continua.
- Nenhuma, combinei com o meu marido que meu pai não chegaria perto do meu filho e que Pedro nunca saberia que o avô está vivo. - Responde.
- Você acredita que ele pode ter alguma coisa haver com a morte do Pedro? - Júlia questiona.
- Não, ele nunca ira fazer isso com o próprio neto - Ela responde incrédula.
- Mas ele fez com o próprio filho. - Julia a lembra.
- Mas meu pai está completamente debilitado, impossível ele ter mandando matar o próprio neto nas condições que ele se encontra. - Ela defende o pai.
- Entendo. - Julia concorda.
- A senhora notou algo estranho no seu filho nesses últimos dias? - Júlia pergunta.
- Não, ele nunca foi de falar muito comigo. - Ela responde triste.
- Alguma dúvida de quem poderia ter feito isso com o seu filho? - Pergunto.
- Não! Mas sei que Pedro tinha alguns desafetos na cidade. - Ela responde tentando lembrar.
- Quem, por exemplo? - Pergunto.
- Ele já bateu de frente com o Prefeito, com o pastor da nossa igreja, esses são os que eu sei, pois, foram publicamente, mas se tem mais alguém eu não sei. - Ela responde.
- Na escola a senhora sabe de algo? - Júlia pergunta.
- Ele era protegido pela Maria que é diretora da escola então eu duvido muito que alguém brigava com ele dentro da escola. - Ela nos responde.
- Bom por enquanto é só isso, assim que tivermos novidades entraremos em contato e eu espero que a senhora faça o mesmo, boa tarde. - Aviso colocando fim no interrogatório da mulher.
- Tudo bem! Mas vou ficar na cola de vocês. - Ela nos diz em tom de ameaça.
- Se a senhora não mudar esse tom de voz e para com essas insinuações vai passar a noite em uma cela, bem pertinho de nós do jeito que a senhora quer. - Tonia avisa.
- Eu acho melhor a senhora ir embora, boa tarde. - Aconselha Júlia.
- Boa tarde. - Doris fala saindo da sala.
- Que mulher entojada é essa? - Tônia nós pergunta.
- Uma das advogadas mais importantes do país. - Júlia responde.
- Mas aqui ela tem que agir como a testemunha, não tem que ficar nos intimando a nada, sei que ela é mãe e deve estar sofrendo com a morte do filho, mas não posso permitir ela falar conosco dessa forma. - Aviso.
- Não está errada Helô. - Júlia conclui.
- Depois desse depoimento mais alguém para colocar na lista? - Tonia me pergunta.
- Doris e Marta por enquanto são as principais suspeitas de mandarem matar o Pedro. - Aviso.
- Por qual motivo você acha isso? - Júlia tenta entender.
- Por conta do passado delas, não só da infância das duas, mas a convivência com Pedro não era boa, e ja teve ameaças de ambos os lados, mas só vou poder concluir esse pensamento quando o pai de Pedro, o senhor... Rafael e prima dele Tiana deporem. - Explico.
- Mais alguém além delas? - Julia me pergunta.
- Precisamos encontrar o paradeiro do gêmeo do Pedro e do avô, preciso do depoimento deles. - Aviso.
- Vou tentar conseguir isso. - Júlia avisa saindo.
- Vou tomar um café e podemos começar a interrogar o Sr. Rafael. - Aviso.
- Vou começar a colher os dados para adiantar - Tonia me informa.
- Tudo bem, não demoro - Falo e saio da sala.
Retorno a sala e o Sr. Rafael já está me esperando.
- Boa tarde senhor Rafael. - Falo com o homem.
- Boa tarde. - Me responde.
- O senhor pode nos informar onde esteve na noite do assassinato do seu filho? - Pergunto.
- Na capital, em um show, acompanhado da minha esposa, irmão e cunhada. - Responde de maneira convicta.
- Ok, agora nos fale como era a sua relação com o seu filho. - Júlia pede ao homem sentado na sua frente.
- Era muito boa, mesmo eu sendo muito calado e não demonstrando muito eu sempre tive uma ótima relação com o meu filho. - Ele responde de cabeça baixa e triste
- Como você reagiu quando o seu filho disse que era gay? - Pergunta Tônia.
- Bem! Eu, ele e meu irmão tínhamos resolvido dar um passeio e durante esse passeio ele resolveu nos contar sobre a sua sexualidade, o que não era novidade para mim pois eu sempre soube mas respeitei o tempo dele, então não foi surpresa nenhuma. - Ele nos conta com clareza.
- Então você aceitou o fato do seu filho ser gay? - Pergunto mesmo desconfiando da resposta.
- Sim, nada mudaria o amor e o orgulho que eu sentia por ele, eu apenas expliquei para ele que o mundo não era um lugar muito bom e que nem todas as pessoas iriam lidar com aquilo de uma forma boa e tranquila mas que sempre eu estaria ao lado dele dando todo amor e apoio possível, meu irmão disse a mesma coisa. - Ele me responde emocionado.
- Em algum momento alguém falou para ele do seu cunhado? - Pergunto.
- Não, nós nos prometemos a nunca contar essa tragédia para os nossos filhos. - Ele fala constrangido.
- Por que não contar um fato que aconteceu há muitos anos? - Tônia pergunta.
- Foi uma história horrível sobre a nossa família, então decidimos não contar nada para que os nossos filhos crescessem sem os fantasmas da família os assombrando. - Ele responde.
- Por isso vocês afastaram eles dos avós? - Júlia pergunta.
- Sim! Dona Josefa não pode chegar perto das filhas por motivos judicias e o Sr. Baltazar depois que saiu da prisão, foi morar na fazenda da família e nunca mais tivemos notícia dele. - Ele nos conta.
- Mas temos quase certeza de que Dona Josefa andou se encontrando com o seu filho nos últimos meses, será que ele também não encontrou com o avô? - Pergunto.
- Eu nunca soube que meu filho estava encontrando com a avó, mas mesmo que ele estivesse para mim não teria nenhum problema, pois eu sempre me dei muito bem com ela a questão é as filhas que compraram a versão do pai e resolveram ficar contra a mãe, eu não, eu sempre defendi minha sogra! Agora em relação ao meu sogro eu acho muito difícil, já que dá última vez que ele procurou o neto foi para atacar meu filho por conta da orientação sexual dele, mas eu não deixei nem o velho falar com o garoto e proibi que minha esposa entrasse em contato com aquele homem. - Ele nos conta.
- Você acredita que o Pedro pode descoberto sobre o tio ou irmão gêmeo dele? - Júlia questiona.
- Se eles realmente estavam se encontrando é bem provável que ela tenha contado sobre o meu cunhado, pois nos últimos meses ele estava muito distante de mim e da minha esposa, mas acho difícil ele saber sobre o irmão, pois eu conheço o meu filho e sei que se ele desconfiasse de algo sobre essa história tinha vindo cobrar satisfação comigo e com a mãe. - Informa Rafael.
- O senhor tem alguma ideia de quem possa ter feito isso com ele ou sabia de alguma inimizade do seu Filho? - Pergunto.
- No dia do enterro dele os amigos mais próximos acusaram o Pastor, o treinador e o Prefeito de terem algo haver com a morte dele. - Rafael nos revela.
- E o senhor pensa que eles podem ter algo haver com a morte dele? - Pergunto.
- Até a hora do enterro não pensava em ninguém, mas a forma que o pastor se referiu ao meu filho me deixou incomodado e serviu de embasamento para o tudo que os amigos falaram, pensei que qualquer um dos três podem ter algo haver com a morte do meu filho - Ele desabafa.
- Por que acha isso? - Tônia pergunta.
- Pedro já havia discutido com eles publicamente. - Ele nos conta.
- Mais detalhes por favor - Peço.
- Com o pastor as brigas eram por coisas ditas pelo nosso líder religioso, basta olhar o que ele disse ontem sobre o meu filho, Pedro nunca concordou com as coisas ditas pelo pastor e sempre que eles se encontravam era uma briga diferente, houve uma vez que eles quase saíram no braço, Pedro falou alguma coisa para o pastor que ele não gostou e partiu para cima do meu Filho, só não fez nada porque eu não deixei, mas mesmo assim ameaçou meu filho dizendo que os dias de libertinagem dele estavam próximos de acabar. - Rafael conta.
- Com o treinador? - Tônia pergunta.
- O treinador sempre foi um homem muito preconceituoso e isso fez com que ele e Pedro nunca tivessem uma boa relação, Gabriel que é filho do treinador sempre foi muito amigo do meu filho mesmo o pai não aprovando a amizade dos dois. - Nos conta Rafael.
- E o prefeito? - Pergunto.
- Essa era a pior de todas! O prefeito cortou a verba da escola em relação aos projetos de artes e sócias que a escola tinha e meu filho era um dos responsáveis, Pedro não acho certo e nem justo e foi cobrar um posicionamento do Prefeito que foi extremamente grosseiro com meu filho que prometeu que não iria deixar com que o prefeito se reeleger no próximo ano, pois iria jogar toda a merda da família deles no ventilador... - Ele nos conta.
- E o que aconteceu? - Pergunto.
- O investimento voltou! - Ele conclui.
- Então o Pedro sabia realmente algo sobre o prefeito que pudesse fazer com que os eleitores desistissem de votar nele. - Penso alto.
- Exatamente! Eu nunca entendi isso direito, mas quando conversei com o Pedro sobre ele me pediu para ficar despreocupado com isso. - Rafael nós informa.
- Então o prefeito pode ter alguma coisa haver com isso! - Concluo.
- Eu também acho, ainda mais que ano que vem é ano de eleição e se realmente Pedro sabia de algo o prefeito pode ter matado o meu filho com medo de perder a eleição. Aquele desgraçado me pega! - Rafael esbraveja.
- Por favor não faça nada e nem fale nada, o prefeito vai ser convocado para depor e está na nossa lista de suspeitos, fique tranquilo. - Eu tento acalmar o homem.
- Até parece que vocês vão prender o patrão de vocês caso ele tenha algo haver com a morte do meu filho. - Ele fala triste.
- Nós não somos funcionarias dele e sim do estado. O prefeito vai ser investigado com todo suspeito e o senhor pode ficar tranquilo em relação a isso. - Eu explico.
- Espero mesmo que isso seja verdade. - Ele responde.
- Sr. Rafael há mais alguma coisa que o senhor possa falar sobre o seu filho, ou sobre mais alguém próximo dele que pudesse ter uma informação sobre a morte dele? - Tonia pergunta ao homem.
- Eu já dei uma lista de todos os amigos dele, fora isso eu realmente não sei mais de nada. - Ele fala voltando a chorar.
- Tudo bem Rafael, por enquanto é só isso mesmo, o senhor já está dispensado e qualquer novidade entraremos em contato. - Libero o homem.
- Eu espero ter ajudado de alguma forma. - Ele fala se levantando.
- Ajudou sim fique ciente disso. - Respondo.
- Até mais então - Ele fala saindo.
- Heloisa o que você achou? - Júlia me Pergunta.
- Que ele foi bem sincero e que o treinador, o pastor e prefeito acabaram de entrar na nossa lista de suspeitos e preciso que vocês marquem os depoimentos deles. - Ordeno.
- Pode deixar "chefa" tô indo fazer isso agora. - Júlia me responde saindo da sala.
- Tonia preciso que você ache os avós e o irmão dele o mais rápido possível. - Peço a Tônia.
- Pode deixar, vou pesquisar em todos os arquivos desta cidade. - Tonia fala saindo.
- Cada vez mais entra gente nessa história, eu espero que com o depoimento dos melhores amigos dele eu consiga achar um rumo. - Penso comigo mesma.
NA CASA DA DONA JOSEFA.
NARRADO POR MICHEL:
- Ela fingiu que ficou grávida por 7 meses sem ninguém desconfiar? Minha madrinha é completamente doida. - Falo dando uma garfada na comida.
- Sim! Mas ela não é doida, só não tem caráter mesmo. - Lucas responde com mágoa.
- Vó termina de contar por favor. - Tiana pede.
- Tentei de todas as formas achar seus primos, falei com o Rafael, mas ele com era de se esperar que não acreditou em mim, Doris mais uma vez utilizou de mentiras para me afastar da família e conseguiu, mas só depois de 1 mês que eu encontrei o Pedro e ele ainda estava no orfanato, pois não gostava que ninguém pegasse ele a não ser a cuidadora dele, isso fez com que todas as pessoas que iam adotar ele desistissem. Levei ele até seu tio que só assim acreditou em mim, fez sua tia ir ao hospital e confirmou que eu não estava mentindo e que ela esteve grávida de gêmeos, a explicação que a Doris deu é que não queria ter aquele filho, pois ela tinha acabado de se formar e que não podia ficar com uma criança que ia atrasar a vida dela, Rafael ficou transtornado, pois, ele nunca iria obrigar Doris a seguir com a gravidez se ela não quisesse, mas que ela podia pelo menos ter comunicado ele e logo em seguida ele avisou a sua tia que iria se separar dela e ficar com o filho e só por isso que ela resolveu ficar com Pedro, depois disso tudo seu tio me ajudou a procurar o outro bebê, mas já era tarde ele não estava mais em nenhum dos orfanatos que existem nessas redondezas. - Dona Josefa explica.
- Cacete! E como a senhora achou o Lucas? - Pergunto tentando entender essa história maluca.
- Não foi fácil! Mas apareceu um anjo na minha vida, na verdade, ele sempre esteve ali, Osvaldo que era nosso motorista descobriu que Doris estava fazendo doações generosas para um orfanato em São Paulo, ele conseguiu o endereço e me levou até lá e quando isso aconteceu Lucas já tinha 1 ano, mas eu nunca desisti de encontrar meu outro neto. - Ela fala olhando com carinho para Lucas que chorava e continua nos contando. - Assim que cheguei eu ouvi um choro muito parecido com o Pedro, era o Lucas e eu tinha certeza, pois os dois eram iguais! Descobri que Doris mandava o dinheiro para a diretoria do orfanato para que o Lucas nunca fosse adotado ou soubesse da sua história, falsificou documentos falando que Lucas tinha uma doença contagiosa, fez ele ficar isolado por 1 ano de todas as outras crianças, eu fiquei desesperada, não tinha dinheiro para tirar o menino dali e fiquei com medo de contar para o Rafael que havia encontrado ele, pois fiquei sabendo que a Doris não chegava perto do filho e que tinha dado uma surra no menino por bobagens que deixou marcas na criança. Pensei tanto até que lembrei da minha afilhada, Renata, foi ela que me ajudou a tirar o Lucas daquele lugar, combinou que iria pagar uma quantia maior do que a Doris pagava e levou o menino, Nanci e Rogério nos ajudaram a achar essa casa e nos esconder, sempre me mandavam dinheiro para ajudar nas despesas, pagaram a escola, os cursos, médicos e tudo que o Lucas sempre precisou eles fizeram, escondidos da Doris e foi assim que tentei salvar meus netos.
- E você salvou vó. - Lucas levantou e deu um beijo na testa da avó.
- A minha tia é demônio, como ela teve coragem de fazer tudo isso com o próprio filho? Pedro estava certo de não gostar dela. - Tiana esbravejou.
- To feliz que minha avó e meus pais não foram condizentes com essas atrocidades. - Falo com um sorrio no rosto.
- Meu padrinhos eram maravilhosos. - Lucas encheu a boca para falar deles, da mesma forma que Pedro fazia.
- Eles eram seus padrinhos também? Você os conheceu? - Pergunto impressionado.
- Os vi apenas duas vezes e depois no dia que eles morreram, mas eles sempre me ligavam e no me aniversario sempre me mandavam presentes. - Ele me responde triste.
- Você viu eles também naquele dia? - Pergunto ainda mais surpreso.
- Sim, antes de irem viajar passaram aqui e deixaram três caixas, uma para mim, uma para o Pedro e outra para você. - Ele se levantou e saiu da cozinha e volta com uma caixa.
- Ta trancada. - Tento abrir, mas é em vão, fico nervoso.
- Calma meu filho, a chave é o pingente que eles te deram, igual a esse. - Dona Josefa aponta para o pescoço do Lucas.
- Minha avó depois que eles morreram não me deixou mais usar ele. - Falo triste.
- Eu só comecei a usar o meu faz pouco tempo. - Ele fala tentando me confortar.
- O que tem dentro dela? - pergunto.
- Na minha tinha umas fotos, dessas pessoas que não sabia quem era até encontrar o Pedro. - Ele me responde entregando as fotos.
- Mas eu sei quem é, olha só Tiana. - Falo entregando as fotos para Tiana.
- É o Prefeito, o Treinador, o Pastor e o Edgar nosso vice-diretor, dentro de algum lugar que parece ser na escola. - Tiana começa a descrever a foto, e continua - Gente! Eles estão com drogas e bastante dinheiro.
- Porque será que meus pais estavam com essas fotos? - Pergunto.
- Eu acredito que tem alguma coisa haver com aquela reportagem que eles estavam fazendo sobre a cidade. - Dona Josefa fala.
- Sim, mas eu nunca achei nada sobre isso. - Falo.
- Pode estar dentro da sua caixa ou na do Pedro. - Lucas avisa.
- Você não sabia o que tinha na caixa do Pedro? - Pergunto.
- Não, ele não quis me contar, disse que era muito perigoso e que eu não deveria mostrar essas fotos para ninguém. - Lucas fala.
- Vocês acreditam que nessas caixas podem ter algo sobre a morte dos meus pais e sobre quem matou? - Pergunto.
- Provavelmente sim, lembra que depois que eles morreram invadiram sua casa, então pode ser que estivessem procurando algo que só os dois sabiam! - Dona Josefa me lembra.
- Verdade! Tanto que depois do que aconteceu minha avó contratou uns seguranças para andar comigo. - Lembro.
- Então tome cuidado e outra coisa vocês dois precisam achar a caixa do Pedro antes de alguém. - Lucas pede para mim e para Tiana.
- Pode deixar. - Eu respondo.
- Que loucura isso tudo! Mas pode deixar eu vou tentar achar a caixa do Pedro, mas antes vó me conta como meu primo achou vocês. - Tiana questiona.
- Quando Lucas fez 15 anos eu resolvi contar para ele toda a verdade sobre sua vida, de início ele ficou muito triste comigo, mas logo passou, porem ele ficou com uma ideia fixa de conhecer a família, e foi até a casa da Dóris, mas nada foi do jeito que ele imaginou. Doris logo tratou de levar o menino para longe e ameaçar ele dizendo que ela ia colocar ele de volta no orfanato ou na cadeia se ele chegasse perto da família dela mais uma vez, que por ela os bebês teriam sido jogados no lixo ou devorados por ratazanas, e informou que não ela não queria nem um filho imagina dois. Lucas voltou para casa arrasado e amedrontado e prometeu para ele mesmo que nunca mais voltaria naquela cidade. - Dona Josefa termina de falar, olho para Lucas e o vejo chorando.
- Meu deus do Céu! Cada coisa que descubro sobre a minha tia eu tenho vontade de matar ela, que ser humano desprezível. - Tiana confessa.
- E como o Pedro chegou até vocês? - Pergunto.
- Na verdade, eu fui atrás dele. - Dona Josefa fala.
- Como assim? - Tiana Pergunta.
Deixa que eu conto vó - Lucas pede começando a nos contar. - Alguns meses atrás nos estávamos passando por umas dificuldades aqui em casa, diversas contas para pagar, com pouca comida, o dinheiro que a dona Nanci mandava para nós só estava dando para pagar as contas básicas e a vovó quase não estava trabalhando, até o dia que decidir ir atrás da família que tinha abandonado e me renegado mesmo depois de grande e tudo aquilo que eu tinha direito, queria conhecer meu irmão, meus primos, e tentar fazer com que minha avó parasse de trabalhar, mas quando cheguei na frente da casa deles fui abordado por alguns homens que me amarram e me levaram para um depósito abandonado e me deram uma surra, gritando algo que eu não entendi direito, mas sei que eles me confundiram com o Pedro, depois que me bateram me levaram para a porta da sua casa Michel sua avó desesperada me mandou para um hospital na capital, eu perdi muito sangue e por causa das pancadas furei um pedaço do meu fígado, precisei de uma transfusão de sangue e de uma doação de fígado e como Michel não poderia doar por causa da anemia e nunca que a Marta iria deixar! Vovó pediu para a Dona Nanci marcar um encontro com ele e resolveu contar um pouco da nossa história, Pedro ficou transtornado e no começo não acreditou em nada, mas Dona Nanci logo confirmou tudo então Pedro decidiu ir para a capital, me conhecer e com a ajuda da sua avo Michel ele conseguiu fazer a cirurgia, ficou uma semana fora da cidade dizendo que estava resolvendo umas coisas da casa de vocês. Quando voltamos, nos pedimos para ele dar um tempo e também para ele não comentar nada com ninguém que depois tanto eu quanto a vovô iriamos contar tudo detalhadamente para ele, mas Pedro não quis saber, no dia seguinte ele estava aqui, sentando no sofá e ouvindo tudo que minha avó contou para vocês, ele ficou revoltado, queria ir embora de casa, mas nós o impedimos, pois, entrar em conflito com Dóris era muito arriscado, não sabíamos o que ela ira fazer. Depois desse dia ele passou a frequentar a nossa casa, ajudou a vovó com as despesas, me ajudou a arrumar um trabalho e se tornou meu melhor amigo. - Ele nos conta emocionado.
- Por isso ele fez aquela viagem repentina, mentiu para nós dizendo que iria vê nossa casa na capital, vagabundo. - Tiana esbraveja.
- Mas ele foi, me levou lá e me mostrou o cantinho de vocês, fiquei feliz que ele tinha amigos como vocês e ainda me disse que ia me colocar lá para morar com vocês. - Lucas fala rindo.
- Mas ele falou de nós? - pergunto.
- Da maneira mais bonita possível, nunca vi ninguém falar de uma forma tão apaixonada como ele falou de vocês, nos contou sobre as festas, as brigas, os amores, os frutos que não brotaram, me tentou colocar a par de tudo da vida de vocês ou pelo menos das coisas mais importantes. - Ele fala fazendo com que eu e Tiana começamos a chorar.
- Por que ele não falou de você para nós? - Pergunto emocionado.
- Preferimos não contar nada para a nossa segurança, seus pais antes de morrerem fizeram minha avó prometer que não iriam falar nada para ninguém sobre mim, que era muito perigoso, além do mais Pedro tinha bastante inimizade com algumas pessoas influentes na cidade, ele estava sendo ameaçado e tinha medo que alguém pudesse fazer algo com vocês e conosco para atingir ele. - Lucas fala apreensivo.
- Realmente ele estava bem cuidadoso nos últimos tempos, será que as pessoas que mataram seus pais são as mesmas que mataram o Pedro? - Tiana me pergunta.
- No caso, prefeito, o pastor, o técnico e nosso vice-diretor? As pessoas com maiores influências na cidade? - Pergunto.
- Sim, apenas eles tinham motivos para querer matar seus pais por conta das fotos, e o Pedro por causa dos afronte. - Tiana conclui.
- Ai que você se engana priminha, nosso avô também está vivo, mas ninguém sabe o paradeiro dele, meus padrinhos estavam tentando descobrir, mas morreram antes. - Lucas nos contas.
- Ou eles descobriram e colocaram em umas dessas caixas, eu estou ainda mais perdido. - Eu falo.
- Pode até ser. Mas agora que vocês estão sabendo tudo isso precisamos se unir para descobri, posso contar com vocês? - Lucas nos pede.
- Vai ser difícil não atacar minha mãe, mas vou tentar me conter e vou ajudar no que for preciso. - Tiana responde o primo.
- Eu to com vocês para o que der e vier! Sempre. - Falo.
- Pedro estava certo quando disse que vocês eram as melhores pessoas do mundo. - Ele fala vindo nos abraçar.
- Você tem alguma ideia por onde começar ? - Pergunto.
- Acredito que devíamos começar pelas caixas, na minha tem essas fotos e um endereço de e-mail, mas não tenho a senha, é bem provável que na caixa de vocês tenha mais alguma coisa. - Ele me fala.
- Verdade, mas o meu pingente está em casa, minha avó não me deixa andar com ele. - Aviso.
- Então você deve levar essa caixa para a sua casa com segurança e de não deve comentar isso com a sua avó, pode ser perigoso para ela. - Dona Josefa ordena.
- Pode deixar. - Digo.
- Vocês não tem nenhuma ideia de onde está a caixa do Pedro.? - Ele nos pergunta.
- Fazia um tempo que ele não usava o pingente dele e eu nunca vi essa caixa na casa dele e olha que eu conheço o quarto dele todinho. - Tiana responde.
- Essa caixa é a primeira vez que eu vejo essa caixa. - Eu respondo.
- Temos que encontrar - Lucas fala.
Olho meu celular e noto que minha avó mandou uma mensagem a pouco tempo atrás dizendo que a Tia Marta estava doida para falar com a Tiana e que nos deveríamos voltar:
- Menina temos que ir embora - Falo levantando e indo mostrar a mensagem para minha amiga.
- Eu quero eu minha mãe se lasque. - Ela responde jogando meu telefone no sofá, brava.
- E eu quero continuar com o meu celular, então se acalma garota. - Falo indo abraçar Dona Josefa. - Muito obrigado pelo almoço estava tudo uma délica.
- Eu fico feliz que você tenha gostado, espero você aqui mais vezes. - Ela fala retribuindo meu abraço
- E você mocinha tente ficar calma, ninguém pode desconfiar que vocês sabem de nós. - A senhora fala indo até à neta.
- Eu vou tentar vó, obrigado pelo almoço. - Ela fala apertando avó.
- Sempre que quiser me vê, venha até aqui, pois a casa é simples, mas também é sua. - Dona Josefa avisa a neta.
- E você mocinho, se cuida e não aparece mais lá não viu é muito perigoso. - Falo abrancando Lucas.
- Pode deixar, se cuida você também - Ele fala retribuindo o abraço.
- Tem um espacinho para mim? - Tiana pergunta para nós dois.
- Tem sim priminha - Lucas fala abrindo os braços.
- Eu queria ter te conhecido de outro jeito meu primo. - Tiana fala agarrada no primo.
- Eu também, pode ter certeza. - Lucas responde.
- Vamos Tiana, vou achar um Uber para nós. - Aviso.
- Eu levo vocês de carro. - Lucas no informa.
- Você tem um carro? - Pergunto surpreso.
- É o carro do meu trabalho, mas posso usar para levar vocês. - Ele nos conta.
- Mas você sabe ou pode dirigir? - Tiana pergunta.
- Sim e não! - Ele responde rindo.
- Eu prefiro ir de Uber é mais seguro. - Falo
- Tudo bem, só não some, nenhum dos dois - Ele fala meio triste.
- Não fica assim, agora que a gente se conheceu não vamos te deixar nunca - Falo voltando a abraçar o menino dessa vez ainda mais forte.
- Obrigado e se cuida viu. - Ele fala me apertando.
- É isso mesmo, se você precisar é só gritar. - Tiana fala.
Lucas até tentou me convencer a deixar ele nos levar, mas achamos mais seguro pedir um Uber mesmo para ir embora. Durante todo caminho eu e Tiana viemos em silêncio tentando entender tudo que estava acontecendo com a nossa família, descobrir que o acidente dos meus pais amigo, podem ter alguma relação é demais para mim, eu só queria que tudo isso fosse um grande pesadelo.
NARRADO POR TIANA:
Parece que a viagem de ida foi mais rápido que a volta, eu não conseguia acreditar que minha família poderia ter tanto segredo ruim dentro dela. Perdida nos meus pensamentos só percebo que eu cheguei na minha casa por causa do Michel:
- Ei amiga chegamos na sua casa! - Ele me avisa me tirando do transe.
- Nossa eu nem percebi que já estávamos chegando, para mim essa volta foi uma eternidade. - respondo.
- Seja forte e paciente, tente achar algo que possa nos levar a caixa do Pedro. - Ele me pede.
- Não sei se vou conseguir e pelo jeito os quatro estão aqui. - Falo apontando para o carro dos meus tios parado na frente da minha casa.
- Você quer ir lá para a minha casa? Amanhã vamos depor mesmo. - Michael me pergunta.
- Não posso, minha mãe quer conversar comigo justamente por causa do depoimento, mas eu não quero que ela nem a minha tia me acompanhe. - Falo surpreendendo Michel.
- Porque você não quer? - ele me pergunta.
- Depois de tudo que descobrimos você acha mesmo que eu quero falar sobre o meu primo com elas por perto? - Respondo devolvendo a pergunta.
- Minha avó contratou uma advogada se você quiser, ela te acompanha. - ele oferece.
- Ótimo! Vou descer que já estamos tempo demais aqui e vai dar bem cara sua viagem. - Falo saindo do carro.
- Até amanhã, te amo - Ele me fala.
- Eu também te amo, se cuida. - Respondo.
Entro na minha casa e vejo minha família jantando e a única a vontade que tenho é de cuspir tudo o que eu descobri na cara deles, mas lembro do pedido feito pelo meu primo respiro fundo e vou até às escadas sem a pretensão de falar com ele, mas sou interrompida:
- Onde você estava filha? - Meu pai me pergunta.
- Dando um rolê com o Michel. - Respondo sem olhar para eles
- Você não acha perigoso está andando por aí até esse horário garota? - Minha mãe pergunta de forma grosseira.
- Talvez o perigo esteja aqui dentro dessa casa. - Respondo sem pensar olhando para os quatro.
- O que você quer dizer com isso sua fedelha? - Pegunta minha mãe vindo para cima de mim, mas é contida pelo meu pai.
- Você sabe muito bem mamãe! Pai pode soltar ela, pois ela não vai fazer nada que nunca tenha feito. - Respondo.
- Como assim? Sua mãe nunca te bateu! - Meu pai fala não acreditando.
- Você nunca contou para ele né Marta? - Pergunto para minha mãe de forma irônica.
- Calada Tiana, você não estava indo para o seu quarto então suba, respeite minha dor. - Minha tia ordena.
- Sua dor? Você pensa que só você está sofrendo com isso tia? Cale a boca você. - Grito, antes de sentir meu rosto queimar.
- CHEGA! - Minha mãe grita ao dar uma tapa no meu rosto.
Quando penso em revidar meu pai se coloca na minha frente, me afastando da minha mãe, aproveito para subir e arrumar minhas coisas, não vou ficar mais nessa casa, ouço eles brigando lá em baixo.
- Você nunca mais na sua vida encoste um dedo na minha filha. - Meu pai grita com a minha mãe.
- Ela também é minha filha e precisa aprender a nós respeitar. - Ela grita mais ainda.
- Não é assim que se consegue respeito na base do grito, nós combinamos em nunca bater na nossa filha! - Meu pai lembra ela de um combinado que eles fizeram.
- Foi a primeira vez e ela mereceu. - Ela como sempre mente eu penso em voltar, mas lembro que quanto mais eu fico aqui, mas difícil vai ser sair por conta do toque de recolher que eles inventaram.
Separo apenas umas roupas necessárias e como dentro da minha mochila, enquanto estou arrumando as roupas encontro a chave da casa do meu pai e lembro que eu tenho um quarto lá e era para lá que eu vou, chego na escada percebo que meus tios não estavam mais lá e que meus pais não estão mais brigando o que não dura muito, pois minha mãe quando me vê com a mochila começa a gritar:
- Onde você pensa que vai uma hora dessa garota? - Pergunta minha mãe.
- Vou para a casa do meu pai, não quero e nem consigo ficar aqui com você. - Falo sem pensar.
- Você ainda é menor e tem que me obedecer, agora suba para o seu quarto que amanhã temos que ir à delegacia. - Ela ordena.
- Temos? Você já não foi hoje o que vai fazer lá amanhã? - Pergunto mesmo imaginando a resposta.
- Vou levar você como advogada. - Ela me avisa.
- Pode ficar despreocupada mamãezinha que o Michel vai me disponibilizar o advogado dele. - Falo de forma irônica.
- Eu não admito isso, eu sou sua mãe e vou ser sua advogada. - Ela grita ainda mais.
- Mas eu não quero que você seja minha advogada e agora por favor me da licença que eu quero sair. - Pedi.
- Você vai subir agora ou vou levar você pelos cabelos. - Ela me ameaça.
- Deixe a menina passar Marta, eu vou levar ela e fico com ela na minha casa sem problemas. - Meu pai pede de forma calma.
- Eu não vou admitir que você passe por cima da minha autoridade. - Agora a mulher grita com o meu pai.
- Não adianta gritar, eu sou o pai dessa menina e eu também não aguento mais ficar aqui com você dando show! Não parece que acabou de perder um sobrinho, mesmo você não gostando muito do garoto deveria respeitar a dor dos outros. - ela tenta retrucar, mas ele não deixa. - Eu ainda não terminei, todos nós estamos sofrendo, mas imagina a dor da nossa filha, ela perdeu o irmão dela, a pessoa que ela mais confiava e amava nesse mundo e mesmo você sabendo disso tudo não respeita e tudo quer transformar em briga? Eu juro que estou cansando, filha pode sair e me espera no carro por favor. - Ele termina de falar e me dá a ordem que eu obedeço sem hesitar.
- Você não pode fazer isso comigo, não agora, não me deixa sozinha. - Minha mãe pede.
- Liga para a sua irmã ela sempre esteve do seu lado, em tudo. - Meu pai fala indo me encontrar na porta.
- Desculpa por fazer vocês dois brigarem. - Peço entrando no carro.
- Você não faz nada, que sempre faz é ela e eu sempre deixei passar ou me calei, mas agora depois do que aconteceu com o meu sobrinho eu não quero mais vê você sofrer e não vou deixar sua mãe continuar fazendo certas coisas sem sofrer consequências. - Ele fala convicto, mas triste.
- Vocês vão se separar? - Pergunto.
- Não sei filha! - Ele me responde ligando e carro e partindo até a casa da família dele.
Assim que chego na casa a primeira coisa que faço é correr para o meu quarto tentar achar alguma coisa que possa ajudar com as caixas e lembro que o Pedro também tem um quarto ali vou até o quarto dele e tento abrir a porta, mas como era de se esperar está trancado, meu pai estranha toda a minha movimentação:
- O que você está fazendo aí minha filha? - Ele me questiona.
- Queria pegar umas coisas do Pedro que eu penso que estão nesse quarto. - Tento não mentir para o meu pai.
- O que seria e para quê? - Ele me pergunta não se dando por satisfeito.
- Umas coisa dele para eu colocar em um mural que a Maria vai fazer na escola e eu talvez aqui dentro possa ter alguma coisa dele que relacione com a escola já que quando ele tinha os eventos para organizar eu sei que ele sempre vinha fazer isso aqui! - Mesmo não querendo, minto para o meu pai.
- Pelo que eu sei a única pessoa que tinha a chave desse quarto era o Pedro, talvez a chave pode estar na casa dele e acredito que você vai ter que ir lá procura..., ou melhor, pode vê com o seu tio se ele sabe onde está a chave ou você pode pedir algo para ele do seu primo, acho bem mais fácil essa ultima opção que te dei. - Ele me aconselha.
- Depois eu falo com o tio sobre isso, ele deve ter uma chave da cópia também e outra não quero ir à casa da minha Tia. - Falo chateada.
- Você pode me explicar o que está acontecendo por que você está tão agressiva com sua mãe e sua tia? - Ele me questiona.
- Você sabe muito bem, mas agora eu não quero falar sobre isso! Amanhã eu tenho que ir à delegacia conversar sobre a morte do meu primo e isso é a única coisa que jamais imaginei na minha vida. - Falo me dirigindo até meu quarto. - Boa noite, te amo e mais uma vez me desculpa por fazer você e minha mãe brigarem. - Dou um beijo nele e entro no quarto, mas não de ouvir ele dizer que me ama e que tudo vai se resolver na medida do possível.
To aqui agora parada olhando para uma porta retrato que tem eu e Pedro mais uma vez pensando como é que vai ser daqui para a frente.
NARRADO POR MICHEL:
Já cheguei na minha casa e como era de se esperar minha avó está dormindo, gostaria de conversar com ela sobre tudo que eu descobri sobre nossa família, mas acho melhor não acorda-la e que amanhã eu converso com ela, to deitado e pensando no Pedro e no Lucas e o quanto eles são realmente parecidos a não ser pelas tatuagens e o cabelo, Lucas tem um ar misterioso e sedutor, a morte de Pedro me fez reacender desejos antigos, preciso dormir, pois, amanhã vai ser um longo dia, sei que não vou conseguir tirar os dois da minha cabeça e espero não voltar a ter os meus antigos sonhos. Que Deus me ajude.
NARRADO POR DORIS:
Deitada na minha cama estou tentando analisar toda essa situação sobre a morte do Pedro. Rafael quase não falou comigo hoje depois que voltou da delegacia e isso é estranho e só me tratou desta forma quando ele descobriu sobre os gêmeos, só foi até a casa da minha irmã porque o irmão que convidou. Pedro depois mesmo depois de morto não pode mais ser a razão das nossas brigas, nem depois dele ter morrido tenho paz com o meu marido. Ainda para piorar meu pai resolveu não atender mais minhas ligações e eu tenho certeza que ele dedo dele na morte de Pedro, eu estou cansada de ter que ficar limpando a bagunça dessa família.
NARRADO POR MARTA:
Estou sozinha na minha própria casa, fui abandonada pelo meu marido e filha por causa do Pedro que mesmo estando morto consegue rachar minha família no meio. Decido que não vou ficar sozinha e se eles saíram eu não vou ficar me castigando e já sei com resolver isso:
- Alô Edgar? - Ligo para ele que logo me atende.
- Pois não Dra. Marta, no que o posso ser útil? - Ele me pergunta em forma de deboche
- Estou sozinha em casa e sem mais pergunta venha agora até aqui e entre pela porta dos fundos. - Sou bem direta
- Mas como vou sair daqui e deixar Maria sozinha, ela infelizmente está sentindo muito com a perda do seu sobrinho. - Ele fala do outro lado da linha com se realmente se importasse com ela.
- Eu e você sabemos que tu não se importa com isso, mas se você não quiser vir ok, chamo os outros. - Falo ameaçando.
- Você não é nem doida, me espere aí que eu já estou indo. - Ele fala e desliga
Subo até meu quarto, me troco e encho a banheira até que eu ouço alguém batendo na porta dos fundos de minha casa, desço e abro e como é de se imaginar Edgar está ali com uma garrafa de vinho na mão, puxo ele para dentro, o apoio no balcão da cozinha e ali mesmo começo a transar com ele.
NARRADO POR LUCAS:
Olhando a minha foto com o meu irmão me perguntando como seria o dia de hoje se ele ainda estivesse vivo! Sei o quanto ele queria que Michel e Tiana me conhece-se e realmente ele estava certo: os dois são incríveis, bonitos e gentis e agora entendi o motivo dele ter se apaixonado pelo Michel, não posso julgar ele.
NARRADO POR MARTA:
Já estou indo para a segunda transa com Edgar, agora na minha banheira quando sou interrompida por um telefonema que recebo de uma pessoa que não deveria estar me ligando, não com a polícia me investigando, mas não posso recusar, mando Edgar sair que fica puto mais sai:
- Você não deveria estar me ligando, é perigoso. - Eu lembro ele.
- Quem manda aqui sou eu e eu sei o que estou fazendo, liguei somente para avisar que em poucos dias eu estou retornando para essa cidade. - Ele fala me deixando nervosa
- Você não pode fazer isso, não agora. - Falo
- Eu sempre comandei essa cidade de longe, mas devido aos últimos acontecimentos tenho certeza que preciso voltar e comandar tudo de perto. - Ele me informa.
- Não acho prudente. - Mas uma vez falo na tentativa de fazer com que ele mude de ideia.
- Você não tem que achar nada, mande limpar minha casa e avise para sua irmã que eu estou voltando. Quero um jantar com toda a minha família e como você sabe não gosto de ser contrariado e nem de falta de educação. Um beijo minha filha papai te ama. - Ele fala desligando o telefone na minha cara.
- Quem te ligou Marta? - Edgar entra no quarto me perguntando.
- Meu pai. - Falo nervosa.
- E o que ele queria? - Ele segue me questionando.
- Avisar que está voltando. - Falo.