Terça, 05 de dezembro dehoras da manhã.
NARRADO POR MICHEL:
Acordo com a cabeça doendo por conta da pancada que levei, percebo que estou no meu quarto e estranho, pois não me lembro como vim parar aqui, pego meu celular e encontro uma mensagem muito estranha: "para o seu bem e de quem você ama eu te imploro que você não comente nada com ninguém sobre o que aconteceu ontem, eu vou ir falar com você em alguns dias, mas até lá por favor boca fechada. Eu não sou o seu amigo e logo você saberá que eu sou." Não consigo acreditar no que estava acontecendo, como assim não era o Pedro? Tudo bem que ele estava diferente, mas era impossível não ser ele, tento mandar uma mensagem ou ligar para o número, mas não consigo, diz que o número não existe ou está fora de área então decido manter essa história comigo e vou tentar descobrir ela sozinho. Sou interrompido nos meus pensamentos pela minha avó, que me chama na intenção de me acordar:
- Michel meu filho acorda e vem tomar café. - Grita ela la dê baixo.
- Vou tomar um banho e já desço vó. - Aviso.
Durante o banho só me vem o Pedro na cabeça, hoje vamos enterrar o corpo dele ou era de algum que estava no lugar dele, pois não tem uma explicação para existir alguém tão parecido com ele e se eu não tivesse visto aquelas fotos eu teria a certeza de que meu amigo estava vivo, to confuso. Encerro meu banho e visto meu manto de velório, aqui na nossa cidade os velórios eram considerados importantes ao ponto de movimentar a cidade inteira e tínhamos que usar roupas elegantes!? Como terno e gravata, era uma espécie de costume que só uma cidade pitoresca com a nossa poderia ter. Termino de me arrumar, mas resolvo mudar a roupa para colocar a blusa que o Pedro tinha feito para a melhor noite das nossas vidas ficam apenas minha gravata para colocar isso era um ritual, pois sempre quem arrumava minha gravata era o Pedro. Desço com a gravata na mão, minha avó já estava me esperando para tomar café, dou um beijo nela e me sento ao seu lado em silêncio, até que ela fala comigo:
- Meu filho como você está? - Pergunta ela.
- Nada bem, ainda tentando entender o que aconteceu com o meu amigo vó. - Falo começando a chorar.
- Entendo meu filho, mas você tem que ser forte, por ele, e eu tenho certeza que ele não gostaria de te ver nesse estado. - Diz minha avó se levantando e vindo me abraçar.
- Eu sei, estou tentando, mas está difícil. - Falo secando o rosto.
- Coma alguma coisa. - Fala voltando ao seu lugar da mesa.
Começo a comer e lembro que preciso saber como voltei para casa e a única pessoa que poderia responder era a minha avó:
- Vó a senhora poderia me dizer como voltei ontem? - Pergunto.
- Como assim filho? Você não se lembra? - Perguntou ela quase engasgando.
- Ta tudo vem vó? - Levanto desesperado.
- Ta sim meu filho, eu não sei como você chegou, quando acordei você já estava em casa. - Ela fala sem olhar na minha cara.
- É que bebi ontem um pouco além da conta e acabei me esquecendo, deve ser por isso que acordei com a mesma roupa de ontem. - Minto para ela.
- Não gosto que você beba assim meu filho, mas ainda bem que você chegou em casa bem, vou recolher a mesa você ainda vai comer? - Ela muda de assunto.
- Não vou comer mais não vó só preciso terminar de me arrumar e que Deus me dê força. - Falo me levantando.
- Tudo vai ficar bem filho. - Avisa minha avó.
Subo as escadas pensando na conversa que tive minha avó e tenho certeza que ela estava mentindo, eu não bebi ontem e tinha esquecido a minha chave, ela sabe de alguma coisa e não quer me contar, mas vou descobrir.
NARRADO POR TIANA:
Já acordada e de banho tomado, agora arrumo meus cabelos para poder fazer minha maquiagem, minha cara está tão inchada, eu nunca chorei tanto nessa vida, parece que uma parte de mim, foi arrancada. Eu e Pedro sempre tivemos uma conexão muito forte e pensado bem ontem juro que vi um menino em um carro parado aqui na frente da minha casa e ele de alguma forma me lembrou o Pedro, mas quando desci para vê quem era a pessoa já tinha indo embora eu senti uma sensação estranha, mas deixei para la. Me visto com o vestido que usei com Pedro na noite que foi a melhor das nossas vidas e to aqui agora pensando quem vai dar o nó na gravata do Michael sendo que ele não sabe fazer isso, pois quem sempre fazia era o Pedro. Desço as escadas e encontro os meus pais sentados na mesa do café:
- Bom dia. - Comprimento.
- Oi meu amor, como você está? - Pegunta meu pai.
- Confusa, porém muito triste. - Respondo de cabeça baixa.
- Tudo vai se ajeitar minha filha, você vai vê - Minha mãe fala na esperança de me consolar.
- Não vai não, hoje estou indo enterrar o melhor amigo que eu já tive, a pessoa que iria sair dessa droga de cidade comigo e agora estou sem ele com uma dor enorme dentro de mim então garanto que algo vá melhor. - Respondo de forma grossa chorando.
- Me desculpe filha, eu estou tao perdida quanto você, Pedro era meu único sobrinho, eu e sua tia ficamos grávidas na mesma época. - Se desculpa minha mãe.
- Queria que você tivesse sido mais gentil com ele em vida mãe, tudo iria ser mais fácil. - Falo tomando um gole de suco.
- Eu agi da maneira que eu deveria, Pedro era meu sobrinho e precisava aprender a se comportar e ser mais educado. - Ela me responde.
- Você não percebe as coisas que fala e nunca mediu as suas palavras com ele, sempre tratou ele como uma pessoa que estava sendo acusada de algo. - Devolvo iniciando uma discussão.
- Eu deveria é ter proibido vocês de ficarem tão próximos, olha só o que você virou por conta da influência dele. - Ela fala batendo a mão na mesa.
- Chega vocês duas por favor, hoje o dia não vai ser fácil para ninguém dessa família e nos precisamos ficar unidos. - Meu pai nos pede.
- Impossível qualquer união com a sua mulher. - Falo.
Minha mãe ia falar algo, mas é interrompida pela campainha que toca, meu pai tenta ir, mas eu não deixo:
- Pode deixar que vou, deve ser a vó Nanci e o Michel falei com eles e decidimos vamos todos juntos. - Falo indo até à porta.
Mas quando abro a porta tenho uma surpresa, era uma senhora que eu nunca vi na minha vida:
- Olá Tiana, como você está grande. - Ela fala vindo me dar um abraço, mas eu me esquivo.
- Quem é você? - Falo de forma ríspida
- Sou sua avó materna, Josefa! - Ela fala de cabeça baixa.
- E o que você está fazendo aqui? - Pergunto a senhora.
- Vim enterrar meu neto. - Ela fala.
- Com qual direito você vem até aqui para enterrar uma pessoa que você nunca nem quis conhecer? - Eu pergunto ficando nervosa.
- Tiana por favor hoje não é dia. - Meu pai fala me reprendendo.
- Essa mulher nunca quis saber da gente e agora resolveu aparecer. - Falo revoltada.
- Isso não é verdade, eu sempre quis saber de vocês e seus pais sabem disso, mas hoje eu não vim para brigar e sim para me despedir do meu neto. - Fala entrando na minha casa.
- Como você vai entrando assim em um lugar que não é seu? - Pergunto vendo ela passar por mim.
- Essa casa é minha, não morri ainda. - Ela fala.
- Então eu saio. - Falo antes de ser impedida por ela
- Você não vai a lugar nenhum, eu não to com forças para discutir com você e nem quero. Você é minha única neta e eu sempre quis ter uma relação com você, sei que errei no passado, mas minhas filhas também erram e você não sabe de muita coisa, na verdade, só sabe o lado delas da história, mas depois conversamos sobre isso. - Ela fala vindo me abraçar, tento falar, mas não consigo.
- Me perdoe minha filha por favor, quando eu sentir que você está pronta eu te conto tudo sobre essa história. Devo imaginar como você está sofrendo com tudo isso sinto muito - Ela fala me fazendo chorar.
- Amo tanto ele que nem sei como vai ser daqui para frente. - Falo agarrada no melhor abraço da minha vida.
- Nem sei, mas temos que ser forte e precisamos ficar unidas por ele. - Fala minha avó.
Fico abraçada com ela ate a minha mãe vim ao nosso encontro, sinto minha avó ficando tensa:
- Olá Dona Josefa, eu estou admirada com o sua coragem em vim até aqui. - Fala minha mãe.
- Não podia deixar de vir enterrar um neto e vocês já me afastaram por muito tempo dele e da Tiana. - Responde minha avó enfrentando minha avó.
- Você não vai ficar aqui mesmo, pode saindo da minha casa sua velha maldita. - Minha mãe grita com a senhora.
- Chega Marta, essa casa é tão da sua mãe quanto nossa. - Meu pai se entromete.
- Esse é um assunto de família. - Minha mãe agora enfrenta meu pai.
- Não sabia que você não me considerava mais parte dessa família, Pedro nunca errou não é mesmo? - Meu pai questiona minha mãe e me deixa intrigada com o que ele falou sobre o Pedro.
- Agora não é hora para conversarmos sobre isso Luiz. - Minha mãe pede ao meu pai.
- Dona Josefa fique a vontade, pois como a senhora falou a casa é sua. - Meu pai fala para a minha avó.
- Eu vou subir, Dona Josefa fique a vontade. - Falo subindo a escada.
Não quero ouvir mais nada que eles conversam la em baixo, ligo para o Michel, mas ele não me atende, olho no relógio e percebo que ainda falta um tempo até a hora do velório, deito na minha cama e começo a pensar no que fazer da minha vida a partir de agora.
NARRADO POR MICHEL:
Já estávamos a caminho da casa da Tiana, é uma tradição nossa irmos juntos a todos os eventos da cidade, sendo eles bons ou ruins. Estou até agora pesando o que minha avó poderia estar escondendo de mim, nos nunca tivemos segredos, tudo está muito estranho
Assim que chegamos na casa da Tiana e quem nos atende é o Tio Luiz, entro e cumprimento os pais de Tiana e vejo que tem uma senhora junto deles, mas eu não a conheço, ela chega se aproxima me abraça:
- Meu Deus como esse menino está grande Nanci. - Fala olhando para a minha avó e me abraçando.
- Está um homem minha amiga. - Minha avó fala vindo até a senhora que me abraça.
- Que saudades de você Nanci. - Fala a mulher me soltando e indo abraçar minha avó.
- Eu também estava, triste saber que esse recontro só aconteceu por causa da morte do nosso menino. - Constata minha avó.
- Eu não quero ser indelicado nem nada, mas quem é você? - Pergunto para a senhora que me abraçou.
- Eu sou Josefa, avó do Pedro e da Tiana. - Responde me deixando chocado.
- Então o conheci a famosa Josefa, olha tenho que te falar que as histórias que me contaram sobre você, não foram muito boas. - Falo.
- Devo imaginar que minhas filhas não falaram bem de mim. - Ela fala olhando para tia Marta.
- Como a senhora está aqui dentro dessa casa? Seu nome é proibido aqui dentro, as suas filhas quase bateram no Pedro por sua causa. - Pergunto sem pensar muito.
- Como assim? - Questiona Dona Josefa olhando para a Tia Marta com raiva.
- Ele falou que queria encontrar com você para saber mais o que aconteceu antes dele nascer e porquê que a senhora nunca o procurou, mas a ideia não foi aceita por nenhuma de suas filhas, tia Dóris no meio de uma discussão chegou a dar uma tapa na cara do Pedro que só não saiu de casa porquê o meu padrinho não deixou. - Explico toda a situação.
- Isso é bem a cara da Dóris mesmo, resolver as coisas com agressão, ela e a irmã puxaram o pai. - Ela fala meio decepcionada.
- Eu não acredito que a Doris teve coragem de bater no filho dela, eu nunca levantei a mão para nenhum dos meus filhos. - Fala dona Josefa incrédula.
- Mas fez coisas piores né mamãe? - Pergunta Tia Marta de maneira irônica.
- Você sabe muito bem qual a verdade da nossa história. - Dona Josefa fala se exaltando.
- Joseja se acalme mulher se não vai acabar passando mal. - Pede minha avó.
- Seria uma dor de cabeça a menos para a nossa família, era você que deveria ter morrido naquele acidente. - Tia Marta grita com a própria mãe.
- Marta não fale isso nem de brincadeira, respeite sua mãe, mas principalmente respeite a morte de seu sobrinho. - Pede minha avó.
- Tudo bem dona Nanci, vou parar só porque a senhora está pedindo, pois, essa mulher não merece minha compaixão. - Tia Marta fala me deixando assustado.
Antes que eu consiga falar qualquer coisa Tiana desce da escada da maneira mais deslumbrante possível, ela sempre foi linda mais hoje ela estava impecável, está vestida com um vestido que o Pedro fez para ela usar na nossa primeira balada, juntos, mas tia Marta não curtiu muito:
- Vai para uma festa Tiana? Qual é o motivo de usar esse vestido? Nem parece que vai enterrar seu primo. - Questiona Marta.
- Realmente não consigo esquecer ou fingir que meu primo está morto, já que a cada 10 frases que vocês falam 9 são sobre a morte do Pedro. E vou usar esse vestido por que eu me sinto bem nele. - Fala Tiana terminando de descer a escada.
- Ainda estou tentando entender. - Marta avisa impaciente.
- Quem desenhou esse vestido foi o Pedro por isso ela está usando ele, isso é mais uma de nossas promessas doidas. - Falo indo abraçar minha amiga.
- Como assim? - Pergunta o pai da minha amiga.
- Esse foi o primeiro vestido que meu primo fez para mim, usei ele na nossa primeira balada juntos na capital e combinamos de nos despedir da escola usando a mesmas roupas na formatura, mas como ele não vai estar presente decidir usar hoje. - Explica Tiana.
- Exatamente e eu também estou usando a blusa que ele fez para mim. - Aviso.
- E pedimos para o tio Rafa vestir ele da mesma forma que nos. - Fala Tiana deixando os pais com caras de confusos.
- Vocês devem ter algum problema, isso é hora de pensar nessa coisas? - Questiona Marta.
- Eu queria saber porque a senhora está tão transtornada? - Pergunta Tiana com ironia.
- Porque essa mulher está dentro da minha casa e meu sobrinho está morto. - Tia Marta responde os gritos
- Você é doente mãe e cada dia tenho mais certeza disso. - Minha amiga fala enfrentando a mãe.
- Parem vocês duas, esse não é o momento para essas brigas. Michel vá para o carro com a Tiana e Marta se acalme e lembre que sua irmã está precisando da gente. - Ordena minha avó pondo um fim na discussão.
Faço o que minha avó manda e levo minha amiga para o carro, sentamos na calçada, ela deita no meu ombro e chora, ficamos em silêncio por pouco tempo até que resolvo falar com ela:
- Você tem que manter a calma com a sua mãe Tiana. - Peço.
- Eu? Ela que tem que parar de ser assim, ela sempre foi agressiva conosco Michel, porém hoje não vou abaixar a cabeça. - A menina fala tirando a cabeça do meu ombro.
- Eu sei bem disso, mas do que adianta essas brigas? - Pergunto paciente.
- Depois que o Pedro se assumiu gay ela passou a odiar ele, dizia que sentia nojo dele, ela acabou com a nossa história e quase acabou com a nossa amizade por preconceito eu não consigo mais passar pano para ela, não depois de tudo. - Ela fala olhando para horizonte.
- Eu te entendo, mas da mesma forma que a minha madrinha estava aceitando o Pedro sua mãe também estava disposta a mudar e sobre nós, acredito que foi o melhor a ser feito, não da forma que tudo aconteceu, mas penso que ela tinha razão em algumas coisas. E mais, não ataque sua mãe por causa do Pedro, talvez ela esteja sofrendo muito, pois Pedro foi morto e os dois estavam brigados. - Falo abraçando minha amiga.
- Você acredita que não ia dar certo nos dois juntos? - Disse com os olhos marejados.
- Você sabe que não, que por mim eu tinha enfrentado sua mãe e o mundo para ficar com você, mas nos ainda somos adolescentes não temos nem como nos sustentar, e você lembra como a nossa história começou. - Explico.
- Eu sei disso e me arrependo do começo, mas o pouco tempo que durou foi bom! - Tiana fala tentando se esquivar.
- Foi mesmo, mas chateamos pessoas que nos amavam muito, sei que é passado, mas não dar par esquecer isso, ainda mais agora sem o Pedro. - Desabafo.
- Mas Pedro entendeu o que aconteceu, e sempre torceu por nos. - Ela fala.
- Ele fez isso porquê gostava muito de nós, pois ele sempre colocou nossos sentimentos na frente do dele. - Falo
- Hoje não é dia para conversar sobre isso. - Ela me lembra.
- Verdade, fizemos varias escolhas, mas a pior foi você ter escolhido o Marco e me deixado depois que eu escolhi você. - Lembro minha amiga.
- Como fiquei quase dois anos com aquele moleque tendo você do meu lado? - Tiana me pergunta olhando para mim.
- Eu me perguntava isso todos os dias, mas acredito que já sabemos a resposta. - Respondo desviando o olhar.
- Eu te amo Michel me perdoa. - Tiana faz eu olhar para ela.
- Eu também te amo Tiana, mas não sei se do mesmo jeito de antes. - Respondo sendo sincero.
- Eu entendo e a culpa foi minha, se eu tivesse sido mais forte... - Fala te maneira tímida com a cabeça baixa.
- A culpa não foi só sua e você sabe disso, tu é uma das pessoas mais fortes que já conheci na minha vida, foi obrigada a virar uma mulher adulta antes da hora e talvez isso tudo tenha sido uma jogada do destino para mostrar que não era o nosso momento. - Falo levantando sua cabeça e abraçando.
- Obrigado por ser meu melhor amigo independente de qualquer coisa, te amo. - Tiana me abraça.
- Eu te amo. - Respondo abraçando ela.
Ficamos abraçados até que percebo que tem um carro na esquina da casa da Tiana, ele percebe que eu o vi, liga o carro e ao passa por mim abaixa um pouco o vidro e vejo que é o mesmo menino de ontem, o menino com o rosto idêntico ao do meu amigo. Saio dos meus pensamentos com uma coisa que Tiana diz que me deixa cada vez mais intrigado:
- Esse carro que acabou de passar estava aqui ontem parado na frente da minha casa. - Tiana me fala na maior naturalidade.
- Como assim? Tem certeza que era ele? - Pergunto sem acreditar.
- Acredito que sim, só não tenho certeza, pois quando desci para vê ele foi embora.- Tiana me explica.
- Que estranho! - Falo pensativo.
- Vou pedir para o meu pai aumentar a segurança. - Avisa Tiana.
- Ta certa. - Concordo.
- O que você achou dela? - Tiana me pergunta.
- Da sua avó? Estou completamente apaixonado por ela, ela é imponete, bonita, parace uma Deusa Negra. - Respondo.
- Eu também achei, mas ainda é estranho ter ela aqui comigo. - Tiana fala com um tom triste.
- Mas quando o Pedro pensou em ir encontrar ela você surtou e disse que não queria de jeito nenhum. - Lembro.
- Eu sei disso, mas não consigo acreditar que ela passou quase 18 anos longe da sua família. - Tiana me explica.
- Mas aconteceu alguma coisa muito séria entre ela e as filhas, pois elas tão se provocado com insinuações desde a hora que eu cheguei. - Conto.
- Ela ja chegou afrontando minha mãe, estou é com medo da minha tia quando descobrir que ela está aqui. - Tiana para pensar.
- Ela vai surtar e todos sabemos disso, mas acho melhor você não se meter para não piorar. - Aconselho minha amiga.
- Mas quero descobrir tudo que aconteceu para fazer minha mãe e minha tia odiarem a minha avó. - Avisa.
- Se precisar estou aqui e você sabe né. - Falo dando um abraço nela.
- Eu sei. - Ela responde retribuindo o abraço.
Somos interrompidos pelos adultos que estavam dentro da casa, fica decido que dona Josefa e Tiana vão comigo e minha avó, tia Marta não gosta da ideia, mas é contida pelo marido. Fomos o caminho todo em silêncio, vou ao lado da Tiana de mão dada a todo momento e cada vez que íamos chegando perto do cemitério ficamos mais nervosos e isso era nítido, deito minha cabeça com a da Tiana e seguimos. O carro para, essa é a hora de enfrentar a verdade, lembro que a última vez que passei por essas sensações de desespero foi no dia do enterro dos meus pais, mas agora olho para o lado e Tiana está assim comigo como da outra vez, olho para o outro lado e não vejo Pedro dou um passo para trás e entro em desespero, quero voltar para o carro mais sou impedido por Tiana:
- Calma Michel, respira e se acalma. - Ela me pede tentando me acalmar.
- Tudo voltou na minha cabeça, a última vez que eu estive aqui para enterrar alguém que amo foram os meus pais. - Falo chorando abraçado com ela.
- E como daquela vez estou aqui com você, e eu não vou conseguir entrar lá sem você. - Avisou Tiana chorando comigo.
- Não sei se consigo, não sem ele. - Falo e sinto um corpo colado no meu me abraçando.
- Sei que o Pedro não está aqui, mas estamos e vamos ficar juntos dando apoio um para o outro. - Renato fala enquanto me abraça.
- Ele que nos uniu e vai ser assim daqui para frente, juntos. - Joe fala enquanto abraça Tiana.
- Obrigado vocês são incríveis por isso que o Pedro quis vocês tão perto de nós. - Agradeço aos dois.
- Viu só, não estamos sozinhos. - Tiana pega em minha mão e segue junto comigo, olho para o lado Joe e Renato seguem conosco.
Entramos todos juntos e seguimos até que no meio do caminho encontramos as pessoas mais desagradáveis da vida, os filhos do satanás que não perderam a oportunidade de falar conosco:
- Os fracassados juntos enterrando o líder e como estão? Como vai ser daqui para frente? - Berenice nos pergunta com ironia.
- Vocês podem sair da nossa frente por favor? - Renato pede ignorando a pegunta da Berenice.
- Responde antes de passar seu estranho. - Paulo ordena.
- É sério que vocês querem arrumar confusão hoje? Não conseguem respeitar nem a morte de uma pessoa? - Pergunto incrédulo.
- Vamos é comemorar isso sim, seu amiguinho era só mais um viadinho que manchava a hora da nossa cidade. - Avisou Marco.
- Como vocês podem ser tão nojentos? - Pegunta Joe.
- Saim da nossa frente agora seu merdas antes que arrebente a cara de cada um de vocês. - Falo perdendo a calma e empurrando todos que estavam na nossa frente.
Meus amigos me seguem até próximo ao caixão, paramos e nos olhamos, ninguém estava com coragem de chegar mais perto, a dor e desespero começam a tomar conta do meu corpo, dou um passo para trás na intenção de voltar, mas sou surpreendendo com a presença do Gabriel, ele está com um olhar muito triste, sei que ele e meu amigo se davam super bem ainda mais nesses últimos dias por conta da festa de despedida. A minha única reação que tenho nesse momento é dar um abraço nele, mas penso que ele não estava esperando isso, pois agora chora de chegar a soluçar e começa a falar no meio do choro:
- Eu sinto muito por tudo que aconteceu com ele. - Ele me fala enquanto chora.
- Eu sei disso, agora se acalme e me diz como você está? - Pergunto.
- Eu não sei direito, eu sempre gostei muito do Pedro me afastei dele e de vocês, mas me arrependo tanto. - Fala voltando a chorar.
- Não precisa ficar assim, ele também sempre gostou de você, nós crescemos juntos, e o que pegou foi que você resolveu começar um relacionamento com uma pessoa que nos odeia e isso fez você se afastar, mas nem por isso deixamos de gostar de você, principalmente o Pedro. - Falo na esperança de acalmar o menino.
- Fico mais tranquilo em saber disso e te faço uma promessa aqui e agora vou te ajudar a descobrir quem fez isso com o Pedro e fazer essa pessoa pagar e também não vou mais me afastar de vocês. - Ele fala cuspindo na mão e me estendendo ela, essa era a nossa formar de firmar uma promessa quando éramos pequenos.
- Eu vou aceitar sua ajuda e você sempre será muito bem-vindo entre a gente. - Falo fazendo a mesma coisa e apertando sua mão e o abraço.
Gabriel vai cumprimentar a todos e volta a ficar na mesma posição que estávamos, sem saber o que fazer, se vamos até mais próximo do caixão ou se voltamos para trás. Renatao é o primeiro a tomar inciativa e vai em direção ao caixão, todos nos vamos acompanhando ele, paro em frente e começo a travar, Tiana pega em minha mão e fica junto de mim.
Olhar ele ali daquela forma foi tranquilo, pois eu não conseguia vê ele morto e sim dormindo, ele estava com um semblante calmo, vejo que ele está sem maquiagem e dou risada, pois sei que se ele soubesse disso iria entrar em surto, não consigo tocar ele, pego uma carta que estava no meu bolso, todos os nossos amigos também, era mais uma promessa nossa de que quando um de nós fossemos embora os outros teriam que escrever uma carta de despedida e foi isso que fizemos, saio de perto do caixão e me sento em frente a um pequeno palco onde seriam feitas as homenagens, os meninos se sentam ao meu lado, Tiana ameaça ir junto da família, mas resolve ficar junto de nós não trocamos mais nenhuma palavra, ouço somente o barulho das pessoas conversando e começo a lembrar do que escrevi na minha carta, acredito que todos estavam pensando na mesma coisa:
Carta de despedida - Michel
"Eu ainda estou sem entender muito bem o que aconteceu nesses últimos dias, ta passando um filme na minha cabeça e nele você vai embora e me deixa par trás, na verdade, você é arrancado de mim da forma mais cruel desse mundo.
Talvez você não saiba, mas tu sempre foi uma inspiração para mim, sempre te vi como um exemplo a seguir, você sempre me ensinou que eu nunca deveria deixar alguém mudar minha essência e a lutar por tudo que eu acreditava, você enfrentou o mundo para se libertar, sua mãe não te aceitou, sua família te renegou e as pessoas a sua volta te condenaram a morte e tudo isso por quê? Acredito que foi porque você teve a coragem de ser você, de não ter que viver escondido por conta de preconceitos, lembro do dia em que você me contou que gostava de meninos, fiquei sem reação na hora, mas depois parei para pensar e vi que isso não iria mudar nada na minha vida, na verdade, mudaria se eu tivesse sido contra você, pois iria fazer a gente se afastar. Você me ajudou a morte dos meus pais. Lembro de você chegando na minha casa machucado depois de ter contato para a sua mãe que era gay e a mesma ter te dado uma surra, nunca de vi tão triste como naquele dia. Acredito que passei a te amar ainda mais depois que você me contou que era gay, foi o nosso primeiro segredo juntos, na verdade aquele dia o que mais temos em relação a ele são segredos.
Você teve comigo nos momentos mais doidos da minha vida, quando meus pais morreram você ficou do meu lado a todo momento, não me abandonou pelo contrário só me fez me sentir bem, me acolheu da melhor maneira possível. Quando eu descobrir que ia ser pai entrei em desespero, sei que isso te machucou muito e eu me arrependo de ter feito você sofre, eu queria era você, mas você como um ótimo amigo quase me matou, só não me chamou de santo, ficou do meu lado quando descobrimos que a gravidez não foi para frente, você me defendeu do mundo com todas as suas forças enquanto eu não consegui impedir que te fizessem tanto mal.
Você sempre vai ser o melhor amigo da minha vida, foi com você depois de uma noite de confissões que dei o meu primeiro beijo da vida, pensei que depois disso, nossa amizade iria ir para o buraco, mas você como sempre contornou a situação, na verdade, eu que quase caguei tudo, foi ao seu lado que fui para a minha primeira balada usando RG falso, onde dei meu primeiro PT da história, com você que conheci a nossa até então futura casa na capital, foi do seu lado que dei meus primeiros passos, você me deu o primeiro pedaço de bolo do seu aniversário de 10 anos e eu do meu, foi você que me incentivou e me apoiou sempre em todos os momentos da minha vida e agora me sinto perdido em tudo. Não sei como vai ser daqui para frente sem você, mas vou fazer de tudo para realizar nossos sonhos.
Você sempre foi a estrela mais linda de toda à terra e agora vai ser do céu, te amo para todo o sempre e guarda um lugarzinho para mim que um dia a gente se encontra, obrigado por ter sido o melhor amigo da história, vou sentir muito a sua falta. Te amo do tamanho do infinito.
- Com amor do seu irmão de alma e coração Michael."
Tiana
"Estou aqui tentando escrever essa carta de despedida que inventamos, meio desacreditada da vida, das nossas vidas, sofremos tanto nessa cidade que pensei que esse ano tudo ira mudar e iríamos ser felizes juntos na nossa casinha na capital, mas você resolveu ir antes para outra dimensão, tenho certeza que fez isso para poder cuidar da gente com mais força e facilidade.
Como que vou seguir sem meu porto seguro do meu lado, a verdadeira paixão da minha vida sempre foi você, garoto tu tiveste coragem de enfrentar nossa família para ser você, me encorajou a fazer o mesmo. Errei muito com você e nem por isso tu me deixou, esteve do meu lado enquanto todos ficaram contra mim, também né imagina se você não tivesse me apoiado quem iria ser o padrinho do meu bebê? Quando tive que deixar ele ir você estava aqui do meu ladinho cuidando de mim, como um anjo.
Obrigado por me proporcionar as experiências mais loucas da minha vida, vou colocar meu RG falso junto desta carta, pois foi você que fez, to olhando para o cofrinho da nossa casa na capital e pensando que você me abandonou e agora vou ter que me virar para arrumar sua parte da casa, estou usando vestido da nossa primeira balada na capital que acabou no nosso primeiro PT, já experimentei e felizmente cabe, não tem necessidade de usar na formatura já que você não vai estar lá.
Espero que você realmente tenha perdoado a minha reação quando você me contou sobre sua sexualidade, perdoado a minha fraqueza perante a nossa família, mas você sabe que sempre foi o mais forte de todos nos, me perdoe também por não conseguir fazer nada para impedir que tirassem você da gente da forma cruel.
Você foi e sempre vai ser o maior ser de luz que eu já conheci na minha vida. Obrigado por ter sido o melhor amigo do mundo e me espera.
- Com todo amor desse mundo da sua prima, melhor amiga e irmã Tiana."
Joe
"Ainda me perguntando porquê aceitei essa ideia de carta de despedida, acredito que aceitei porque pensei que elas seriam trocadas na formatura e não que eu teria que escrever porquê você foi morto.
Esse foi meu segundo ano nessa escola e você desde o começo me acolheu e me tratou bem, talvez seja por isso que eu tenha me apaixonando por você, só lamento que você não tenha sentido o mesmo, mas tu sempre foi tão incrível que foi sincero comigo o suficiente para tentar não me machucar muito e eu te agradeço por isso, nos momentos que eu mais precisei de ajuda você estava ali me estendendo a mão, me defendeu de todas as pessoas ruins da escola, me tirou de um caminho obscuro no qual eu estava entrando, você foi incrível e eu te amo por isso.
Já sinto muito a sua falta, obrigado por me acolher, por me defender, por ter me aproximando dos nossos amigos, por ter sido meu amigo. Eu nunca vou me esquecer de você.
- Com todo carinho que possa existir, Joe."
Renato
"Por que fizeram isso como você meu bebê? To mais que desacreditado do mundo, se antes eu tinha medo de contar para as pessoas quem sou de verdade hoje tenho pavor.
Sempre te chamei de bebezinho por você ser mais novo que eu, mas a verdade é que você foi um irmão mais velho, quando cheguei aqui não sabia mais quem eu era, as mudanças foram tantas que eu me perdi completamente dentro de mim, não foi fácil tudo que passei e você antes mesmo de saber já fez eu me sentir bem e em casa, quando eu te contei fiquei com medo da sua reação e lembro que você apenas me disse que nada mudaria entre a gente, que você ia continuar sendo meu amigo independente de qualquer coisa e mesmo eu não te pedindo você me prometeu não contar nada para ninguém, ali naquele dia percebi que eu podia contar com você para tudo e foi assim desde então.
O que dizer da nossa primeira noite do pijama juntos, onde eu te maquiei pela primeira vez, onde te ensinei tudo que eu sabia, mas não gostava de fazer, naquela noite pela primeira vez eu me senti confortável a brincar de boneca, pois você era minha boneca.
Lembro como você ficou encantado ao conhecer meus amigos da capital na nossa fuga particular, lembro de você me defendendo dos meus progenitores e me fazendo vê que quem tinha perdido em me renegar foram eles e que eu só sai ganhando, pois, foi graças a tudo de ruim que eles me fizerem que vim para nessa cidade para começar uma nova vida e te encontrei, encontrei nossos amigos e eu sou tão grato ao universo por isso.
Não sei como vai ser daqui para frente sem você aqui, não sei se vou ter coragem de voltar a morar na capital sem você aqui para me defender do mundo, eu sou o mais velho, mas você que sempre cuidou de mim, obrigado meu amigo, muito obrigado.
A partir de hoje vou me deitar e levantar todos os dias sabendo que você está aí em cima cuidando de nos ainda mais forte do que antes e eu não vou descansar até descobrirem quem fez isso com você. Eu te amo.
- Com todo o amor e agradecimento que há no meu coração, Roberto."
NARRADO POR RAFAEL:
Olho para o lado e vejo os amigos do meu filho inconsoláveis, sei o quanto cada um deles foram importantes para o Pedro durante toda a vida dele. Dóris está ao meu lado, mas parece que a presença da mãe aqui está incomodando mais que a morte do próprio filho, ela tentou expulsar a mãe daqui, mas eu não permitir, pois, com a influência de Dóris e Marta, Luiz e eu aceitamos em não deixar minha sogra conhecer e conviver com os próprios netos, além de privar os mesmo de saber do segredo que assombra essa família. Mas a partir de hoje vai ser diferente, por Pedro tudo vai ser diferente.
Tomo a iniciativa de começar esse velório pois eu não estava mais aguentando essa tortura, faço o sinal para o pastor que inicia todo o ritual do velório, a partir do momento que o pastor começa a falar todos ficamos em silêncio e a única coisa que se ouve aqui é choros, de repente ele começa a falar umas coisa que começam a me incomodar:
- Agora nesse momento peço que todos em orem pela salvação da vida do Pedro que como todos dessa cidade sabiam ele vivia em constante pecado. - Ele fala, mas logo é interrompido.
- VOCÊ CALA A SUA BOCA PARA FALAR O PEDRO. - Michel grita partindo para cima do pastor.
- Você me respeite seu fedelho e eu sei o que estou falando, eu sou um escolhido de Deus e seu amigo era um pecador. - O pastor fala sem se importar com nada.
- Você sabe o que está falando é um cacete, desça dai agora e por favor se retire desse lugar, pois você não sabe respeitar a dor da minha família. - Eu tento acabar com a discussão.
- Mas sua mulher que me convidou, estou tentando salvar a alma do seu filho. - Ele me explica.
- Se ela te convidou eu estou desconvidando, não quero que isso aqui vire um circo ou um de seus cultos e outra coisa você não tem poder nenhum em relação as almas das outras pessoa. - Falo subindo no palco que tem aqui.
- Você vai se desculpar ainda comigo Rafael, mas agora vou deixar passar, pois, entendo que apesar de tudo que ele fazia de errado era seu filho. - Ele fala descendo do palco.
Eu penso em responder mas não quero ficar prologando esse assunto, não agora. Olho para as pessoas e vejo todos me olhando com pena, penso no meu filho, peço para Deus me dar forças e começo a falar:
- Bom dia, quero agradecer a todos por que estão aqui hoje para se despedir do meu filho, agradecer também por todas as mensagens de apoio que recebemos nos últimos dias, muito obrigado. - Respiro fundo mais uma vez e continuo - Quero deixar avisado que nem eu ou a minha família vamos deixar essa história em pune, vamos achar quem fez isso com o nosso menino e queremos justiça e alguém vai pagar por tudo que fez contra o meu filho, vou mover céus e terras para colocar quem fez isso com o meu filho atrás das grades. - Dou uma pausa, pois sou interrompido.
- Eu acho que a escola deveria ser a primeira responsabilizada por isso que aconteceu a esse menino. - grita uma voz no meio das pessoas.
- Mas podem ter certeza que vamos mover uma ação contra a escola, pois meu filho saiu de lá humilhado e... - Sou interrompido, mas uma vez, porém agora reconheço essa voz, era a Tiana.
- Eu tenho que dizer que o senhor e essa pessoa que não tem coragem de se mostrar estão errados, o que aconteceu com o meu primo na escola foi obra dos próprios alunos. Maria sempre defendeu Pedro dentro e fora da escola e acho muito injusto querer jogar a culpa nela, vocês deveriam suspeitar de pessoas que sempre ameaçaram meu primo publicamente, como o Prefeito, o Treinador e o próprio Pastor e não a Maria. - Tiana fala e volta a se sentar atraindo a atenção das pessoas e as fazendo com que todos fiquem eufóricas.
- Eu acho que aqui não é lugar para acusações. - Falo na esperança de conter os animos.
- Então ninguém deve acusar a Maria ou levantar falso testemunho a escola. - Desta vez é menino de cabelo azul que se manifesta.
- E nem essa menininha tem o direito de acusar um de nós. - O treinador se pronuncia
- Ela tem nome e se chama Tiana, ninguém tem o direito de acusar o outro até que tenha alguma prova e até surgir algo novo todos são suspeitos. - Gabriel fala.
- CHEGA!! - Ordena Dóris fazendo todos se calarem - e continuou - Vocês poderiam respeitar a dor de uma família por ter perdido uma pessoa importante, por favor vamos velar o corpo do meu filho em paz. - Ela termina de falar e se senta.
Decido me sentar e todos finalmente ficam calados, se passa quase uma hora quando o sino da igreja central bate e anuncia a hora de cremar o corpo do meu filho, isso era o desejo dele. Os amigos do meu filho em todos os momentos ficaram perto dele e isso foi muito significativo para mim e agora peço em silêncio para Deus receber meu filho de braços aberto.
A volta para casa está sendo sombria e silenciosa. Minha mulher quis ir brigar com a mãe, mas dona Nanci saiu e levou a amiga antes que Dóris pudesse arrumar uma confusão. Cheguei em casa e Dóris resolve tomar um remédio para dormir e eu decido fazer o mesmo pois amanhã vão começar os depoimentos sobre a morte do meu filho e mereço um descanso.
NARRADO POR TIANA:
Despois que cremaram meu primo e eu os meninos decidimos vim até a cachoeira para respirar um pouco. Meu tio aceitou o pedido de Pedro e guardou as cinzas dele para leva até a capital e deixar ele ser eterno por lá. Estamos aqui a tarde toda, minha mãe ja me ligou umas 10 vezes querendo que eu voltasse para casa pois está escurecendo então eu sugiro para os meninos para irmos para casa, todos concordam e Michel nos convida para irmos para a sua casa e mais uma vez todos nos aceitamos e seguimos juntos, minha mãe não gosta muito mas meu pai permite. Quando entramos na casa do Michel ouvimos vozes vindo da cozinha, resolvemos não fazer alardes para passar despercebidos, fui a última a subir mas antes ouço a voz da minha avó e percebo que ela estava apreensiva eu chego mais perto para tentar ouvir até que consigo:
- Nanci agora eles vão atrás do meu menino e eles não podem me tirar ele. - Minha avó fala desesperada.
- Mas eles precisam saber que ele está com você não da mais para esconder isso. - Dona Nanci aconselha minha avó.
Nesse momento Michel desce as escadas, mas peço silêncio e mando ele se aproximar para ouvir junto comigo e elas continuam:
- Sei disso tudo, mas ele odeia os pais e foi tão difícil para ele criar algum tipo de relação o irmão dele e quando eles começam a se dar bem o Pedro morre, ele está transtornado e disse que agora nada e nem ninguém vai impedir a vingança dele. - Minha vó fica cada vez mais nervosa.
Não consigo mais esperar e vou até elas Michel tenta me impedir, mas é em vão, elas ficam surpresas com a minha presença ali, mas eu não dou nem tempo delas pensarem:
- Que história é essa de irmão? Pedro? Vingança? - Pergunto fazendo às duas se calarem.
- Nenhuma das duas vão responder? - Pergunta Michel.
- Ja está na hora deles saberem - Dona Nanci fala.
- Elas vão me matar, mas eu não vou ter mais medo. - Minha avó fala.
- Elas quem? Vocês podem nos explicar o que está acontecendo. - Peço impaciente.
- Você tem outro primo que foi dado para a adoção, mas eu conseguir resgatar ele e agora ele já tem a idade se vocês. - Minha avó nos conta.
- Como é que é? Da onde surgiu esse menino? - Pergunto desnorteada.
- O nome dele é Lucas e ele é gêmeo idêntico do Pedro. - Minha avó responde me fazendo sentar no chão e perder o ar.
Olho para o lado e Michel está mais branco do que o normal, eu estou chocada com isso que a minha avó acabou de falar, mas eu não acredito:
- Como a senhora tem coragem de inventar isso nesse momento tão difícil? - Pergunto.
- Ela não está mentindo Tiana pode confiar nela. - Dona Nanci fala.
- E como nós não conhecemos ele ou nunca ouvimos falar dessa historia? - Michel pergunta.
Minha avó começa a falar, mas os meninos lá em cima fazem barulho e ela desiste:
- Quem está com vocês? - Dona Nanci pergunta.
- Os nossos amigos da escola, eu os convidei para dormir aqui. - Michel responde.
- Então acho melhor conversamos sobre isso outra hora. - Minha avó sugere.
- Eu não vou conseguir dormir com essa historia na minha cabeça. - Aviso.
- Vai ter que tentar minha filha, já é muito perigoso você saberem dessa historia. - Josefa nos alerta,
- Então vamos ligar para a tia Dóris e perguntar que merda de historia é essa. - Michel ameaça às duas.
- Se você fizer isso logo em seguida vá arrumar suas roupas, pois aqui você não vai ficar mais. - Agora dona Nanci que ameaça o neto.
- A senhora vai me expulsar de casa? - Michel pergunta incrédulo.
- Se você falar com qualquer um dos pais ou tios do Pedro vou sim. - Dona Nanci enfatiza a ameaça.
- Nossa o role é serio mesmo. - Michel fala se sentando.
- Amanhã você pode ir na minha casa que conto tudinho para vocês, mas somente amanhã. - Dona Josefa fala.
- Fazer o que né? Mas pode ter certeza Josefa que amanhã você vai me contar tudinho. - Eu aviso.
- Tudo bem, agora eu preciso ir embora. - Ela nos avisa.
- Eu vou pedir para que o meu motorista te leve. - Dona Nanci informa a amiga.
- Muito obrigado minha amiga. - Ela agradece levantando da mesa.
- Como vou saber onde você mora? - Pergunto.
- Meu motorista que vai levar vocês até lá. - Dona Nanci me avisa.
- Tudo bem. - Falo ainda tentando entender.
- Minha filha juro que amanhã tudo vai ser esclarecido. - Minha avó tenta me consolar.
- Até amanhã Josefa. - Eu falo sendo rude com a senhora.
- Até amanhã meus filhos. - Ela se despede dando um beijo na minha testa e na de Michel.
- O que você acha disso tudo? - Eu pergunto para Michel.
- Eu acredito que elas não estão mentindo, minha avó nunca falou desse jeito comigo e se falou é porque o assunto é serio. - Michel fala.
- Vendo por esse lado sua avó nunca foi de mentir para nós. - Eu lembro.
- Exatamente e outra coisa você mesmo disse que tinha alguém parecido com Pedro na frente da sua casa e pode ser muito bem esse irmão gêmeo dele. - Michel tenta achar uma lógica para essa historia.
- Tem isso mesmo, mas agora só a minha avó para explicar para nós isso tudo. - Falo e ouço o Joe nos chamar lá de cima.
- Eu acho melhor você subir e avisa que estou pedindo pizza para a gente comer e fazendo uns sucos. - Michel me pede.
- Tudo bem, não demora. - Eu falo e vou para o quarto do meu melhor amigo.
- Nossa o que aconteceu lá em baixo? - Joe me pergunta assim que entro no quarto.
- Eu e Michel estávamos conversando com a Dona Nanci e avisando que você estão aqui. - Falo mentindo.
- E ela quer que vamos embora? - Roberto me pergunta.
- Não muito pelo contrário, ela amou a ideia e ainda mandou Michel pedir pizza para nós. - Aviso.
- E qual sabor ele vai pedir? - Gabriel pergunta.
- Os mesmo de sempre é que você nunca ta aqui né. - Falo sem pensar e vejo o loirinho abaixar a cabeça, percebo que fiz merda.
- Ah tudo bem. - Ele fala se sentando no canto da cama de Michel.
- Me desculpa Gabriel, eu fui total sem noção agora. - Eu falo indo até ele.
- Eu sei que não foi proposital, eu imagino que essas reuniões de vocês sempre aconteciam e como eu me afastei de vocês... - Ele fala ainda triste.
- A gente cresceu e seguiu caminhos diferentes e tudo bem nisso, o que importa é o agora e agora você está aqui conosco e só para deixar claro os sabores não mudaram muito a único diferente é que nós pede sempre uma sem carne para os nossos amiguinhos que são vegetarianos. - Eu falo abraçando meu amigo.
- Você está certa. - Gabriel fala me abraçando de volta.
NARRADO POR MICHEL:
Acabo de ligar para a pizzaria e pedi os mesmo sabores de sempre, estou fazendo um suco. Minha avó acaba de entrar na cozinha e agora sim posso confrontar ele sobre o que aconteceu na noite passada:
- Ontem foi esse menino que me trouxe para casa né vó? - Pergunto.
- Sim meu filho, foi o Lucas, mas eu não podia falar nada. - Ela se explica.
- Vó a senhora não mentiu par mim nem quando os meus pais morreram, esse assunto deve ser realmente muito secreto e perigoso para a senhora não confiar em mim. - Eu falo chateado com ela
- Eu sempre vou confiar em você, mas a vida desse menino corre risco se muitas pessoas souberem da existência dele. - Minha avó me confidencia.
- Como assim? - Pergunto.
- Ele quase morreu espancado na última vez que ele apareceu e tanto eu quanto Josefa desconfiamos que a morte do Pedro e a surra que o Lucas tomou podem ter o mesmo mandante. - Minha avó fala bem baixinho.
- Mas os meus padrinhos? - Sigo perguntando.
- Eles não sabem que Josefa encontrou o garoto e nem podem saber, principalmente a Dóris. - Minha avó me avisa.
- Cada vez essa historia fica mais complicada e sem nexo nenhum. - Falo deitando a cabeça na mesa.
- Amanhã Josefa vai contar tudo para vocês e em nenhum momento duvide dela, tudo que ela vai contar para vocês é a verdade. - Minha avó me pede.
- Tudo bem vó acredito na senhora. Agora vou levar esses sucos lá para cima, por favor me avisa quando as pizzas chegarem. - Falo dando um beijinho na senhora e subindo a escada.
- Galera eu trouxe uns sucos! - Falo entrando no quarto e dando o suco para os meus amigos.
- Tua avó está tranquila mesmo conosco aqui? - Roberto me pergunta.
- Sim amigo, ela me falou que antes a gente aqui juntos e se animando do que na rua fazendo besteiras. - Falo sentando no chão do meu quarto.
Estamos conversando sobre vários assuntos aleatórios e minha avó me chama avisando que as pizzas chegaram. Pego as pizza e subo, comemos e vamos ajeitar as coisas para dormir. Vou para a cozinha poder tomar o meu remédio e volto para o quarto, mas percebo que Gabriel está no corredor olhando para uma foto, chego mais perto e vejo que é uma foto nossa de quando éramos pequenos, abraço ele e com é de se esperar o mesmo está chorando:
- Temos que tentar ser fortes nesse momento. - Eu falo na esperança de consolar o menino.
- Eu sei, mas eu to tão arrependido de tudo que fiz para ele. - Ele me conta chorando ainda mais.
- Eu também ficaria ainda mais depois daquela briga desnecessária que vocês tiveram, mas já faz tanto tempo, ele mesmo já te desculpou e vocês já estavam até se falando, tu ajudou ele com as festas da escola. Ele não tinha mais magoa de você. - Eu falo para ele.
- Mas acontecerem coisas que talvez você não saiba e eu sei que ele ficou bem triste comigo. - Ele me conta se sentando no chão.
- Ele ficou bastante chocado quando você contou sobre o seu namoro com o Berenice, mas isso foi antes da briga de vocês e depois disso ele ficava chateado quando a sua namorada falava alguma coisa para nos atacar e você nunca nos defendia e nesse ponto eu também fiquei bem chateado com você. - Eu falo sendo sincero.
- Mas uma vez peço desculpas para vocês, eu errei para um caralho com vocês e nos sempre fomos tão amigos. - Ele fala.
- Eu já falei que tudo bem, passou nós crescemos. - Falo abraçando ele.
- Ele falou alguma coisa de mim nesses últimos meses? - Ele me pergunta apreensivo.
- Nada muito relevante por quê? - Pergunto.
- Nada não. - Ele me responde triste.
- Vamos subir e tentar descansar? - Eu falo me levantando
- Vamos. - Ele se levanta.
Chego no quarto e vejo que todos já estão sentados cada um em seu cantinho, Tiana como previsto está deitada na minha cama, me deito a seu lado em silêncio, abraço ela e tento dormir.
NARRADO POR HANNA:
Estou indo até o depósito da minha família me encontrar com o meu amante. Chego e vejo que ele já me espera do jeito que eu mais gosto de ver ele, pelado. Não penso duas vezes e quando percebo já estou sentando nele e o questiono:
- Cadê a sua mulher? - Pergunto entre os gemidos.
- Tomou o remedinho dela e dormiu, temos a noite toda. - Ela fala me virando e me deixando de quatro.
- Agora que não tem mais Pedro podemos fazer isso todos os dias meu amor. - Eu falo.
- Pois agora você vai viver assada com tanto que vou te fuder. - Ele fala se posicionando atrás de mim.
- Então faça tudo aquilo que ela não faz. - Ordeno olhando para a cara dele.
- Pode deixar. - Ele fala socando com força.
Estamos quase gozando quando meu telefone toca, era uma ligação de Berenice, ignoro, mas logo recebo uma mensagem no grupo: "Precisamos conversar sobre a morte do Pedro, vamos nos encontrar no chalé da minha família daqui a 10 minutos e espero que todos apareçam. Ninguém quer que os outros descubram a verdade sobre o que aconteceu e ainda tenho que entregar o pagamento de vocês." Vejo essa mensagem e começo a quicar ainda mais no meu homem, aviso ele sobre a mensagem que recebi e ele fica ainda mais animado. Gozamos, eu me levanto, me arrumo e saio deixando ele ali.
Chego no chalé de Berenice atrasada e todos já estão me esperando. Berenice questiona meu:
- Qual o motivo do seu atraso? - Ele me pergunta.
- Não lhe interessa. - Respondo deixando todos surpresos.
- Não fale assim comigo garota. - Ela ordena.
- Não devo satisfação da minha vida para ninguém que está aqui. - Falo me sentando.
- Agora às duas vão começar a brigar? - Paulo nos questiona.
- Eu só não vou receber ordens de ninguém. - Falo.
- E quando precisar não vai ter nem ajuda lindinha. - Berenice me avisa.
- Eu quero que você se foda. - Informo.
- Que porra vocês duas, Berenice ande logo com essa historia. - Marco reclama.
- Aqui está o dinheiro de vocês equivalente a todos os serviços prestados nos últimos meses e vim também para avisar que a partir de hoje isso tudo aqui não existe mais. A ordem é para cada um seguir com a sua vida e nunca mais tocar nesse assunto. - Berenice informa.
- Mas não foi isso o combinado. - Paulo lembra.
- Ocorreram alguns problemas, por isso foi pago um valor 10% menor do que o combinado, mas daqui a algumas semanas vocês vão receber o que falta. - Berenice explica.
- Pode ter certeza que vou receber tudo mesmo ou você e quem manda em você vão cair. - Paulo ameaça.
- Você sabe que quem cai é você, eu sou filha do prefeito e você é filho de um bêbado sujo. Não quero ser ameaçada por ninguém. Podem ir embora já. - Berenice fala apontando para a porta.
- Espero que vocês não demorem para me pagar. - Marco sai falando.
Ligo para a minha mãe que não me atente, pois, deve estar dormindo, peço uma carona para Marco que aceita e me deixa na porta de casa. Entro e vou até o quarto da minha mãe e confirmo que ela está dormindo com o meu padrasto. Sigo para o meu quarto e guardo o dinheiro dentro do meu cofre e me deito para dormir.
NARRADO POR PAULO:
Chego em casa e meu pai está dormindo no sofá, com toda a certeza ele está bêbado, deixo ele do jeito que está e vou para o meu quarto. Escondo esse dinheiro em um lugar que só eu sei, abro meu celular e vejo que tem varias mensagens da menina que fiquei ontem, mas não quero falar com ela, estou é sentindo falta do Pedro e eu não quero sentir isso, tento dormir, mas não consigo. Ele sempre me vem na cabeça e agora estou excitado, preciso me aliviar. Abro a galeria e acho uma foto dele e começo a me masturbar pensando nele. Gozo de uma forma que eu só consigo quando ele está na minha cabeça. Vou me levar, me deito e penso que tudo podia ser diferente se eu tivesse mudado e assumido ele quando o mesmo me pediu.
NARRADO POR DÓRIS:
Rafael está dormindo, desço e vou fazer um telefonema:
- Alô, quero que você me conte tudo o que aconteceu com o meu filho, eu sei que você tem alguma coisa haver com isso e eu preciso saber. - Falo para a pessoa do outro lado da linha.
- Você só pode ser burra em me ligar, sua sorte é que meu telefone vai impedir que essa ligação fique registrada. Se você quiser saber o que aconteceu com ele sabe onde me encontrar, nunca mais me ligue! - A pessoa responde e desliga na minha cara.
Eu estava tentando evitar esse encontro, mas preciso entender tudo o que aconteceu com o Pedro, mesmo acreditando que ele merecia, pois, estava se metendo onde não devia, só espero que o Rafael fique na dele, se não vai acabar como o filho.