(Parte 1/5: Bob Carson)
A CARRUAGEM ESTAVA CHEGANDO A DALLAS, a nordeste do Texas. Assim que atravessou uma estreita garganta de paredes íngremes e altivas, foi brutalmente parada por um grupo bem armado. Eram bandoleiros chefiados pelo sanguinolento "El Diablo", um mexicano gordo de olhar gélido e intimidador.
Já com o cocheiro de mãos erguidas para o céu, o líder do bando ordenou que os passageiros saíssem da diligência, um por um. De dentro do veículo, não esperaram uma segunda ordem. Saíram de lá uma senhora apertando sua bolsa contra o busto, espavorida, e dois cavalheiros sendo um deles Johnny Wally, um almofadinha aspirante a pintor britânico, e o outro, um advogado de Austin.
Alguém do bando desmontou e foi ao encontro dos três viajantes. Era um rapaz altivo, cabeleira loura sob as abas marrons do chapéu de cowboy. Olhar profundo, azul, ríspido, semicerrado. A camisa entreaberta exibia as curvas sinuosas de seus músculos peitorais e abdômen como uma introdução ao seu corpo varonil.
Impressa na calça jeans justa e encardida, sua bunda carnuda movia-se com o andar resoluto das pernas. Afivelado à cintura musculosa, dois Colts nos respectivos coldres, dando-lhe ares de perigoso pistoleiro. Chamava-se Bob Carson, o celerado louro.
Caminhou até a senhora lentamente, estampando um riso zombeteiro no rosto de traços viris e lisos. Furtou-lhe a bolsa com um sacolejo! "Dá-me cá isso, galinha!" – e gargalhou depois, com o azul dos olhos a cintilar contra o sol forte do deserto. A mulher pôs-se a chorar baixinho, consolada por Johnny. Furtou o segundo viajante e finalmente chegou ao pintor inglês.
Olhou-o profundamente nos olhos, frigidamente. Johnny suspirou fundo, nervoso, medindo o bandoleiro. Por um tempo permaneceu estático, como imerso no azul oceânico dos olhos do jovem Bob. Tornou a si logo depois quando era percorrido pelas mãos rápidas deste outro que buscavam no seu corpo qualquer objeto de valor.
Antes que o louro terminasse de revistar o almofadinha, ouviu-se o sibilo inconfundível de uma flecha que atravessou o ar e cravou-se no peito do cocheiro rendido que, após um gemido surdo, desabou morto no chão.
― Os índios! ― berrou um dos bandoleiros, dando o alarma.
No entanto, antes que todos pudessem de fato se preparar e fugir, uma segunda flecha cortou o ar e atravessou impiedosa o pescoço do advogado, abatendo-o também. Todos do bando montaram seus cavalos. Recuaram. Na confusão, Johnny subiu à garupa do louro viril, enlaçando com os braços o seu tronco forte e fugindo disparados dali. A senhora fora largada à própria sorte junto da carruagem e dos cadáveres.
***
NAQUELE ÍNTERIM, OS ÍNDIOS REVELARAM-SE EM MASSA atrás de uma colina. Iniciaram sua perseguição aos bandoleiros de "El Diablo", atirando flechas e disparando tiros de rifle contra os adversários. Seus alvos eram os cavalos: se abatessem os cavalos, poriam as mãos nos bandoleiros vivos, podendo assim estuprá-los, torturá-los e no fim, escalpá-los.
Proveniente do tiroteio que surgiu, um dos projéteis indígenas abateu o animal onde fugiam Bob e o pintor. Ambos rolaram no chão por um instante, pondo-se de pé pouco depois. Bob, ciente do perigo iminente, agarrou o inglês pelo braço e o arrastou numa corrida. "Vamonos! Temos que chegar ao Rio Trinity!" ― ofegava o jovem louro a Johnny Wally.
Alguns índios separaram-se de seu grupo e seguiram no encalço da dupla; porém, pouco depois, os dois saltaram de um precipício caindo nas águas agitadas do Trinity. Seus perseguidores desistiram de sua caçada e, ao não vê-los emergir, voltaram a unir-se ao grosso do bando.
O louro Bob e o assustado Johnny Wally salvaram-se com sequer um arranhão. Abrigaram-se numa gruta, esculpida pelas águas numa margem rochosa do rio. Ali Bob pôde despir-se e pôr as roupas para secar. O intimidado Johnny permaneceu dentro das vestes umedecidas, deixando-as secar ao próprio corpo.
Ao ver seu companheiro desnudo, como veio ao mundo, com as genitálias bailando entre as pernas brancas, o pintor mal se continha. "Este caubói rude é uma autêntica obra de arte do velho oeste!" pensava consigo, admirado pela superioridade viril do bandido. Notando o entusiasmo do pintor, este outro resolveu quebrar o silêncio:
― Nunca viu uma rola na vida? ― Bob, tirando a água de sua bota.
O inglês corou. Abaixou a cabeça, mas depois a ergueu para o homem nu novamente. Logo, imerso em seus devaneios sobre o dote ereto do bandoleiro louro, sobre seus pelos pubianos igualmente louros, continuou roçando pedras umas nas outras, fingindo querer acender uma fogueira quando na verdade sequer sabia o que fazer.
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BOB APROXIMOU-SE DO PINTOR. Tomou as pedras de suas mãos e as atirou longe no rio. Inconformado, Johnny levantou-se do chão e pôs-se a reclamar daquela atitude, em demasia. Este, como resposta, virou-se e desferiu um tapa violento no rosto do pintor que caíra sentado aos seus pés. "Diabo! Como fala! Nunca acenderia nada com aquilo!", irritou-se o curvilíneo Bob Carson.
Johnny, surpreso com o tapa forte que lhe ardeu a face, permaneceu sentado, assistindo o vaivém constante do bandido. Admirava suas costas largas, por onde escorriam-se algumas gotas de água até as nádegas carnudas. Seu peito forte, suas axilas louras, suas pernas e braços ― nada escapava aos atentos olhos do artista inglês. "Que homem maravilhoso! Hei de pintá-lo um dia, sob todo o seu esplendor!" ― balbuciou Johnny, ainda sentindo no rosto a força daquela bofetada.
Àquela noite, uma chuva diluviana caiu sobre as margens do Trinity. As roupas sequer tiveram tempo de secar ao sol que logo desaparecera dando lugar as nuvens enegrecidas. Bob, sem esforço, acendeu dentro da gruta uma robusta fogueira que apagava-se vagarosamente e deitou-se perto dela, ainda completamente nu.
Usando as mãos confortavelmente como encosto para a cabeça, o pistoleiro dormiu um pouco aquecido pelo rescaldo aconchegante provindo do fogo, acordando logo depois com o pintor tremendo-se de frio.
― Tire estas roupas molhadas ou vai morrer de frio aí no canto!
― Se tirá-las sim é que morrerei.
― Nada disso! Venha para perto de mim!
Obediente ao louro, Johnny livrou-se das calças, casaco, colete, meias, botas e ― mesmo que relutasse ― da ceroula. Aproximou-se da fogueira, onde estava esticado o louro, cobrindo-se das mãos pudicamente. Naquele momento, uma rajada inesperada de vento frio invadiu o interior da gruta, fazendo bruxulear a fogueira, que quase se apagou. Bob, após sentar ao chão, reavivou os gravetos chamejantes ordenando ao pintor, com sua voz grave:
― Deite-se sobre o meu corpo, assim, vamos sobreviver até amanhã!
Tornou a obedecê-lo, o pintor passivo. Apoiou a cabeça sobre o peito quente do pistoleiro nu, encaixando o pescoço em sua axila e partilhando de seu calor imprescindível. Seus braços abraçaram-no, englobando seu peitoral parcialmente peludo. Pelinhos louros, lisos, quase invisíveis. Com aquele incomum contato físico, viu o pênis do bandoleiro dobrar de tamanho, com espanto e entusiasmo, alumiado pela luz do fogo. Notou ainda que o cheiro do pistoleiro era bom, um tanto suado, mas bom, e assim adormeceu sobre cada músculo do seu corpo rústico.
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Gente, a próxima parte já está publicada nessa mesma conta. São 5 partes ao todo.
Também tô lá pelo WATTPAD, ok?