Daisy, com voz de choro, falou para o Edgar não atender a porta, poderia ser a tia que veio atrás da Luana.
— Shiu! — calma e fica quietinha!
Ele foi até a fresta de uma janela e deduziu que aquele senhor parado na entrada fosse o condutor do táxi estacionado do outro lado da rua.
O Edgar abriu a janela e atendeu o homem. O taxista queria saber se sua passageira ia ficar, pois ele precisava voltar para São Paulo.
— Ela vai ficar, o senhor pode ir, obrigado!
— Ela tem que acertar o valor da corrida.
Após perguntar quanto era o Edgar pegou sua carteira, saiu pela porta da cozinha e pagou o homem. A seguir o taxista se foi sem mais perguntas.
— Precisamos manter a calma e nos concentrarmos na ocultação do corpo — falou o patrão ao retornar à sala.
O Edgar pediu para que eu permanecesse parada para não espalhar sangue pela casa. Ele trouxe a sua toalha de banho levemente umedecida para limpar meu corpo. Começou passando em meu rosto e perguntou se eu tinha certeza que não estava ferida, pois estava banhada em sangue. Eu já havia respondido que não, mas sentia muitas dores pelas porradas que levei.
A toalha geladinha deslizou pelo meu pescoço, seios, ventre e chegou em meu sexo. Ele perdeu um pouco mais de tempo entre minhas coxas fazendo uma limpeza carinhosa em minha parte íntima. Virei para que fizesse o mesmo em minhas partes traseiras.
Quando terminou a “limpeza” em meu corpo, mandou-me para o banho. Ele faria uma lista e iríamos às compras assim que eu estivesse pronta.
— Você tá doido? — isso lá é hora de pensar em compras?
Se eu não estivesse tão traumatizada com a situação, teria gargalhado de mim mesma quando ele explicou que era a compra do material necessário para sumir com o corpo.
Ele pegou a bolsa da mulher, tinha $2.500 em dinheiro. Enfiou a grana em seu bolso. Claro que tive uma rápida sensação de perda e até pensei: “E a minha parte? Afinal fui eu quem abateu o monstro.“ De pronto ele disse que compraríamos as coisas com aquele dinheiro, não poderíamos vacilar usando cartão de banco.
Enquanto a Daisy se banhava o Edgar olhava o histórico de ligações do celular da falecida. Viu que as duas últimas foram no dia anterior para a tia às 18h11, foi logo após fecharem a loja, a outra às 20h18. A primeira de cinco e a segunda de dois minutos de duração. Não havia chamadas que pudesse ligá-la à casa da praia ele deduziu. Retirou o chip e a bateria do aparelho.
O homem achou prudente limpar aquele excesso de sangue antes de saírem. Usou a mesma toalha para tanto. A seguir colocou o pano ensanguentado dentro de um saco de lixo, assim como os pedaços da cadeira quebrada.
Pouco depois o casal saiu e rodaram por quilômetros comprando além dos sacos de lixo, material de limpeza e ferramentas para cavar. Também um galão de gasolina e uma faca grande. Tudo à dinheiro, em lugares diferentes e distantes uns dos outros.
— Prá que a faca? — tem um monte delas lá na cozinha — indagou a garota.
Ela ficou sem fala e arregalou os olhos quando ele disse que precisavam de uma que poderiam jogar fora depois de esquartejarem o corpo, já que era impossível carregá-lo inteiro.
Ela fez “Em nome do Pai” e disse que não conseguiria fazer isso. Friamente ele disse que ela precisava ser forte, ou estaria tudo perdido.
Só faltava comprar um saco de cal e voltariam para a casa, mencionou o Edgar.
— Cal? — porque não compra látex?
— É para colocar na cova, reduz o odor — não é para pintar.
— Ah, bom! — entendi.
Horas mais tarde, uma das partes mais difíceis daquele pesadelo estava concluído, o esquartejamento, feito pelo Edgar, claro. Eu fechei alguns sacos contendo partes do corpo… argh, e todo o material usado no trabalho e na limpeza da casa. Os sacos pretos ficaram no quintal dos fundos aguardando a noite chegar para efetuarmos a desova. Tudo feito segundo as instruções do homem.
— Você já fez isso antes, Edgar? — quero dizer, ocultar um cadáver?
— Não, mas já pensei em fazer e estudei bastante sobre o assunto.
— Eu percebi.
No início da noite nós enchemos o porta malas da Tucson com os sacos e demais apetrechos que usaríamos. Na sequência partimos em direção a Bragança Paulista, era onde morava a tia da Luana. Enterraríamos em algum lugar no meio do caminho que não fosse possível relacionar a nós, se por azar alguém encontrasse os restos mortais.
Antes de sairmos ele alterou a placa do carro usando fita isolante. Era para o caso de tomar alguma multa ou de haver câmeras de vigilância pelo caminho que capturasse a imagem do carro.
Deixamos nossos celulares na residência e partirmos por um caminho alternativo via Caraguatatuba e depois São José dos Campos; o homem disse que era mais seguro.
Rodamos por 3 horas sem parar, Igaratá havia ficado para trás e uma placa indicava que Nazaré Paulista seria a próxima cidade. Praticamente estávamos no meio do mato. Ele saiu da estrada pegando uma via secundária, de terra. Depois adentrou com o carro em uma vegetação rasteira em meio a algumas árvores. Era quase meia-noite quando parou e disse que o local era bom e não seríamos vistos trabalhando.
Desligou as luzes do carro e cavamos só com a luz do luar e uma lanterna quando era preciso.
Uma hora e meia depois havíamos cavado um buraco fundo o suficiente para cobrir-me em pé. Enterramos somente as partes do corpo. Os sacos pretos, também o plástico que cobria o porta malas e tudo mais que usamos, seriam deixados pouco a pouco durante o trajeto da volta.
Passava das nove da manhã quando chegamos de volta à casa de praia. Ele fez uma nova inspeção procurando vestígios, depois nos trocamos, pegamos os celulares e fomos para a praia para sermos vistos e fortalecer nosso álibi.
Firmamos um pacto de jamais tocarmos no assunto por meios eletrônicos. Em época alguma. Tudo o que fosse dito sobre o acontecido só seria tratado pessoalmente e em local seguro, pois as paredes têm ouvidos. Deduziu que sua mulher chegou para dar-lhes um flagrante porque deve ter ouvido algo na loja.
No domingo, demos mais um rolê na praia para sermos vistos e depois de um almoço em um restaurante movimentado, voltamos para São Paulo. O corpo estava devidamente desovado e o local limpo. Nossas atitudes nos próximos dias teriam que ser de muita frieza e naturalidade.
No decorrer daquela nova semana, só queria parar de ter pesadelos e esquecer, nem que fosse só por uma hora, todo aquele trauma vivido na praia. Estava carente dos carinhos do Augusto. Meus pensamento coincidiram com a mensagem que recebi, era ele convidando-me para passar a sexta-feira (feriado 21 de abril) em uma chácara em Igaratá, uns 50 km distante de São Paulo.
Convenci o Edgar a trocar minha folga de segunda para sexta, já que nós estávamos dando um tempo na relação enquanto o sumiço da Luana estivesse em evidência. A polícia esteve na loja fazendo mil perguntas para todos depois que o Edgar notificou o desaparecimento.
***
Sexta-feira, feriado
Só quando estávamos nos aproximando da chácara em Igaratá foi que percebi que fizemos a desova da patroa a poucos quilômetros daquele local. Os momentos punks da semana anterior martelaram a minha mente como se houvera acabado de acontecer. Cheguei até a ter um forte arrepio como se algo gelado atravessa-se o meu corpo.
— O que foi, linda? — perguntou o Augusto.
Tentei disfarçar meu repentino mal estar fazendo uma graça.
— Não é nada, não, acho que é só tesão — e ri tentando ser natural.
— Safadinha! Pode deixar que resolvo isso quando chegarmos.
Fomos recebidos pelos caseiros e, pelo o que eu entendi, chegamos cedo demais, éramos os primeiros. Nem o patrão do Augusto havia chegado ainda. Meu acompanhante já conhecia o local e levou-me para a sauna. Lá teríamos privacidade e algum tempo para curtirmos um love, disse ele.
Já dentro do ambiente com vaporização exalando odores de flores, e vestida somente com uma toalha, ganhei um abraço por detrás e fui cúmplice em suas safadezas deliciosas apenas observando ele soltar a minha toalha a deixando ir ao chão. Suas mãos acariciaram meus seios e direcionaram meu corpo para que sentasse sobre suas pernas e de costas para ele. O homem estava acomodado em um dos degraus da sauna. Sua boca safada em minha orelha e sua mão máscula percorrendo meus quadris a caminho do meu sexo, fez-me ronronar quando seus dedos ágeis e firmes penetraram minha fenda.
Nossas preliminares estavam mais gostosas a cada dia devido ao nosso avançado grau de intimidades. Com o conhecimento que ele adquiriu dos meus pontos mais sensíveis, conseguiu me transportar para mundos ainda não explorados, tamanho era o prazer.
Nossa viagem sexual chegara ao ápice do clímax quando fomos surpreendidos pelo filho do chefe e sua mulher. Foi constrangedor ser pega arreganhadinha, com as pernas para cima enquanto recebia as últimas gotas de sêmen e os últimos golpes em meu ânus já todo inundado. O casal foi simpático nos incentivando a continuar e saíram rapidão do local.
Um tempo depois fui apresentada ao restante do pessoal na área da piscina. Imaginei que estava em uma praia de nudismo, pois assim estavam todos os presentes. Fui apresentada ao chefe do Augusto, um dos peladões. O coroa sugeriu que eu tirasse meu biquíni, era costume da casa todos ficarem ao natural. Argumentei que não estava acostumada e não havia sido alertada a respeito. Fiquei muito sem graça, uma vez que todos eles me eram estranhos.
O coroa continuou insistindo e praticamente me forçando a ficar pelada. O Augusto já havia tirado a sua bermuda e pediu com jeitinho para que eu fizesse o mesmo. O patrão, ainda colado em nós, parecia ansioso em ver minhas partes íntimas. Tirei o top do biquíni, não queria prejudicar meu acompanhante criando um constrangimento só por causa de duas pequenas peças de pano. “Na sauna o filho já tinha visto mais do que a minha nudez, porque bancaria a mocinha casta, né?” Pensei enquanto tirava a tanguinha. Acho que foi ali que comecei a ser ousada.
Após ficar peladinha, tentei parecer natural, no entanto, não sabia como posicionar braços e mãos, mas logo senti-me à vontade e até consegui administrar os assédios do coroa safado e, que “atacou-me” disfarçadamente, tocando o meu corpo nas oportunidades que teve. Levei de boa e na brincadeira, pois eu tinha outras preocupações mais sérias ocupando minha mente.
No dia seguinte (sábado) acordei com batidas em minha porta, olhei as horas, 7h30. “Quem seria tão cedo?”
— Quem é?
— Investigador Freitas do departamento de homicídios.
“Caralho, fudeu!” — pensei apavorada.
Continua Amanhã.
Capítulo anterior: Entregas Especiais – Capítulo 7 – Uma Batalha Matutina
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