Estava chegando ao fim mais um semestre, e também estava chegando as férias da faculdade. Aqui na minha cidade se comemora São João, como o resto do Brasil comemora o carnaval. A cidade fica mais animada e enfeitada, festas grandiosas pelo centro que recebe muita gente de fora. Particularmente, eu amo esse período. E ainda mais depois de um semestre complicado, estava disposto a aproveitar.
Estava curtindo o ócio (depois de um semestre turbulento), então resolvi entrar no Bate Papo da UOL. Mas queria que alguém me achasse pelo que sou, não estava a fim de mais frustrações. Meu apelido era “Rapaz Gordinho”. No primeiro dia, só vácuo. O segundo dia se encaminhava para ser igual, quando entra na sala da minha cidade alguém com o apelido “curto gordo”. Comecei a tremer, não sabia se puxava assunto, ou esperava... até que, quase simultaneamente mandamos oi um para o outro...
- Oi.
- Oi.
- E aí, tô a fim de curtir com um cara cheinho, tá a fim?
- Sim. Sua idade? (Eu não sabia nem conversar. rsrsrs)
- Passa seu contato?
- Cara, não sei se devo.
- Passa que eu falo com você.
- Se me conhecer, sigilo tá? Meu número é...
Na mesma hora ele saiu da sala. E eu já fiquei puto. Eu pensava: como é que eu vou acreditar em uma pessoa que eu nunca vi? E agora? Ele vai descobrir quem eu sou, e vai espalhar... Nesse momento eu fiquei louco. Até que meu telefone tocou. Um número desconhecido. Eu não atendi. Então ele me mandou uma mensagem pelo Whatsapp. Que dizia: me atenda. E voltou a me ligar, só que dessa vez eu atendi...
- Oi?
- Aqui é o Marcos.
- Aqui é o Paulo, aliás, Marcos Paulo.
- Me diz onde você está que eu vou te buscar, e passaremos a noite juntos.
- Que isso cara, não sei nem quem você é.
- Vamos, não demora.
- Não dá.
- Então ok, não vou perder meu tempo.
O resto da minha noite foi pensando o que seria da minha vida se eu tivesse dito a ele onde estava. Estaria morto, vivo, triste ou feliz? Mas, sair de casa por volta da meia noite era algo fora de cogitação. Fiz buscas em tudo que se pode imaginar para ver se conseguia descobrir quem era a pessoa. Mas, sem sucesso.
No dia seguinte, pela manhã, eis que ele volta a falar no whatsapp...
- Oi!
- Oi, tudo bom?
- Sim, e com você?
- Estou bem. Me desculpa por ontem, mas não costumo sair tarde, muito menos para ver pessoas desconhecidas.
- Eu entendo. Eu que te peço desculpas, estava bem carente, só queria companhia. Onde você está agora, poderia vir aqui me ver.
- Estou indo ao centro, quem sabe depois eu passe onde você estiver.
- Ótimo, eu moro no... (e me passou seu endereço)
Passamos a manhã toda conversando pelo whatsapp. Mas, nada que pudesse mostrar quem eu era, ou quem ele era. Falei que tinha o coração de pedra, ele disse que o dele era de diamante. Rsrsrs. Ele falou que estava saindo de uma relação, que embora superado, ainda se sentia só. Apesar de uma conversa super agradável, ficou o suspense no ar, de quem ele era. Nessa altura, ele já tinha visto minha foto no perfil do whatsapp. Confesso que aquilo tudo era tenso, mas eu estava disposto a conhece-lo.
A manhã foi passando, e eu acabei me ocupando, quando terminei tudo que tinha para resolver, me lembrei que tinha marcado de encontra-lo. Então o misto de ansiedade e tensão voltou a tomar conta de mim.
É incrível a forma que construímos uma imagem, sem se quer ter visto a pessoa. Ele morava só. Era muito bem resolvido financeiramente e sexualmente. A forma que falava, as experiências vividas, as convicções sobre relacionamentos, me fez imaginar que era um coroa, de no mínimo 45 anos. Principalmente quando ele falou que as pessoas o chamavam de Marcão. RsrsrsOi, pessoal... O que estão achando da minha história? E o tamanho e o desenrolar da narrativa do capitulo?
Estou bastante feliz com os comentários nas publicações anteriores e os e-mails que recebi. Continuem.
Até Já!