Cap.31
Quando ele ouviu aquilo, a única coisa que ele conseguiu fazer foi me olhar. Como se eu pudesse o salvar. Entretanto, no seu olhar eu podia ver estampado o medo. O medo de morrer. E aquele medo passou por inteiro pra mim. Quando eu ouvi a palavra transplante, o medo tomou conta de mim. O medo de perde-lo para aquela doença.
-Quem pode ser doador doutor ? – o pai dele perguntou, ainda atônito com o que tinha acabado de ouvir
-Qualquer pessoa adulta e saudável... Entretanto, a gente precisa que haja compatibilidade... Caso contrário o corpo dele irá resistir ao transplante...
- Então faremos o teste... – falou, juntando as mãos com a mulher.
-Eu também quero fazer – falei, fazendo João me olhar, de olhos arregalados – se eu for compatível, irei doar... – falei. João olhou para mim, com um sorriso contido que eu não consegui decifrar...
Eu fiquei com ele ali. Não demorou muito para os pais dele saírem com o médico para conversarem. E mais uma vez ficou apenas eu e ele. Eu me aproximei dele, com muita calma, e toquei no rosto dele, como se quisesse guardar a textura daquela pele. Naquele momento eu tava com muito medo de perde-lo.
-Você tem certeza disso ? – ele perguntou, virando o rosto para me ver
- Certeza de que ?
-De que você vai tentar me doar a medula... Você vai assumir esse risco...
-Claro que sim... Farei tudo o que estiver no meu alcance pra te ajudar... Eu te quero vivo João, não saberei o que fazer se... Você me deixar só... – falei, pegando na mão dele...
-Eu sinto que... Isso é a melhor prova de amor que você poderia me dar. Eu não vou te deixar nunca... – falou ele, sorrindo. Me aproximei dele lentamente, e mais uma vez juntei os lábios... – pegue as suas coisas na sua casa e leve pra minha. Já conversei com os meus pais, eles estão de acordo. Fique no meu quarto... Logo eu estarei lá também – falou ele, sorrindo e me olhando.
-Eu vou esperar... – falei, sorrindo de volta.
Por fora, eu fazia de tudo para tranquiliza-lo. Entretanto, por dentro, nem eu estava tranquilo... Eu só queria dormir, e de repente acordar, com ele bem, sem precisar se submeter um transplante para saber se vai continuar ao meu lado. Poderia ser que um dia nós nos separássemos, caso ele se livre dessa doença. Mas eu não me arrependeria de tentar salvar a vida dele. Nunca.
TEMPO DEPOIS
Na faculdade, todos notaram a minha tristeza... E eu percebi o quanto ele era importante para mim, quando vi uma nota ruim na minha prova.
-Nossa, como caiu... – falava Ihasmyn, vendo o papel...
-Eu não estou nem conseguindo estudar direito, pensando que ele vai ter que fazer um transplante – dizia eu, olhando pra ela.
-Ele vai mesmo fazer o transplante ?
-Vai, o médico disse que esse é o melhor tratamento que ele pode fazer agora... Eu vou hoje lá, fazer os exames pra ver se sou compatível...
-Você vai ter mesmo coragem de fazer um transplante ?
-Vou... Se for compatível farei... Acima de tudo, é uma vida que eu posso salvar... E é uma vida que se não for salva, eu vou sofrer muito – dizia, olhando para aquela prova.
Durante aqueles dias, eu fiquei longe dos meus pais. Quando voltei em casa para pegar o resto das minhas coisas, não os vi. Eles estavam, como sempre, trabalhando. Tirei todas as minhas coisas daquela casa com muita dor no coração. Eu não queria sair dali, tinha vivido ali praticamente toda a minha vida. Entretanto sabia que aquela era a única forma de ter paz. Apenas deixei um bilhete.
“Estou levando o resto das minhas coisas. Se quiserem me procurar, continuarei com o mesmo número de telefone. Estarei na casa do João, e na faculdade. Espero que possamos resolver isso”
Eu simplesmente queria muito que eles me aceitassem. Tinha medo que pra eles, isso não fosse possível. E que eu passasse anos da minha vida longe dos meus pais.
TEMPO DEPOIS
Depois de todos aqueles pensamentos, eu voltei pro hospital, para fazer os exames que o médico pediu. Tirei sangue, fiz alguns exames, e logo ele liberou, dizendo que logo o resultado estaria nas mãos dele.
-E então ? – João perguntava – você já fez os exames ?
-Já... O médico disse que vai me dar logo os resultados. Se ele me der e for compatível, eu serei o seu doador... E vou passar a ser parte do teu corpo – falei, sorrindo.
-Você já faz parte do meu corpo... Dentro do meu coração – falou ele, me fazendo sorrir.
-Bobo – falei, acariciando o rosto dele.
Os dias passaram mais um pouco, e o resultado daquele teste saiu, junto com os dos pais dele... E logo quando saiu, eu corri para o hospital, para ouvir... Quando cheguei no quarto, o médico já estava lá, com os papeis na mão...
-Ah, agora posso falar – falou, me vendo entrar.
-Já tem o resultado ?
-Tenho... – falou ele, olhando para todos nós – eu observei todos os exames e... Para a nossa sorte, um de vocês se mostrou compatível... E não foram um dos pais – falou ele, me fazendo arrepiar inteiro.
-Sou eu ? – perguntei, olhando pra ele.
-É você Lucas... Inacreditavelmente, você é o único dentre nós que é compatível com o João – ele olhou para mim, eu olhei para ele, e vi que era a chance que eu tinha de conseguir salvá-lo e fazer a minha felicidade.
-Então prepare tudo, eu serei o doador dele... – falei, sorrindo.
Continua
E ai ??? Gostaram ??? Comentem e votem por favor.
LuterLook: Vamos ver se ele vai conseguir viver longe deles...
NadaContra: Pois é kkk
Dhiren: É a realidade....
Ru/Ruanito: Isso acontece muito não é ?
Adriannosmith: Que bom que está gostando :)
VALTERSÓ: Pena que isso acontece muito na realidade...
Morenaa: Existem mesmo
P.G: Será se ele vai se recuperar ?
Rogean: É.... Muitos pais são assim mesmo...
Geomateus: <3
BRUNO NEGAO: Que bom que está gostando :)
Beijos
