AMOR DE PESO - 01X21 - EMPURRADOS DO ARMÁRIO

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 4310 palavras
Data: 17/10/2016 22:48:56
Última revisão: 19/12/2020 04:37:32

Pai e mãe,

Tive um encontro perfeito com o Zedu. Acho que vocês iriam gostar dele. Muitas coisas mudaram dentro de mim nos últimos meses. A melhor parte? Estou gostando dessas mudanças. Na verdade, estou adorando.

***

A escola teria uma premiação para homenagear os melhores alunos, os professores seriam os responsáveis por analisar quem estava se destacando dos demais. Não queria ser presunçoso, mas dentro de mim, algo sabia que poderia ser escolhido. No fim das contas, três professores me selecionaram. Todos ficaram felizes quando anunciaram meu nome nos altos falantes do colégio.

— Um verdadeiro talento, parabéns! — Brutus gritou me abraçando.

— Eu queria ser destaque em artes, mas nem para isso eu sirvo. — Letícia lamentou, enquanto, tirava o frasco de remédio da bolsa e tomava uma pílula. — Acho que deveríamos comemorar, tipo, uma festa!

— Eu concordo. Ainda mais que pode ser meu último evento em Manaus. — Diogo falou deixando todos surpresos. — Eu consegui uma vaga em um colégio de Portugal.

— Ótimo, então, uma comemoração dupla. — se adiantou Zedu pegando no ombro de Diogo e fingindo um choro.

— Poderíamos fazer um "encontrinho" em casa, o meu pai vai viajar. — disse Ramona, sentando ao lado de Letícia.

— Festa! — gritaram Brutus, Letícia e Zedu, em uma sincronia de dar inveja.

Sim, Ramona. Infelizmente, a festa vai acontecer na sua casa e, em menos de dois minutos, todos da sala ficaram sabendo. Zedu e eu, aproveitamos a distração dos nossos amigos para ir ao banheiro. Tá, não precisa me julgar, mas sou um adolescente em desenvolvimento, ou seja, os hormônios falam mais alto.

Ficar com Zedu era maravilhoso. Gostava de sentir cada parte do seu corpo, ainda mais quando sua pele tocava a minha. De repente, escutamos vozes vindo de fora e nos refugiamos em um dos boxes vazios. Como o espaço era limitado, a gente se sentiu como sardinhas dentro de uma lata.

Eu não resisti e beijei Zedu no banheiro, a Alicia estava do lado de fora e nós beijávamos do outro lado. Ele era irresistível. Eu o amava, e infelizmente não podia falar do meu amor para os outros, seja pelo motivo de estar namorando outro, ou pelo fato do Zedu não ser assumido.

Já vivi vários momentos constrangedores na minha curta existência, entretanto, nada me preparou para aquela situação. Um dos alunos utilizou o box do nosso lado e aparentemente estava com problemas estomacais. Aconteceu uma sinfonia de peidos e gemidos.

O seu José Eduardo é o tipo de pessoa adora ter acessos de riso nas horas mais inapropriadas. Enquanto, o aluno fazia o seu serviço e gemia, o Zedu não aguentou e começou a rir. Tive que tapar a sua boca, pois, caso contrário, alguém poderia nos flagrar.

— Eu juro por Deus que vou ficar um mês sem te beijar. — cochichei no ouvido dele, que tentou segurar o riso.

— Eu vou... eu vou...

— Puta merda, literalmente. — falei, quando além dos sons, passamos a sentir a "situação" do colega.

***

A vida pode ser tão contraditória, né? Enquanto, eu sofria por causa da dor de barriga de alguém, o Carlos tentava escolher um perfume para tia Olivia. Ele cheirou todas as opções do catalogo, mas nada lhe agradou. Apesar de gostar da titia, algumas coisas incomodavam o estagiário, principalmente, quando se tratava de trabalho.

A minha tia e Carlos continuavam firme, algumas coisas incomodavam ele, principalmente quanto se tratava de trabalho. Afinal, não é todo dia que um estagiário namora a sua chefe.

— Carlos, o documento 349 já está disponível no sistema? — perguntou tia Olivia, entrando apressada na sala e ligando o computador.

— Sim. — Carlos respondeu, fechando o catálogo de perfumes.

— Ai, amor, digo, Carlos.

— Amor? — perguntou o estagiário, levantando e indo em direção a namorada.

— Carlos, por favor. Estamos na empresa. Você precisa concluir o estágio e eu do meu emprego. — titia tentou repreende-lo, mas não podia esconder o fato de que lhe chamou de "amor". — Ah, hoje também tenho um jantar com o grupo de direitos humanos. Só confirma o horário.

— Claro. Que roupa eu devo vestir? — ele quis saber, pegando o bloco de notas e a caneta.

— Carlos, o encontro vai ser com vários diretores. — tia Olivia pensou nas palavras certas, mas elas não vieram.

— Entendi. Eu sou o teu estagiário.

— Obrigado pela compreensão. Juro que nesse fim de semana retribuo.

Algo inédito aconteceu na nossa casa, o Richard recebeu um coleguinha da escola. Eu não sei se ficava preocupado ou feliz, mas deixei os dois na sala e subi para terminar um trabalho. Para relaxar durante as atividades gosto de ouvir "Oasis", diferente dos meus vizinhos que preferem cantores mais peculiares, como a Marilia Mendonça ou o Gustavo Lima.

Preciso confessar uma coisa: eu sempre esqueço que tenho dois irmãos. Sério. É como um bloqueio não intencional. Enquanto, ouvia "Little By Little", a Giovanna entrou fazendo uma confusão. Aparentemente, ela precisava ensaiar para o espetáculo "Romeu e Julieta", mas o Richard não a deixava em paz e, nesses momentos, lembrava dos meus dois irmãos.

Buscava ser sempre imparcial com eles, principalmente, devido ao forte gênio de Richard e Giovanna. Era quase como uma briga de titãs, que nesse caso, mediam menos de 1,50 de altura. Parei para ouvir todo o drama de Giovanna e, por um instante, achei que a música do Oasis combinou com sua história.

— Yuri. — Giovanna falou batendo o pé no chão. — Tira o Richard da sala ou conto tudo para o Diogo.

— Contar o quê? — perguntei levantando uma das sobrancelhas como uma forma de enfrenta-la.

— Que tú escolheu ficar com o Zedu.

Eu não sei como foi a minha reação com a ameaça da Giovanna, mas creio que pareceu com a de um personagem de desenho animado. Como essa pirralha tinha coragem de me desafiar?

— Cuidado, irmão. Boca aberta, entra mosca.

Pensei em várias maneiras de puni-la, entretanto, nenhuma terminava com a Giovanna viva. Respirei fundo, busquei o auxilio de todos os chacras existentes dentro do meu corpo e andei em direção ao meu computador. A Giovanna acompanhou com aquela expressão horrível de deboche.

— Giovanna, querida irmã. Eu não queria fazer isso, mas estou sendo obrigado, juro. — disse abrindo o notebook e acessando uma pasta criptografada.

— O que é isso? — ela perguntou curiosa.

Quando os meus pais morreram fiquei com os seus celulares. Nos arquivos, o que mais encontrei foram momentos constrangedores dos meus irmãos. Mantive em segredo, pois, sabia que um dia esses vídeos e fotos seriam úteis. Cliquei na pasta "Giovanna" e abri um vídeo.

Nas imagens, o meu pai mostrava a luta que foi para a Giovanna tomar uma vacina. A minha irmã fez o maior escândalo, enquanto, os enfermeiros lutavam para aplicar a injeção. Em uma certa parte, a Giovanna chuta o rosto de uma das enfermeiras e sai correndo sem as calças.

Confesso, que em parte do vídeo, tive vontade de chorar. A gente conseguia ouvir a gargalha do papai. A Giovanna teve a mesma reação que eu. Com a mão direita fechei sua boca que estava aberta.

— Como você viu, irmã querida, eu sou ótimo em guardar segredo também. Já pensou se o Richard!!! — gritei e continuei com um tom normal. — Descobre? Richard!!!!

— Yuri, eu não sei de nada. Eu não sei de nada.

Para o desespero de Giovanna, o Richard não demorou a aparecer. Nós três ficamos nos olhando por uns segundos, então, o meu irmão perguntou o que a gente queria. Inventei uma desculpa qualquer, mas ele viu o vídeo e quis saber de quem era aquele bumbum na tela do notebook.

— Não é de ninguém. Ei, preciso que você vá estudar no seu quarto. A Giovanna precisa ensaiar para a peça. — expliquei para o Richard.

— E era preciso fazer esse escândalo todo? — ele perguntou.

— Ai, meu ombro. Ainda deve ser por que me perdi na floresta e quase morri. Ainda bem que você está vivo, né. — usei um método diferente para chantagear o meu irmão.

— Tá, eu vou para o meu quarto. Quero mostrar minha coleção de aranhas para o Jonas. — Richard saiu correndo.

— Yuri, valeu. — agradeceu Giovanna com outro tom. — E o vídeo, tipo, será que você poderia apagar?

— Claro que não. Lembra dele, tá. — a ameacei piscando e sorrindo.

— Ei, eu não sou louca. Jamais falaria para o Diogo.

— Contar o quê? — perguntou Diogo nos assustando.

Pânico gay!!! Pânico gay!!! Giovanna e eu, nos olhamos e não conseguíamos pensar em nada. Ok, o Diogo continuava meu amigo, mas ainda não estava preparado para contar sobre a minha relação com o Zedu.

— Que ela te admira muito. Vai peste. — inventei, levantando e levando Giovanna na direção da porta do meu quarto. — Tchau, peste.

— Tchau, sou uma peste. — disse Giovanna, saindo do quarto.

— O que você está fazendo aqui? — quis saber de Diogo, enquanto, fechava a porta.

— Estava passando aqui e decidi falar com o meu amigo.

— Entendi. Chegou em uma boa hora. Estou com dificuldade nessa lição de biologia.

— Como assim? O CDF da escola com dificuldade? — ironizou Diogo pegando na minha bochecha.

— Idiota. Menos sarcasmo e mais ajuda, por favor.

O ódio pode nos levar para caminhos extremos. João e Lucas estavam esperando o momento certo para atacar. Eles sabiam que era necessário ser cuidadosos para me prejudicar. Durante a aula de educação física, eles se aproximaram de Alicia.

A patricinha continuava no seu caminho de redenção e nem imaginava que o seu ex já havia encontrado um outro amor. Durante as atividades, Alicia aproveitava para retocar a maquiagem quando foi abordada por seus colegas.

— Alicia! — João a chamou, quase cantando. — Eu não quero ser fofoqueiro, mas você prestou atenção desde o Zedu te chutou ele está mais próximo do Yuri?

— Como assim? — perguntou Alicia, guardando o batom na bolsa.

— Quer que eu desenhe para você? Não seja idiota. Olha como o Yuri olha para o Zedu. — afirmou Zedu apontando para frente.

Nesse exato momento, o Zedu fez um gol e nós estávamos na arquibancada torcendo. O Zedu se aproximou e eu entreguei uma garrafa de água para ele. Não demorou para Alicia resolver a equação. Ao perceber a expressão da patricinha, o João iniciou seu ataque pelo lado mais sensível, o amor de Alicia pelo Zedu.

— O Zedu nunca faria isso. Ainda mais com o Yuri.

— Bem. Eu só queria te avisar, mas se eu fosse você não confrontaria ele agora. Ele vai negar. Usa a cabeça. Me faz entrar na festa da Ramona e te ajudo a provar. — disse João entregando um cartão com o seu contato para Alicia.

Escola, namoro (escondindo) e família. Esses itens me faziam feliz, porém, estavam tomando parte do meu tempo, uma fatia enorme dele, na verdade. Eram tantas atividades que esqueci o ensaio com o Diogo. Recebi uma ligação de George, peguei algumas roupas e segui para o estúdio. Fiquei impressionado com o caprichoso do cenário.

Para o ensaio LGBTQIA+, o conceito seriam os meses do ano. Diogo e eu, pegamos o mês de Natal, ou seja, o cenário mais fofo de todos. A equipe de fotografia estava atarefada, então, além de ser modelo, resolvi ajudar e aprendi bastante sobre ensaios fotográficos. Antes do ensaio, enviei uma mensagem para Zedu, mas ele não viu, provavelmente, estava na fisioterapia.

O George me deixou responsável por fazer o registro das fotos do casal de Abril. Nunca fiquei tão nervoso. Os modelos estavam em um cenário que lembrava uma floresta (gatilho), eles usavam roupas indígenas com direito a cocar e pinturas. Pensei em desistir, mas o Diogo acabou sendo um ótimo incentivo, sempre com suas frases clichês de superação.

Diafragma? Ok. ISO? Ok. Regra dos terços? Ok. A iluminação ajudava na composição do cenário e deixei os modelos livres para posarem. Sim, aprendi bastante sobre fotografia nos últimos meses e, apesar do nervosismo, consegui tirar ótimas fotos, pelo menos, o casal aprovou.

— Bem, agora é a vez do fotografo modelar. — Diogo anunciou como se fosse algo bom.

— Acho que devemos nos trocar, né? — perguntei, mais nervoso do que deveria.

— Sim, infelizmente, a gente não pode usar o mesmo banheiro como da última vez. Agora, que você é um rapaz comprometido. — disse ele, tentando me provocar.

— Larga de ser besta. Eu não estou namorando. Diogo... — pensei com cuidado nas palavras, por um segundo, quase contei do meu relacionamento com o Zedu, mas não queria fazer nada precipitado. — Você sabe que foi importante na minha vida. Mas, temos planos diferentes. Em breve, você vai para Portugal. A gente se curtiu, conseguimos ter o nosso tempo.

— Relaxa, Yuri. Eu estou legal com isso. Você é solteiro. Pode namorar com quem quiser. Eu vou me trocar no escritório do George. Até depois. — ele anunciou, antes pegar a mochila e sair.

Para a sessão de fotos, comprei um suéter vermelho com detalhes de árvores de Natal, bonecos de neve e doces natalinos. O Diogo ficou muito fofo o suéter de tricô verde com desenhos das renas do Papai Noel. O Jonas deu o toque final no nosso look, dois pares de meia vermelhas com várias bengalas de Natal.

Não vou mentir, o nosso cenário foi de longe o mais bonito. Tudo bem, que aquilo não era a personificação de Natal, porém, o Hélder pensou em todos os detalhes para deixar as fotos em um local aconchegante. O George apareceu e deu algumas instruções, como passar naturalidade e tentar não olhar para as lentes da câmera.

Do nada, apareceram gorros natalinos e duas xícaras fofinhas. Na história que o George criou, o Diogo e eu, erámos um casal que estava curtindo o Natal em um chalé. Até uma janela falsa, o Hélder providenciou, de acordo com Jonas, o George adicionaria um fundo falso na edição.

Por algum motivo, o Diogo me deixou nervoso. Aquela proximidade disparou meu coração. Um calor tomou conta do meu corpo, ou será que eram as luzes do estúdio? Tiramos várias fotos, em uma delas, o George pediu para que o Diogo tocasse meu rosto, ele sorriu e fez o que o fotografo mandou.

— Ei, Yuri. É apenas um ensaio. — ele garantiu sorrindo.

— É apenas um ensaio. — repeti para acalmar meu coração que batia forte.

— Isso é tudo, pessoal! — gritou George. — Bom trabalho meninos.

— Amor. — Jonas pegou no ombro de George. — Os outros modelos chegaram.

— Finalmente. Ei, Yuri. Acha que pode me ajudar com mais fotos? — perguntou George tirando o cartão da câmera e entregando para Jonas.

— Claro, eu vou adorar.

Meu primeiro e único dia de modelo passou tão rápido. Nem tive tempo de saborear o status do mundo fashion. Tirei o suéter e coloquei uma camisa mais confortável. Fiquei responsável de fotografar os meses de maio e junho. Nunca imaginei na minha existência que um dia ficaria interessado em fotografia. Aquilo me acalmava de uma forma estranha.

O meu dia estava tão corrido que esqueci de ajudar o pessoal na casa da Ramona. Nem conversei direito com meus amigos e precisei "voar" com o Diogo para o local da festa. Quando chegamos, a galera já havia montado parte da aparelhagem. O Brutus trouxe uma quantidade exagerada de bebidas. Já a Letícia ficou responsável da comida, então, comprou vários salgadinhos e bolachas.

A Ramona, apesar de preocupada, adorou a nossa presença, afinal, quando o seu pai viajava, ela ficava sozinha. A Letícia apresentou o Bernardo, amigo do Arthur, e juro que senti um clima diferente entre ele e Ramona. Quem não gostou nada da história foi o Brutus, que ficou na defensiva.

— Quando ficar só me liga. Te faço companhia. — Bernardo começou pegando pesado e tirou um riso abafado de Ramona.

— Ei, ei, ei. Ela não precisa, tá. — disse Brutus, tentando parecer de boa com a situação. — Eu faço rondas aqui quando o pai dela viaja.

— Mas o que uma criança pode fazer? Eu já tenho 18 e posso resolver tudo.

— Atrevido! — pensou Brutus, ficando vermelho de raiva.

— Cuidado, Brutus. Não vai explodir. — comentou Letícia rindo.

— Explodir, por quê? — ele perguntou coçando a cabeça.

— Por ciúmes da Ramona.

— Letícia! — repreenderam Brutus e Ramona.

— Bernardo. É brincadeira dela. Brutus e eu, tipo, somos só amigos. — Ramona disse para a decepção de Brutus.

— Somos? — ele questionou.

— Xi. Torta de climão. Deixa eu sair daqui. — Letícia deu dois passos e se desequilibrou. — Ei, estou bem. Quero água. Essa dor de cabeça de novo. — pegando sua bolsa e indo em direção a cozinha.

Eu não sabia que ter amigos era tão divertido. Em Manaus, consegui ter duas gangues e me sentia bem com eles. Com George, Jonas e Hélder, eu podia pedir conselhos sobre o universo gay, já com meus amigos do bairro, podia ser apenas um adolescente. Me considerava a própria Hannah Montana, possuía o melhor dos dois mundos.

À noite chegou e todos nós nos arrumamos para a festa. Ramona preparou um jantar para os íntimos, antes dos convidados chegarem. Pela primeira vez, tomei vinho tinto e adorei o sabor adocicado. Lá pelas 22h, os primeiros convidados começaram a chegar. O Zedu se atrasou por causa da fisioterapia e pediu desculpas. Percebi que ele foi seco comigo, mas a Ramona tirou toda minha atenção.

Eu gostei do Bernardo, mas, cara, a seleção de músicas dele é horrível. Não gosto de julgar o gosto musical de ninguém, longe de mim, só que o DJ precisa ser democrático. Graças a Deus, que a Ramona se distraiu com o amigo do Arthur e pude conversar com o Zedu.

— Ei, bonitão. Vem sempre aqui? — perguntei, me segurando para não beija-lo.

— Sério, Yuri? — ele perguntou mostrando uma foto minha e do Diogo no ensaio de George.

— Eu posso explicar.

— Eu preciso ficar um tempo só, Yuri. Depois conversamos. — Zedu acenou para Brutus e foi em sua direção.

Que merda. Como as coisas saíram do controle desse jeito? Fiz o ensaio nas melhores das intenções, mas parece que alguém acabou machucado nessa história. Ainda bem que eu não era o único com problemas. Letícia ingeriu o remédio com álcool e achou divertido fazer um strip-tease em cima da mesa de jantar.

Alguns garotos começaram a aplaudir para o desespero de Arthur que logo tirou a namorada daquela situação embaraçosa. Com muita dificuldade e contando com a ajuda de Bernardo, ele conseguiu fazer Letícia ficar mais tranquila, nesse instante, Bernardo iniciou sua pesquisa de campo.

— Ei, Arthur. A Ramona é solteiro? Acho que não tem problema a gente ficar, né? — ele perguntou, antes de apontar para frente e mostrar para o amigo que Letícia estava fazendo poledance em uma árvore de plástico.

— Amor! — Arthur exclamou levando Letícia para perto de Bernardo. — Cara, ela é solteira sim.

— Vou investir. Boa sorte com a Joana Cana Brava. — Bernardo ironizou e saiu em direção a Ramona.

Sabe porque eu gosto dos gays? Eles são diretos. Tipo, quando gostamos de alguém, dependendo da situação, não enrolamos tanto para uma declaração. Bernardo ficou rondando Ramona como se ela fosse uma presa preste a ser abatida.

Do outro lado da sala, Brutus conversava com Zedu, porém, percebeu uma movimentação diferente. O seu coração bateu mais forte, quando Bernardo ofereceu um drink para Ramona. A tensão foi tamanha, que Brutus nem escutou o melhor amigo filosofando sobre a vida e quase saindo do armário.

— Vou já. — ele anunciou para Zedu e andou em direção ao rival. — Ei, Bernardo? As pick-ups estão sozinhas?

— Estava cumprimentando a anfitriã. — piscando para Ramona e voltando para o posto de DJ.

Os problemas do coração estavam afetando a todos naquela festa. A minha situação ficou mais complicado quando Alicia chegou. A patricinha ajudou João e Lucas a se infiltrarem na casa de Ramona. Ela aproveitou que Zedu ficou bebendo sozinho e deu o bote. Mesmo um pouco alto, o meu namorado conseguiu resistir aos encantos da ex.

Aos poucos, a turma foi se juntando em uma mesa próximo ao bar improvisado. Confesso que tomei mais drinks que eu gostaria. O álcool sempre me pegava legal. Geralmente, ficava o bêbado engraçado, mas ao ver o Zedu ali na minha frente, a garganta começou a fechar e os olhos ficaram marejados.

De repente, Bernardo me colocou a música "Don't Look Back In Anger", do Oasis. Tantas opções e ele faz isso comigo? Essa canção meio que se tornou nossa. Enquanto, fingíamos uma normalidade, a voz de Noel Gallagher conseguia penetrar no meu coração.

— Ei, está tudo bem? — perguntou Diogo pegando no meu ombro.

— Sim. É que a vodka me pegou de jeito. — disfarcei, mas chorando por dentro.

— Então, Diogo e Yuri. Vocês ainda estão namorando? — quis saber Alicia com um sorriso no rosto.

— Nunca namoramos. — disse Diogo curto e grosso. — Agora, o Zedu te chutou, né?

Sim, Alicia escutou aquilo que mais temia. Ela não era mais namorada de Zedu e muitas dúvidas surgiram em sua cabeça, ainda mais, depois do comentário feito por João. Ao ver Zedu se aproximando, Alicia pegou o copo, fingiu tropeçar e derramou parte da bebida no ex-namorado, em seguida, um tumulto iniciou e alguém jogou vinho em mim.

Caramba, a minha camiseta branca ficou vermelha por causa do vinho e o Zedu tinha dificuldades de abrir os olhos devido a vodka que Alicia derramou nele. O Diogo pegou um lenço, mas o estrago já estava feito. Alicia fingiu uma preocupação e ajudou Zedu.

— Gente. Se quiserem podem se lavar no meu banheiro. — sugeriu Ramona, tentando não rir da situação.

— Não precisa. — soltei, um pouco mais grosso do que queria soar.

— Precisa sim. Vamos?

Ramona foi na frente e eu ajudei Zedu a subir. Ela nos deixou sozinhos em seu quarto. Tirei a camiseta e levei o meu namorado até o banheiro para lavar o rosto. A gente não se falou, mas não pude deixar de notar que o Zedu estava chorando.

— Desculpa por ter agido igual a um babaca. Tudo isso é novo para mim. — ele soltou, sem olhar na minha direção.

— Zedu. Eu já tinha combinado esse rolê com o Diogo. Juro que esqueci de te avisar. Eu escolhi você. — falei pegando em seu ombro e beijando sua nuca.

— Yuri. Você é tudo. Você é a voz na minha consciência, a razão que acordo todos os dias para ir estudar, o meu amigo que escuta e sabe os meus segredos mais profundos. Você é tudo. Desculpa, primeiro por ter feito você esperar e, também, por parecer tão inseguro.

Zedu, seu bobão, eu te amo. Um beijo foi inevitável. Os lábios dele estavam com gosto de limão e álcool, acho que os meus também. Ele explorou cada parte do meu corpo, afinal, estava sem camisa e não demorar muito para o Zedu tirar a dele.

Só não esperávamos que João e Lucas assistiam toda ação do lado de fora. Eles pegaram uma escada e posicionaram bem em frente ao quarto de Ramona. "Pode subir", escreveu João para Alicia, que prontamente reuniu meus amigos e falou que tinha uma "pequena" surpresa para eles.

Meio sem entender, Brutus, Letícia, Ramona e Diogo, seguem Alicia para o segundo andar. A patricinha estava tremendo, pois, não queria que João estivesse certo. Ela segurou a maçaneta da porta e hesitou um pouco, porém, acabou abrindo e flagrou a pegação entre o Zedu e eu.

Olhei para frente e, automaticamente, os meus olhos encheram de água. O Zedu não viu de primeira, então, continuou me beijando. Juntei todas as forças dentro de mim e o empurrei para longe, ele tropeçou, mas conseguiu manter o equilíbrio. A Alicia começou a bater palmas e Zedu ficou desesperado, principalmente, quando viu Diogo, Brutus, Letícia e Ramona.

Tento tirar o Zedu de cima de mim. Ele não sai, o meu coração começa a acelerar forte, eu junto forças e jogo o Zedu para longe de mim. Ele quase cai da cama, os meus olhos continuam retos, o Zedu olha para trás e fica congelado. Ramona, Diogo, Alicia, Brutus e Letícia estão nos olhando também.

Peguei a blusa e vesti do avesso mesmo, o Diogo partiu para cima de Zedu, mas foi contido por Brutus. A Alicia iniciou uma sessão de ofensas, que juro, não lembrei nada, apesar de triste, ainda estava sob efeito de álcool.

— Diogo, eu posso explicar.

— Explicar o quê? Que preferiu ficar com o cara gostoso? Você sabe que o Zedu só está brincando com você, né? Quer saber, vocês se merecem. — Diogo falou, antes de sair do quarto de Ramona.

— Droga! — gritei indo atrás de Diogo.

O Zedu continuava em estado de choque, enquanto, Alicia fazia um escândalo no quarto, ele apenas chorava. Cansada da voz de Alicia, Letícia pegou na mão de Zedu e saiu correndo do quarto. Mesmo sem entender o plano da amiga, Ramona, ficou na frente da porta para que a patricinha não os seguisse.

Música alta, pessoas dançando e luzes cintilantes. Perseguir o Diogo não foi a melhor escolha, pois, o álcool dentro de mim estava no ápice. Entre vultos e rostos distorcidos, consegui encontra-lo. Ele parecia chateado demais e, mesmo assim, decidi me aproximar.

— Diogo, espera. — pedi pegando com força no ombro dele.

— Yuri, chega! Eu não quero saber das suas desculpas.

— Eu sempre amei o Zedu, ok. Desde a primeira vez. — expliquei, ainda segurando no braço do Diogo. — Eu nunca te dei esperança de nada. Eu não queria que você descobrisse assim. Vamos conversar...

— Vai pro inferno! — ele gritou me empurrando.

Esse era para ser um dia perfeito, mas acabei jogado no chão e juro que senti o cheiro de vômito. As pessoas nem ligaram para o meu estado e continuaram a dançar. Já a Letícia conseguiu encontrar um refúgio para o Zedu, o escritório do pai da Ramona, porém, ela acabou passando mal e foi socorrida pelo namorado.

— Que merda! — gritou Zedu, aos prantos, andando de um lado para o outro.

— Zedu, graças a Deus. — disse Ramona, entrando no escritório.

— Ramona! — Zedu correu na direção da amiga e abraçou.

— Zedu, sinto muito que tenha sido dessa maneira. Eu sinto muito.

— Eu não sei o que fazer. Eu não sei. — ele confessou chorando.

— Vai ficar tudo bem. — Ramona não conseguiu contar às lágrimas e chorou abraçada a Zedu. — Vai ficar tudo bem.


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Comentários

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cara, nao para de escreve por favor, tu tem um puta dom

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cara, nao para nunca, por favor

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EU acho é pouco. Yuri e Zedu é legal? É.....mas eu acho que ele deveria ficar com o Diogo, nem sempre quem nosso coração diz amar eh a pessoa certa. Bem, agora que tudo foi por agua abaixo quero ver como vai ser daqui para frente....mta confusão pela frente...

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BEM FEITO ISSO OCORRER. SE TIVESSEM CONTADO ANTES NADA DISSO TERIA OCORRIDO. MAS FORAM TENTANDO ENGANAR TODO MUNDO. ISSO NUNCA IRIA DAR CERTO.

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