Vamos lá que agora é hora de dar voz ao Bruno. Vamos ver como ele explica toda essa confusão pra gente. Boa leitura!
Monster: É, ele parece um pouco comigo, não é de esquecer, perdoa, mas não esquece.
Sr. Malfoy:Olha ai mais pra você queridão.
Cintia C:kkkkkkkk Que menina violenta kkkkk Adorei! Obrigado por acompanhar.
VALTERSÓ: Vendo por esse ângulo concordo com você amigão, adoro seus comentários sempre em caixa alta e sempre pertinentes. Obrigado queridão.
SafadinhoGostoso: A palavra que define é humildade, gente arrogante e orgulhosa sempre deixa rastro de destruição por onde passa.
Negagata78:obrigado linda
Hello: Tem mais coisa vindo por ai.
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- Eu queria mesmo era gritar para o mundo que você é meu, porque você é lindo demais, ia tirar a maior onda.
- Nem fala isso, está ótimo assim, não quero tanta publicidade.
Os dois eram um casal engraçado. E o namoro dos dois seguiu bem por mais alguns meses. E eles tiveram que passar por mais uma prova. Como sabemos, o Bruno foi aprovado para a PUC de são Paulo e deveria começar a estudar em 20 dias. Para isso deveria se mudar logo.
Ele conseguiu se mudar para um apartamento e pagaria o aluguel com o aluguel da casa da vó, no interior; e sua mãe também o ajudaria. Quando ele foi se mudar, seu namorado foi para ajudá-lo. Embalaram tudo, encheram o carro do Rodrigo e partiram para São Paulo com mais um amigo e a mãe dele. Ao chegar lá deram uma faxina na casa e depois começaram a arrumar tudo. No final do dia eles tiveram que dormir lá porque ficou muito tarde. O Bruno estava muito feliz e ele vai nos contar um pouco como foi essa fase da sua vida.
Bruno:
Como eu estava feliz. Tudo na minha vida estava perfeito: Eu estava namorando com um homem maravilhoso, agora estava matriculado em uma das melhores universidades do país, fazendo um curso muito bom, agora só me faltava um emprego para não sobrecarregar minha mãe com minhas despesas. Mas minha mãe é uma santa, ela, vendo que eu estava precisando, que estava maduro e já era maior, passou a pensão do meu pai diretamente para mim. Ela viveria apenas com o próprio sustento, mas claro que não deixaria ela sem nada, o que o meu pai me dava era suficiente para nós dois.
Minha vida com minha mãe era maravilhosa, ela era mais do que minha mãe, era minha amiga, minha companheira, minha conselheira. Minha vida toda nós enfrentamos tudo juntos e ali ela estava sendo o que sempre foi, uma santa, minha mãe.
Outro dom na minha vida era minha dedicação aos estudos e tudo isso estava sendo recompensado. Sempre quis arrumar um emprego ótimo para poder cuidar da minha mãe, por isso eu comecei a me dedicar ao estudo, e claro, nunca queria decepcionar a minha mãe. Aquele dia em que o prefeito falou comigo sobre a bolsa foi o mais feliz da minha vida. Ele simplesmente falou que conseguiu a bolsa que eu tanto queria. Eu fiquei radiante e a primeira pessoa que liguei foi minha mãe.
A segunda pessoa foi ele, meu melhor amigo, meu amor. Eu o amo desde que tinha doze anos e meu maior sonho era estar com ele, ser dele, poder tocar ele, poder dizer a ele tudo o que eu sentia. Anos e anos se passaram e eu trazia aquilo dentro de mim, mas não conseguia falar com ele, primeiro porque não queria perder a amizade dele e segundo ele era machão demais, bruto demais e com certeza iria me bater e me expulsar da vida dele. Quando o vi na minha cama, bêbado, dormindo e com a barraca armada eu não resisti, estiquei minha mão e toquei seu pau, apertei, balancei e nada dele acordar. Então tomei coragem, o chamei três vezes e nada dele acordar; então abri sua bermuda e o deixei de cueca. Continuei apertando e alisando sua rola, então tirei sua cueca e pude ver aquele pau lindo, grosso, grande, marcado com veias e com a cabeça coberta. Era branquinho igual ele, muito lindo, tanto que não resisti e quando percebi já estava chupando ele todo. Não sabia bem o que fazer, pois era minha primeira vez, mas continuei. Depois de um tempo eu senti a mão dele na minha cabeça. Eu tomei um susto enorme e pulei da cama, e ele fez a mesma coisa.
Eu estava desesperado, não sabia o que fazer, queria saber o que se passava pela cabeça dele, a cara dele era apenas de espanto, mas depois ele fechou a cara e começou a ficar vermelho. Dava para notar a raiva nos seus olhos. Ele então se vestiu e levantou. Eu tentei explicar, pedi perdão, porém ele não quis saber. Disse que queria ir pra casa e realmente foi, sem falar nada. Eu implorava para ele me perdoar, mas ele nem ligou, por fim, eu pedi apenas para ele não contar a ninguém, pois não queria dar esse desgosto a minha mãe.
Passei a noite em claro, pensando em tudo o que poderia acontecer comigo. Mas o que mais me assustava era ele nunca mais falar comigo. Ele era meu melhor amigo, meu único amigo. Eu maldizia o amor que sentia por ele e que graças àquela desgraçada vodka, que fui obrigado a tomar, deixei-me levar pelo desejo, perdendo meu único e verdadeiro amigo. Tomado por meus pensamentos, vi o sol nascer, era hora de levantar e me arrumar. Não consegui nem comer. Quando sai o vi saindo também. Ao olhar para ele vi que a raiva continuava ali, mas fiz um sinal que foi totalmente ignorado. Só consegui chorar. Não iria mais conseguir encarar ele e pior se ele contasse para todos, minha vida estaria arruinada, então resolvi ir embora.
Minha mãe tinha ido para a casa de minha avó que não estava bem de saúde, então eu liguei para ela e falei que iria para lá, iria cuidar da minha avó para ela. Ela não entendeu nada, todavia pediu para eu ir e lá conversamos. Ela não quis aceitar no inicio, mas eu insisti tanto que ela acabou fazendo a minha vontade. Foi difícil pedir a transferência do colégio, porém ela fez tudo.
Aqueles dias ali foram os piores, eu só chorava, ficava triste no quarto, não comia direito, não fazia nada, além de ficar com a avó. Sua mãe tentava saber o que tinha acontecido, mas ele não dizia, desconversava e dizia apenas que lá onde moravam não era feliz, o que não era mentira. Minha única alegria era minha mãe e meu amigo, como eu tinha perdido meu amigo, o que continuar fazendo ali?
Depois de uma semana minha mãe me disse que a mãe dele tinha ligado e ela havia perguntado sobre mim. Eu por um momento pensei que ele havia pedido a ela para fazer isso, mas ele não faria isso. Entretanto todos os dias ela ligava e eu instrui minha mãe a falar apenas que eu estava bem.
Com o tempo minha avó se recuperou, graças a Deus, mas precisava de alguém para cuidar dela. Eu já tinha me prontificado a morar com ela, então, como minha mãe tinha que voltar para trabalhar, eu fiquei sozinho com ela. Percebi que ficar em casa chorando não ia adiantar nada, eu deveria procurar viver minha vida, lutar para ser grande e não deixar ninguém pisar em mim. Então entrei em uma academia e me dediquei total aos estudos e em um mês eu já estava dando aula de reforço em casa, depois me chamaram para dar aula de inglês na igreja que minha avó ia. Por fim, comecei a trabalhar em um mercado, ou seja, minha vida estava agitada, o que foi ótimo para esquecer o Otávio.
Depois de mais um mês, somando três, eu voltei para ver minha mãe. Não queria, mas ela não podia ir e eu tinha que ver ela, estava morto de saudade. Então fui com medo de reencontrá-lo, entretanto decidi que se o visse eu iria ignorá-lo, mas foi impossível.
Minha mãe havia saído, então fiquei sentado um pouco no portão passando o tempo, mexendo no meu celular. Ao olhar para o lado eu o vi. Nossa! Ele estava enorme, nem o reconheci. Estava sem barba, com camiseta da academia, uma mochila nas costas e uma bermuda meio apertada. Que tesão que eu senti, ele estava lindo demais. Ele ficou me olhando e veio andando em minha direção. Ao parar a minha frente eu ia sair, mas ele foi mais rápido e me abraçou forte. Ele enconstou seus lábios no meu pescoço e me apertava forte. Parecia que nunca iria me soltar e aquilo estava me machucando já. Ele estava chorando, dizendo que estava com saudade. Ele não estava mais com raiva de mim, todo o meu plano foi por água a baixo. Sua voz estava embargada, eu nunca o tinha visto ele chorar, nem quando apanhava, ele não chorava, e agora estava chorando de saudade de mim? Eu ia começar a chorar, então quis dar um fim naquela conversa e entrei.
Muita esperança, era o que eu sentia. Será que ele me amava? Será que sentiu mesmo tanta falta assim de mim? Será que ele me queria? Sei lá, era loucura demais. Eu então decidi voltar pra casa, no interior. Quando ia falar isso pra minha mãe, ela me chamou para jantar na casa do seu Marcos e da dona Cecília, pai e mãe do Otávio. Nem neguei, porque minha mãe ia dar um show, então fui me arrumar e logo estávamos lá, sentados na sala. O pai dele subiu para buscá-lo e quando ele apareceu vi que não estava bem, seus olhos estavam vermelhos e inchados, com certeza tinha chorado e muito. Seu pai começou a falar como ele ficou desde que fui embora e parece que ele ficou tão mal quanto eu. O pai dele, vendo que a gente estava um pouco longe um do outro, mandou-nos para o quarto, para então conversarmos. Ele começou a puxar papo, mas estávamos com vergonha um do outro.
Ele ficou me perguntando porque eu não voltava, porque eu não ficava ali, então tive que falar com ele tudo o que sentia. Por fim ele estava chorando novamente.
- Você anda chorando demais. Essa é a primeira vez que vejo você chorando, nos conhecemos a 10 anos e essa é a primeira vez. – falei.
- Já falei que é alergia. – falou ele sorrindo e me fazendo sorrir. - Alergia a você. – Então voltei a ficar sério.
-Então vou embora pra não piorar sua situação. – mas ele foi até mim e me puxou para perto de si.
-Não, minha alergia é ficar longe de você. – ele me puxou para um abraço. - não me deixa sozinho de novo, por favor.
Não resisti e o beijei. Nossa, ganhei vida novamente ali, naquele momento, principalmente porque ele, ao invés de me empurrar, me apertou forte e me beijou com vontade. Assim que nos separamos e voltamos para o jantar. No final desde ele me pediu para ficar mais um pouco, eu aceitei e ao entrar novamente no quarto dele, ficamos mais envergonhado ainda. A maior alegria aquela noite foi descobrir que ele também me amava e sair dali namorado dele e no domingo, depois de uma baladinha legal, termos a nossa primeira vez. Foi maravilhoso. Contudo infelizmente eu tinha que voltar, eu não queria porque eu o amava e queria ficar perto dele, mas eu tinha iniciado uma nova vida e mesmo sem ele, lá eu era feliz; e ainda tinha minha avozinha de quem eu cuidava. Para ele aceitar foi difícil, porém seguimos nosso namoro do jeito que dava.
Três anos depois e eu estava ali, ainda apaixonado por ele como da primeira vez, louco pela sua voz, seu cheiro, seu corpo, seu temperamento, ele era meu e eu estava mais que feliz. Ainda mais agora que estava começando novamente, em outro lugar. Naquela noite eu dormi com a minha mãe, mas minha vontade era passar a noite toda abraçado com ele. Eu queria gritar nosso amor pra todo mundo, porém ele ainda era nosso segredo. Bem, nem tão segredo assim visto que a Flávia, namorada falsa dele sabia, seu pai também, o Rodrigo, meu primo e também a minha mãe, coisa que ele não sabia ainda. Mesmo ela sabendo de nós dois, não deixou ficarmos juntos, ela não queria saber de safadeza kkk.
No dia seguinte ela e meu primo foram embora e nós ficamos sozinhos, foi maravilhoso. De manhã nós saímos para fazer compras e parecia que morávamos juntos. Esta foi a primeira vez que desejei isso de verdade, morar com ele, sermos casados, seria bom. Mas sabia que isso era impossível, então tirei aquela história maluca da cabeça. Depois fomos a uma loja de móveis para comprar algumas coisas que estava faltando. Ele me ajudou a escolher tudo, era um doce, parecia um ogro, porém tinha muito bom gosto. Ao chegar em casa ele pediu para fazer a comida e já foi logo preparando sua macarronada turbinada, enquanto eu ia arrumando as compras no armário.
- Tavinho, balas, biscoitos, sorvete, calda, pipoca, sucrilhos, ovo maltine, quanta besteira é essa?
- Ah amor, comprei porque eu gosto.
- Mas eu que vou morar aqui seu cabeção!
- E quando eu estiver aqui?! Tenho que ter umas coisas pra mim. Falando nisso, uma parte do seu armário é minha. Já vou deixar algumas roupas ai pra eu não precisar trazer sempre uma mala pra cá.
- Que lindo! Me beija vai. – ele me beijou da forma deliciosa que só ele sabia.
- Agora deixa eu terminar de cozinhar.
- O cheiro está delicioso.
- Ah, vou por um saco aqui também heim.
- Saco? De bater?
- É, posso?
- Pode ué, mas precisa mesmo?
- Tenho que treinar amor.
- Você é viciado em bater naquilo, isso sim. Você não pensa em mim enquanto bate naquilo não né?
- Não amor, eu bato outra coisa pensando em você kkk.
- kkk Credo Otávio! Que horror! Seu punheteiro safado!
- Essa distância faz isso comigo, meu pau está parecendo manete de bicicleta, já tem o formato da minha mão kkk.
- Seu sujo. Mas isso eu posso resolver.
Ele desligou o fogo e nos agarramos ali mesmo. A mesa da cozinha e a pia viraram nossa cama, foi delicioso. Depois que terminamos de nos amar, tomamos um banho e ele terminou o almoço, então sentamos para comer. Estava sendo um sonho, como se realmente fossemos casados e vi que seria realmente maravilhoso demais. Depois fomos arrumar o que faltava e a noite saímos para dar uma volta. Vimos na internet alguns bares legais, mas acabamos em uma pizzaria tradicional, o dia foi ótimo, como sempre era quando eu estava com ele. Mas infelizmente ele foi embora no dia seguinte.
Minha vida estava começando e estava ansioso para ver como ficaria na nova faculdade. Minhas aulas começariam em uma semana e nessa semana que passei ali sem fazer nada eu procurei emprego, mas claro que não achei, que saudade da minha cidadezinha. Mas não desisti, fui a uma agência de empregos e fiquei aguardando.
As aulas eram tranquilas, pelo menos no início. No segundo dia de aula o Otávio me encheu o saco perguntando se tinha homem bonito na faculdade, se tinha na minha sala, falando pra eu abrir o olho, etc. Homem inseguro é foda. Claro que eu não falei pra ele que todos eram lindos, ele ia pirar kkkk. Com minha mudança dava pra todo fim de semana a gente se ver. Como eram apenas 4 horas de viagem de moto, eu ia e voltava tranquilo, ou ele ia me ver de avião.
Com o aumento de nosso convívio nosso namoro ficou melhor ainda e já depois do sexto mês dessa mudança já se notava como nos amávamos e como queríamos ficar um com o outro. Meu gatinho, de menino brigão agora era um homem sério e concentrado. Eu adorei ver ele amadurecendo, mesmo ele ainda se achando muito imaturo perto de mim, pra mim já era homem, meu homem. Nesse tempo ele veio me contar um segredo, algo que estava escondendo de mim, mas por uma boa causa. Ele me contou que estava fazendo curso pré-vestibular e que já tinha se inscrito em algumas universidades. Eu fiquei muito feliz por saber que ele estava levando o futuro dele a sério. Seria um educador físico, eu sabia que ele escolheria isso se fosse fazer faculdade, não era lá uma engenharia, mas pelo menos iria estudar.
Ele estava se saindo muito bem nas lutas, não que eu gostasse que ele fosse pugilista. Sempre achei perigoso, sempre tive medo que ele se machucasse e claro, preferia que ele fosse um intelectual e não um troglodita que bate nas pessoas. Evidente que ele não sabia que eu tinha essa opinião sobre a profissão dele, isso o deixaria extremamente chateado, pois foi só brincar sobre os lutadores terem o “cérebro atrofiado”, até hoje ele ainda lembra disso. Então para todo mundo eu tinha orgulho dele, adorava ele ser lutador, mas fugia das lutas dele, fui apenas em uma e não durou nada, ele deu dois socos e o cara desabou, não teve graça nenhuma.
Enfim, teve uma vez que ele foi para a minha casa já no final do ano e iria ficar quase uma semana porque teria uma luta lá. Bem, eu fiquei feliz por tê-lo comigo, mas a luta me desanimou legal, já que com certeza ele iria me chamar para ir ver. Mas não, ele chegou e ficamos juntos uns momentos, depois ele saiu e disse que iria para a academia; passou o dia inteiro fora, quando eu cheguei ele já estava sentado no sofá, vendo tv.
- oi amor. –fui beijá-lo.
- Oi minha vida.
- Como foi o treino?
- O treino? Foi ótimo, estou progredindo.
- Que bom amor, está cansado?
- Sim, muito, ia dormir, mas queria te esperar.
- Porque amor? – falei chegando perto dele e acariciando seu peito.
- Para poder ficar um pouco com você ué. – falou me beijando.
- Mas eu vou tomar um banho antes, ok?
- Tudo certo, vou esquentar sua comida.
Fui para o quarto e tomei banho. Quando sai da ducha encontrei no banheiro, a mochila dele, atrás do cesto de roupa suja. Peguei ela e estava pesada, quando abri vi vários livros lá. Peguei um e era de biologia, outro de química, outro de história, era inacreditável que ele levou livros para estudar. Fiquei feliz por ver que ele estava se dedicando, mas porque esconder a mochila?
- Amor, seu relaxado! Encontrei sua mochila no banheiro. – ele pareceu meio nervoso.
- Ah amor, desculpa, vou lá guardar.
- Não precisa, eu já guardei. Pra que trouxe tanto livro?
- Você abriu Bruno?
- Sim ué? Algum problema, só tinha livro lá.
- Nada, só não gosto que mexam nas minhas coisas.
- Sério? Você nunca tinha se importado Otávio. O que você está escondendo?
- Nada, só trouxe uns livros pra continuar meus estudos nos tempos vagos.
- Isso que imaginei, mas porque agiu como se eu tivesse achado uma revista de putaria?
- Só fiquei irritado por você mexer nas minhas coisas. Desculpa, foi infantilidade minha.
- Foi estranho mesmo.
- Me desculpa, vem cá, me dá um beijo e diz que me perdoa.
- Eu te perdoo, meu ogro.
Ele passou a semana assim, saindo cedo e não sabia a hora que ele voltava porque estava na faculdade. Chamava ele para sair, mas estava sempre cansado, e por duas vezes achei ele dormindo. Então, não cobrava nada dele.
- Tavinho, que horas você vai para a luta?
- Saio daqui de manhã e volto assim que terminar.
- Onde é a luta, não vai querer que eu vá te ver? – ele sorriu e tocou meu rosto, fazendo um carinho.
- Não precisa, eu sei que você não gosta das lutas, sei que você não gosta que eu seja pugilista, mas amor, é o que eu gosto, é o que eu sei fazer. Não precisa ir, sei que estará torcendo pra mim daqui, torcendo para que eu não me machuque. Peço que você torça para que tudo o que eu estudei, treinei, eu lembre.
- Bem, já que você quer assim, tudo bem.
A tal luta chegou, seria sábado a tarde, então de manhã ele saiu e foi para academia e lá ficou o dia inteiro, só voltou a noite. Quando ele abriu a porta vi que ele estava triste, então achei que tinha perdido a luta.
- Amore, tudo bem?
- Sim.
- Não parece. Está triste, o que houve, como foi a luta?
- Não sei o resultado. Deu empate.
- Como assim?
- Nós dois medimos forças e não sei o que aconteceu. Bem, amanhã terá uma nova rodada.
- Amor, eu vou lá para te ajudar.
- Não precisa, vai dar tudo certo.
- Tem certeza? Eu não me importo em ir, eu só não gostaria de ver você tomando porrada, mas eu aguento. Vou lá gritar por você.
- Você, daqui, consegue fazer mais.
- Bem, já que você não quer mesmo, então não vou insistir mais. Que horas tem que levantar amanhã?
- Cedo... sabe, eu queria ir a igreja amanhã.
- Igreja?
- Isso, nunca fui na Sé, é longe daqui?
- Um pouco, mas dá pra ir, se você quiser mesmo.
- Quero sim.
- Está certo.
Ele foi tomar banho e eu fiquei na cama sem entender nada. Ele estava muito estranho, devia ser essa luta maldita. Ficamos vendo TV, depois fomos deitar, eu ainda tentei alguns carinhos, mas ele falou que precisava descansar, então eu nem insisti, sei que com ele não adiantava, pra ele não querer sexo estava preocupado mesmo.
De manhã acordamos e fomos para a Sé. Eu nunca tinha entrado lá e era realmente uma igreja muito bonita. Chegamos e demos uma volta lá dentro, depois estava começando a missa, então sentamos nos bancos e ficamos assistindo. Ele parecia um devoto em romaria, participava do culto com esmero e eu ali querendo entender o que se passava. Ao terminar a missa, ele se ajoelhou e ficou rezando. Eu fiquei ao lado dele né, mas ele estava rezando pra valer, ficou mais de 10 minutos ali, então eu levantei para dar uma volta. Quando voltei ele ainda estava ali, como estava ficando tarde fui chama-lo.
- Tavinho, vamos?
- Só um momento Nuno. – Ele terminou sua oração, fez o sinal da cruz e fomos saindo.
- Essa luta é muito importante pra você né?
- Muito.
- Não me quer com você lá mesmo?
- Não. – É, dessa vez eu fiquei meio chateado. Mas como eu nunca quis ir antes, até entendia ele não me querer com ele.
- Então vamos comer algo? Talvez você relaxa um pouco antes de ir pra academia.
- Ta bom.
Fomos a um café e fizemos um lanche, depois voltamos pra casa e ele foi para a academia. O dia passou lendo e eu apreensivo, sem saber o que estava acontecendo, se ele tinha ganhado ou perdido a luta. Bem, a noite eu ouvi o barulho da porta e fui correndo para a sala. Ele estava entrando e parecia sereno, diria até que tinha um sorriso no rosto. Ele veio até mim e me deu um beijo de tirar o fôlego.
- Eu te amo.
- Eu também te amo. E ai?
- Perdi.
- Ah meu amor, vem cá! – O abracei firme. – Está tudo bem?
- Sim, estou feliz, dei tudo de mim, fiz o possível e se perdi foi porque o oponente era melhor do que eu, não por que eu era ruim, entende?
- Claro amor, e fico muito orgulhoso de você. – Olhando a doçura do seu olhar, e como ele estava sereno eu fiquei emocionado. – você é maravilhoso.
- Amor, porque está chorando?
- Estou triste porque você não conseguiu ganhar, mas ao mesmo tempo feliz por ter você comigo.
- Não chora, está tudo bem. Eu preciso ir, mas não quero deixar você assim.
- Eu estou bem, só me emocionei. Mas você já vai? Está cedo.
- Tem voo agora para as 20 hs, é melhor, assim eu posso descansar em casa.
- Isso é verdade, mas queria ficar mais um pouco com você.
- Eu também amor, mas nossas vidas são assim, nosso amor é assim, a distância só aumenta ele.
- É verdade.
- Então – me beijou – deixa que eu me arrumar. - Ele se arrumou e foi embora.