Perdas, danos e a certeza que tudo havia mudado para sempre 8

A primeira coisa que percebi antes mesmo de abrir os olhos foi sons de pessoas conversando a minha volta. Assim que voltei a ter consciência plena, as conversas ganharam nitidez e de minha parte fingi por pouco tempo ainda estar dormindo.

Percebi pelo tom das vozes que todos eram garotos e falavam de modo baixo e com certo receio. Um deles dizia que se a família soubesse o que ele teria que fazer, mesmo forçado, seria o mesmo que matá-los... Outro jovem dizia a alguém próximo a Rômulo, já que os mesmos estavam pertinho da cama em que ele estava deitado, que jamais se submeteria a tal aberrações pois jamais foi gay e nunca seria. A morte seria o certo a fazer... Todos que falavam tinham sempre algo a dizer e muitos dos outros decidiram não se manifestarem...

Comecei a me mexer e levemente espreguicei o corpo e abri a boca. Meus olhos foram abertos em seguida e um negro de beleza sóbria foi o primeiro a me vez acordado. Ele soltou um tímido sorriso e andou até onde eu ainda estava deitado...

_ Olá. Me chamo Gilberto. Tudo bem com você? E estendeu a mão para que eu o cumprimentasse.

_ Olá. Eu sou o Rômulo. Quanto a sua pergunta, a resposta é um simples não... Nada esta bem.

_ Perguntei porquê você chegou aqui ontem a noite e já é noite novamente. Doparam você demais... É como se você tivesse vindo de muito longe. Onde você foi pego?

_ Eu nasci no Paraná. Sempre morei numa Cidade do Oeste do Estado... E você Gilberto? Onde você foi pego? Sentei e aguardei a sua resposta.

_ Sou do Acre e morava em Goiânia com amigos da Faculdade num república quando me pegaram há quase cem dias atrás. As vezes Rômulo nem acredito que isso ta acontecendo. Desde ontem que comecei a reparar nesses garotos e acredito que as ameaças que sofremos foi a mesma. Nós temos o mesmo padrão. Somos bonitos, educados, universitários, bom corpo, boa altura, músculos... Não fomos escolhidos aleatoriamente. Há um padrão aqui e isso é por demais interessante.

_ E por que você tava pensando sobre isso, Gilberto? Cruzei os braços na altura do meu peito e o olhei fixamente.

_ Porque cada um de nós agora vai estar por conta própria. Cada um de nós é uma mina de ouros pra esse bando de filhos da puta que vão saber como fazer pra acabar com nossa dignidade e estima. A gente vai cair na prostituição masculina, garoto. Eu odeio gays e vou ter que por obrigação virar um. Acho que isso é algum tipo de castigo que vou ter que sofrer...

_ Sinto muito por tudo isso, cara. Eu também não sou gay. Diferente de você não tenho nada contra... Eu lembro que antes de apagar por conta de uma injeção que me deram, um cara que era chamado de soldado chefe me disse que

eu viria para uma espécie de treinamento... O que será que vai acontecer, cara?

_ Acredito que logo logo saberemos, Rômulo.

Por um longo período os outros rapazes num total de doze ficaram conversando e quando a porta abriu um cara abriu a porta usando apenas uma minúscula sunga vermelha e logo atrás dele três outros caras, que assim como o primeiro, tinham o corpo quase que totalmente a mostra e seus braços e peitos eram cobertos por tatuagens.

_ Vou ler três nomes aleatórios que vocês com certeza já sabem qual é o de cada um e a proporção que eu falar vocês sairão da sala na companhia dos seus tutores. Alguma dúvida, boys? Seu riso era sarcástico.

Nenhum de nós respondeu e o cara ficou puto...

_ Tão me ouvindo não, porra? Perguntei se tinham alguma dúvida?!!!

O coro dos doze respondeu um sonoro NÃO e o cara passou a ler os nomes da sua lista...

_ Phill, Alex e Ciro. Um loiro e dois ruivos deixaram a sala com o cara de sunga azul, Stuart.

_ Alef, Johnny e Bill. Três morenos deixaram a sala com o cara de sunga preta, Marcel.

_ Mark, Allan e Jack. Dois loiros e o negro Gilberto que falou comigo desde que havia acordado, deixaram a sala com o cara de sunga amarela, Brad.

_ Jimmy, John e Janus, eu sou o Peter, sigam-me e por favor não falem até que eu mande pois se tem uma coisa que não gosto é que falem perto de mim sem necessidade. Entenderam? Confirmamos em coro e seguimos aquele cara de sunga vermelha minuscula por intermináveis corredores e logo em seguida chegamos a um jardim de proporções gigantescas.

O lugar era realmente lindo. Não tive como não ficar triste ao lembrar do jardim da minha casa. Aquilo acabou comigo e meus olhos se encheram de lágrimas. O sol estava bem forte e após contornarmos a imensa piscina o tal cara nos fez entrar numa espécie de dormitório coletivo e voltou a falar...

_ Tirem a roupa toda e coloquem dentro dos depósitos nominados com o nome de cada um. Em seguida voltem para o jardim e lá me esperem.

John e Janus, com certeza esses não eram seus nomes de batismos, olharam pra mim, se entreolharam e sem termos alternativa nenhuma fizemos o que o cara mandou. Seguimos para o jardim e ele estava bem próximo a piscina falando com alguém pelo celular. Assim que nos viu desligou e disse:

_ Pensei que os boyzinhos fossem passar o dia dentro de casa sem aproveitar esse sol maravilhoso e essa piscina que mais parece um fodido lago.

Peter era um cara realmente lindo. Era um gigante belo e másculo e a cor vermelha de sua sunga me fez ficar com os olhos praticamente pregados nele. Seu corpo era totalmente liso e a cor preta dos seus cabelos em contraste com o verde dos seus olhos me fizeram admitir que ele cara era simplesmente lindo. Estar nu em sua presença tava realmente me incomodando pois o seu olhar em minha direção era de desejo. O cara voltou a falar:

_ Janus de agora em diante você terá um mês pra mudar completamente tudo em você desde a postura, o físico, o andar, o falar, o olhar, a cor do cabelo... Tudo mesmo. E como seu tutor, espero que você me ajude e que não tente fazer nada que me faça ter ódio de você, entendido? E seu olhar penetrou no do garoto que concordou com um aceno de cabeça.

_ John o mesmo vai acontecer com você. E uma das primeiras mudanças terá início ainda hoje à tarde quando nossa equipe odontológica der um jeito em sua boca. Depois você entrará na rotina de treinos e...

_ E se eu não quiser que nada na minha vida mude? Seu olhar era de puro ódio e desprezo.

_ Muito simples meu caro John... A cabecinha da sua mãe chegará por encomenda até você amanhã bem cedinho. Se você insistir a cada dia chegará uma cabeça diferente até que só falte a sua para ser tirada de cima dos seus ombros. E não duvide que isso acontecerá porque eu sei que acontecerá se você não for um cara inteligente... Nunca mais me interrompa. Grave bem o que lhe disse... Nunca mais ouse me interromper. A bofetada doeu até em mim e o belo rosto do garoto acabou ganhando um alto relevo no lado direito.

John apenas baixou a cabeça com lágrimas escorrendo pelo seu rosto machucado e envergonhado. Eu tive pena dele pois enquanto ouvia o que provavelmente aconteceria com sua família, o mesmo tremia o corpo como se estivesse com calafrios.

_ Jimmy, você apesar de ser o mais novo dos três parece ter mais juízo que todos nós juntos. Sinceramente espero que você também não queira se rebelar. Primeiro porque não adianta e depois eu odiaria ter que fazer você sofrer pois teu corpo é simplesmente e de longe o melhor que já tivemos em anos. Nunca me provoque, garoto... Você com certeza levaria a pior. Agora nós vamos tomar um banho de piscina pois o calor tá de matar aqui em Fortaleza. Enquanto isso vou começar a dizer o que cada um de vocês terá que fazer a partir de agora e o que lhes espera daqui a um mês.

Eu nada disse. Não havia nada a dizer numa situação dessa. Eu iria ter que me submeter a tudo o que tivesse que fazer nesse tal treinamento e ao final do mês, me tornaria mais uma peça de carne que seria vendida para um filho da puta qualquer até o dia da minha morte. Meu ódio aumentou a milésima potência e infelizmente, mesmo sem querer ou desejar nada daquilo, meu treinamento começou.

Os dias eram gastos em treinos físicos e técnicas de sedução. Nosso corpo era a nossa principal ferramenta de trabalho e como tal teria que mudar para ser adaptado ao desejo e uso de todos aqueles que estivessem dispostos a pagar pela posse ilusória e momentânea de nossas vidas.

Sempre nos reuníamos para as duas principais refeições que fazíamos sob supervisão dos malditos soldados e tutores, almoço e jantar. Nos era negado o prazer da conversação. Os grupos que haviam sido formados pelos tutores não podiam em hipótese alguma interagir um com o outro sob pena de castigos que iam desde humilhação verbal até espancamento que muitas vezes deixavam o garoto coberto de hematomas por alguns dias... Presenciei cinco desses espancamentos e confesso que aquilo fugia completamente a compreensão humana.

Faltando apenas uma semana para o término do tal " treinamento " o cara que falou comigo Gilberto, que agora se chamava MARK, não estava presente ao jantar daquela noite. Achei bem estranho pois ele sempre estava por ali e outra coisa também incomum foi a ausência de seu tutor, Brad.

Como última atividade do dia nos reuníamos em um amplo e confortável salão para a exibição de um pornô gay explícito. Como de praxe nos dirigimos para o local da tal exibição e foi uma grande surpresa ver no local uma grande cama king size e sobre ela completamente nu e amarrado o tal Gilberto/Mark com uma mordaça na boca e olhos cheios de ódio e medo. Seu corpo estava esticado e seus pulsos e pernas estavam amarrados nas extremidades da cama de ferro de tal maneira que era impossível ele sequer virar...

_ Sentem-se em seus lugares, boys. Hoje não haverá filme e sim uma exibição real com a total colaboração do nosso amigo Mark. Eu lhes disse que nunca tentassem fazer nada que gerasse mal estar e punições... Só que o Mark parece não ter dado ouvidos as minhas palavras. Não estamos brincando aqui, boys. Vocês não são nada pra gente e na verdade são o nosso tudo. Não adianta querer bater de frente com nossa organização. Garanto que vocês só tem a perder.

Aquilo não estava indo por um bom caminho e com certeza o pobre Mark sofreria consequências que jamais seriam apagadas de sua vida. Peter continuou...

_ Qual o crime do nosso amigo Mark? Ele se negou a beijar um outro homem e num ato de total selvageria espancou gravemente o seu instrutor enquanto dizia ter ódio de gays e que se tivesse uma mísera chance que fosse mataria todos nós da organização... Isso é grave. E vocês verão agora o que lhes aguarda se tiverem a ousadia ou burrice de tentar fazer a mesma coisa que ele ousou fazer.

A porta que ficava ao lado do telão foi aberta e de lá saíram dois homens fortes, másculos e lindos vestindo roupas de couro, iguais aqueles caras dos filmes que sempre assistíamos. Peter escolheu sentar a meu lado e disse assim que as luzes apagaram e uma única luz acendeu sobre a cama onde Mark estava tentando se livrar do provável castigo...

_ Observe Jimmy. Quero que você veja o que pode lhe acontecer caso ouse ser como ele. Aconselho mais uma vez que não tente... Ele me deu um selinho e pousou a minha mão sobre seu membro que já estava super duro.

Mark teve o cu chupado e penetrado violentamente pelos caras que usaram o seu corpo do jeito que quiseram. Ele urrava abafadamente e lágrimas eram vistas enquanto rolavam de sues olhos molhando seu belo rosto. Chicotes foram usados alternadamente pelos dois caras. A pele escura do garoto já começava a ficar avermelhada e ele só gemia a cada marca que era desenhada em sua pele. Grande consolos foram revesados dentro dele enquanto seu corpo era mordido vorazmente pelos homens que tinham nesse momento a posse total de sua vida. Mark parou de gemer e a única coisa que fez foi esperar pelo final daquele verdadeiro suplício.

Eu nunca tinha passado por nada parecido aquela selvageria e quando tudo finalmente acabou Mark havia desmaiado em cima daquela grande cama cujos lençois estavam molhados de suor, esperma e sangue.

Se todos nós tínhamos aprendido uma lição naquela noite, Mark havia mentalmente feito uma promessa durante o ato a que fora submetido... Os malditos tutores seriam os primeiros a morrer. E ele cumpriu a promessa antes da semana terminar.

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Povo do Lado Esquerdo. Perdi muito material de trabalho por conta do computador que infelizmente resolveu não mais trabalhar. Eu tô correndo atrás do prejuízo e por conta disso as postagens podem demorar a ocorrer nas próximos dias.

Farei o que puder e o que não puder também para que sempre tenha um tempinho pelo menos para postar mais um capítulo dessa nossa trama.

O meu sincero e profundo agradecimento por todas as mensagens e o carinho com que sempre me recebem. O bom, velho e aconchegante abraço a cada um de vocês. Nando Mota.