Conheci Adair por acaso, numa situação de pegação que, na verdade, nem era pra ser de pegação. Eu estava urinando no banheiro de um restaurante, no mictório – um desses, de aço inoxidável, que não têm divisórias. Não era algo habitual para mim, porque prefiro as cabines, por uma questão de privacidade. Talvez porque elas ficassem atrás da porta por onde entrei e o mictório era bem em frente, ou talvez porque não tivesse mais ninguém lá, ou porque estava mais relaxado por conta dos chopes, o fato é que acabei pondo o pinto pra fora despreocupadamente.
Não demorou muito, ouvi a porta atrás de mim abrir e logo havia um cara ao meu lado. “Droga!”, pensei. Não ficou próximo de mim mas também não muito distante, porque o mictório não era comprido – caberiam ali três caras, com um certa folga, mas não mais do que isso. Amaldiçoei o desgraçado.
Fiquei um pouco tenso porque, embora tivesse tomado já alguns chopes, a urina não saía, e o homem já havia sacado o pau dele e eu escutava o barulho. Não durou mais de alguns segundos para eu finalmente conseguir, mas para mim pareceu uma eternidade. Fiquei mais relaxado: o jato saía forte e percebi que não seria nada breve. Quem bebe chope sabe o efeito diurético que faz, e era a primeira vez que eu tinha levantado da mesa para urinar. Mais relaxado, olhei para os lados casualmente, aguardando terminar, e sem querer – juro que foi sem querer – vi com o canto do olho o pau do cara ao lado, que, certamente porque também devia ter tomado uns bons copos, ainda urinava.
Não pude deixar de olhar com mais atenção. O cara tinha um pau de responsa. Estava mole, claro, mas mesmo assim era grande e, principalmente, muito grosso. Acho que eu nunca tinha visto um pau mole tão grosso como aquele, não sei. E, além de tudo, era bonito, bem feito: moreno, com umas veias levemente salientes, um porte encorpado mas ainda assim com a tez parecendo macia. A cabeça aparentava ser especialmente grande, embora boa parte dela estivesse encoberta pela pele. Eu sou fã de bem dotados desde que me entendo por gente. Todas as minhas fantasias, mesmo quando garoto, sempre foram com caras de paus acima da média. Confesso mesmo: sou tarado por pau grande. Pau médio pra mim até pode quebrar o galho, mas não me satisfaz. Pau pequeno, então, nem pensar.
Então, ver um pau grande pra mim não era novidade alguma, pois sempre procurei por eles. E era difícil encontrar algum que me espantasse pelas dimensões, justamente porque meu nível de exigência... bem, vocês entenderam, né? Mas o que aquele cara tinha não era apenas um pau grande: além de ser um pouco mais comprido do que se costuma ver num pau mole, ele tinha uma grossura de dar água na boca; era grosso mesmo, com aquele aspecto pesado. Meu coração disparou olhando aquilo e fiquei imaginando como ele seria quando estivesse realmente duro.
Eu estava a tal ponto impressionado com o equipamento do cara que, quando dei por mim, me surpreendi ao perceber que o cacete continuava ali exposto, mas ele não mais urinava. O homem havia terminado, mas não balançara nem guardara o pau: simplesmente o mantinha imóvel, à mostra, como se estivesse esperando eu terminar de admirá-lo. Instintivamente, olhei para seu rosto e levei um susto quando vi que ele me encarava. Era mais velho do que eu – talvez uns 40 anos, ou um pouco mais –, mulato, um pouco mais baixo do que eu, e usava uns óculos tipo tartaruga, com lentes meio grossas, e na verdade meio fora de moda também. Não era um cara bonito, mas também não era feio não. Era normal. A camisa estava para dentro das calças, o que permitia perceber que, apesar da idade, ele não tinha barriga. Usava umas calças jeans bem surradas – não dessas de loja, mas daquelas que ficam surradas pelo uso mesmo. E... não, não era só o pau: havia alguma coisa nele que, mesmo vestido, passava uma sensualidade latente. Mas não pensei muito em nada disso na hora; só depois. Naquele momento, eu estava simplesmente estatelado, temeroso da reação que ele poderia ter diante do meu interesse.
Ele percebeu minha surpresa ao vê-lo me encarando e, provavelmente, também meu nervosismo. Deu um leve sorriso, numa expressão simpática. Não se moveu – nem para se afastar nem para se aproximar mais de mim.
- Gostou?
Fiquei totalmente sem ação, com a boca meio aberta, com aquela cara de paspalho de quem não sabe o que dizer ou fazer. Não que eu fosse inexperiente: muito ao contrário, eu ia a pontos de pegação com uma certa frequência, e meus lugares favoritos para caçar eram justamente os banheiros. Mas ali, pegação era algo que nem me passava pela cabeça. Era um almoço de domingo num restaurante, com minha família inteira, aquele clima que nada tinha a ver com sexo ou putaria – ainda porque eu não era nada assumido, então num ambiente como esse eu era quase um assexuado.
E, de repente, tinha sido desmascarado por um outro frequentador que, afinal, também pertencia àquele ambiente: mesas grandes, família reunida, crianças correndo entre as cadeiras, carrinhos de bebê – atmosfera mais careta, impossível. O cara devia ser um pai de família, sei lá; com aqueles óculos, certamente na pista ele não estava.
– Pode voltar a olhar; não tem problema não – ele disse, com uma naturalidade inacreditável, sem sequer baixar o tom da voz.
Essa naturalidade me desconcertou mais ainda e, sem saber o que fazer, simplesmente obedeci: voltei a admirar aquele membro grosso. A cabeça estava mais descoberta e o corpo havia inchado um pouco: o cara estava ficando excitado. Claro que fiquei doido pra pegar naquele caralho, mas nem pensei em fazer isso – pelo menos, não seriamente.
Ele apenas me observava, parecendo estar habituado a oferecer à admiração aquele tesouro que tinha entre as pernas. Seu corpo agora estava discretamente voltado para mim, para facilitar a visão, e ele sutilmente alisava o membro. Mas isso não durou nada: deu uma balançada gostosa e, sem pressa, guardou o cacete de volta na calça jeans. Eu estava estático, nervoso com a situação. Se algum irmão meu entrasse ali agora?
– Olha, aqui não dá pra rolar nem tenho como ir pra algum lugar contigo agora – ele disse, já se encaminhando para o lavatório, com a entonação de quem me conhecesse há anos e a certeza de que eu tivesse lhe proposto alguma coisa. – Estou com gente aí. Mas meu celular é muito fácil; dá pra guardar de cabeça. Dá uma ligada amanhã pela manhã que a gente volta a se ver.
Ouvi ele abrir a torneira e a água jorrar.
– Você é bem gostoso – falou, numa voz pastosa.
E então me disse o número, que era realmente bem fácil. Bastava eu me esforçar para gravar bem os primeiros três algarismos, porque os demais eram simplíssimos de lembrar. Permaneci ali no mictório com meu pinto na mão, enquanto ele calmamente lavava as mãos. Só olhava a parede frente a mim, agora doido pra que ele fosse logo embora.
Secou as mãos atabalhoadamente num chumaço de toalhas de papel e as jogou no cesto.
– Meu nome é Adair. Não deixa de ligar não. Você vai ver que ele fica muito melhor quando cresce de verdade – e então veio o barulho da porta se fechando.
Imediatamente me recompus. Nem lavei as mãos, preocupado com o tempo que havia passado ali e o que poderiam estar pensando quando eu voltasse para a mesa (pura paranoia). Puxei o ar bem fundo para os pulmões, ajeitei o cabelo pra trás e saí.
Percorri com o coração na mão os dois salões do restaurante até chegar de volta à minha família. Temia que ele estivesse no caminho – ou, pior, sentado próximo a mim – e tentasse trocar olhares ou alguma coisa do tipo. A imagem daquele pau mole que era grande e grosso estava impregnada na minha visão, e mesmo com todo o nervosismo eu lamentei não ter me virado para ver pelo menos o volume que deveria se formar naquela calça surrada. Devia ser um tesão ver aquele homem andando e o cacete se movimentando ligeiramente sob o tecido. Foi pensando nisso que me dei conta de que ele não estava usando cueca: o cara simplesmente pôs o caralho pra dentro. Senti um arrepio na espinha e por um momento cheguei a procurá-lo entre as mesas.
Não, definitivamente, ali não era hora nem lugar pra esses pensamentos nem pra paqueras. Sentei e simulei estar participando da conversa que rolava, enquanto discretamente inspecionei em torno para me certificar que o cara não estava por perto. Havia ainda um terceiro salão no restaurante e também algumas mesas do lado de fora. Para meu alívio, ele devia estar num desses pontos.
Embora eu não fosse nenhum garoto – já havia passado um pouco dos 30 anos –, estava realmente receoso de alguém perceber o que havia ocorrido. E, do jeito que aquele homem agiu no banheiro, não duvidaria nada que ele chegasse à mesa e, com toda tranquilidade do mundo, simulasse ser meu amigo – e até sentasse, conversasse e saísse junto conosco!
Eu não curtia nada aquele restaurante, justamente pelo clima familiar demais pro meu gosto, que era ainda pior nos fins de semana. Mas, dessa vez, agradeci pela escolha da família: tantos salões, tantos espaços, tantos cantos, tantas mesas, tudo perfeito pra eu conseguir me livrar daquela situação e daquele homem caralhudo que falava putaria como quem comenta se o tempo está ensolarado ou chuvoso. Terminado o almoço e paga a conta, mantive o rosto altivo quando saímos em direção ao estacionamento, para evitar cruzar o olhar com qualquer um dos que estivessem nas mesas da calçada.
Mas, antes disso, ainda na mesa, tinha pegado discretamente um guardanapo de papel e, com uma ponta do garfo, havia marcado os três primeiros números do celular que ele me havia dado. Quando entrei no carro, o guardanapo estava muito bem guardado no meu bolso.
***
Este texto é sucedido por “No hotel, com Adair”.
A história completa se desenrola nos seguintes textos, em ordem cronológica
(Os links para cada um dos textos estão na página do meu perfil de autor, em
//zaberemenet-devochkoi.ru/camillaclarkgallery/perfil/:
1. “Admirando o calibre de Adair” [você está aqui]
2. “No hotel, com Adair”.
3. “O preço para ter Adair”
4. “Guiado por Adair”
5. “O desafio de Adair”
6. “Exposto por Adair”
7. “Sob o teste de Adair”
8. “Entendendo Adair”
9. “Entregue a Adair”
10. “Presença de Adair”
11. “Além de Adair”
12. “Adair, dono de mim”
13. “Um outro Adair”
14. “Marcado por Adair”
15. “Esse macho se chama Adair”