Alone

Um conto erótico de Gunter
Categoria: Homossexual
Contém 949 palavras
Data: 21/12/2015 14:44:42
Assuntos: Homossexual, Gay

Sabe quando você está cercado de pessoas mas não consegue se livrar da sensação de estar sozinho? Então... esse é o sentimento que me segue desde que me entendo por gente. Há vários anos atrás eu assisti ao filme Matilda e percebi que provavelmente o sentimento fosse compartilhado entre nós dois é claro com algumas cruciais diferenças, a principal delas é que eu não possuo nenhum poder psíquico, infelizmente. As outras diferenças são quanto as peculiaridades da minha família. Explicando melhor e pra vocês entenderem mais especificamente pode se dizer que nasci na família errada, mas prefiro acreditar que nasci no país errado. É como uma zebra tentasse se passar por cavalo, alguns podem achar engraçado mas pra quem passa por isso é ridiculamente doloroso. Se já é ruim isso na escola, faculdade ou grupos de seja lá o que for agora imagina dentro de casa. Não estou falando de desentendimento entre os pais ou hormônios na adolescência e sim de algo desde a infância ou melhor desde bebê.

Tudo começou no dia 1 de dezembro, eu era o terceiro filho até então, com dois irmãos mais velhos. Leonardo era o primogênito, o loiro dos os verdes/azulados, alto e aquele tom de pele característico da família que é um branco/amarelado quase anêmico. O segundo é o Felipe, que tem as mesmas características ou melhor... copiou as do mais velho.

Eles eram o orgulho do meu pai. Ele amavam futebol, lutas e garotas. Só sabiam falar desse assunto, sempre. Minha mãe os adorava por ser aquilo que ela esperava que deviam ser seus filhos e porque ela era a típica esposa submissa sobrevivente de um relacionamento abusivo. Eu era esperado pra ser mais um loiro perfeito machista. A decepção começou no leito do hospital, quando mamãe me viu, o bebê castanho. Olhos e cabelos castanhos, pelo que se pareceu fui o primeiro a puxar ao meu pai o que deveria fazer ele feliz... mas olha a surpresa, não o fez. Minha mãe cuidava de mim como se eu fosse filho de outra mãe, com menos de um mês ela parou de me amamentar. Meus irmãos me rejeitaram, no início havia as brincadeiras maldosas mas eu era tão permissivo que acabou perdendo graça e me deixaram de lado como se eu fosse um dos muitos brinquedos velho deles. Meu pai com o passar do tempo foi ficando frustrado e irritado comigo, não só não gostava das mesmas coisas que meus irmãos como não tinha aptidão alguma para os esportes que eles praticavam. Apanhei vezes sem conta. Quando ele me perguntou que esporte eu queria fazer eu respondi:

-Ginástica Olímpica.

Ele ficou ainda mais decepcionado. Mas pesquisou e me colocou lá. Com os aos vieram mais duas integrantes pra família, Louise e Laura tão perfeitas quanto meus irmãos. Com o tempo meus pais me esqueceram e eu me isolei ainda mais. Minha vida social não existia. Meu comportamento no mundo era um reflexo do meu dentro de casa. Nunca tive um amigo. Nunca alguém próximo pra brincar, nunca um companheiro e nunca alguém pra amar.

Na casa dos meus pais sempre tinha muita gente. Eram os amigos do meu pai, da minha mãe ou dos meus irmãos e irmãs. E os números aumentaram quando ele abriu a academia de jiu-jtsu e judô. Dentro todos que frequentava aquela casa me classificavam como o estranho/emo/pertubado/gótico/esquisito/gay e em muitos aspectos eles não estavam errados. O problema era o último adjetivo que eles falavam, eles descobriram minha sexualidade antes de mim.

Na minha formatura eu iria ser o orador das turmas do terceiro ano, a escola enviou uma carta convidando a família a assistir. Eles nem abriram a carta quando viram que se referia a minha escola. No dia da formatura sai sozinho de casa rumo ao local em um ônibus lotado. Todos com suas famílias e eu mais uma vez com aquela sensação horrível de estar só... fiz o discurso, muitos aplausos e gritos de aprovação, admito que morri de medo e vergonha mas valeu a pena. Quando desci de lá o diretor veio me cumprimentar (foi graças a ele que me descobri gay, eu tinha por ele o que hoje é chamado de crush e ele era o senpai kkkkk, ele era o daddy mais lindo da terra... mas era noivo não que isso mudasse algo) ele perguntou dos meus pais e disse que não sabia. Ele me abraçou e mais do que desejo por ele e um senti gratidão, não fazia idéia do quanto precisava daquilo. Ele me soltou e sorriu pra mim e descobri ser impossível não sorrir de volta. Ele se despediu e eu voltei pra casa.

Meu aniversário foi quase duas semanas depois e mais uma vez sozinho. Nessa noite eles haviam ido pra uma chacara passar o final de semana. Eu fui ao cinema e comi um pedaço de torta de maçã em comemoração à mim mesmo.

Final de ano eu mais uma vez esquecido. Eu odiava o ano a partir de novembro. Odiava. A felicidade e alegria dos outros me sufocava.

Um ano novo começou, iniciei a faculdade com 15 anos... na sala virei o mascote da turma e dos professores. Foi a primeira vez que me senti feliz em algum lugar. Eu era o mais inteligente da turma, ensinava meus colegas de classe, interagia com os professores... eu descobri o paraíso. Ali eu podia ser e fazer o que eu quisesse afinal não tinha bullying ou gente babaca, poderia ter mas eles não fariam isso na tua frente havia educação. As pessoas não se importavam se você fosse calado ou na sua. Foi minha libertação.

Espero que gostem. Até logo.


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Comentários

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Gostei bastante. E um pouco do que vc descreveu aí parece que era sobre mim. Muito bom! Continua.

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CARA, ESSE CONTO PRENDE A ATENÇÃO. MUITAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E EMOCIONAIS FORTES. MUITO BEM ESCRITO E NARRADO. SEM ERROS. EM PARÁGRAFOS QUE SE ENTENDE PERFEITAMENTE BEM. SIGA POR FAVOR.

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Que coisa forte e profunda, só te peço: continue por favor.

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Continua logo viu. Você escreve muito bem, parabéns, aguardando! 👏👌👏👌

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