Comecei a ir à igreja, e lá surgiu a tentação do Kaio – Parte 1

Um conto erótico de garotodoscontos
Categoria: Homossexual
Contém 1293 palavras
Data: 08/08/2015 14:44:21

Quando foi que começou? Sério, eu tentei pontuar, datar, quando foi o dia que essa maldição se iniciou e, na boa, nunca consegui precisar. Não lembro quando comecei a olhar para garotos da maneira que eu deveria olhar para garotas.

Meu primeiro impulso foi constatar que fui maldito pelo criador, e logo depois eu me envergonhei dessa ideia, pois Ele deveria ser o meu salvador ao invés do meu algoz.

A culpa deveria ser minha.

Eu que não vigiei, que não lutei contra esses pensamentos, que me deixei levar por uma direção oposta à do Senhor.

E foi por acreditar nisso que eu decidi seguir os passos d’Ele. Entrei para a igreja querendo ser como todos os outros, os benditos do Senhor: Heterossexuais.

Escolher uma igreja não foi difícil. Eu tinha alguns amigos que frequentavam uma que ficava perto de casa e, por indicação deles, fui ao primeiro culto. Devo dizer, foi catártico. O sermão do Pastor Miguel parecia ter sido feito para mim, falando sobre as tentações da vida mundana e de como deveríamos ter a solidez moral para suporta-las, e que aí residia a verdadeira abnegação para servir aos desígnios do Senhor.

Foi a mensagem mais confortante e opressora que eu já ouvi na vida. Movido pela euforia, eu estava pronto para enfrentar essa luta. E não estava sozinho.

Não sei se você já frequentou uma igreja, mas para alguém fragilizado como eu estava, a acolhida deles, o abraço dizendo que estava tudo bem, que eu não estava sozinho, que minha angústia logo iria passar pela intervenção d’Ele na minha vida… isso é melhor que qualquer antidepressivo. Nesse momento que percebi o papel social importantíssimo que tem a religião.

Depois de aceitar o Senhor na minha vida, passei a participar das atividades do grupo dos jovens. Foi lá que conheci Kaio.

Eu nunca acreditei naquela história de que existe um “gaydar”, um radar biológico misterioso em que um gay é capaz de reconhecer outro, mesmo sem pistas aparentes. Sempre fui péssimo em fazer esse tipo de reconhecimento.

Porém, quando conheci Kaio foi como ter uma certeza suave na cabeça. Ele era bem quieto, na dele, de poucos – mas fiéis – amigos. Mas não sei, algo no jeito dele, na maneira como ele olhava para as pessoas, no jeito que ele tratava a todos ao seu redor, eu meio que soube que ele era como eu.

Que nós dois partilhávamos do mesmo pecado.

Eu era um recém convertido, ainda me habituando com o novo mundo, tentando me encontrar naquele grupo, sob o olhar terno (e atento) de todos os meus novos pares. Quando cheguei, Kaio havia sido muito receptivo e toda vez que nos encontrávamos ele era bastante educado, mas nada além disso.

Não tivemos tempo para descobrir afinidades em comum e talvez isso nunca acontecesse. Eu havia entrado na igreja justamente para me afastar da tentação que insistia em me desviar do caminho d’Ele, e não poderia fazer da casa do Senhor o lugar para perpetuar o meu pecado. Acho que Kaio sentia o mesmo e, se fosse assim, pela força da minha fé (ou da dele), continuaríamos afastados.

A salvo um do outro.

***

Eu tinha acabado de voltar do jogo de futebol dos garotos da igreja. Estava exausto, suado, mas feliz. Tinha sido divertido e o meu time, dos com-camisa, tinha vencido de 3 x 1.

Minha mãe perguntou se eu queria comer alguma coisa e eu respondi que iria tomar uma ducha antes. Entrei debaixo do chuveiro e a água deslizou pelo meu corpo nu. Pensando na partida, sorri ao relembrar o passe fantástico de fora da área que eu dei e que deixou o Gêgê de cara com o goleiro. Foi nosso segundo gol e o pessoal me agradeceu mais que ao Gêgê.

Sorri ao lembrar que o goleiro do time dos sem-camisa era o Kaio, e que ele tinha ficado no chão, desconsolado, enquanto a bola ainda girava no fundo da rede.

Ao lembrar de Kaio ali no chão, todo suado com os músculos do abdômen em evidência, comecei a sentir um comichão entre as pernas. Quando minha mão chegou até o local, já não conseguiria mais evitar: uma ereção tinha surgido.

A visão de Kaio deitado era nítida. Sua pele bronzeada e corpo magro. Seus músculos definidos, apesar da magreza e seu cabelo cacheado, ensopado de suor. E aquela bermuda azul marinho, colada ao corpo, marcando o seu volume. Qual seria o tamanho do membro? Qual seria o formato? Muitos ou poucos pelos?

Quando me dei conta, esses questionamentos estavam sendo incentivados por um vai-e-vem agradável. Fechei os olhos e me deixei levar, a água do chuveiro fazendo os meus gemidos, baixinhos, ficarem inaudíveis.

Abri os olhos e vi a cabeça de cogumelo do meu pau bem vermelha, pulsando. Na minha imaginação Kaio estava com a boca nela, e olhava para mim. Eu sabia que aquilo nunca aconteceria, mas era real para mim. Era como se ele estivesse ali, chupando com gosto.

Aumentei o ritmo da punheta, senti meus pelos se arrepiarem. Fazia muito tempo que eu não me masturbava, desde que tinha entrado na igreja. Ultimamente eu só gozava quando tinha um sonho mais picante, mas por vontade própria jamais.

Tomado pelo desejo, só queria fazer o meu pau gozar e sentir aquele prazer que sobe até a nuca. E foi com a imagem de Kaio, fixa na minha cabeça, que eu esporrei fartamente. Uma porra grossa e de cheiro intenso, concentrada após tanto tempo sem me masturbar.

Minhas pernas ficaram bambas e fiquei sem ar.

Após o prazer que me deixou sem fôlego, quase que instantaneamente veio a culpa. Primeiro, eu não deveria ter me masturbado. Por mais que ninguém estivesse vendo, do Senhor eu não poderia me ocultar. E segundo, por eu ter me deixado levar pelo meu pecado; o desejo por outro homem.

Foi então que decidi que alguns minutos de prazer não valem os outros dias de culpa, vergonha e auto-desaprovação.

***

Fui escalado para organizar o acampamento de férias dos jovens. Em apenas 1 ano e sendo um frequentador assíduo dos cultos e eventos da igreja, me tornei um cara popular. Meus círculos de amizade eram dos mais variados e eu me dava bem com todos.

Ainda assim, Kaio se manteve afastado. Depois de 1 ano, todos já haviam percebido a nossa falta de proximidade e quando tinham a oportunidade me questionavam o motivo. Eu sempre dava a mesma resposta, que deveria ser pelo fato de eu estar namorando a Aline, que era ex-namorada dele, e as pessoas se davam por satisfeitas com a justificativa, mesmo que Kaio estivesse namorando com outra menina da igreja.

Com o tempo, até eu comecei a acreditar na desculpa que eu mesmo criei e aquela primeira impressão, de que Kaio talvez pudesse guardar o mesmo pecado que eu, foi se tornando um delírio, uma ilusão de ótica do tempo em que eu tinha afastado o Senhor da minha vida.

No acampamento de férias dos jovens, a minha equipe foi incumbida de organizar as atividades recreativas. A equipe escolhida foi:

Eu

Gêgê, que tocava na banda da igreja

Inês, do grupo de gestos.

Felipe Miranda (falávamos o sobrenome, pois na igreja tinham outros 8 Felipes)

E ele… Kaio.

Antes da primeira reunião para organizar os jogos do acampamento de férias, Kaio veio falar comigo.

– Daniel, preciso falar com você… – ele falou.

– Pode falar ué.

– Não aqui. – ele olhou em volta, no saguão da igreja muita gente transitava de um lado para o outro. – Um lugar mais tranquilo seria melhor. Podemos conversar na sala de ensaios?

Com o coração na mão eu aceitei. Na minha cabeça, um pensamento irracional surgiu, dizendo que de alguma maneira ele sabia que eu me masturbei pensando nele.

--- CONTINUA ---


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