Um Sopro de Primavera - Parte I/II

Um conto erótico de Luke17
Categoria: Homossexual
Contém 2108 palavras
Data: 20/01/2015 15:49:39
Última revisão: 20/01/2015 15:51:49

Natal. Ano novo. Computador quebrado. Essas são Minhas desculpas. Mas to bem à frente na história. Vai da pra postar mais frequentemente agora. Obrigado a quem acompanha :)

Parte I - Novo lar

Chegamos por volta de sete horas da noite. O apartamento ficava relativamente próximo do campus, o que viria a calhar, já que ainda não poderia dirigir por quase um ano. Era uma quadra com blocos de apartamentos, e meu bloco era habitado principalmente por estudantes de outras cidades, devido, obviamente, à localização privilegiada.

Meu pai teria de trabalhar no dia seguinte, então apenas me ajudou a descarregar as malas. Quando o porteiro ofereceu ajuda, meu pai lhe deu duas malas e me ajudou a pegar as caixas.

- Boa noite. Descarregando as coisas pro garoto aqui... Imagino que deva haver bastante gente chegando aqui por esses dias.

O porteiro era um senhor que aparentava ter seus cinquenta e poucos anos. Era alto, e meio forte, mas carregava uma expressão simpática no rosto. Gostei dele de imediato

- Boa noite, senhor. Sim, sim, com certeza, com as aulas começando daqui a dois dias... Muito bem, acho que vamos conviver por um tempo então, garoto. Qual é o seu nome?

- É Lucas, senhor. Prazer em conhecê-lo.

- O prazer é todo meu. Meu nome é Walter.

Ele esticou sua mão e eu a apertei. Depois, com a ajuda do Sr. Walter, subimos todas as minhas coisas para o apartamento. Meus pais já haviam mobiliado o local, com todo o básico necessário. Era um apartamento médio, com duas suítes, uma cozinha, uma sala de estar dois ambientes. Espaço mais que suficiente para mim.

- Muito bem, vejo que já está bem instalado. Vou voltar para a portaria. Trabalho no turno da noite, exceto nos domingos. Qualquer ajuda que precisar aqui em cima, ou qualquer informação a respeito da região, é só perguntar.

- Obrigado, Sr. Walter. Até mais.

Ele desceu e, então, meu pai me deu as últimas informações necessárias. Ele havia se informado a respeito dos arredores, e, de acordo com ele, havia um setor comercial logo ao lado dos blocos, com supermercado, academia, restaurantes, enfim, tudo que eu precisasse. Me instruiu a não andar por aí muito tarde, já que, embora a região fosse segura, havia relatos de casos leves, como assaltos. Por fim, havia uma parada de ônibus logo em frente, se eu não quisesse caminhar. Eu receberia uma quantia em dinheiro por mês para me virar, e todo mês eles me fariam uma visita para checar como as coisas estavam indo e matar a saudade.

- Você agora vai ter mais liberdade do que jamais teve, mas, também, mais responsabilidades. Cuide-se, e faça valer a pena isso tudo. Esse curso pode lhe proporcionar uma carreira brilhante. Basta aproveitar bem.

- Vou sim, pai.

Ele me abraçou, e, então, foi embora. Logo que ele saiu, tratei de começar a arrumar todas as minhas coisas. Pretendia, mesmo cansado, terminar tudo naquela noite, que assim eu podia explorar os arredores quando acordasse.

Ajeitei minhas roupas no guarda-roupa, sabendo que em duas semanas ele estaria todo bagunçado. Coloquei meus filmes e jogos num armário da sala de estar, embaixo da TV. Os livros ficariam na estante que meus pais haviam comprado para colocar na sala de estar. Estante imensa, por sinal, já que, caso contrário, não caberiam todos os meus livros. Essa foi minha aquisição preferida, já que nunca havia tido uma estante para guardar meus livros, sempre os guardei num armário do meu antigo quarto.

Tudo pronto, fui dar uma olhada na mobília da casa, que meus pais não me deixaram ver antes. Na sala de estar, um ambiente constituía uma sala de TV, mobiliada com um sofá cama, uma poltrona, home theater, uma TV 40'' e, agora, meu Xbox. Sem dúvida meu novo ambiente preferido. Sempre fui minucioso em quesito de qualidade de som e imagem, e meus pais capricharam nesse ponto. Tinha que me lembrar de agradecer de joelhos. O outro ambiente da sala de estar tinha minha estante de livros e uma mesa para as refeições.

A cozinha tinha um fogão, uma geladeira com freezer, um micro-ondas, e armários. Tudo vazio, aliás. Estava desesperadamente sem suprimentos, e teria que ir ao supermercado logo de manhã.

Um dos quartos estava vazio. Por fim, meu quarto. Nele havia uma estante para estudos, um armário e uma cama de casal (demorei mil anos para convencer meus pais, já que eles achavam que a cama de casal me tornaria promíscuo, mas por fim eu os convenci de que se isso acontecesse a cama de casal não seria a culpada). Por fim, havia um banheiro pequeno no meu quarto, mas bem arrumado.

Meu novo lar. E meu lar por no mínimo 5 anos, o período de duração do curso. Já começando a gostar da ideia, me deitei para dormir, e adormeci imediatamente.

Parte II - Tudo em volta

Acordei no dia seguinte às nove horas com o alarme do celular. Me levantei, tomei um banho e me aprontei para ir dar uma volta e conhecer o lugar. O local do bloco era bem arborizado, com calçadas para caminhadas e alguns bancos. Pessoas passavam por ali o tempo todo, aproveitando o dia calmo e de clima agradável. Bastante agradável. Bem perto, como já havia dito, tinha um pequeno setor comercial. A primeira loja era uma padaria, convenientemente, e logo entrei para matar aquela maldita saudade de acordar com comida já na mesa. Logo me dirigi ao balcão e pedi um misto e um suco de laranja. Havia um ambiente para café da manhã, do lado de fora, com vista para o exterior, e me sentei ali.

Enquanto comia, comecei a perceber pequenos detalhes que, de certa forma, tinham muita importância. Acordar sozinho numa casa, sair para tomar café, sentar numa mesa sozinho observando o movimento matinal da cidade. Sabor de independência. Em parte, já que apenas me consideraria totalmente independente quando não mais dependesse do dinheiro de meus pais, mas, ainda assim, era independência. E eu estava gostando disso.

Acabado, me dirigi ao caixa, e uma senhora de idade me atendeu.

- Olá, querido. É novo por aqui?

- Sim, sou sim. Me mudei ontem.

- Certo. Conheço meus clientes, apesar do movimento típico da capital, e é comum gente nova da sua idade começar a frequentar nessa época do ano. Espero que esteja satisfeito. Prazer, Elisa.

- Lucas, e o prazer é meu.

- Vai gostar daqui, tenho certeza. Bem vindo.

- Obrigado.

Já tinha ouvido muitos boatos a respeito da frieza das pessoas dessa cidade, então essa recepção me surpreendeu um pouco. Bem, seria bom conhecer os proprietários da região. Continuei meu passeio, e vi que por ali havia uma pequena loja de roupas e outros comércios simples. Na outra esquina tinha uma academia, ou seja, lembrete para ser bonzinho nos próximos dias e pedir ao meu pai o dinheiro para frequentar. Dois restaurantes comuns, um de comida típica oriental (cheguei a salivar) e um McDonald's. Por fim, um supermercado na ponta extrema do comércio.

Aproveitei e fui fazer compras. Minha mãe havia contratado uma diarista para ir uma vez na semana dar uma ajeitada no apartamento, e, por isso, havia incluído na lista de compras que fez para mim, além dos suprimentos comuns, vários produtos de limpeza que eu não conhecia. Peguei as coisas que ela havia indicado, e, depois, passei para a arte de sobreviver sozinho, pegando vários tipos de comida rápida, iogurtes, sucos, refrigerantes, e tudo mais. Pedi para entregarem no meu apartamento em quinze minutos, já que não tinha como carregar tudo até lá, e fui embora. Percebi que as pessoas ali costumavam ir ao supermercado sempre que precisassem de alguma coisa, com compras simples, e, como ainda não tinha um carro, teria que adotar essa tática.

Andando para casa, me permiti observar melhor as pessoas. Havia de todos os tipos e de todos os estilos, algumas feias e outras bonitas (ao meu gosto, é claro). Skatistas, emos, patricinhas, playboys, pinguins (meu jeito especial de me referir a gente com roupas sociais), enfim, todos os estilos num lugar só. Me peguei várias vezes encarando alguns garotos e algumas garotas. Isso com certeza não faltaria por ali. Uma das vantagens da bissexualidade é que suas chances dobram. E olha só, já estou tão acostumado com a ideia que estou até fazendo piadinhas sobre o assunto... claro, tem o fato de que elas não têm a menor graça, mas poxa, dê tempo ao tempo. Agora sério, sou bastante tímido, então haviam sido poucas as garotas com quem já tinha tido alguma coisa. Devo dizer que essa parte de olhar se mantém por aí mesmo.

Entrei em casa e logo as compras chegaram. Arrumei tudo, me sentei na sala e fiquei vasculhando os canais. Mas sem realmente me concentrar em alguma coisa. Estava muito ansioso com o dia seguinte. Início das aulas. Só de pensar me dava um grande frio na barriga. Era tudo muito novo, e muito rápido. E não sabia o que esperar de amanhã. Logo peguei meu notebook e revisei todos os detalhes. O mapa do campus, do qual já tinha uma cópia impressa, já que nunca seria capaz de decorar aquilo tudo. Meu horário, com local das aulas e tudo mais. O folheto de informações importantes entregue no ato da matrícula. Revisei tudo mil e uma vezes, tentando me sentir mais confiante, mas... nada. Continuava tão nervoso quanto antes.

Quando percebi já eram quatro horas da tarde e, sem nenhum ânimo para preparar comida, resolvi ter minha estreia no McDonald's. Meu alerta de engordar apitou. Teria que tomar cuidado com essa coisa de McDonald's do lado da minha casa. Ahh, com certeza teria.

Chegando lá, pedi a comida e aguardei. Resolvi comer por lá mesmo, então me sentei na área exterior e, pela segunda vez naquele dia, me pus a observar o movimento da cidade, agora muito mais intenso e agitado. Olhando as pessoas da minha idade que passavam por ali, fiquei imaginando se alguma delas também estudaria na Universidade. Talvez algumas até seriam do Direito. Não tive nenhum contato com veteranos e colegas calouros, exceto por um grupo no Facebook, ao qual não dei muita atenção. Desanimado por estar novamente preocupado com isso, terminei de comer e fui embora.

Em casa, conferi novamente todos os meus materiais e todos os dados. Tentando me distrair, continuei lendo meu livro, mas após um tempo não estava mais prestando atenção, então resolvi parar. Tomei um banho quente e assisti televisão por mais alguns minutos, mas nada me acalmava. Pensei em dar uma volta e tomar um ar fresco, então desci novamente.

O local era bastante iluminado, mas as árvores filtravam um pouco da luminosidade, criando um ambiente noturno agradável. Fazia uns 18 graus aquela noite, e ventava um pouco. Caminhei por alguns minutos e, depois, me sentei num dos bancos, apenas aproveitando a sensação do vento levemente frio batendo no meu rosto e bagunçando meus cabelos. Me foquei nisso, na forma como as árvores balançavam ao vento de fim de verão, nas folhas que sussurravam ao se arrastar na calçada, e no vento assobiando contra os galhos. E me senti leve. Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas aproveitei cada minuto. Por fim, me levantei e segui para a entrada.

- Olá, Sr. Lucas.

Walter estava na portaria, e me lembrei que era o turno dele. Me dirigi até ele e o cumprimentei.

- Olá, Sr. Walter. Por favor, só Lucas, esse "Senhor" faz eu me sentir tão velho quanto você - disse, com uma risada de canto.

Ele soltou uma gargalhada alta e olhou pra mim de novo.

- Ok então, Lucas. Mas vou me lembrar disso - apontando o dedo para mim - Mas então, correu tudo bem hoje? Como está se virando?

- Foi tudo bem sim, dei uma volta para conhecer o local e arrumei tudo. Desci um pouco para tentar acalmar os ânimos. Você sabe... ansiedade, amanhã começa tudo.

- Ahh, claro. É normal se sentir ansioso antes do primeiro dia. Afinal, é uma grande mudança. Mas fique calmo, você vai se dar bem. É uma grande Universidade, essa aí. Devia ter orgulho de ter conseguido uma vaga.

- Obrigado. - Sempre fico bastante sem graça quando as pessoas apontam qualquer qualidade minha... não sei se isso é bom ou ruim - Bem, acho que já vou subir. Quero estar bem disposto amanhã. Boa noite, Sr. Walter.

- Boa noite, garoto.

Ele destravou a entrada e eu subi. Logo estava deitado, tentando dormir, sem sucesso. Rolava de um lado para o outro, tentava ajeitar melhor o travesseiro, me cobria e descobria. Nada. Fiquei ali por um bom tempo, não sei quanto, até que, pensando em como estaria cansado amanhã se não dormisse logo, adormeci.


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Comentários

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Sempre perfeito em seus contos! Amo demais essa história desde a outra versão e, por isso, fico muito ansioso para ver a continuação.. Com certeza uma das melhores histórias daqui em que eu me pego pensando durante o dia por ser tão parecido com a minha.. Mantenha frequência por favor !! hahahaha 10 sempre !

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Seu conto era um dos melhores q eu ja tinha lido, mas perdeu o timing. Essa ideia de recomeçar tudo do zero e demorar meses pra postar um capitulo velho matou a minha motivação de ler seu conto. Espero que entenda meu ponto de vista.

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Ah, saber que tornarás a postar com mais freqüência é animador, sem sombra de dúvidas. Creio que eu não precise mais elogiar teu conto, seria repetitivo - sabes muito bem os adjetivos que eu usaria, e perfeito está entre eles. Mal posso esperar para chegares ao ponto em que tinhas parado, qual fim terá você depois do "abandono"??? Ah, não importa, sou paciente... Não demores, por favor, e muitíssimo obrigado por ter retornado. Abraços, Lucas, e sê feliz!

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