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Capítulo Vinte e Dois
CALMARIA ANTES DA TEMPESTADE
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Estava dentro à ambulância a caminho do hospital. Eu estava com a máscara de oxigênio no rosto. Eu estava assustado por ir a um hospital, mas ao mesmo tempo eu sabia que precisava.
Meu pai estava ao meu lado segurando minha mão esquerda.
- você vai ficar bem – falou ele apertando minha mão.
Fritz estava do outro lado falando com os paramédicos sobre o que tinha acontecido. Eu não conseguia ouvir direito e não me importava muito, mas ouvi-os dizerem que Charley estava indo para o mesmo hospital em outra ambulância.
Estava assustado a ambulância às vezes fazia curvas com a velocidade muito rápida de modo que me dava à impressão de que eu iria cair.
Logo a ambulância parou e a porta se abriu e logo tiraram a maca. Vários médicos ficaram em volta de mim e a maca foi puxada para dentro da emergência.
- ele ficou 4 minutos e 07 segundos sem respirar – falou Fritz.
Assim que eu ouvi isso eu senti uma dor imensa no peito. Uma dor tão grande que eu não conseguia gritar e nem respirar. Eu tentava puxar o ar, mas não conseguia e logo tudo começou a ficar preto então eu senti algo como se fosse um murro no meu peito eu senti como se alguém me beijasse. Eu apaguei por alguns segundos e logo voltei a respirar.
Os médicos colocaram minha maca na emergência e colocaram remédios no meu soro e aos poucos fui ficando calmo e a agonia de estar amarrado foi diminuindo.
- espere lá fora – falou uma das enfermeiras para meu pai.
- você é o médico dele? – perguntou uma das enfermeiras?
- sim.
Mais uma vez ele explicou para a enfermeira o que tinha acontecido e ela disse que iria chamar a policia porque era obrigação do hospital chamar as policias nesses casos.
A emergência estava cheia, pessoas entrando e saindo, chegou uma mulher gritando. Eu começava a me sentir claustrofóbico outra vez. Eu não queria morrer. Não queria sofrer como minha mãe sofreu. Eu então tentei me mexer. Sem sucesso.
- fica calmo Mike – falou Fritz preenchendo meu papel no prontuário.
Logo alguém abriu a porta. Era um médico.
- o senhor é? – perguntou o médico que entrou.
- Dr. Kröhling – respondeu Fritz apertando a mão dele.
- Dr. Palmam – respondeu ele.
Fritz começou a explicou meu estado de saúde para o médico.
- ele foi enforcado por mais ou menos 3 minutos. Ele ficou desacordado durante 1 minuto e 27 segundos, que eu marquei. Quando ele chegou teve uma parada cardiorrespiratória.
- e essa cicatriz na testa?
- ontem ele caiu da escada e ficou desacordado por quase 5 horas.
- porque ele não foi trazido ao hospital por causa da queda?
- ele tem Nosocomefobia.
O médico anotou algumas coisas na prancheta que segurava e logo veio até mim checar maus sinais vitais.
- podemos aproveitar que ele está aqui e fazer uma tomografia computadorizada no crânio – falou o médico.
Ele gritou para um dos residentes para que agendasse.
- o nome dele é Mickey? – perguntou Dr. Perry
- sim, mas pode chama-lo de Mike.
- Mike você está bem. Melhor do que eu – falou o médico – pode ficar tranquilo, nós vamos coloca-lo em um quarto para observação. Você vai precisar passar a noite aqui, você acha que consegue.
Algumas lágrimas escorriam no meu rosto, mas eu pisquei devagar e sinalizei positivamente com a cabeça.
Um enfermeiro veio e tirou a maca pra fora e levou aos quartos.
- coloque-o em um quarto particular.
- tudo bem – falou o enfermeiro.
- ele está bem? –perguntou meu pai.
- está sim, ele vai ficar em observação.
Logo entrou pela porta mais uma pessoa era Charley. Meu pai ficou olhando todos atendendo ele e Fritz bateu a mão no ombro do meu pai.
- esquece isso, preocupe-se com seu filho, vamos comigo dar entrada lá na recepção.
Meu pai apenas sinalizou com a cabeça e foi com Fritz.
Fui levado para um quarto e com ajuda do enfermeiro eu passei para uma cama. Eu ficava o tempo todo de olhos fechados, tinha medo de abrir e ter um surto.
Não sei por quanto tempo, mas só abri o olho quando ouvi a voz do meu pai.
- você está bem filho?
- estou – falei com a voz rouca.
- eu vou embora?
- amanhã. – falou Fritz entrando. – fica tranquilo você está em um quarto sozinho é só fechar a porta e isso não é um hospital é só um quarto. – falou Fritz fechando a porta – Imagine que está em um hotel.
Olhei para os lados e apertei minhas mãos e abri. Era bom poder mexer meus braços outra vez.
- eu vou parar de respirar de novo? – perguntei.
- não, eles já colocaram um remédio em você. – falou Fritz – fica calmo.
As horas passavam devagar. Nesse tempo eu fui levado para fazer a tomografia computadorizada, voltei. Meu pai ia até a sala de espera e dava noticias a cada meia hora de como eu estava para Denny, Adam, Xavier, Steve, Gray e Vanessa.
- você vai poder passar a noite comigo não é? – perguntei para meu pai.
- vou sim – falou ele.
Por mais que eu tentasse esquecer que aquilo era um hospital eu não estava totalmente confortável, mas quem nesse mundo se sente confortável em um hospital. Eu olhei no relógio e já era 23h13min.
Meu pai saiu do quarto para atualizar todos de que eu estava bem e Fritz veio ficar comigo no lugar dele.
Ele entrou no quarto, fechou a porta e ficou em pé enviando mensagens pelo celular.
- Fritz... – falei.
- sim? – falou ele olhando pra mim.
- você faz um favor pra mim?
- o que? – falou ele se aproximando de mim.
- se acontecer alguma coisa comigo essa noite você pede para o Denny destruir meu computador?
- tudo bem eu falo, mas não vai acontecer nada com você. Você já está melhor, sua respiração já está quase 100%, você só está rouco. Estamos aqui mesmo só por precaução, caso aconteça algo estamos no lugar certo.
Meu pai entrou no quarto e disse que todos desejaram melhoras e foram embora.
- vai ficar cicatriz? – perguntei.
- na sua testa? – perguntou Fritz.
- no meu pescoço – falei apontando para os curativos.
- sim – falou ele – ele pressionou forte seu pescoço suas unhas rasgaram seu pescoço, mas não via ser nada muito grande.
- ele me marcou – falei. – agora eu sou a vaca dele.
- vejo que seu senso de humor voltou – falou meu pai.
- como ele está? – perguntei.
- pelo amor de deus Mike, pra que você quer saber? – perguntou meu pai contrariado.
- só quero saber se ele morreu ou está vivo.
- não sei e não quero saber, se eu vê-lo eu não sei do que sou capaz de fazer.
- eu achei que a policia viria até mim.
- e vai – falou Fritz. Eles pegaram depoimentos de todos, agora eles estão falando com Charley e a família dele, você será o próximo.
- eu quero descansar – falei – estou morrendo de sono.
Logo alguém bateu na porta. Era a polícia. Eles entraram no quarto e eu pedi para ficar sozinho com eles. Eu contei o que tinha acontecido. Não contei sobre as filmagens é claro, mas contei que ele tinha tentado me matar porque eu tentei terminar o namoro.
Depois de várias perguntas eles foram embora e meu pai e Fritz entraram outra vez.
- como foi?
- foi bem pai.
- você sabe por que ele fez isso? – perguntou meu pai.
- sim. Eu tentei terminar o namoro, mas ele não aceitou e disse que se ele não ia me ter ninguém mais teria, nem mesmo você.
- o que você sentiu enquanto ele te enforcava? – perguntou meu pai. – eu sei que é maldade te perguntar, mas eu queria saber como foi, você viu a luz no fim do túnel?
- não – respondi – só a escuridão. Sem luz no fim do túnel. Mas eu só desmaiei pai, foi como dormir.
- OK – respondeu ele.
- pai, posso te pedir uma coisa?
- claro filho.
- pede para o Adam vir até aqui.
- tudo bem – falou meu pai saindo do quarto. Em seguida Adam entrou.
- tudo bem campeão.
- estou sim – falei respirando fundo e estendendo minha mão para que Adam a pegasse, mas ele não fez isso.
- Mike… - falou ele pensativo.
- o que foi? Se arrependeu da noite passada?
- Mike, sei que não é a melhor hora para dizer isso, mas eu acho que a partir de hoje nós devamos manter uma relação de amizade.
- você se arrependeu.
- eu não em arrependi – falou Adam.
- sim, você se arrependeu.
- não Mike. Arrependimento é aquele sentimento que diz que se você tivesse a chance de voltar atrás você não faria de novo. Se eu tivesse a chance de voltar no passado eu faria tudo outra vez. Eu não estou arrependido, só acho que que alimentar suas esperanças é ruim. Veja o que aconteceu com você. Seu namorado acabou de tentar te matar, tudo oque você precisa é de um homem que possa estar ao seu lado e te de todo o carinho possível. Eu tenho esposa e dois filhos. Não sou o homem para você.
- nove dias.
- o que? – perguntou Adam.
- levou nove dias para que eu me apaixonasse por você até nós finalmente irmos para a cama juntos – falei com os olhos cheios de água.
- sinto muito, mas eu não posso – falou ele apertando os lábios e saindo do quarto.
Meu coração estava doendo muito, mas era a verdade. Adam não era gay, tudo o que fizemos foi passar uma noite juntos. Eu não queria ser como Charley. Não queria obrigar ninguém a me amar.
Logo que Adam saiu Fritz entrou no quarto.
- Mike, quero falar uma coisa com você – falou Fritz se aproximando.
- o que foi? Você parece chocado.
- não, é que o pai do Charley quer conversar com você, mas se você não quiser eu entendo.
- tudo bem.
- tem certeza?
- tenho, só não deixe meu pai saber.
- OK – falou ele siando da sala. Aguardei por alguns segundos e em seguida a porta se abril. Era Jeremy. Ele fechou a porta e veio ate mim.
- O que veio fazer aqui? Implorar para que eu não dê queixa contra Charley?
- claro que não – falou ele se aproximando e parando ao lado da minha cama – essa é uma escolha sua. Charley é meu filho, mas o que ele fez foi errado. Não vou acobertar ele por isso.
- o que veio fazer aqui então?
- quero saber se você está bem? – perguntou ele colocando sua mão no meu braço.
- estou sim.
- só quero que saiba que se precisar de algo eu estou aqui. Você e seu pai.
- porque você se importa?
- pode ter sido uma noite como qualquer outra pra você, mas a noite em que fizemos sexo foi a melhor noite da minha vida. Não consigo tirar aquela noite da minha cabeça, não consigo tirar você da minha cabeça.
Respirei fundo e não disse nada.
- olha, eu não sou como meu filho. Sei que pode parecer errado, mas só quero que saiba que eu vou esperar por você. Se algum dia você achar que devemos nos ver outra vez, eu estarei a sua espera.
- obrigado – falei colocando minha mão junto a dele e apertando.
- melhoras, espero que fiquei bem – falou ele se abaixando e dando um selinho na minha boca.
- obrigado – falei outra vez.
Jeremy saiu do quarto me deixando sozinho outra vez. Em seguida Fritz entrou no quarto.
- agora você vai descansar – falou ele com um sorriso.
- vou sim – falei deitando de lado.
Fritz disse que passaria a noite com meu pai e eu poderia dormir tranquilo. Aquilo foi música para meus ouvidos. Ele mal terminou de falar e eu me cobri e pedi que eles diminuíssem a luz para que eu dormisse. Eu fechei os olhos e tudo o que tinha acontecido nas últimas 48 horas passaram em minha mente como um flash. À noite com Adam, a descoberta do estupro, minha queda na escada e a tentativa de assassinato de Charley. Eu pensei nisso tudo e me rendendo ao cansaço logo cai no sono.
Quando viram que eu apaguei eles saíram do quarto devagar e foram para o corredor.
- não sei como te agradecer Fritz – falou meu pai – eu sei que pode parecer precipitado, mas fique tranquilo, pois eu te pagarei cada centavo.
- você não vai me pagar nada, porque não me deve nada – falou Fritz.
- não posso aceitar você está há quase dois dias apenas cuidando do Mike. Ficou o fim de semana todo com a gente eu preciso fazer algo para te agradecer.
- não precisa fazer nada.
- eu insisto. – falou meu pai – um jantar em agradecimento por tudo o que você e os outros fizeram por meu filho. Não ouse negar. Meu filho é o meu bem mais precioso e se não fossem vocês ele não estaria mais nesse mundo.
- vai ser uma honra – falou Fritz.
Bem que a paixão e a obsessão poderiam entram em um acordo. Charley era obcecado por meu pai que por sua vez não ligava. Eu era apaixonado por Adam que era casado e tinha acabado de me dar o fora. Jeremy estava obcecado por mim e eu mal o conhecia. Porque será que só queremos aquilo que não vamos ter?.