Meus queridos, olhem o que eu prometi, eu cumpri, um outro capítulo ainda em fevereiro. Espero que estejam gostando, então, sem mais delongas, vamos ao conto, depois eu converso com vocês. KKKKK
Sabem aqueles momentos em que você acorda e não quer levantar, aquela cama não era mais só minha tinha o cheiro de Sam nela, o meu corpo ainda tinha as marcas de sua passagem, o seu cheiro estava imbricado em minha pele e, mais uma vez, fazia parte de mim, fazendo com que o momento do banho fosse um verdadeiro martírio. Como a criança que tem medo de perder algo que a muito custo conseguiu, eu não queria me banhar, não queria retirar de meu corpo essas marcas, esse cheiro, mas era necessário e banhei-me.
Senti fome, como há muito tempo não sentia, fui à cozinha e fiz um sanduíche com manteiga de amendoim e geleia. Nossa, o melhor sanduíche que havia comido em toda a minha vida. Não tenho como descrever, eu estava imensamente feliz. Eu havia transado, não, eu não havia transado, eu havia feito amor com o Sam, mesmo com raiva, mesmo que em alguns momentos tenhamos sido brutos um com o outro, nossos corpos ainda se entendiam, tínhamos o nosso ritmo e isso me confortava.
Nesse momento alguém abre a porta da cozinha.
- Ho... Ho... Ho... isso são horas de chegar em casa? A noite foi boa. – questiono.
- Olha, o que eu faço da minha noite é problema meu, falou? – responde atentando algo diferente. – mas... mas o que é isso? Parece que viu um passarinho verde? – indaga Craig.
- Não, que é isso? – me faço de desentendido e começo a rir. – Tá tão obvio assim?
- Ora, ontem tava parecendo um morto que esqueceram de enterrar, agora tá rindo, fazendo brincadeiras... sem falar no chupão que tem no seu pescoço. – ele apresentava como fosse o obvio.
- Chupão?! – pergunto, ele ia até uma gaveta onde a mamãe guardava um espelho e me mostrou onde tava o chupão. – Filho da puta... tô marcado.
- Sei, filho da puta. Olha, fico feliz que tu e o Samuel tenham se acertado...
- Como?
- Dado a sua vivência zumbi a única pessoa que você ficaria feliz em ter te marcado e o Samuel. Mas eu não estou interessado em ouvir sobre a sua sórdida noite de reconciliação, então bom dia e espera a Vivi, ela sim, vai ficar histeria em te ouvir.
- Nossa Craig, como você é chato.
- Não me entenda mal, eu te aceito e torço muito por você, mas tem coisas que são muita informação pra minha cabeça. A Vivi não, se existir essa coisa de reencarnação ela foi uma dreg em todas as vidas passadas, ela te entende e ama essas histórias.
Meu irmão foi muito sincero comigo e isso é uma grande qualidade, só que isso era muito dele, o que a Vivi tinha de despachada, extrovertida, tinha de... sei lá, Vivi, o Craig tinha de mais reservado de contido, mas isso não o impede de brigar, ou lutar por aquilo que ele acha certo, isso faz dele uma pessoa surpreendente em vários aspectos.
- Tim, não me interprete mal, você conseguiu vencer uma batalha, não a guerra. Transar com ele não quer dizer que ele te perdoou, então pense no que você vai fazer a partir de agora.
- Porra, larga de ser pessimista.
- Eu diria sensato, não acho que o Samuel seja o cara que em uma noite vai esquecer tudo o que você fez. Principalmente depois daquela vez, daquela confusão que tu teve que cortar um dobrado. - ficamos em silêncio por um momento, eu não sabia o que responder e ele também não falou mais nada, às vezes o Craig parece ser o mais velho, oh homem chato. Mas, com pouco tempo nosso silêncio é interrompido.
- TIMMY, TÁ ACORDADO? TÁ ONDE? – gritava Vivi.
- Na cozinha. – mal deu tempo de responder e ela já estava lá.
- Hummm, a noite foi boa heim? – indagava em um tom malicioso – Diga uma coisa, meu chefe tem ou não tem pegada.
- Co-como vo-você? – como será que todo mundo sabia que eu tinha passado a noite com o Sam?
- Eu o vi saindo daqui de manhã, na hora que eu cheguei. – falou dando um sorriso.
- E... o que ele falou?
Vivi e eu conversamos um pouco, ela disse que Sam pouco havia falado acerca de nossa noite, ele falava da falta que sentia de mim, mas que ainda estava magoado e não sabia se teria condição de me perdoar. Confesso que aquilo foi um verdadeiro balde de água fria.
- Mas pelo menos você ainda está no jogo. – Vivi falava, tentando me consolar, mas aquilo não dava muito certo, eu não queria simplesmente estar no jogo, na verdade eu não queria jogo nenhum, eu só queria o meu, MEU, MEU Sam de volta. Eu dei a ele espaço, dei tempo, me dei por completo, ele gostaria de mais o que?
Minha irmã havia conseguido estragar o meu dia, como o Sam poderia ser tão cabeça dura? Droga, se ele tá com saudades minhas, eu também tenho saudades dele, as coisas poderiam ser bem mais fáceis se ele admitisse logo de uma vez que me ama e não pode viver sem mim... mas a questão é, eu sei se ele pode, eu não sei é se eu conseguiria aguentar passar mais tempo longe dele. Eu também senti sua falta, o seu toque, o seu cheiro, essas coisas que já fazem parte de mim.
Neste momento procuro a minha amiga Isa, com a qual eu esbravejo contra tudo e todos, contra o Samuel idiota, contra a minha sina, contra as besteiras que eu fiz. Ela me escuta, calada, mas sempre atenta.
- Mas, vocês chegaram realmente a conversar? – ela questionava.
- Claro, nós discutimos e...
- Vocês con...ver...sa...ram?
- Muito pouco...
- Esse é o problema de vocês, homens, nós mulheres conversamos, falamos, falamos e falamos, vocês confundem qual é a cabeça certa e fica nisso aí.
- Assim como?
- Vocês transam, fodem com tudo e não resolvem nada. Nem tudo se resolve na cama, muitos dos problemas começam lá.
- Posso te garantir que isso nunca aconteceu comigo... e nem com ele. – falava em um tom malicioso.
- Você entendeu o que eu quis dizer. E não foi nesse sentido. – respondia me puxando a orelha.
O que a Isa me falava tinha certo sentido, desde que eu fui ao centro de treinamento, ou melhor, desde que informei a ele de minha decisão nunca mais havíamos conversado, nós só brigávamos, e nos agarramos, mas isso queria dizer muito pouco. Assim, começo a ter uma espécie de mal pressentimento, se ele não tiver gostado de passar a noite comigo? Não digo no sentido do ato em si, mas pelo fato de ter sido comigo e decidir fuder com o primeiro idiota que desse mole pra ele? Que poderia ser qualquer idiota mesmo, até o primo do Luke, que dá em cima de todo mundo. Mas, não, ele não faria isso, ele não poderia, ele... ele...
- Isa, mas como eu vou conseguir chegar até ele? A irmã é um verdadeiro cão de guarda.
Ela e eu conversamos um pouco, combinamos que ela marcaria alguma coisa com o Sam, eles eram amigos e ainda não tinham se falado direito, mesmo que ele pudesse desconfiar de alguma coisa, ele gostava da Isa, ele viria vê-la, mesmo podendo ser uma armadilha.
Ela decide tentar marcar um almoço para o mesmo dia, eu tento intervir, creio que um jantar poderia ter um clima mais favorável, ao que ela responde que se nós brigássemos e acabássemos indo pra cama de novo o problema não seria resolvido. Com toda a calma, e jeito ela acaba convencendo-o.
- Pronto, fiz minha parte, se esse rolo de vocês der certo de novo, já sabe, a madrinha sou eu. – falava de uma forma calma.
- Nunca pensamos em ninguém diferente, valeu Isa e mais uma vez...
- Se tu for me pedir desculpa, mais uma vez por conta daquele período idiota em que você pensou em me usar pra fugir do Samuel, eu ligo pra ele agora desmarcando o almoço. – ela me olhava séria – agora, vai homem, ou vai deixá-lo esperando?
Fui correndo a casa, me aprontei e fui ao local combinado, sentei e fiquei esperando. Esperei, esperei e o vi chegando, lindo como sempre. Uma camisa vermelha, que realçava o branco de sua pele e uma calça jeans com pouca lavagem. Percebi que ele procurava por Isa, mas quando nossos olhos se cruzaram ele percebeu que sua companhia seria eu, ele fez que iria embora, mas depois reconsiderou.
- Olha, eu não entendo qual é a da Isa, em me convidar pra almoçar só pra eu ter que olhar pra tua cara. – ele falava exasperado.
- Ontem você olhou bem mais do que a minha cara. – falava em tom malicioso.
- Aquilo foi... aquilo foi um erro, eu... eu não respondi por mim, eu não estava raciocinando direito, é isso... – ele falava, mas não tinha segurança e nem me encarava nos olhos.
- Samuel, eu te peço, senta ai, vamos conversar. Eu preciso conversar contigo, só isso, se depois você não quiser mais olhar na minha cara eu vou entender.
- Eu não suporto olhar pra sua cara Timothy, você tem a menor noção do que me fez passar, você tem? – falava isso sentando.
- Da mesma forma que você não tem noção do inferno que tem sido a minha vida depois daquilo que eu fiz com você e você fez comigo...
- Com licença, mas aqui estão os seus pedidos. – informava o garçom trazendo a comida, Samuel fazia uma cara meio enfezada.
- Por favor, não é possível, depois de cinco anos eu acho que, pelo menos, devo saber o que tu gosta?! – respondia antes de que ele pudesse questionar alguma coisa -, mas se não quiser, pode deixar que eu como, ou faço qualquer outra coisa.
- Não, tá legal, obrigado, mas se você pensa que eu vou ficar todo derretido por conta de você...
- Samuel, eu te amo, se dizer isso não te derrete, não é saber o que tu gosta de comer que vai.
- Engraçadinho. – falava enquanto forçava um riso – Mas, bem, o que você queria falar comigo?
Conversamos, eu falei pra ele que eu ainda o amo, que fico muito triste pelo fato de termos terminado e da forma como este término ocorreu, escuto ele falando de como as coisas também não foram fáceis pra ele, que eu havia sido um covarde, o deixando sozinho em um momento em que ele gostaria de estar comigo, para quem sabe, me ajudar em alguma coisa, que eu estava disposto a dividir a vida com ele, mas que não dividi algo que me afligia e que, pra piorar, eu não havia dado nenhuma notícia pra ele.
- Ai é que você se engana, assim que eu soube que o Taylor voltou eu te liguei, mas a sua cão de guarda não deixou que eu falasse contigo. – informei.
- Logo se vê, gosta tanto de mim que espera que outro apareça pra me dar valor. Eu mereço.
O garçom volta com uma espécie de bebida e um cartão e os entrega ao Samuel, informando que eram de um rapaz que estava na mesa do canto.
- Voltamos a isso? – questionava.
- Isso é culpa da Sam, agora aonde quer que eu vá eu recebo bilhetinhos...
- Olha, a vontade que eu tenho é de te tascar um beijo logo, bem aqui, pra todo mundo ver e parar com isso...
- E porque não faz isso? – ele questionava.
- Você sabe.
- Então, você também sabe por que essa nossa conversa não vai nos levar a lugar nenhum. Eu volto a ser teu “amigo” ai quando sairmos, se caso pudermos sair, você vai ficar com essa cara de bicho e, caso alguém te cante, ou faça alguma coisa que eu não goste não vou poder fazer nada?
- Eu sei, eu sei que o que eu estou te pedindo é uma coisa difícil, mas...
- Não Timothy, eu...
- E todas as coisas que eu já fiz? Eu sei que eu fui um puto contigo, mas, quando tu estava com o Clarkson me acusou de tê-lo ajudado a te trair...
- Você era um idiota....
- Depois, quando eu finalmente disse que gostava de você, você....
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Caso não lembrei o Samuel havia sido espancado, teve a cabeça raspada e outras coisas mais que eu não sei, ele nunca me contou. Bom, ele foi internado, ao que eu entrei em contato com alguns dos seus amigos que falaram com seus pais. O senhor Set, junto com a esposa pegaram o primeiro avião para Stanford e ficaram acompanhando o quadro do filho. Todos os dias eu passava lá, não conseguia falar nada, apenas sentia um aperto no peito por vê-lo assim. Se eu não tivesse saído, se eu não tivesse feito aquele maldito comentário, quem sabe não o teriam pego, não teriam me presenteado com aquela imagem que creio que me assombrará até o último dia da minha vida.
Que toda a dor que ele está sentindo venha pra mim, eram coisas que eu pensava sempre. Não dizem que você só dá valor as coisas/pessoas quando as perde, o fato de poder perdê-lo só serviu pra eu ter a certeza de uma coisa, coisa que era evidente, que eu não gostaria de estar longe dele, que alguma coisa sempre me impelia a ele e isso eu deveria aceitar e lutar para manter. Eu dizia que quando ele acordasse, pois claro que ele acordaria logo, tudo seria diferente, nós poderíamos ter um recomeço e eu sempre estaria ao seu lado.
Passadas umas duas, quase três semanas ele finalmente acorda e eu de príncipe na armadura brilhante, que iria lá, o enfrentaria, olharia nos seus olhos e diria que eu sentia por ele, me converti em uma espécie de parvo. Confesso, eu tinha medo de encará-lo, medo que, de certa maneira ele me culpasse pelo que havia acontecido com ele, medo que ele dissesse que havia reconhecido as pessoas com as quais eu andava e me acusasse de orquestrar aquele maldito ataque. Nessas horas, eu agradecia ao céus a ex-namorada que tinha, ela dizia: “Tim, pode ser sim que ele pense isso tudo de você sim, mas você deve pelo menos encará-lo, vê-lo. Não digo fazer uma declaração de amor, não creio que seja o momento. Creio que deve apenas mostrar algo que você sempre tentou mostrar, mesmo que de uma maneira torta que é que você se importa e se preocupa com ele”. Depois de muita insistência por parte dela, eu reuni a coragem de onde não tinha e fui. Engraçado, como às vezes sou besta, como às vezes me torno, digamos infantil ao lado de Sam, como se tudo o que se referisse a ele fizesse com que eu demonstrasse uma coisa que ninguém gosta de demonstrar, que são seus medos e fragilidades. Acho que é essa a questão do amor, de amar alguém, somos mais frágeis, pois pensamos no outro temos medo, pois não lutamos apenas pela nossa segurança, como também pela segurança daqueles que estão ao nosso lado. Era isso que Samuel conseguia tirar de mim, ele conseguia fazer aflorar toda a minha humanidade de uma forma muito simples, apenas sendo ele.
Ele não fazia nada para tentar seduzir ninguém, assim, descaradamente, ele apenas vivia a sua vida da forma como queria, amava, chorava, se feria, partia pra outra. Ele não engolia desaforo, pois era um filho de Hera, ele era um homem que teve a capacidade de transformar, eu, um outro homem, em garoto. Quando eu era realmente um garoto tive um amigo cuja família era de brasileiros, então começo a lembrar de uma música que pode resumir o que eu estava sentindo.
Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher (Samuel)
São só garotos
Seus dentes e seus sorrisos
Mastigam meu corpo e juízo
Devoram os meus sentidos
Eu já não me importo comigo
Então são mãos e braços
Beijos e abraços
Pele, barriga e seus laços
São armadilhas e eu
não sei o que faço
Aqui de palhaço
Seguindo seus passos.
Por Isa, acabei indo, minhas pernas tremiam, eu estava com o coração acelerado, minhas mãos suando até que ela diz “Olha, eu vou falar com ele antes e depois tu entra”, não demorou uns cinco minutos em que eu estava lá, plantado na porta daquele quarto, até que ela me pede para entrar.
- Oi Samuel, como você está? – pergunto, tentando começar algum tipo de conversa.
- Estou me recuperando, ah, obrigado... soube que foi você que me encontrou. – falava com os olhos cheios d’água.
- Ei, não vamos falar sobre isso, tá bom. Isso foi uma coisa muito ruim, mas já passou. – tentava contornar.
- Acho que vocês precisam conversar sozinhos. – Isa falava saindo.
Quando Isa saiu ficamos naquele momento constrangedor, eu não sabia o que dizer a ele, e ele também não falava nada. Eram tantas coisas, eu havia sido um idiota por tanto tempo que o vendo daquele jeito, tão frágil eu queria apenas pegá-lo em meus braços e dizer que tudo ficaria bem, que a partir daquele momento eu sempre estaria com ele, mas eu não conseguia dizer nada. Até que Samuel rompe o silêncio e informa que o meu grande amigo, Clarkson, havia lhe feito uma visita, dizendo que se arrependia de tudo o que havia feito e pedido outra chance.
- Eu não acredito que ele fez isso? – questionava lívido.
- Fez, se eu não o conhecesse tão bem poderia até acreditar que estava sendo verdadeiro, mas eu não sei se eu poderia perdoá-lo, com relação a ele, não sei o que é pior, se a traição em si, ou o fato dele ter dito a todos que estava comigo por conta de uma aposta. – ele respondeu, fez uma pequena pausa, como se estivesse percebendo que eu era o seu interlocutor – Meu Deus, por que estou falando isso, vocês são amigos. – Sua face enrubesceu e seus olhos ficaram com um aspecto envergonhado, ainda não conhecia este, não brilham como quando está com raiva, mas a forma como acabam desviando da encarada fazem com que cruzar com eles seja um evento incrível.
- Samuel, pode falar o que quiser, eu não tenho falado mais com o Clarkson faz um bom tempo. – o informava.
- Mas, mas vocês eram tão amigos?!
- Ele fez umas coisas que eu não gostei e... – respondia, eu estava com o corpo todo tremendo.
- E o que ele fez de tão grave? – ele questionava, ficando mais uma vez vermelho, meu Deus eu estou muito gay, tenho que me segurar para não beijá-lo. – Desculpe, acho que não deveria ter perguntado.
Continuamos conversando por certo tempo, aquilo me fez um bem tremendo, desde este empurrão de Isa minha rotina era, ir pras aulas, pegar os apontamentos e passar para ele. Era do dormitório pra faculdade, da faculdade pro hospital, e do hospital pro dormitório, mas a cada visita o percebia mais forte, mais robusto, os cabelos que começavam a crescer e “pipocar” faziam com que seu rosto encontrasse novos contornos, ele ainda estava um tanto franzino, não frequentou mais a academia, mas mesmo assim estava lindo.
Passadas duas semanas, eu havia acabado de sair da aula e iria pegar uns apontamentos no dormitório e iria visitá-lo mais uma vez, ao adentrar em meu quarto sinto como se não conseguisse respirar, o ar era muito denso e não era possível que ele entrasse em minhas narinas, meu coração acelerava, minhas mãos suavam. Não poderia ser aquilo, eu estava dormindo.
- Eu tive alta hoje e... – ele dizia, ao que se era difícil me controlar em tantos outros momentos dentro do hospital eu, agora, não conseguia mais. Vê-lo tão perto de mim, bem, poder, de certa maneira tocá-lo era demais para mim. Eu soltei o que estava em minhas mãos e o abracei. – nossa, fico feliz que você gostou de me ver.
Não sei se ele havia ficado encabulado, ou pela minha demonstração, ou pelo fato de eu não conseguir soltá-lo, passados alguns momentos apenas assim, eu sentindo o bater de seu coração. Até que eu não consegui, eu sei que eu deveria esperar, poder fazer com que ele confiasse em mim, mas simplesmente saiu, sem querer, sem perceber, simplesmente saiu um “Nunca mais me deixa, eu te amo” eu começava a chorar e o beijei. Eu passei minha mão envolta de suas costas, segurei sua nuca e forcei meus lábios contra os seus. Eu o estava beijando, beijando sem ter consciência de que estava fazendo isso, mas sabendo que eu o queria, o queria muito, mas ele não correspondia.
Quando finalmente o soltei, depois de infinitas eras ele estava lá, atônito, sem demonstrar nenhuma reação.
- Por favor, vamos, fala alguma coisa. – Eu pediaPor favor. – agora, eu estava ficando envergonhado.
- Mas que droga foi essa? – ele questionava visivelmente alterado. – Agora você vai dizer que eu te beijei de novo?
- Não, foi EU, EU te beijei, te beijei porque te amo.
Eu tentava ter uma conversa com ele, falar sobre meus sentimentos, mas Samuel só fazia me acusar, dizendo que Clarkson e eu éramos da mesma laia, que ele se sentia envergonhado de ter caído na minha conversa e começava a acreditar na questão da aposta, que, como o meu amigo não conseguiu o levar pra cama eu agora tentaria.
- Não me compare com aquele sem vergonha! – eu exigia.
- Por que? A verdade dói né? – Ele falava me acusando, enquanto seus olhos brilhavam. – Você pensa que eu sou o que? Uma bichinha louca que por ter terminado com o idiota do seu amigo está carente e a procura do primeiro macho que aparecer?
- Eu... eu nunca disse isso... eu só disse que eu gosto de você.
- Cara, me responde, o que foi que te fiz pra você me detestar tanto? Você é/era namorado da Isa que é uma garota super bacana, isso é raiva dela? Você ficou com tantas garotas podia pra machucá-la e agora quer que ela te veja andando comigo? – Ele ficava questionando isso, e seus olhos começavam a encher de água.
Eu tentava me acalmar, eu tentava ser inerte a seus olhos, se não o beijaria de novo, mas ele precisava me escutar, tento dizer a verdade: Eu realmente tinha muita raiva de você, mas não raiva, raiva, provavelmente desde que eu te vi, desde que você se mostrou disponível...
- Eu nunca... – ele me interrompia.
- Enquanto gay você é disponível a homens, mas desde que eu te vi com o Clarkson, eu passei a agir como um completo idiota, um homofóbico, mas provavelmente, desde aquele momento eu já estava interessado em você, só não consegui admitir pra mim mesmo. – ficamos um pouco em silêncio, mas depois eu percebi que deveria contar tudo. – Sam, já faz algum tempo que eu rompi com o Erik, mas precisamente desde Wicked, sabe, naquele momento em que nós passamos a conviver mais, não sei, alguma coisa foi mudando, eu passei a me interessar mais pelas coisas que você gostava, gostar mais de estar com você, eu me voluntariei pra ir contigo porque eu não suportava mais a sua cara triste, ela não combina com você, então eu decidi ir falar com o Erik pouco antes de nós sairmos, e o pego com uma mulher. Aquilo foi demais pra mim? Como ele podia estar fazendo isso contigo, eu senti tanta raiva, mas tanta raiva, ele não podia estar te traindo. Eu não te contei, pois, querendo ou não, ele ainda era meu amigo, mas desde então eu não falei mais com ele direito.
- Timothy, cara eu não sei nem o que te dizer, mas você não me ama, você deve estar sentido pelo que me aconteceu, você ficou com tantas garotas...
- Eu fiquei com elas porque a Isa disse que eu estava estranho e me acusou de sentir alguma coisa por você, eu fiquei sim, com várias garotas, minha cama cheira a perfume de mulheres que eu nem lembro o nome, mas eu fiz isso pra provar que a Isa estava enganada, provar que eu sou um verdadeiro homem, e pra me vingar de você que foi embora e me deixou. Mas, no fim das contas isso não adiantou de nada, pois eu amo você, quando eu te vi naquela festa ao lado do Luccio eu me senti tão mal, triste, fragilizado, senti inveja, inveja dele poder estar com você enquanto você me evitava. – Sam ficava quieto, ele não conseguia me responder ao que eu estava dizendo. – Olha, eu não quero uma resposta agora, mas eu precisava dizer isso, mas, por favor, não vai embora de novo.
- Ah, tudo bem... eu... eu... eu vou acabar de organizar as minhas coisas. – ele dizia isso em um tom que era como se quisesse que eu saísse do quarto, e foi o que eu fiz.
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- Depois, quando eu finalmente disse que gostava de você, você....
- Eu precisava de um tempo, tá legal?
- E agora? Você precisa de mais tempo? – eu questionava, tempo era uma coisa que eu não tinha.
- Preciso sim, Timothy, não vou mentir dizendo que eu não sinto mais nada por você...
- Então?
- Mas você me feriu muito... – Sam voltava com aquela conversa mais uma vez, eu estou cansado de saber disso, todo mundo me acusa, até a Montez me chamou de idiota. De bobo apaixonado eu estava ficando emputado com essas acusações.
- Quer saber, senhor Samuel Owen, vai se fuder. – ele ficou sério – é isso mesmo que você ouviu, eu aqui, abrindo o meu coração, tentando reatar contigo e tu fazendo isso, vai te fuder, ou dar comer o primeiro desgraçado que aparecer, e pode ser até esse cara do bilhetinho.
Sabe aquele momento em que você se arrepende amargamente de ter dito uma coisa que não devia? Era eu agora, havia esbravejado contra Samuel, o mandado fuder com um completo estranho, agora, em minha frente estava um homem lindo, com muita raiva que estava pegando o celular e ligando pra um estranho. Eu mereço isso?
- Querido, aqui é Samuel, sabe que eu te achei muito gatinho. – ele falava ao telefone.
- Com quem você está falando? – questionava irritado e com muito medo da resposta, ele apenas me mostra o bilhete e o nome Bruce.
- Não, não o cara que veio almoçar comigo é só um amigo DISTANTE, ele estava na cidade.
- Desliga, Desliga essa droga AGORA!!! – eu falava alterado.
- Não, ele está só brincando... vamos sair pra tomar alguma coisa mai...
- Eu... man...dei... vo...cê desligar. – falava eu tomando o celular e o quebrando. Detesto imensamente essas nossas brigas, principalmente depois que eu perco a cabeça de vez.
- Que foi? Qual é o seu problema? Eu não deveria fuder com o primeiro cara que aparecesse? Bruce não é bom o bastante, se você quiser eu subo nessa mesa e faço que nem a minha irmã, chamo os machos que tem nessa droga de restaurante, ou melhor faço com o garçom mesmo, ele até que é jeitosinho... ou se você quiser, pode escolher o macho que eu vou fuder? – Ele falava lívido enquanto saia do restaurante, eu correndo atrás dele. Percebam, minha vida se resume a correr atrás dele.
- Onde você está indo? – Questionava.
- Vou fazer uma orgia no escritório, dar pro faxineiro, agora virou bagunça, vou liberar geral. – os olhos dele, agora lacrimavam, enquanto ele entrava no carro, eu entrando junto.
Sam fica me mandando sair, esbravejando contra mim, eu sei que mereço, mas sentir o seu cheio tão perto de mim, olhar os seus lábios, a forma como se movem e seus olhos, me percebendo na menina dos seus olhos, só existe uma forma de fazê-lo calar, de poder fazê-lo me escutar, e eu, que sou um súdito de sua beleza não aguento mais aquela tensão e o beijo. Ele ainda tenta protestar, mas eu o agarro com mais força, abro caminho por seus lábios, e minha língua reivindica sua verdadeira morada. Aos poucos o meu loiro vai cedendo e retribuindo ao beijo.
- Eu já disse que eu amo ver a tua cara enfezada? – digo tentando fazer graça.
- Não pense que isso muda alguma coisa. – ele respondeu ríspido.
- Olha, eu vou te dar uma semana pra pensar, em uma semana eu tenho que ligar para o exército para revogarem a minha dispensa. Se você disser que me quer, eu eu, Sam, eu não sei eu largo tudo e volto correndo pra cá, se você disser não, eu volto pra vida militar. – ele ficava sem entender o rumo daquela conversa. – O que eu quero dizer, esses meses de militar, sem ter você, sem ao menos poder falar contigo me fizeram ter mais certeza ainda do quanto eu te quero, e por você eu largo tudo, tá certo... pense e me dê uma resposta.
Depois que digo isso, roubo um outro beijo dele e vou caminhando. Agora a sorte está lançada.
Continua.
Geo Mateus: Assim espero :D. Mas muitas coisas vão rolar.
afonsotico: Tenha calma querido, isso vai ser necessário pra outras coisas que eu estou pensando. Daqui pro final muitas coisas ainda vão acontecer, encontros, desencontros, nem tudo estará perdido, ou tudo estará perdido, depende do referencial. :P
Mateuslc: Obrigado, assim como eles passaram por muita coisa juntos, tipo eles iam casar depois de cinco anos de namoro, isso é chão, eu decide colocar esse paralelo, pra família do Sam, exceto a irmã que está muito puta da vida com o Timmy, se eles voltarem, voltaram, eles já brigaram e romperam outras vezes, muitas das quais por problemas do Timmy, do se assumir pros pais, mas depois eles acabam se acertando. Ai, como contraponto a família do Timmy tenta colocar um freio, olha, mas nem tudo está ganho ainda. Sobre o tamanho do conto, eu realmente não sei. Eu leio sempre e o que eu publico é até onde o fôlego vai. Quando eu sinto que eu cheguei no ponto onde não dá mais, eu preciso parar, ou mudar o narrador eu paro e publico. Então, sempre depende até onde o meu fôlego vai.
Mateuslc: :D, eu comecei a assistir do começo ao fim, mas ainda não acabei, não curto muito filmes com incesto, mas a filmagem é linda e os atores também, e também vi o Looking. :D
Ru/Ruanito: Me explique o que não entendeu que ai eu posso tentar te ajudar a entender. :D
Oliveira Dan: Obrigado, muitas coisas vão acontecer, e tenho que me segurar pra não soltar spoilers. Essa história será narrada em uma outra ocasião, vai ser feita com calma e eu ainda não sei. Mas, sinto ninguém sairá com o clitóris cortado.
Perley: Obrigado, e realmente vamos esperar.
Gente, muito obrigado por acompanharem o conto, e, não sei nem por onde começar, bem, eu consegui publicar dois capítulos este mês pois foi um mês mais tranquilo pra mim, mas, a partir de março, não posso me comprometer com a regularidade, tipo vai começar o mestrado e eu vou estar em um período de adaptação, ou seja, pode ser que eu consiga publicar em março, pode ser que eu não consiga, pode ser que eu esteja inspirado e publique ainda no carnaval, não sei. Mas, podem ter certeza que eu mais cedo ou mais tarde publicarei e sempre me sinto muito honrado com o carinho de vocês.