Agora, o que eu faria da minha vida, não tinha para onde ir, nem ao menos amigos para me ajudar. Sentei na calçada do meio fio com lembranças tão atormentantes em minha mente.
Como o meu coração doía ao me lembrar de toda humilhação. Só de lembrar os meus olhos se enchia de lágrimas, mas não era motivo para desespero.
Me levantei do meio fio e caminhava pelas ruas da cidade sem destino. Já estava anoitecendo quando parei em uma lanchonete para poder comer algo.
Pedi apenas um pão com salame e um copo de chocolate quente. A noite estava muito fria.
— Que cara é essa garoto? — Perguntou a gaçonete virando o café no copo de um homem estranho e vestido de preto, os seus cabelos era coberto por um chapéu vermelho. — Não vai me responder, criatura? — Eu não tinha a obrigação de contar para as pessoas o meu problema, e uma certa forma ela iria me desprezar.
— Não é nada, apenas estou muito cansado hoje. Tive um dia muito estressante. — Indaguei, mas era tudo mentira. A mesma me olhou um olhar de desinteresse. Sentir as minhas espinhas congelarem com as atitude dela.
— Tome cuidado, tem muito ladrões andando livremente por ai e mendigos estupradores. — O homem estranho torciu a garganta.
Paguei a garçonete e sai da lanchonete um pouco frustrado. Aquele homem estranho me cheirava a encrenca e aquela garçonete era muito esquisita.
Andava pelas ruas sem ter onde ir, já marcavam 9 horas da noite e estava muito cansando. Passado perto dos trilhos de trem me lembrei de quando passei uma semana atravessando o pais com o meu avó. Olhei quanto tinha no meu bolso, era o suficiente para comprar uma passagem.
Talvez anda de trem me acalme um pouco. Comprei a passagem e embarquei. Várias pessoas de diversas cultura estava a bordo do trem. Procure a minha cabine por dez minutos. Quando encontrei, teria que dividi-la com uma mulher idosa. A mesma já dormia profundamente enrolada em um cobertor verde e peludo.
As vezes compartilhar uma cabine com um homem idoso terminava em confusão. Me deitei em minha cama. Por sorte, o idoso não roncava. Fechei os olhos lentamente.
Era difícil esquecer o ocorrido. Eu não sabia o que fazer, não sabia de como seria o meu destino daqui em diante. Sei do que fiz foi besteira, mas é bem melhor morar na rua do que conviver com pais que me odeia.
Perdido em meus desvaneio, acabei adormecendo. No dia seguinte levantei me sentindo meio estranho. O idoso já havia acordado. Fui para o banheiro tomar um banho, feito isso fui para o restaurante.
O lugar estava cheia de gente bem vestida. Todas as mesas estavam ocupadas, exceto uma, que tinha apenas um cara mexendo no notebook. Aquele local era o único vago, fui e me sentei lá.
— Bom dia! — a sua voz era completamente linda.
— Bom dia, o dia amanhecer bonito, né? — estava tentando puxar assunto.
— Adoro esse tempo fresco, conseguimos executar nossas tarefas tranquilamente.
— Ah, como você se chama? — perguntei.
— Desculpe a falta de educação, é que estou escrevendo um livro — dessa ele olhou para o meu rosto. — Prazer, me chamo Carlos.
— Prazer, me chamo Alladyn.
— Bonito nome. — indagou.
— Obrigado! — falei corando.
Cabelos negros, olhos castanho e barba bem grandinha. Aparentar ter uns 23 anos e vesti uma roupa social, que o destacar bem.
Fiz o meu pedido, apenas um copo de achocolatado quente e pastéis assado. Por sorte minha, a passagem que comprei cobria tudo.
— Eu sei que a sua vida não me interessa, mas, quantos anos tem? — perguntou.
— Fiz 18 anos ontem. Você me aparenta ter uns 20, certo?
— Acertou, mas eu queria ter bem menor para poder ter mais privacidade. — e sorriu.
— Que tipo de livro esta escrevendo?
— Um romance, muito pessoas não vão gostar por causa do tema que estou abortando. — falou teclando.
— Qual é o tema? Se você quiser me responder. — o maior corou.
— Romance gay! — indagou.
Fiquei surpreso. Nunca pensei que teria pessoas escrevendo gay. Veio várias perguntas em minha mente ao respeito dele. Ouvi um silêncio entre nós. Não tinha palavras alguma para lhe transmitir. Por longos segundos nos encaramos e ele sorriu.
— Acho que vai será um bom livro para casais gays. — disse quebrando o gelo.
— Muitos já me disseram a mesma coisa, mas acho que quem vai gostar mesmo são as mulheres, tanto lésbicas quanto heterossexuais.
— Posso lhe fazer uma pergunta? — disse.
— Se ela estiver ao meu alcance de responde-lá, pôde! — ele me fitou. Respirei fundo e soltei o ar.
— Você é gay? — a pergunta saiu livremente. Carlos ficou em silêncio por alguns segundos.
— Sou e assumido, os meus pais e a minha família me aceitam bem.
A sua resposta me fez lembrar do que havia acontecido no dia anterior, aquilo me fez sentir um vazio no coração. Era como se eu estivesse sozinho no mundo. Eu estava sentado ao lado de um escritor gay, assumido, todos na família o aceitam e que parece viver bem economicamente.
E eu? Um garoto de 18 anos gay, rejeitado pela família, sem um tostão furado no bolso, sem ter onde cair morto. E nessas horas que vemos o quanto o mundo é cruel e injusto. Que pecado cometi para ter esse destino? Nenhum!
— Esta tudo bem? — Carlos perguntou olhando no fundo dos meus olhos.
— Esta sim! É que estou com alguns problemas, só isso. — na verdade eu não havia dito mentira. Realmente estava com grandes problemas.
— Se quiser desabafar comigo, eu estou disponível a qualquer hora.
As vezes isso costumar da certo, mas ele era um estranho que ainda estou conhecendo. Talvez me sentiria bem desabafando com ele. Não! Não era uma boa ideia!
— Não, obrigado! — disse olhando a paisagem através do vidro da janela.
O lugar era belo, pastos verdes e floridos, vários animais. Olhando para céu se via as nuvens brancas, o céu azul e o sol raiando.
Tomei o meu café juntamente com Carlos, depois disso fui para um lugar mais reservado do trem, era um lugar com poucas pessoas, o teto era feito de um vidro blindado.
Me sentei em umas das poltronas vermelhas olhando para o teto. Como queria que tudo que esta acontecendo fosse mentira ou apenas um sonho.
O trem começou a perder velocidade. Estávamos parado em uma estação. Não via motivo para continuar por aqui, já estava distante da minha cidade natal, distante da minha família homofóbica.
Levantei da poltrona e segui para a saída. Entrando em um outro vagão, vi o mesmo o homem da lanchonete vestindo as mesmas roupas. Permaneceu sentado com o chapéu tampando o rosto.
Assim que o trem parou na estação, sai de imediato do trem. Aquele cara estava me seguindo, só pode! Saia da estação entrando em uma avenida movimentanda.
— Meu jovem, uma ajudinha! — Indagou um idoso, segurando a minha mão. O mesmo estava com o rosto sujo, os cabelos brancos, um odor insuportável e estava sentado em um papelão.
Revirei os bolsos procurando algumas moedas, mas não havia um centavo. Tinha gastado tudo comprando a passagem de trem. Sentir uma pressentimento.
— Desculpe-me, não tenho como lhe ajudar. — Falei triste.
Continuei o meu caminha, vendo mais cenas de mendigos pedindo esmolas. Será que esse será o meu destino? a minha vida adiante? Será que irei viver como mendigo?
Tentava afastar esse pensamentos pra longe, só de lembrar os meus olhos se enchia de lágrimas.
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Me desculpem a demora! Tive uns probleminhas com a minha antiga conta, então, fui forçado a fazer uma nova.
Pra quem quiser ler o primeiro capítulo e entender melhor, esse é o link: zaberemenet-devochkoi.ru/texto/Essa é o link de uma história nova que postei recentemente: zaberemenet-devochkoi.ru/texto/