Emputecido. Essa é única palavra que descreve como eu me sentia naquela madrugada. A mancha de sangue que marcava o chão da cozinha era apenas uma amostra. A pia do banheiro parecia que haviam degolado alguém sobre ela. Mas não era a sujeira, e na verdade nem a preocupação com o corte no supercilio de Bruno que escorria sem parar, mas sim o silencio dele sobre o assunto. Seguíamos de carro para emergência no caminho todo eu praguejava minha raiva.
Eu: -Porra cara. Você prometeu que não ia mais brigar e no dia do meu aniversario você me apronta essa!?
Não adiantou reclamar. Nem mesmo depois dos pontos no corte ele se deu ao trabalho de me explicar o que tinha acontecido. Eu tenho uma natureza pacifica por natureza, é muito difícil me irritar com alguém, mas eu estava realmente chateado naquela noite. Mais do que em qualquer outra situação que estive junto com ele. Na volta para casa fiz aquele discurso quase sem fim do quanto eu estava decepcionado e chateado com ele.
Passamos o resto da semana sem nos falarmos. No sábado seguinte eu estava em casa lendo quando ele chegou da rua. Ele já havia retirado os pontos e pedi para ele pegar o material para trocar o curativo e se sentar que eu queria ver como tinha ficado, aproveitaria para trocar o curativo.
Enquanto trocava o curativo finalmente conversamos.
Eu: -E então? Já podemos conversar?
Bruno: -Eu nunca deixei de conversar com você. Foi você que deixou de falar comigo.
Eu: -Ok, foi isso mesmo, mas porra cara, você me fez uma promessa. Você esqueceu?
Bruno: -Não eu to muito bem lembrado, mas e você lembra da exceção que eu coloquei?
Eu: -Cara se foi algo inevitável porque você não me ligou? Sei lá, era meu aniversario e fiquei chateado por você não ter aparecido.
Bruno: -Porra Matheus foi por isso mesmo, tua festa, não queria estragar tua festa.
Eu: -Mas então? O que foi a aconteceu.
E mais uma vez silencio da parte dele, mas uma vez acabamos discutindo naquela noite. Ele se negava terminantemente a me contar o que aconteceu. Me irritei e liguei para o Justin avisando que ia dormir na casa de San José mas que ele não precisava ir porque sabia que ele tinha compromisso com a esposa e assim foi. Passei a noite sozinho.
Minha relação com Justin também começou a chegar naquele momento que você esta com alguém que você não quer mais estar e se obriga a estar. E pra piorar eu ainda estava apaixonado por Bruno. Claro que esse sentimento estava sobre controle.
No dia seguinte pela manhã Justin apareceu na casa, contei sobre a história com Bruno que ainda não tinha contado.E a reação dele me irritou mais do que o silencio de Bruno.
Justin as gargalhadas: -Rapaz o aniversario é seu e eu que ganho presente!!!!
Eu serio e irritado: -Rapaz isso é serio, eu não sei o que aconteceu porque ele não me diz, se ele se meteu com alguém de gangue eles vão caçar ele e podem ate mata-lo.
Justin: -E tomara que seja assim, ta na hora de você retirar da sua vida tudo que não presta não é?
Eu: -Sabe que você tem razão?
Dei as costas peguei a chave do meu carro, soltei a chave da casa descolorei em cima da mesa e disse: -Adeus Justin.
Ele ao se dar conta que fala serio se desesperou: -Calma, calma, calma, eu só to brincando.
Eu: -Eu sinto muito mas já se vão quase oito meses que voltamos E eu não consegui me apaixonar por você. E o pior eu não consegui deixar de gostar do Bruno, e toda vez que você fala algo dele me desagrada. Essa relação não tem futuro Justin. Ta acabada.
Bem dai já viu né? Toda sorte de não faz isso, eu te amo, não me deixa, etc, etc, etc, veio do lado dele. Eu ate entendo que fui cruel, mas eu não estava mais agüentando me relacionar com ele enquanto estava terrivelmente apaixonado por outro cara. Sai de lá, não da mais, estava no meu limite, nunca me arrependi de ter feito o que fiz naquele momento. Apenas queria estar só,sentava decidido, se eu não podia ter o Bruno, não queria ter mais ninguém. Voltei para São Francisco e fiquei rodando pela cidade. Quando voltei para casa já era final de tarde. Ao entrar pelo apartamento Bruno chama do quarto dele:
Bruno: -Primo é você?
Eu: -Sim, sou eu.
Do quarto mesmo ele foi falando e eu fui caminhado ate o quarto dele.
Bruno: -Olha eu to indo para Santa Cruz, é bom pra gente dar um tempo mermo, ramo brigando demais.
Eu: -Não, nada disso, eu preciso que você fique comigo esse fim de semana.
Terminando de falar isso entrei no quarto, ele estava terminando de por umas coisas na sacola e me olhou com estranheza.
Bruno: -Porque?
Eu: -Eu não quero ficar só.
Bruno: -E o Justin?
Eu: -Eu queria a sua companhia.
Bruno: -Cara quer saber. To sentindo que tu ta pesado. Ta precisando relaxar. Vem comigo para Santa Cruz.
Eu: -Não cara não é meu tipo de programa.
Bruno: -Cara, não fala mais nada, eu sei o que to te falando. Vem comigo. Eu sempre faço o que tu me pede, dessa vez confia em mim, só dessa vez.
Ele me convenceu e fomos. Conheci o grupo de brasileiros com o qual ele já era intimo e fomos para a casa que um deles tem em Santa Cruz. Modesta se comparada a outras casas da região mas muito boa e beira mar. Chegamos a noite e eu tinha esquecido como brasileiro é. Eita povo para gostar de contato físico e pra gostar de bebida! A noite foi muito legal.
Bruno: -Relaxou em vei?
Eu só acenti com a cabeça rindo um pouco. Era muito bom estará com Bruno ali, entre novos amigos e esquecendo do mundo lá fora.
Logicamente que no dia seguinte eu estava de ressaca. Levantei e procurei Bruno quando Lucas um dos novos amigos brasileiros me disse que ele tinha ido dar um mergulho. Era primavera e estava em torno de 17 graus, quente para os padrões daqui, mas eu nunca entraria nas águas geladas do pacifico aquela temporada. Alienígena ele realmente é apaixonado pelo mar. O vi de costas e me sentei na areia esperando ele sair. Havia poucas pessoas na praia, andando, ou sentadas a areia lendo, era um pouco cedo, cerca de 9hs, me perdi observando as pessoas na praia e quando voltei a olhar para Bruno ele saia do mar.
Puta que pariu! A visão dele saindo da água, apenas usando uma sunga preta, enquanto Correia a mão apressadamente sobre o cabelo raspado pela maquina ao sol refletindo em sua pele, era simplesmente lindo. Não era só paixão da minha parte que o via com toda essa beleza, as outras pessoas na praia que passavam ou estavam sentadas também viam isso, os olhares todos estavam voltados para ele.
Ele veio em minha direção e eu hipnotizado apenas observava ele chegar mais e mais perto.
Bruno: -Bom dia primo! Borá pra água!
Eu: -Você ta maluco. Só estava aqui observando você sair da água, quer dizer eu e praia toda.
Bruno rindo de leve: -Ainda no tesão primo? Nunca mais tu tinha me jogado essas, ate sentia falta.
Eu ri encabulado: -Desculpa ai, foi mal.
Bruno: -Tem que desculpar não. Quem é que n curte ouvir um elogio. (fez uma pequena pausa olhando para atras de mim e continuou) A Sandra ta chegando ai.
Sandra é uma das amigas do grupo que eu já havia notado dando uns olhares em Bruno na noite anterior.
Eu: -Acho que ela ta interessada em você
Quando eu disse isso em um espaço de aproximadamente 5 segundos todo um pensamento me passou pela cabeça: "Essa garota ta interessada no Bruno e isso é só o que eu percebi. provavelmente ele ate já transou com ela ou com outras que conheceu aqui todos esses meses mas nunca me falou nada, aliais ele nunca me fala o que faz quando não esta comigo, quer saber? Eu sei que ele é hetero, que nunca vai rolara nada entre nos, mas eu preciso falar pra ele o que eu sinto. Mesmo que isso nos afaste eu vou dizer pra ele na primeira oportunidade que eu tiver hoje que estou completamente apaixonado por ele."
Passado os 5 segundos que precisei para tudo isso passar na minha cabeça Bruno comentou:
Bruno: -Ôh primo, ta tão atrasado!
Quando ela chegou agarrando ele e beijando.
Na boa, se to com uma faca na mão ali eu a essa hora estaria preso por homicídio. O ódio tomou conta de mim eu apenas pensava em uma coisa:
"Larga meu macho sua vadia"
CONTINUA...
