S.I.L.4 – Cap. 09 – Amor exumado

Um conto erótico de Fabio N.M.
Categoria: Heterossexual
Contém 4285 palavras
Data: 04/02/2010 10:19:07

S.I.L.4 – Cap. 09 – Amor Exumado

– Parado, polícia! – Monique havia chamado a polícia, claro, numa situação em que o pai estava sendo ameaçado, era a coisa mais sensata a se fazer. Armaram, então, uma emboscada para Joe – Fique onde está. Abaixe a arma e ponha as mãos na cabeça.

Ele apontava a arma para mim. Dane-se se apodrecesse na cadeia ele tinha a sua chance. Poderia dar um fim em mim e sua vitória seria decretada. O revólver estava engatilhado e a bala, na agulha. Um tiro, um único disparo na minha cabeça e seria o fim.

A polícia o tinha na mira. Mas o que fariam? Dariam tempo para se decidir se puxaria o gatilho ou se entregaria? Meu corpo todo estremeceu e um calor subiu à minha cabeça, era tensão. Pensei em tudo que fiz de errado na vida e que poderia ter sido diferente se eu quisesse. Meus pais não mereciam sofrer por meus disparates. Eu poderia ter sido diferente. Queria poder dizer a eles o quanto os amava, mas naquele momento, naquela situação, eu não estava em condições de sequer me mover. Minha respiração era contida e friamente medida.

Tudo isso em três segundos.

Foi o tempo que um dos policiais precisou para perceber que Joe não soltaria a arma e a usaria, então, atirou em sua mão, desarmando-o.

Um único tiro. Monique gritou horrorizada.

Os policiais, quatro ou cinco, investiram sobre ele e o algemaram.

– Em nome da rainha o senhor está preso… é acusado pela morte de três pessoas e se condenado… – o policial falou por si só – você vai mofar no xadrez.

Sabe quando você passa por um perigo iminente, onde tudo passa como um flash, como num sonho ou devaneio,… sei lá. É esquisito. Foi o que aconteceu comigo. Quando minha adrenalina baixara, eu me dei conta de que estava sendo algemado por porte ilegal de arma.

Já vestido, fui conduzido ao distrito numa outra viatura, longe de Joe. Fui interrogado, mas nada do que eu dizia me livraria de ir preso pela arma que tinha.

Certamente eu seria expulso da faculdade e deportado.

Sentado dentro da minha cela, aguardando a deportação, pensando em tudo que tinha se passado na capital inglesa comigo. Não seria tão ruim voltar para minha pátria. De volta ao meu povo, meus costumes, minha língua.

Podia sentir novamente o sol torrando minha pela na praia, mulheres bonitas e gostosas como só as brasileiras podem ser. Parece loucura, mas até do trânsito infernal eu sentia falta. Resolvi parar de pensar um pouco senão eu mudaria de idéia e veria a deportação como a punição que era.

Um dos policiais apareceu na porta e destrancou.

– Você pode ir.

– Posso?!

– Pagaram sua fiança.

Quando saí, Monique e o pai estavam me esperando do lado de fora.

Fiquei enormemente grato. Por sorte a notícia não tinha vazado e ninguém da faculdade soube direito o que aconteceu a não ser que Joe executou três alunos. Houve três dias de luto, mas apesar de tudo, pude terminar os estudos. Arrumei um novo emprego no laboratório da faculdade e me mudei daquele “apertamento”, mas ainda moro no mesmo bairro, ainda tomo meu café no Hammersmith Cafe. Entretanto, Monique se mudara para a Índia com os pais depois do ocorrido. Eu estava sozinho, apesar de me comunicar mais com minha família, principalmente agora que tenho um computador em casa, mas não amenizava a solidão de estar num país onde você não conhece ninguém e em ninguém se pode confiar.

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Era dezembro. A neve caía do céu forrando a paisagem urbana com uma brancura pura. As lojas decoradas mostravam o espírito natalino tomando conta das pessoas.

E lá estava eu, sozinho, andando à toa. Pensando no episódio que marcou minha vida há poucos anos atrás, mas para vocês está nos parágrafos acima. Perdido em meu devaneio não percebi que alguém me chamava pelo nome.

– Espera, Arthur! – dizia em português mesmo.

Atrás de mim vinha uma moça, que saíra de uma loja com algumas sacolas. Pele alva, longos cabelos negro, ondulados e lisos, olhos verdes escondidos atrás dos óculos de grau. Um sorriso cativante e lábios expressivos, com volume ganho pelo batom avermelhado. Mas quem era? Como sabia meu nome? Eu não sabia dizer na hora, mas ela me abraçou e me beijou no rosto. Apesar das roupas, ela tinha um corpinho gostoso de abraçar e um cheirinho que dava vontade de ficar no seu cangote o dia inteiro.

Minha memória voltava para o Brasil. De onde ela me conhecia? Eu me lembraria de uma mulher linda como ela. Segurou minhas mãos e me olhou sorridente.

– Eu sabia que poderia encontrar com você, mas achava que seria difícil numa cidade grande como essa. Oh, puxa! Como você mudou! Está deixando a barba crescer? (Na realidade eu iria fazê-la naquele dia, estava um pouco grande). Onde você mora? A gente poderia ir lá botar a conversa em dia… – ela tagarelava e não me dava tempo de perguntar-lhe pelo menos seu nome, mas seu jeito de falar me era bem familiar. Analisei seus traços delicados e seu rosto angelical e constatei. Não podia ser outra pessoa. Sorri para ela.

– Marina, contenha-se.

Ela se calou e novamente me abraçou. Estava mais radiante do que nunca. Aquela garota que me dava nos nervos tornou-se uma mulher pra lá de boazuda, expressão um pouco grossa para quem merece um culto à sua beleza.

Marina passava férias e estava hospedada num hotel.

Levei-a até em casa. Ela insistiu em preparar o almoço.

Apenas na hora da refeição é que pude perceber o anel que ela usava na mão direita.

– Está noiva?

Seu largo sorriso amenizou como se não quisesse que eu reparasse, mas continuou sorrindo.

– É, estou.

– Como ele se chama?

– Bruno, é um amor de pessoa.

– Gosta mesmo dele?

– Que pergunta, Arthur! Claro que gosto dele – ela me olhou com estranheza – Não está com ciúmes de mim, está?

– Por que eu teria ciúmes? Ainda mais de você – isso foi de partir o coração – Me desculpe! Eu só… quero que seja feliz.

– Eu serei.

Terminando de comer, ela se levantou mirando o olhar em mim, sem dizer uma palavra sequer.

– O que foi? – perguntei.

– Nada.

– Porque olha pra mim assim?

– Há muito tempo não o vejo, Arthur. Se ficar olhando você te incomoda, me desculpe, não faço mais…

– Está tudo bem. Faz um tempão mesmo, então, vamos nos reconhecer. Ver o que nos tornamos.

Marina tirou a mesa. Eu fui para a varanda dar uma tragada, mas logo ela apareceu e me arrancou o cigarro da boca.

– Que horror, Arthur. Por que ainda está com esse hábito? Isso pode matá-lo.

– Já escapei da morte uma vez.

– Do que está falando.

Contei-lhe a história que me acontecera, o que a deixou chocada.

– Escapou da morte com uma arma apontada para você e vai deixar que o cigarro te derrube. Não é uma morte justa pra quem passou pelo que você passou – ela ajeitou a gola da minha camisa e tirou uns fios da minha jaqueta. Acarinhou meu rosto e me olhou fixamente – Você é um menino de ouro, Arthur, só que… você ainda não sabe disso.

Ela entrou em casa deixando-me sozinho com meus pensamentos.

“Como assim eu não sei?”, “o que tenho de especial?”, “sou, por acaso, algum tipo de pessoa que nem todos seriam capazes de ser?”, “o que eu tenho que a maioria não tem?”, ninguém é exatamente como outra pessoa, mesmo na aparência, as atitudes e reações são diferentes. Mas quando dizemos que uma pessoa “é de ouro” queremos dizer que há algo de especial, algo incomum e extraordinário que as demais pessoas, ao menos a grande maioria, não tem.

Quando me dei conta, já estava acendendo outro cigarro. Olhei de um lado e outro para me certificar de que Marina não estava por perto. Mesmo assim hesitei. O que ela tinha dito era a pura realidade, como alguém que escapa da morte uma vez, não tenta fazer tudo diferente, aproveitar melhor a vida que lhe foi poupada, quem garante que eu poderei escapar na próxima? Deixei que o cigarro deslizasse pelos meus dedos e cair da minha mão. Eu não precisava dele pra viver. Eu precisava mudar minha vida. A começar me desculpando com Marina. Nunca a vi como amiga, apesar de ela ter me ajudado em coisas que ninguém mais me ajudou. Se me perguntassem por que ela fazia isso eu não saberia responder.

Passei aquela tarde meditando coisas que não caberiam aqui então vamos adiantar para o crepúsculo. Quando eu voltei para dentro de casa, juntei-me à Marina, que assistia televisão.

– Entende alguma coisa do que estão falando? – perguntei conhecendo seu péssimo inglês.

– Não. Você pode dublar pra mim?

– Eu não sou dublador, mas posso falar do que se trata.

Ficamos até o anoitecer assistindo televisão. Conversávamos e riamos do nosso passado.

Nos conhecíamos desde a infância, mas parece que foi a pouco que descobri quem era Marina. Eu ficava encantado quando ela alisava os cabelos, seu sorriso resplandecia. Mas o seu anel me incomodava, apesar de não aceitar estar com ciúmes dela. Eu também não tinha o direito. Eu tive minha chance e deixei passar como qualquer coisa. Eu poderia agir como fiz com Susy, na minha primeira vez, mas eu mesmo me cobrava respeito por Marina. Ela não merecia ser tratada como qualquer uma. Talvez esse Bruno fosse melhor homem do que eu, mas eu precisava saber de uma coisa.

– Marina!…

– Sim?…

– Naquela noite, quando eu saí com a Susy, o que se passou pela sua cabeça?

Obviamente ela achou estranha a pergunta.

– Eu não sei, eu não lembro direito como foi.

– Quando você esteve lá em casa. Me mandou passar na farmácia antes de ir para a festa.

– Eu?… Ah, sim. Mandei você comprar camisinha. Eu sabia que Susy ia ceder pra você.

– E…

– E… o quê?

Eu não pude continuar. Suspirei e disse:

– Esquece, não é nada.

– Do que está falando, Arthur. Não vai me dizer que aquela conversa de ter transado com ela era uma grande mentira.

– Não, não tem nada a ver com minha noite com Susy, talvez um pouco, mas não era o foco, mas deixa pra lá. Não é importante.

Ela percebeu meu desapontamento.

– Você perguntou o que passou pela minha cabeça… Eu sabia que ia acontecer, então eu mandei você se prevenir.

– Mesmo? – como se a resposta houvesse me satisfeito.

– Sim…

Ficamos um tempo calados.

– É só isso? – perguntou Marina.

– É,… eu acho – ela sabia que não.

Ficamos outro tempo calados.

– Eu senti ciúmes, Arthur. É isso que quer saber?… Só resolvi ajudá-lo, porque vi o quanto você queria. Eu não era tão bonita quanto Susy, então, não haveria motivos para você trocá-la por mim – com o olhar perdido ela esboçou um sorriso – Eu era apaixonada por você, na época.

“Na época”, aquilo me doeu.

– Eu queria poder voltar no tempo e abrir meu olhos àquilo que estava tão perto – falei acariciando sua mão esquerda, sobre o encosto do sofá.

– Você pode não mudar o seu passado, mas pode construir um novo futuro.

– Mas ele não será como eu quero – falei afastando-me dela.

– Entendo.

– Entende?

– Foi isso que passou pela minha cabeça naquela noite. Eu sabia que tinha perdido você. Agora a situação se inverte.

Àquela altura Marina já sabia o que eu estava sentindo por ela.

– Será que é tarde demais para nós?

– É sim, Arthur. É tarde.

Ela se levantou e foi para o quarto, não sei se chorar ou trocar de roupa. Eu resolvi sair um pouco. Ao menos poderia aproveitar o tempo que passaria com Marina em Londres da melhor forma possível. Passei numa sorveteria e comprei um pote de um litro de sorvete de Romeu e Julieta, era seu sabor preferido. Passando numa loja de presentes, comprei um globo de vidro, com uma arvorezinha de natal dentro e sobre a qual a neve caía, coisa que não se encontra muito no Brasil.

Quando voltei para casa ouvi que o chuveiro estava ligado. Marina tomava banho. Fui para cozinha prepara um jantar.

– Onde você foi? – perguntou ela, quando eu arrumava a mesa. Ela vestia um moletom branco e uma calça jeans.

– Saí para comprar umas coisinhas.

– O que você preparou para o jantar?

– O que você acha?

– Peixe?

– Pescado.

Era o favorito dela. Logo ela sacou minhas possíveis intenções.

– Sei o que está tentando fazer, Arthur. Não vai dar certo.

– Pode ser. Mas se não der, então, eu como o sorvete que comprei sozinho.

– Sorvete?

– É, sabe,… se era para lhe fazer um agrado e todo meu esforço seria em vão, então, o jeito vai ser comer sozinho todo aquele pote de um litro de um saboroso sorvete sabor Romeu e Julieta.

– Você está jogando sujo.

– Bruno sabe dessas coisas?

– Que coisas?

– Seus gostos. Ele repara em seus detalhes? – ela hesitou em responder, mas mencionou um falsificado “sim” – ele já observou que suas narinas dilatam quando você fica com raiva, e que você alisa o cabelo pra fazer charminho? Ele já reparou que quando você está eufórica fala mais rápido do que pensa e acaba tropeçando nas palavras.

– Eu nunca fiquei eufórica perto dele.

– Ele já reparou que seus olhos mudam de cor dependendo do clima? Que você gosta mais da maionese por cima do ketchup, pra não fica parecendo pus.

– Isso é só um hábito.

– Eu nuca lhe dei a merecida atenção, Marina, mas nunca deixei de reparar em você. Se alguém que você diz amar não repara em seus detalhes, então, esse não merece sua atenção.

– Isso é tolice.

– Você sabe tanto quanto eu que não. É sim importante conhecer a quem ama. Você disse que era apaixonada por mim. Quais eram meus detalhes?

– Eu vou comer fora, hoje – ela me deu as costas e saiu.

Depois daquilo acabei perdendo a fome. Desfiz a mesa e voltei pra cozinha. Provei ainda do delicioso molho que havia preparado, mas que ficaria na geladeira até o almoço do dia seguinte.

Abri o pote de sorvete e comecei a comer. Apesar de ter comprado para Marina, ela rejeitou. O gosto já não era mais o mesmo, de Romeu e Julieta, estava mais para Tristão e Isolda.

Por volta das onze da noite ela voltou.

Encontrou-me na sala, deitado no sofá, lendo um livro (era fachada, na verdade a estava esperando voltar).

Não perguntei aonde havia ido, sequer olhei para ela.

Meio receosa ela se aproximou.

– Ainda tem jantar?

Não olhei para ela, apenas respondi. Devia estar com fome ou algo assim. Provavelmente não saiu para almoçar, até porque não saberia pedir um prato sequer, tampouco sabia dizer garçom em inglês.

– Está na geladeira, se quiser é só esquentar.

– Você… já jantou?

– Não… Comi sorvete.

Ela demonstrou-se abalada e se dirigiu à cozinha. Esquentou um pouco do que tinha e sentou-se sozinha à mesa, sempre me observando de longe. Eu via isso pelo reflexo no vaso de flores sobre a mesinha. Gostaria se saber o que se passava na cabeça dela naquele momento. Voltei a ler antes que ela reparasse que eu havia interrompido a leitura, enquanto ela continuava comendo.

Um silêncio sorumbático pairava dentro daquela casa. Dava até arrepio. Podia sentir meu ódio e ciúmes espalhando-se pela sala.

Terminado de jantar, Marina levou o prato para a cozinha e voltou com o pote de sorvete, o qual já havia comido mais da metade, propositadamente.

Ela se aproximou, sentou-se no sofá onde eu estava e apontou a colher cheia de sorvete para a minha boca, hesitei. Olhei para ela e ela para mim. Olhei para o sorvete na colher e ele para mim. Voltei a olhar para Marina. Ela sorriu. Tentei me conter para não me contagiar com aquele sorriso lindo, mas era impossível. Abri a boca e ela introduziu a colher e a puxou vazia. Mergulhou o talher no pote e provou ela do sorvete.

– Você não guarda mágoas, Arthur – ela fez uma pausa e me olhou fixamente dentro dos meus olhos – Por maior que seja a afronta, a humilhação, o desrespeito… você nunca guardou mágoa. E sei muito bem que não está magoado comigo apesar da decepção. Esse é seu grande diferencial… Depois que você foi embora… pensei que nunca te veria de novo. Coloquei em meu coração o propósito de esquecê-lo para sempre,… conhecer outras pessoas,… me apaixonar novamente e me casar… Você saiu do meu coração e da minha vida sem se despedir, sem sequer olhar para mim e acenar – ela fez outra pausa e suspirou – Agora você aparece do nada e quer retomar a vaga que foi sua durante tantos anos.

Sentei-me no sofá e a segurei pela mão. As lágrimas começavam a rolar pelo seu rosto.

– Não precisa se apaixonar por mim novamente, Marina. Mas jamais vai poder mudar o que sinto por você agora.

– É tarde, Arthur. Eu não queria nem poderia, mas acabei me apaixonando por você de novo – ela dizia como se isso fosse um crime que tivesse cometido. Ficamos um tempo em silêncio até que ela voltou a falar – Acho melhor pegar as minhas coisas e voltar para o hotel.

Ela ia se levantar. Não segurava as lágrimas. Foi quando a segurei pelo punho e a puxei para mais perto de mim.

– Você nunca me negou um favor, Marina. Agora te peço, apenas desta vez, é meu último pedido a você. Não vá. Fica comigo.

– Não me peça isso, Arthur.

– Desde aquele episódio, tenho estado sozinho, isolado de tudo e de todos. Tenho medo das pessoas. Não tenho em quem confiar. Quando você chegou aqui, senti-me seguro, como se… estivesse de novo com minha família. Eu preciso sentir que está do meu lado. Eu preciso saber que está comigo. Não me abandone, Marina. Eu preciso de você.

– Eu não vou te deixar, Arthur. Vou estar do seu lado, sempre.

Voltei a me deitar. Ela inclinou-se sobre mim e me beijou a testa.

Nossos rostos estavam tão próximos… como nunca pensei que estariam. Senti meu coração bater rapidamente, suas mãos acariciavam meu rosto e seu cabelo ladeava sua face e a minha. Sua respiração invadia minha boca e a minha a dela. Passei o polegar abaixo dos seus olhos limpando o filete de lágrima que escorria.

Seus lábios tremiam de nervosismo e também de tristeza. Estávamos tão próximos, mas ao mesmo tempo tão distantes.

Minha outra mão pousou sobre a dela em meu rosto. Fechei os olhos esperando o que tivesse que acontecer. Não tinha certeza de nada da atitude de Marina, apenas deixei o tempo e seus sentimentos decidirem. Quase quinze longos segundos de expectativa, mas nenhuma decisão da parte dela havia sido tomada.

Meus lábios se entreabriram para pronunciar, mas receberam de súbito um beijo delicioso de lábios ternos e macios, como se acarinhassem os meus. Sua língua se entrelaçava à minha numa dança romântica dentro de nossas bocas. Acariciei seu rosto e Marina de deleitou da suavidade do meu carinho.

Ao contrário do que eu faria normalmente, eu me importava com ela e me cobrava o devido respeito aos seus sentimentos e ao seu compromisso, apesar de minha vontade ser de não deixá-la voltar para o Brasil e ficar comigo para sempre. Entretanto havia o outro lado. Se fosse comigo. A mulher que eu amo volta a se apaixonar por um cara que ela gostava no colégio e acaba fugindo com ele. Eu estava literalmente entre a cruz e a espada.

Poderia me lançar à espada, deixando Marina ir embora e ficando novamente sozinho me lamentando, ou me crucificar, ficando com Marina, mas o sentimento de culpa por roubá-la de outro homem, o ódio do mesmo, e a imagem ruim que deixaria com meus pais, minha família, a família dela e do noivo, iria me perseguir até o fim da vida.

Apesar disso, o que acontecia agora era força do desejo, a vontade de estar cada vez mais juntos até nos unirmos numa só carne.

Voltamos a nos beijar e nos acariciar. Eu era entorpecido pelo seu toque, pelo seu cheiro, pela maciez de sua pele. Minhas mãos tomavam o rumo de suas costas e as cobriam de carinho. Puxei para cima o moletom. Ela ainda usava uma camiseta de tecido leve que delatava sua excitação, a qual ela mesma se encarregou de tirar, tal qual como minha camisa.

– Você ainda tem um corpinho bonito, Arthur.

– Sabe que isso é errado, Marina.

– Não faça me sentir culpada – ela suspirou.

– Você ama outro homem, não a mim.

– Nunca quis passar o resto da vida com outro homem que não fosse você. É você que eu quero, é de você que eu preciso – ela inclinou-se e beijou-me o pescoço, enquanto desprendia o cinto da minha calça. Eu a acariciava as costas nuas e deslizava para as nádegas, que haviam tomado uma forma mais avantajada desde a última vez que nos vimos.

Apesar de parecer errado, o proibido nos excitava cada vez mais. Sentíamos um desejo avassalador e incontrolável de nos amar até nossas forças se esgotarem. Nos perder num mundo de pecado e libertinagem, sentir um o calor do outro, trocar caricias e beijos eternos.

Estando completamente em contato com o outro, sentei-me e Marina se deitou, recostando a cabeça no braço do sofá. Seu corpo estava febril e sua respiração acelerada.

Beijei seu pescoço e colo terminando em apertar e chupar aqueles maravilhosos seios, como duas bolas de handebol. Seus biquinhos durinhos como duas pedrinhas salientes e rugosas. Afagando suas mamas, Marina gemia e me tocava. Deslizava suas mãos pelo meu peito, meu abdômen, até por fim envolveu meu pênis entre seus dedos e o apertou, esfregando-o contra sua xaninha molhada. Como uma descarga elétrica, o tesão e a adrenalina correram velozmente dentro de mim e minha excitação chegou ao seu extremo. Eu não podia mais me conter, penetrei impetuosamente dentro dela arrancando-lhe um urro. Comecei o vai-e-vem socando forte e naquela foda deliciosa e proibida.

– Ah! Ah! Arthur! Eu não acredito!… Eu estou dando pra você.

– Eu também preciso de você, Marina. Preciso do seu amor.

– Eu sou sua, meu querido. Me ame!

Continuei estocando violentamente. Marina, com as pernas para o ar, gritava de urrava de tesão. Sentia meu pau esfolando sua vagina. Ela mordia os graciosos lábios avermelhados e apertava os olhos tentando conter um gemido mais alto. Cravava as unhas no estofado e pedia mais. Fiz movimentos exagerados arreganhando sua boceta, mas isso só lhe aumentava o desejo de ser fodida.

– Eu te amo, Arthur! Eu te amooooo! Aaaaah! AAAAAAAAAAH!

Uma copiosa gozada a fez desfalecer em devaneio delirando, enquanto expelia seu fluido, sob a emissão de urros, gemidos e suspiros profundos.

Seus olhos verdes encontraram-se com os meus. Ela me acariciou o rosto e eu ma inclinei para beijá-la, sem parar de meter.

Senti que ia gozar. Marina já estava entregue e se rendera a mim. Enchi-a com meu leite e voltei a beijá-la.

Ficamos um tempo no sofá, abraçados.

Era evidente nosso sentimento de culpa, mas também o que sentíamos um pelo outro. Tivemos naquele momento uma crise de arrependimento pelo que deixamos de fazer no passado e que agora… perdemos a chance de ficarmos juntos.

– Me desculpe, Marina – disse com um nó na garganta.

– Pelo quê?

– Por me apaixonar por você.

– Eu é que devia estar falando isso, Arthur. Sou eu que vou me casar.

– Ele deve ser uma ótima pessoa. Bem melhor que eu. Que não desperdiçou a vida em más companhias. Que a amou desde que te conheceu, ao contrário de mim que levou anos para descobrir esse sentimento. Ele não fez pouco caso de você. Provavelmente eu estava errado em julgá-lo. Esse Bruno deve conhecer seus detalhes, seu jeito de ser até mais do que eu. O sentimento dele por você pode ser inclusive maior que o meu.

– Do que está falando, Arthur?…

– De amor, Marina. E não me refiro a uma simples paixão, mas à vontade de estar com você até os últimos dias de minha vida, amá-la até meu fôlego se esgotar para sempre, te desejar além da morte. Você sempre esteve comigo; mesmo quando eu não a queria por perto, você estava lá. Sempre com um sorriso amável no rosto. Eu nunca servi pra você e não será agora que hei de prestar para alguma coisa.

– Não fala assim, Arthur. Eu ainda sou apaixonada por você.

– Não pode. Bruno ama você e não pode ferir os sentimentos dele… Nem o mais compreensivo dos homens aceitaria deixar a mulher que ama ir embora com uma paixão da infância.

Marina repousou a cabeça em meu ombro e chorou.

– Eu estou me casando com o homem errado, Arthur… Eu estava aqui pensando. Mesmo se as qualidades de Bruno pesassem mais do que as suas, o que até pouco tempo era verdade, os defeitos dele também pesariam mais. Eu não quero acordar todas as manhãs com um homem que seria capaz de me trocar pelo lucrativo trabalho dele, chagando no fim do dia como se estivesse tudo bem – ela fez uma pausa – quero um homem que repare quando eu estou feliz ou triste, mesmo quando tento esconder. Que saiba o que me aborrece e o que me tira do aborrecimento.

– Sorvete de queijo com goiabada… tira você do fundo do poço.

– Sorvete de queijo com goiabada!!!!! – ela suspirou lambendo os lábios… – Bruno já me levou para jantar nos restaurantes mais finos, mas nunca me levou para tomar um sorvete.

Ficamos um tempo em silêncio até que perguntei:

– O que vai fazer?

– O que vou fazer eu não sei, mas sei o que não vou, me casar com outro. Não quero ficar longe de você nem mais um minuto.

Não era uma opção de Bruno, mas ele agora não poderia fazer mais nada para impedir Marina de ficar comigo.

Continua…


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Comentários

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Seu conto fantástico maravilhoso! Fábio você matou a pau! arrasou! ⭐⭐⭐💯

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