Obsessão. Parte 13.

Um conto erótico de Lukinha
Categoria: Heterossexual
Contém 6798 palavras
Data: 12/02/2025 14:17:42

Viviane:

Desde pequena, tive uma facilidade absurda com tecnologia. Enquanto outras crianças brincavam de boneca, eu desmontava rádios velhos para entender como funcionavam. Meu pai tinha um comércio próprio, uma oficina de conserto de eletrônicos. Aquele era o meu mundo perfeito.

Aos quinze anos, já tinha desmontado e montado mais computadores do que podia contar. Aos dezessete, hackeei o sistema da escola para corrigir uma nota injusta. Programação, redes, segurança digital ... tudo aquilo fazia sentido para mim de uma forma que nada mais fazia.

Foi por isso que escolhi Ciências da Computação. Enquanto Leandro e Mina mergulhavam na área farmacêutica, e Miguel na administração, eu me afundava em códigos, servidores e redes protegidas. Meu trabalho era garantir que os sistemas fossem seguros. Ou, no meu caso, saber exatamente como invadi-los. Sempre fui considerada uma programadora habilidosa.

Leandro e Mina acreditavam que eu tinha aceitado a traição, que estava arrependida por ter pedido o divórcio. Que não conseguiria viver sem eles. Ingênuos. Eu estava arquitetando meu próprio plano.

Sempre soube que eles tinham segredos. Mina, principalmente, era ambiciosa demais para jogar limpo.

No início, minha intenção era simples: encontrar provas da traição e expor os dois. Entretanto, só a minha palavra não bastaria. Se conseguisse fotos, vídeos, mensagens comprometedoras, poderia destruir o castelo de cartas que eles haviam construído.

Mas o que eu encontrei foi muito maior do que uma traição.

O brilho frio da tela do meu notebook iluminava meu rosto enquanto eu revisava, mais uma vez, os logs de acesso ao sistema bancário da Mina. Os arquivos que eu havia extraído eram um verdadeiro mapa do tesouro. Pequenos valores, transferidos regularmente para contas em paraísos fiscais. Vestidos de grife, spas luxuosos, jantares sofisticados ... tudo fachada, apenas uma desculpa para Mina continuar desviando dinheiro da conta conjunta dela e de Miguel.

Mina, tão cuidadosa em sua vida social, era um desastre na segurança digital. Seu celular era protegido por uma senha ridícula: o nome da filha, seguido do ano de nascimento, tal como sua rede Wifi. Assim que me conectei, nas raras visitas que fazia a casa dela com Miguel, bastou rodar um simples script de sniffing para capturar os pacotes de dados. E-mails, credenciais de login… tudo estava ali, escancarado para quem soubesse onde olhar.

Mas o verdadeiro golpe veio depois. Eu precisava das senhas bancárias. Para isso, criei uma página falsa, uma réplica idêntica da tela de login do banco. O ataque era simples: um e-mail disfarçado de alerta de segurança informava que a conta dela havia sido acessada de um local suspeito. Mina clicou no link e digitou as credenciais sem hesitar. O segundo fator de autenticação? Ainda mais fácil. Um ataque de sim-swap, com a ajuda de um funcionário corrupto da operadora, me permitiu interceptar os códigos enviados por SMS.

Depois, veio a parte mais delicada. Movimentar o dinheiro sem deixar rastros. Foi aí que os mixers de criptomoedas entraram em cena. Converti os valores para Bitcoin, passei por algumas carteiras anônimas e redistribuí para contas seguras. Quando Mina percebesse, já seria tarde demais.

Leandro nunca desconfiou. Acreditava que eu estava apenas ajudando a acobertar os erros da Mina. Idiota. Eu estava garantindo minha própria saída daquele inferno e levando comigo tudo o que pudesse.

A parte mais irônica? Mina, tão esperta, tão manipuladora, nunca imaginou que a verdadeira cobra estava bem ao lado dela.

Após fazer o que fiz, veio a inevitável pergunta: E agora?

Eu não sabia até onde Mina poderia ir. Uma mulher que mentia com tanta naturalidade, que manipulava sem remorso, não pensaria duas vezes antes de dar um jeito de me silenciar. E se ela desconfiasse que fui eu? Se descobrisse para onde o dinheiro foi?

Eu precisava de um plano de contingência. Foi então que pensei em Miguel. Ele também tinha sido vítima, mas estava cego. Se eu revelasse a verdade de forma errada, ele poderia não acreditar. Mas havia uma maneira de fazer com que ele ouvisse: Carolina.

Desde sempre, estava claro que Carolina tinha fortes sentimentos por Miguel. Quando a conheci, ela ainda era uma menina e nós compartilhávamos um segredo bombástico. Hoje, ela é uma mulher deslumbrante, com uma personalidade forte e íntegra. Se alguém poderia alcançar Miguel e fazê-lo ver a verdade, era ela.

Eu sabia que Miguel sofreria. Mas Carolina estaria lá para ajudá-lo. Se tudo saísse conforme o planejado, Miguel finalmente abriria os olhos para quem Mina realmente era, e Carolina preencheria o espaço que aquela mulher havia deixado. No final, todos sairiam ganhando … menos Leandro e Mina.

E era exatamente aquilo que eu queria.

Miguel acabou descobrindo a traição antes que eu pudesse usar Carolina para contar. Mas o que ele sabia era apenas a superfície, uma versão diluída da verdade. O choque o derrubou, sim, mas não da maneira definitiva que eu queria. Ele ainda via Mina como uma vilã pessoal, uma mulher que o traiu e o humilhou, mas não como a criatura ardilosa que ela realmente era.

Minhas provas, por outro lado, sepultaram qualquer chance de Mina e Leandro escaparem ilesos. Não havia desculpas, não havia brechas. Eles estavam afundados até o pescoço, e quando tudo viesse à tona, nem toda a manipulação do mundo poderia salvá-los.

Ainda assim, usar Carolina continuava sendo a melhor estratégia. E minha escolha se mostrou mais do que acertada. Poucos meses depois, Miguel e ela engataram um romance e, no final, tudo aconteceu exatamente como eu previ: Mina perdeu tudo. Miguel encontrou alguém que realmente se importava com ele. E eu? Eu saí de cena, mas com a certeza de que tinha vencido.

E então, quando achei que Mina estava definitivamente acabada, as notícias que vinham do Brasil não eram nada animadoras.

Eu estava tensa, precisava fazer alguma coisa. Naquela noite, resolvi dar uma volta pela praia privativa do resort.

A areia ainda estava morna sob os meus pés descalços enquanto caminhava pela praia deserta. O luar prateado iluminava meu caminho, refletindo nas ondas que quebravam suavemente na costa.

Eu estava sozinha, mas não me sentia solitária. A energia daquele resort hedonista ainda pulsava nas minhas veias, misturada com o efeito do vinho tinto que havia bebido durante o luau entre casais liberais.

Aquele lugar era um santuário para os desejos mais profundos, e eu sabia que estava pronta para explorar cada um deles.

No passado, quando tivemos aquela aventura de carnaval, eu achei tudo mágico. Miguel era um amante maravilhoso e até hoje eu não entendo as escolhas da Mina.

Divorciada, livre, eu não tinha motivos para não viver novamente daquela forma desapegada de amor e, com a tensão que me dominava, eu precisava relaxar, espairecer, para finalmente decidir o que faria a seguir.

Foi então que eu o vi. Eu já estava de olho nele desde o segundo dia em que me hospedei. Ainda tímida, vendo que ele estava sempre cercado de admiradoras, me mantive afastada, o admirando de longe.

Alto, musculoso, com uma presença que dominava o espaço ao seu redor, mesmo à distância. A camisa preta justa destacava cada curva do seu corpo, e meus olhos não puderam evitar de percorrer aquela figura imponente. Ele estava de costas, mas eu já o havia notado antes, durante o luau. Um homem que não passava desapercebido. Negro, com uma pele que parecia absorver a luz da lua, e um andar confiante que fazia meu coração acelerar.

E eu não sabia se ele era uma opção, já que, afinal de contas, ele era um dos seguranças do resort. Hesitei por um momento, mas aquele lugar era feito para isso. Para sucumbir aos impulsos. Para se entregar.

Ele estava fazendo uma espécie de ronda noturna, e eu me aproximei, despretensiosa:

— Você sempre trabalha até tão tarde? — Perguntei, com uma voz que soava mais confiante do que eu me sentia naquele momento.

Ele se virou para mim, sorrindo com simpatia. Seus olhos escuros encontraram os meus, e um sorriso lento surgiu em seus lábios.

— Alguém tem que garantir que todos estejam seguros. — Respondeu, com uma voz profunda que parecia reverberar no ar ao nosso redor.

Eu me aproximei mais, sentindo a tensão crescer entre nós.

— E quem garante a sua segurança? — Provoquei, sendo mais direta do que pretendia.

Ele riu baixinho, me olhando com confiança e devolveu a provocação.

— Isso depende de você. Quer me proteger?

Senti um calafrio percorrer minha espinha. Estava tão perto que podia sentir o calor emanando de seu corpo, o cheiro suave de suor misturado com algo levemente adocicado. Ele era irresistível.

— Talvez eu queira garantir que você esteja ... distraído. — Brinquei, meus dedos tocando levemente o braço dele.

Ele olhou para mim com uma intensidade que me deixou sem fôlego.

— Você sabe o que está pedindo?

Eu sabia. E queria. Mais do que qualquer outra coisa naquele momento.

— Com a mais absoluta certeza. — Sussurrei, nossos lábios tão próximos que eu podia sentir o calor de sua respiração.

Ele não hesitou. As mãos grandes e fortes me puxaram para ele, e nossos lábios se encontraram em um beijo que deixou o mundo ao nosso redor em segundo plano. Era brutal e delicado ao mesmo tempo, uma mistura de dominância e necessidade que me fez me derreter em seus braços.

Suas mãos deslizaram pelo meu corpo, explorando cada curva com uma familiaridade que me fez gemer em sua boca. Ele me levantou com facilidade, e eu envolvi as pernas em sua cintura, sentindo a força dele através da camisa apertada.

— Você é tão pequena e delicada. Me dá vontade de cuidar e te proteger. — Ele disse, me encarando com ternura e desejo.

“Ah, se ele soubesse o poder daquelas palavras para alguém no meu estado atual”. Pensei, mas logo voltei a me concentrar naquele monumento de Ébano.

— E você é tão grande … — Respondi, sentindo aquela piroca crescendo, roçando na minha xoxota.

Ele riu, um som rouco que fez meu corpo tremer.

— Você ainda não viu nada. — Ele sorriu maliciosamente.

Antes que eu pudesse responder, ele me levou até uma área mais reservada, longe dos olhares curiosos, e me fez deitar em uma espreguiçadeira. Eu estava excitada e ansiosa.

— Eu não sou uma mulher que se entrega facilmente, mas você … — Eu disse, hesitante, os olhos fixos nos dele.

— Devo me considerar especial? — Ele provocou, os dedos deslizando pela minha coxa, me fazendo gemer baixinho.

— Eu quero. Preciso. — Confessei.

Ele sorriu. Um sorriso que prometia coisas que eu mal conseguia imaginar.

As mãos dele eram rápidas e precisas, tirando meu biquíni com uma série de movimentos que me deixou exposta, me sentindo desejada ao mesmo tempo. A água quente do Caribe parecia fria comparada ao calor que eu sentia ao olhar para ele.

Ele não perdeu tempo, penetrando minha buceta com uma força que me fez gritar. Seus dedos apertando minha cintura enquanto ele me possuía. Era intenso, selvagem … exatamente o que eu precisava.

— Você é uma putinha deliciosa. Que bucetinha apertada e quente.

— E você é um cavalo pauzudo … Ahhhh … Tá me preenchendo completamente … Ahhhh …

Ele estocou por poucos minutos antes de me colocar de quatro, me dar uma chupada na buceta e no cuzinho que me fez quase desfalecer de prazer, e voltar a me penetrar.

Eu sentia aquela pica grande e grossa bombando dentro de mim, chegando a bater na entrada do meu útero. Ele era uma máquina, estocando freneticamente.

— Geme putinha … não era um macho que queria? Geme pra esse macho que está te fodendo.

Eu estava descontrolada.

— Mete, macho pauzudo … fode essa buceta …

— Mais alto, putinha … geme … — Ele insistiu, suas socadas fazem meu corpo inteiro tremer. Me fazendo obedecê-lo

— Fode, caralho! Fode essa buceta … — Eu gritei, submissa ao seu controle.

Ele não parou de estocar, continuando a me empurrar até que eu chegasse ao clímax, meus gritos ecoando na praia deserta, enquanto ele me fodia sem dó, estocando com uma força que me fez tremer dos pés à cabeça

— Mais … mais forte … — Implorei. — Eu quero mais.

— Você acha que aguenta mais? — Ele me subestimou.

Meu coração acelerou, e eu senti um novo surto de desejo percorrendo meu corpo.

— Fala menos e mete mais forte, seu canalha. — O desafiei. A voz tremendo, mas firme.

Ele não resistiu. O que aconteceu depois foi como um furacão, uma tempestade de prazer e dor que me consumiu por completo. Ele me levou ao limite, e quando eu achei que não aguentaria mais, ele me levou além. Era selvagem, incontrolável, e eu sabia que nunca mais seria a mesma.

Quando ele finalmente me soltou, eu estava exausta, mas completamente satisfeita. Ele me olhou, os olhos cheios de uma mistura de orgulho e possessividade que me fez tremer.

— Você é incrível, putinha. Aguentou e pediu mais. — Seu olhar estava cheio de admiração.

Eu sorri, sentindo uma onda de satisfação percorrer meu corpo.

— E você é impressionante.

Ele riu, um som profundo e satisfeito que ecoou na minha pele.

— Isso eu já sabia. — Ele disse, os dedos brincando com meu cabelo enquanto me mantinha ali, presa, mas mais livre do que jamais me senti antes.

— Preciso ir ou, daqui a pouco, virão me procurar. — Ele se despediu com um beijo na boca cheio de promessas futuras. — Quando quiser repetir a dose, manda mensagem.

Ele se levantou e me entregou o celular, pedindo para eu anotar meu número.

Ele se foi segundos depois, me deixando ali, sozinha e satisfeita, com a cabeça leve e pronta para tomar a decisão que eu precisava.

A notificação de mensagens soou no meu aparelho.

“Estou de folga amanhã. Fora dos muros desse resort, existe uma cidade fantástica e um povo acolhedor. Me deixaria apresentá-los a você”.

Respondi sem pensar.

“Estarei aos seus cuidados, então”.

Com o celular na mão, eu sabia muito bem para quem precisava ligar em seguida. Era hora de voltar ao jogo.

{…}

Miguel:

Fazia semanas que Mina não criava problemas. Ela vinha nas visitas supervisionadas, ficava com a nossa filha pelo tempo permitido e ia embora sem arranjar confusão. Um comportamento quase exemplar, considerando o que ela já tinha aprontado.

Eu sabia que aquilo não significava que ela tinha mudado, mas era um alívio temporário. Eu podia focar no meu trabalho, nas visitas à minha filha e no relacionamento com Carolina, que cada dia ficava mais sério. Ela já frequentava minha casa, e minha filha parecia encantada com ela. Carolina tinha um jeito doce, paciente, e conquistou a pequena rapidamente.

Foi então que, num almoço casual com um amigo em comum do setor farmacêutico, recebi uma informação inesperada.

— Miguel, vi a Mina num evento semana passada. — Ele disse entre um gole de cerveja e outro.

Aquilo me deixou confuso.

— Evento? Que tipo de evento?

— Coisa do setor farmacêutico. Um congresso sobre inovação na área de manipulação. E ela não estava só.

A informação me atingiu em cheio, como um soco.

— Como assim? Ela estava acompanhando alguém?

Ele assentiu.

— Sim, estava com um cara. Um sujeito conhecido, bem-vestido. Eles pareciam … próximos.

Não entendi o porquê do mistério.

— Conhecido? Quem era?

Ele avaliou minha reação ao dizer:

— O seu concorrente. O filho dele, na verdade. O Thiago Sampaio.

Me encostei na cadeira, absorvendo a informação. Como Mina ainda tinha entrada naquele meio? Depois de tudo que aconteceu, depois das traições, dos problemas jurídicos … Só podia ser aquela família de babacas corruptos mesmo. Eles são perfeitos um para o outro.

— Ela parecia estar fechando negócios? — Perguntei, tentando soar indiferente.

Meu amigo deu de ombros.

— Não sei dizer. Do lado de fora, pareciam apenas um casal num encontro. Mas, Miguel, você sabe como é. Se ela tem contatos certos, pode estar tentando dar a volta por cima.

Eu não respondi. Só fingi que aquela informação não mexia comigo mais do que deveria.

Algumas semanas depois, Carolina já estava totalmente integrada a minha rotina. Ela dormia em casa algumas vezes por semana, e minha filha estava cada vez mais apegada a ela. Carolina brincava com ela no quintal, e assistia aos desenhos que eu nunca tinha paciência de ver. Era natural. Simples.

Naquele sábado, Mina chegou pontualmente para a visita supervisionada. Assim que minha filha a viu, correu para os seus braços, e a assistente social sorriu com a cena.

— Está vendo, Sr. Miguel? Ela fica feliz com a mãe por perto.

Eu apenas concordei, cruzando os braços. Não tinha nada contra minha filha ver a mãe, desde que Mina não tentasse manipular a situação.

No começo, a visita seguiu tranquila. Elas brincaram na sala, desenharam juntas, e eu fiquei apenas observando, mantendo a postura distante, mas atento.

Foi então que Mina viu algo em uma das estantes. Um par de brincos, e uma pulseira com o nome gravado no metal: Carolina.

Seu sorriso sumiu. Seus olhos escureceram. Ela pegou as peças devagar, como se confirmasse o que via. Então se virou para mim.

— O que é isso?

A assistente social, que estava distraída organizando alguns papéis, nem percebeu o tom de voz dela imediatamente.

— Você está trazendo essa mulher pra dentro de casa, Miguel? No espaço onde a nossa filha mora?

Eu não devia satisfações.

— A Carolina faz parte da minha vida agora.

— Ah, que lindo! Você está formando uma nova família, é isso? — Mina estava furiosa, segurando as joias como se fossem uma prova de traição. — E quanto tempo levou até você decidir expor a nossa filha a essa … mulher?

Eu senti a tensão aumentando no ar. Minha filha olhava de um para o outro, confusa.

— Não faça um escândalo aqui, Mina. Você não tem esse direito.

— Você não acha cedo demais? Ou já estavam juntos antes de sair de casa?

A assistente social finalmente percebeu o tom da conversa e se colocou entre nós.

— Senhor Miguel, senhora Guilhermina, a visita de hoje está para terminar. É preciso lembrá-los que o foco aqui é o bem-estar da criança. Qualquer outro assunto deve ser tratado em outro momento.

Mina soltou um riso debochado.

— Claro. O bem-estar da minha filha. Isso é tudo o que me importa.

Ela jogou as joias em mim, pegou sua bolsa e se virou para a nossa filha

— Venha, querida. Dá um abraço e um beijo na mamãe. Preciso ir agora. Mas na outra semana a gente se vê de novo.

Minha filha fez um biquinho, chateada, mas aceitou o abraço da mãe antes de deixá-la ir.

Mina lançou um último olhar para mim antes de sair. Um olhar que dizia que aquela história estava longe de acabar.

Eu soltei um longo suspiro, sentindo a tensão em cada músculo do meu corpo.

A paz que eu estava tentando construir estava com os dias contados.

A semana seguinte estava sendo infernal. Reuniões intermináveis, prazos apertados e decisões urgentes me deixaram sem tempo para nada. Eu mal conseguia parar para respirar quando meu telefone tocou. Era meu advogado.

— Está sentado? — A voz dele veio séria.

Uma pontada de preocupação subiu pela minha espinha.

— O que foi?

— Tenho notícias sobre o processo.

Meu peito apertou. A investigação que Mina enfrentava ainda estava em andamento, mas a cada dia que passava, eu queria vê-la mais perto da punição que merecia.

— Manda. — Criei coragem para ouvir.

Houve uma pausa antes dele continuar.

— Miguel … As provas não apontam a Mina como culpada pelos desvios e má administração da farmácia.

Eu me endireitei na cadeira.

— Como assim?

— Segundo a auditoria forense, os desvios de dinheiro e as ações fraudulentas têm um único responsável.

Um nó se formou no meu estômago.

— Quem?

— Leandro. — Ele respondeu, de imediato.

Minha cabeça girou.

— Isso é piada?

— Eu gostaria que fosse. — O advogado continuou. — Todas as provas digitais e contábeis apontam para ele. Os acessos aos sistemas, as autorizações de transferências bancárias, as assinaturas falsas em contratos fraudulentos … tudo leva a Leandro.

A raiva era fulminante, como um incêndio dentro de mim.

— Isso é coisa da Mina! — Gritei. — Ela armou isso. Ela deu um jeito de jogar tudo nas costas do idiota do Leandro.

— Miguel, eu entendo sua frustração, mas precisamos trabalhar com fatos. E os fatos mostram que ela não está envolvida. — Ele tentou me acalmar.

— Não está envolvida? — Bati a mão na mesa. — Isso não faz sentido!

— Eu sei que parece improvável, mas, por enquanto, as provas estão do lado dela. A investigação continua, ainda podem surgir novas informações. — O advogado concluiu.

Fechei os olhos, tentando me controlar.

— O que acontece agora?

— Oficialmente, ela é inocente. Isso significa que ela tem o direito de reassumir sua posição como sócia na farmácia.

Meu sangue gelou.

— Não! — Me lamentei.

— Miguel, se não houver novas provas contra ela, você não pode impedir.

O telefone quase quebrou na minha mão de tanto que apertei.

— A gente se fala depois.

Desliguei e respirei fundo, tentando conter a fúria.

Duas semanas depois …

Eu estava na farmácia, à espera, quando a porta principal se abriu e Mina entrou.

Ela não estava sozinha. Um oficial de justiça, e duas viaturas estavam estacionadas na porta, a escoltavam. Tudo para garantir que ela reassumisse seu cargo sem resistência.

Meu corpo inteiro ficou tenso com aquele show.

Os funcionários pararam o que estavam fazendo. O administrador, contratado por mim para colocar ordem na bagunça que ela deixou, apareceu na porta da sala de reuniões, curioso.

Mina desfilava pelo salão como se nunca tivesse saído dali. Um sorrisinho satisfeito nos lábios.

— Saudades de casa.

Fui até ela, minha voz carregada de rancor.

— O que você pensa que está fazendo?

— Recuperando o que é meu, querido. — Ela me olhava com deboche.

— Você armou tudo, não foi? Fez o idiota do Leandro de bode expiatório. — Acusei, quase gritando.

Ela riu, balançando a cabeça.

— Leandro sempre foi ganancioso. Foi fácil para ele se afundar sozinho.

Eu cerrei os punhos, tentando não explodir, e os policiais se aproximaram.

— Senhor, estamos aqui para garantir que a senhora Guilhermina reassuma sua posição sem interferências. Peço a sua cooperação.

Olhei para eles com ódio contido.

— Eu não vou impedi-la. Mas vocês vão ver … Isso ainda não acabou.

Mina me deu um último sorriso triunfante antes de se virar para o administrador.

— Você está demitido.

Ele olhou para mim, esperando alguma reação, mas eu não podia fazer nada.

Mina voltou. E eu precisava encontrar uma maneira de derrubá-la antes que ela destruísse tudo de novo.

Eu estava em xeque.

Aquela noite estava mais silenciosa do que o normal. O jantar tinha sido tranquilo, mas a verdade era que minha cabeça estava a mil. Carolina percebeu, claro. Sempre percebia.

Eu estava sentado no sofá, um copo de uísque na mão, encarando um ponto fixo na parede.

— O que foi? — Carolina perguntou, sentando-se ao meu lado.

Suspirei, frustrado.

— Mina voltou para a farmácia hoje.

Carolina arregalou os olhos, surpresa.

— Como assim?

— Oficialmente, ela foi inocentada. Leandro é o único culpado pelos desvios de dinheiro. A investigação concluiu que ela não fez nada.

Ela cruzou os braços, incrédula.

— E você acredita nisso?

Eu dei uma risada desanimada, sem graça.

— Nem por um segundo. Mas as provas dizem o contrário. Ela voltou, acompanhada de policiais, e a primeira coisa que fez foi demitir o administrador que eu contratei. Voltou ao comando como se nunca tivesse saído.

Carolina balançou a cabeça, se levantando do sofá.

— Isso é inacreditável.

— Pois é. — Levei o copo até os lábios, mas percebi que minha mão tremia um pouco. Coloquei o copo na mesa de centro. — Eu não sei o que fazer. Tudo nela é uma mentira bem construída. E, por enquanto, está funcionando.

Houve silêncio. Olhei para Carolina e percebi que ela me observava de um jeito diferente.

— O que foi? — Perguntei, confuso.

Ela demorou um pouco para responder.

— Você ainda está muito afetado com isso.

Franzi a testa, não entendendo aquela afirmação.

— E como não estaria? Você sabe o que essa mulher fez comigo. Com a minha vida …

— Eu sei, Miguel. — Ela me interrompeu. — Mas a forma como você está … Eu não sei. Parece que isso ainda mexe muito com você.

Bufei, passando a mão pelo rosto.

— Claro que mexe! Isso é minha vida, minha empresa, meu futuro.

Carolina abaixou o olhar, mordendo o lábio.

— Miguel … você ainda sente alguma coisa por ela?

Fiquei atordoado com a pergunta.

— O quê? Claro que não!

— Tem certeza? — Os olhos dela brilharam com algo que parecia medo.

Toquei sua mão, tentando acalmá-la.

— Carolina, Mina destruiu minha vida. O que eu sinto por ela é raiva. É frustração. Mas amor? Nunca mais.

Ela me encarou, como se tentasse ler minha alma.

— Então por que você está assim? Ela ainda tem um poder enorme sobre você, não percebeu?

Suspirei, exausto.

— Porque é injusto. Porque eu queria vê-la pagar por tudo o que me fez.

O silêncio voltou. Carolina desviou o olhar, e quando voltou a falar, sua voz estava mais fria.

— Acho melhor eu ir para casa hoje.

A encarei, confuso.

— O quê?

Ela pegou o celular.

— Vou chamar um carro pelo aplicativo.

Segurei seu pulso, tentando fazê-la me encarar.

— Carolina, para com isso.

— Não, Miguel. Eu preciso pensar. — Ela estava decidida.

— Pensar no quê?

Ela respirou fundo.

— Em nós. No que estamos fazendo ... Eu gosto de você, sempre gostei, mas não sei se quero estar com alguém que ainda se afeta tanto por outra pessoa. Mina … ela …

Aquilo me atingiu como um soco.

— Carolina, não é isso!

— Então por que eu me sinto assim? — Ela estava segurando a emoção. — Eu só preciso de um tempo.

Antes que eu pudesse argumentar, o celular dela vibrou. O carro tinha chegado. Fiquei ali, parado, enquanto ela pegava a bolsa e saía pela porta.

Eu nunca pensei que pudesse me sentir tão solitário. Enquanto Carolina saía, eu sentia um medo real de perder alguém que realmente importava.

Eu não queria ser invasivo, então respeitei o tempo que ela pediu. Mandei apenas uma mensagem, na manhã seguinte, para que ela não tivesse dúvidas dos meus sentimentos:

"Bom dia, Carolina. Eu entendo que você precise de um tempo e respeito isso. Mas não quero que fique nenhuma dúvida sobre o que sinto por você. Mina faz parte do meu passado, e é só lá que ela pertence. Você é meu presente, e é com você que quero construir algo de verdade. Espero que a gente possa conversar quando você se sentir pronta. Tenha um bom dia".

Vi que ela visualizou, mas respondeu apenas com um emoji de coração. Interpretei como um bom sinal e mantive a promessa de respeitar o tempo dela.

Me arrumei rapidamente, tomei café com minha pequena e cheguei rapidamente na distribuidora. A manhã estava tediosa, mas o almoço trouxe novidades.

O telefone tocou. Número desconhecido.

Atendi, cauteloso.

— Miguel — A voz do outro lado soou firme, mas com um tom familiar.

— Viviane?

Ela tentou ser simpática, estava receosa.

— Achei que você não atenderia.

Eu estava bastante surpreso.

— Você pode me culpar? Me diz, Viviane … você é minha amiga ou minha inimiga? Usar a Carolina? É sério? Não sei qual era a sua intenção.

Houve um rápido silêncio do outro lado da linha.

— Nem uma coisa, nem outra. Mas, se serve de consolo, eu sempre soube dos sentimentos da Carolina por você. Nunca a manipulei. Quem melhor do que ela para ser a portadora da verdade? — Sua voz era firme. Ela parecia sincera.

Eu estava muito receoso, ainda sem entender o motivo daquela ligação.

— E você acha que isso faz eu me sentir melhor?

— Acho que sim, porque vocês formam um belo casal. — Ela respondeu sem pestanejar.

Soltei um suspiro impaciente.

— Vá direto ao ponto, Viviane. O que você quer?

— O que tenho para falar não pode ser dito por telefone. Precisamos nos encontrar.

Meu instinto imediatamente entrou em alerta.

— E onde você está?

— Fora do país.

Aquilo só aumentou minha desconfiança.

— E eu deveria simplesmente pegar um avião para te encontrar?

— Se aceitar o encontro, mandarei alguém para te buscar.

Meu estômago revirou.

— Eu preciso pensar.

— Não demore. Você pode me encontrar nesse número quando estiver pronto para responder. Confie em mim, pelo menos dessa vez.

A linha ficou muda. Ela desligou.

Afastei o celular do ouvido, o peito ainda subindo e descendo com a adrenalina da conversa.

O que diabos Viviane queria comigo? E, mais importante … eu deveria confiar nela?

O tempo parecia ter desacelerado nos últimos dias. Cada decisão que eu tomava parecia ter um peso maior. A ligação de Viviane ainda estava rondando minha mente, me deixando dividido entre a dúvida e o desejo de finalmente saber o que ela tinha de tão importante para me contar.

Mas havia algo mais urgente. Algo que me consumia de maneira mais tangível. O processo da guarda da minha filha estava chegando ao fim, e eu tinha que lidar com a decisão que estava prestes a ser tomada.

Eu mal dormi naquela noite. Estava tenso e preocupado. O dia da audiência final, da decisão, tinha chegado.

O tribunal estava silencioso, solene, com aquela frieza institucional que parecia indiferente ao que estava acontecendo dentro de mim. Sentei-me ao lado do meu advogado, o coração martelando forte. O juiz revisava os últimos documentos, e eu podia ver, do outro lado da sala, Mina com sua postura impecável, como se já soubesse o resultado.

Havia algo que me incomodava desde o início da audiência: o juiz havia mudado. Disseram que o anterior estava doente, mas algo naquela troca de última hora não me pareceu certo.

— Diante das evidências apresentadas, da conclusão da investigação criminal que inocentou a senhora Guilhermina, e também da sua boa conduta durante as visitas supervisionadas, esta corte determina que a guarda da menor será compartilhada entre ambos os genitores. O tempo será dividido em períodos alternados de quinze dias para cada um, com efeito imediato.

Senti como se o chão tivesse sumido sob meus pés.

— O quê? — Minha voz ecoou pelo tribunal antes mesmo que eu pudesse me conter.

O juiz ergueu o olhar para mim, impassível.

— Senhor Miguel, eu entendo que essa pode não ter sido a decisão que esperava, mas a corte considerou todos os fatores envolvidos. — O juiz disse, impaciente.

— Considerou? — interrompi, soltando uma risada amarga. — Considerou que essa mulher desviou dinheiro da sua própria família? Que usou a própria filha para me chantagear e manipular emocionalmente? E agora, de repente, ela é inocente? Isso é uma piada?

Meu advogado tocou meu braço, um aviso silencioso para que eu me acalmasse, mas já era tarde.

— Senhor Miguel, sua conduta neste tribunal precisa permanecer respeitosa. Mesmo que não concorde com a minha decisão. — Advertiu o juiz, com um tom firme.

— Respeitosa? E o respeito pela minha filha? Pelo que eu e ela passamos? — Eu me levantei, apontando para Mina, que mantinha aquela expressão falsa de serenidade. — Ela manipulou a todos aqui, inclusive você. Ou será que tem algo a mais? Quem sabe uma “ajuda” para que essa decisão saísse assim … favorável para ela?

Um burburinho percorreu a sala. O juiz ficou vermelho.

— Está me acusando de corrupção, senhor Miguel?

— Estou dizendo que isso não faz sentido! — Rebati, sem ainda me dar conta da gravidade das minhas palavras.

— Basta! — A voz do juiz cortou o ar. — Sua atitude é inaceitável. Como representante desta corte, não tolerarei esse tipo de acusação infundada. Declaro-o detido por desacato.

O golpe foi instantâneo. Dois oficiais se aproximaram, colocando as mãos em meus braços. Meu advogado se levantou, protestando em meu nome, mas eu já sabia que nada adiantaria. Eu tinha ido longe demais.

Antes de ser levado, vi minha filha. Ela estava nos braços da Mina, os olhos arregalados, confusa com o que se desenrolava diante dela.

— Filha! — Chamei, tentando me soltar, mas os oficiais me seguraram firme.

A última coisa que vi foi Mina saindo do tribunal, carregando minha pequena, enquanto eu era escoltado para uma cela.

Xeque mate.

Fui transferido para uma delegacia próxima poucas horas depois. A cela era menor do que eu esperava, com paredes de concreto frio e um cheiro de suor, mofo e desinfetante impregnado no ar. O colchão fino sobre a cama de alvenaria parecia ter anos de uso, e a luz fraca piscava de tempos em tempos, como se estivesse prestes a se apagar de vez. Sentei-me no único banco disponível, esfregando o rosto com as mãos. Minha cabeça latejava, e o gosto amargo da raiva ainda estava na minha boca.

“Que merda você fez, Miguel?". Me repreendi em pensamento. Ainda indignado com a injustiça que havia sofrido.

Eu sabia a resposta. Deixei a emoção falar mais alto. Sabia que Mina estava manipulando tudo, sabia que ela tinha armado para se safar, e ver aquele juiz – um desconhecido no lugar de quem deveria estar ali – tomando uma decisão que me forçava a entregar minha filha a ela, me fez perder o controle.

Eu tinha chamado um juiz de corrupto dentro de um tribunal. E agora estava pagando por isso.

A noite se arrastou em um tempo estranho em que o sono vinha em fragmentos curtos, interrompidos pelo barulho dos outros detentos ou pelo ranger da porta de ferro sendo aberta e fechada. Meu advogado só conseguiu autorização para me ver na manhã seguinte, e quando a cela foi destrancada, lá estava ele, de terno impecável, com a expressão fechada.

— Você realmente se superou dessa vez, Miguel. — Ele disse, balançando a cabeça. — Consegui um acordo para tirá-lo daqui, mas você vai precisar engolir o orgulho.

Levantei-me, sentindo os músculos doloridos da noite mal dormida.

— O que isso significa?

Ele ajeitou a pasta que carregava e suspirou.

— Significa que você vai pedir desculpas ao juiz. Publicamente. Vai se retratar das acusações que fez, reconhecer que sua atitude foi inadequada e prometer que isso não vai se repetir. E, claro, pagar uma fiança bem salgada.

Soltei uma risada irônica.

— E o que acontece se eu não fizer isso?

— Você continua aqui. Simples assim. — Ele cruzou os braços. — E antes que você pergunte, sim, Mina já saiu do tribunal com sua filha. Quanto mais tempo você perder, mais tempo ela tem para envenenar a cabeça da menina contra você.

Fechei os olhos e respirei fundo. Eu odiava cada palavra que ele dizia, mas sabia que ele estava certo.

Fui escoltado de volta ao fórum, até uma pequena sala, onde um escrivão já esperava para registrar minha retratação. O juiz entrou poucos minutos depois, e sua expressão azeda deixou claro que não estava nem um pouco satisfeito com a minha presença.

— Então … — Ele disse, se recostando na cadeira — … estou esperando.

Engoli meu orgulho e comecei:

— Meritíssimo, ontem eu agi de forma impulsiva e desrespeitosa. Minhas palavras foram inadequadas e injustas. Eu estava tomado pela emoção e acabei proferindo acusações sem fundamento contra a integridade desta corte. Peço desculpas por meu comportamento e asseguro que respeitarei as decisões judiciais daqui para frente.

O juiz me analisou por um longo momento, os dedos tamborilando na mesa.

— Espero que essa seja a última vez que vejo você desse lado da lei, senhor Novaes. Você agora responde por desacato, calúnia e difamação. Melhor começar a se comportar.

Fiz um leve aceno com a cabeça, mantendo a expressão neutra. Meu advogado interveio para resolver a papelada final, e logo fui conduzido para o setor administrativo, onde finalizei o pagamento da fiança. O valor era alto, mas o dinheiro não era o problema. O verdadeiro custo disso tudo era ver Mina saindo impune, mais uma vez.

Assim que pisei fora da delegacia, vi meu pai encostado em seu carro, os braços cruzados e a expressão carregada.

— Vamos. — Ele disse, sem rodeios.

Entrei no carro em silêncio, e por alguns minutos tudo o que se ouvia era o motor rodando suavemente pela cidade.

— Você perdeu a cabeça? — Ele disse, finalmente, o tom controlado, mas firme.

— Pai …

— Não! Me escuta. — Ele bateu a mão no volante. — Você pode ter toda a razão do mundo, Miguel. Mina pode ser a pior pessoa que já pisou na terra, esse juiz pode ser um vendido, tudo isso pode ser verdade. Mas você não pode jogar sua vida fora por causa disso.

Eu olhei pela janela, aceitando tudo o que ele tinha a dizer.

— Eu não suportei ver minha filha indo com ela.

Meu pai soltou um suspiro pesado.

— E você acha que a pequena precisa de um pai que passa a noite na cadeia? Que responde por calúnia e desacato? Se a Mina já quer te pintar como um desequilibrado, parabéns, você acabou de dar munição para ela.

Fechei os olhos. Ele estava certo. O que fiz só me enfraqueceu ainda mais naquela guerra.

— O que eu faço agora? — Perguntei, a voz mais baixa.

Ele me olhou por um instante antes de responder:

— Você respira fundo, Miguel. Você foca na sua filha, e não na sua raiva. Mina não pode manipular a todos para sempre. Mas se você continuar agindo por impulso, ela nem precisa fazer esforço.

Concordei, absorvendo suas palavras. Eu já tinha cometido erros demais. Era hora de pensar antes de agir.

Quando entramos no condomínio, já passava das três da tarde. Passei pela guarita, trocando um aceno rápido com o segurança, e seguimos pela rua silenciosa até minha casa. Minhas costas ainda doíam da noite na cela, e minha cabeça latejava com a enxurrada de pensamentos.

Meu pai estacionou em frente à minha casa e eu desci do carro. Nós nos despedimos sem palavras. Ele parecia bastante preocupado comigo.

Caminhei pelo jardim da frente, passando pelo caminho de pedras cercado de arbustos bem-cuidados. O templo nublado, cinzento, refletia o meu estado emocional.

Ao abrir a porta, encontrei Carolina sentada no sofá, braços cruzados, expressão fechada. Ela não parecia surpresa ao ver o meu estado, mas sua postura rígida deixava claro que aquela não seria uma conversa fácil.

— Você passou a noite na cadeia, Miguel. — Ela disse, sem rodeios. — Dona Lúcia está preocupada.

Suspirei e joguei as chaves sobre a mesa.

— Eu sei.

— O que você tem na cabeça? — Ela se levantou, encarando-me com aquele olhar intenso. — Você não percebe que isso só piora a sua situação?

— Você acha que eu queria isso? — Rebati, sentindo o cansaço pesar. — Você acha que foi fácil ouvir aquele juiz dar a guarda compartilhada para Mina como se ela fosse uma mãe exemplar?

— Eu não disse que foi fácil. — Ela retrucou. — Mas perder o controle daquele jeito só deu mais poder para ela.

Busquei uma dose de whisky, frustrado.

— Eu me perdi, Carol … pisei na bola. — Abaixei a voz, a dor transparecendo em cada palavra. — Vou perder você também?

O silêncio que se seguiu foi pesado. Vi seus olhos suavizarem por um momento, como se minha pergunta a tivesse atingido de um jeito que nem ela esperava.

— Não me faz esse tipo de pergunta, Miguel — Ela abrandou, desviando o olhar.

Dei um passo à frente.

— Você sabe o que eu sinto por você. Eu preciso de você. Mas se você acha que isso é demais, que eu sou um peso, me diz agora.

Ela me olhou de volta, hesitante.

— Você tem que confiar que tudo pode dar certo. Mas só vai dar certo se você parar de se autodestruir.

Eu concordei, respirando fundo.

— Eu vou tentar. Mas preciso de você comigo.

Carolina hesitou por mais um segundo, então, num gesto lento e decidido, deu um passo à frente e envolveu meu rosto com as mãos.

— Eu te amo, seu bobão. Jamais me assuste desse jeito novamente, tá ouvindo? — Disse ela, antes de me beijar.

O beijo era quente, intenso, e, mais do que tudo, cheio de clareza. Quando nos afastamos, ela me encarou firme.

— Você tem que ser perseverante, Miguel. Você não perdeu sua filha. Mina pode ter ganhado essa batalha, mas a guerra está longe de acabar.

Respirei fundo, sentindo que não estava sozinho naquela luta. Era hora de ser totalmente honesto.

— Tem algo que preciso te contar … — Comecei. — … Viviane me ligou alguns dias atrás.

Carolina arqueou as sobrancelhas.

— Viviane? O que ela queria?

— Ela disse que tem coisas pra me contar. Algo que não pode ser dito por telefone. Mas tem um detalhe: ela está fora do país. Se eu aceitar o encontro, ela manda alguém me buscar.

Carolina estava surpresa, ponderando.

— E você vai?

— Ainda não decidi.

Ela se aproximou, suplicando.

— Se você for, eu vou com você.

Fiquei surpreso com sua disposição, mas aquilo só reforçava minha confiança nela.

— Tem certeza?

— Claro. Não vou deixar você se meter nisso sozinho.

Olhei para Carolina por um longo momento e, então, tomei minha decisão.

— Vou aceitar o encontro. Vou descobrir o que Viviane tem pra me contar.

Ela concordou, determinada.

— Então é isso. Vamos até o fim desta história juntos.

Peguei o telefone e liguei para Viviane. Coloquei no viva voz para Carolina acompanhar a conversa. Fui atendido no terceiro toque.

— Você tomou sua decisão?

Olhei para a tela, e por um breve instante, a luta interna voltou. Tudo parecia estar se encaixando em um único ponto. Eu precisava de respostas. Não apenas sobre Mina, mas sobre o que mais estava acontecendo por trás de tudo aquilo.

Respirei fundo, e antes que a dúvida pudesse tomar conta de mim novamente, respondi.

— Sim. Eu aceito.

Continua …

Autor: Lukinha

Revisão e consultoria:


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Comentários

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mestre Lukinha & , passei pra dar uma espiada! Tô curioso e ansioso!

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Foto de perfil de Fabio N.M

PQP!!! Mina tá levando a melhor??? Não tô crendo no que estou lendo.

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Lindo, Belo, magnífico!

Até parece novela da Janete Clair! Ela é da minha época, tenho 54 anos!

E essa trama do Lukinha e ,

E a outra do MA e chique no urtimo, são obras top das galáxias! Que história!!!!

Cheia de suspense, emoções.

L U K I N H A.....Muito obrigado!

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐💯💯💯💯💯💯💯💯💯💯

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Lukinha eu já estou doido amigo por favor publica uma história por dia até fechar a saga nota um trilhão kkkkk oh louco meu kkkkk

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Quando eu achei que ia, num foi, aí da outra vez eu tinha certeza que ia, mas num foi de novo, e agora eu tinha certeza absoluta que ia, mas num é que a Mina escapou do pior de novo, praga ruim é assim mesmo, mas uma hora alguém corta o mal pela raiz kkkkkk

Muito bom como sempre!

Parabéns Lukinha e !

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Que burro, se deixar levar pela raiva, se estrepa

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Pela fé.

Essa mina é o satanás de saia.

Misericórdia

Kkkkk

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excelente trama perfeito estou adorando o teu conto cada capitulo um suspense

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A mina foi esperta,e deve ter feito acordo com o Thiago Sampaio em troca de uma ajuda com o Juíz .

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A Mina parece que sempre tem uma carta na manga, consegue virar o jogo mesmo quando esse parece perdido, impressionante!

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Muito bom!!! Como sempre!!

Posso fazer uma pergunta? É uma dúvida mesmo,não quero "causar" de jeito nenhum no conto de vcs...

O Miguel já tinha o controle da farmácia,não tinha? Ele que a adquiriu e etc...tanto que ele tinha posto ela para vender, e só não manteve por causa das acusações de fraude que ocorreram depois!!!! Pq agora a mina manda recuperou a farmácia?? Ela foi inocentada mas não ficou comprou a farmácia, ou comprou???

Sinceramente, fiquei um pouco confuso...desculpa por perguntar...não farei outros comentários...

Muito bom essa parte...assim como toda a história até aqui!!!

Vc é top!!

Abraço

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Era uma empresa familiar. Cada um tinha metade. Ele iria vender a parte dele apenas, para cortar o vínculo financeiro com a Mina.

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Mina virando o jogo !!!

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Também, com o Miguel querendo concorrer a presidente do CPB... Fica fácil. :-D

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E tem o que o Mark colocou uns capítulos atrás... Muito fraquinho o advogado dele. Não preparou o cliente para esse resultado adverso. Não interviu de forma mais enérgica antes que ele fizesse m*rda... Muito passivo. Harvey Specter jamais deixaria isso acontecer...

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Foto de perfil de Samas

Mas naquele momento não tinha advogado que segurasse seu cliente ainda mais quando ele escuta uma decisão dessas . O 1* erro foi da assistente social pois ela devia ter relatado o descontrole da Mina na casa do Miguel. Só esse fato já faria a balança pender para o Miguel,se o juiz não fosse esse.

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De fato. Por isso a preparação tem que ser prévia.

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Amigo não tem preparação que segure a reação de um cara na situação do Miguel . Ali foi um conjunto de fatores que levaram ele a explodir

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Claro que tem, o advogado devia ter dito com todas as letras que caso o resultado fosse adverso ele deveria se manter calmo para não dar munição para Mina. O problema é que ele não acreditava em um resultado contrário aos seus interesses e, claramente, não foi preparado para enfrentar o revés. Imaturo, fez merda!

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Sua lupa estava certa. Você bem preciso no comentário feito no capítulo anterior.

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Próxima parte na segunda. Obrigado a todos pela leitura.

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O Lukinhas ama maltratar seus leitores com essas pausas 🤣🤣🤣🤣

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