O zumbido monótono do maquinário da Instalação de Produção de Sêmen Nº 7 era o som constante da sua vida. Um som que, para muitos, se misturava ao fundo, tornando-se apenas mais um elemento da paisagem sonora opressiva daquele lugar. Mas para 047, o zumbido era um lembrete constante de tudo o que havia sido perdido.
Ele fechou os olhos, recostando-se na parede fria de sua cela, e deixou sua mente vagar para longe daquele lugar, para um tempo antes do Hades, antes da Suprema, antes de tudo se transformar no que era agora.
Ele se lembrou de sua esposa, Sarah. Seu sorriso caloroso, emoldurado por lábios cheios e rosados, era a primeira coisa que lhe vinha à mente. Sarah tinha cabelos castanhos claros, longos e ondulados, que ela costumava prender em um coque frouxo quando estava em casa. Seus olhos eram de um verde profundo, que pareciam mudar de cor dependendo da luz, e brilhavam com uma mistura de inteligência e gentileza. Ela era um pouco mais baixa que ele, com um corpo curvilíneo e seios fartos que ele adorava segurar. Sua pele era macia e clara, com um leve tom dourado que se intensificava no verão. Mas o que ele mais amava em Sarah era sua risada. Uma risada contagiante, que enchia a casa de alegria e fazia seu coração se aquecer.
Lembra quando a gente se conheceu naquela festa da empresa? - ele sussurrou para o vazio da cela, como se Sarah estivesse ali com ele. - Você estava usando aquele vestido vermelho...
Ele sorriu com a lembrança. Sarah sempre fora a mais vibrante, a mais cheia de vida. Ele, por outro lado, sempre fora mais reservado, mais introspectivo. Mas ela o completava. Ela o tirava de sua concha.
Uma noite, depois de um jantar romântico em casa, eles fizeram amor. Não era a primeira vez, claro, mas naquela noite havia algo de especial. Talvez fosse o vinho, talvez fosse a atmosfera que eles haviam criado, ou talvez fosse apenas o amor que sentiam um pelo outro, que parecia mais forte do que nunca.
Sarah o puxou para a cama, seus olhos brilhando de desejo.
Faça amor comigo - ela sussurrou em seu ouvido, sua voz rouca e sensual.
Ele a beijou, um beijo apaixonado e cheio de promessas. Eles se despiram lentamente, apreciando cada toque, cada carícia. A pele de Sarah era macia sob seus dedos, e seu corpo parecia se encaixar perfeitamente no dele.
Ele a deitou na cama e se inclinou sobre ela, admirando sua beleza. A luz fraca do abajur iluminava seu corpo, criando sombras suaves em suas curvas.
Você é linda - ele disse, sua voz embargada pela emoção.
Você também - ela respondeu, sorrindo.
Ele a beijou novamente, e então começou a beijar seu pescoço, descendo lentamente por seu corpo. Sarah gemeu de prazer, suas mãos agarrando seus cabelos, puxando-o para mais perto. Ele beijou seus seios, demorando-se em seus mamilos, sentindo-os endurecer sob sua língua.
Sarah se contorcia sob ele, seu corpo respondendo ao seu toque com um desejo crescente. Ele desceu mais, beijando sua barriga, seu umbigo, e finalmente, o local onde ela mais ansiava por seu toque.
Com delicadeza, ele afastou os lábios da buceta dela e começou a beijá-la, sentindo seu gosto, seu cheiro, sua umidade. Sarah gemeu alto, suas pernas tremendo, seu corpo se entregando completamente ao prazer que ele estava lhe proporcionando.
Então, ele a penetrou, lenta e profundamente, sentindo o calor e a umidade dela envolvendo seu membro. Eles se moveram juntos, em um ritmo que começou lento e suave, mas que foi se tornando cada vez mais rápido e intenso.
O quarto se encheu com os sons de seus corpos se chocando, de suas respirações ofegantes, de seus gemidos de prazer. Eles se entregaram completamente um ao outro, naquele momento de pura conexão e intimidade.
E então, eles atingiram o clímax, juntos, em uma explosão de sensações que os deixou sem fôlego, mas profundamente satisfeitos. Eles permaneceram abraçados por um longo tempo depois, apenas curtindo a presença um do outro, o calor de seus corpos, a respiração que aos poucos voltava ao normal.
Eu te amo - ele disse, beijando sua testa.
Eu também te amo - ela respondeu, aninhando-se em seus braços.
Naquela noite, eles dormiram abraçados, sonhando com um futuro que nunca se concretizaria.
O Hades mudou tudo.
No início, ninguém levou a sério. Um vírus, originário de algum lugar da Ásia, diziam as notícias. Mais um surto, mais um alarde da mídia. Mas então, as notícias começaram a ficar mais sombrias. O vírus se espalhava rapidamente, e os homens estavam morrendo em uma taxa alarmante.
047 se lembrava do medo crescente, da incerteza, das conversas sussurradas no escritório. Foi nessa época que ele começou a se sentir mal. Primeiro, uma leve dor de cabeça, depois febre, calafrios, uma fadiga que parecia se infiltrar em seus ossos. Ele tentou ignorar, continuou trabalhando, mas os sintomas só pioravam.
Você não está bem, amor - Sarah disse uma noite, enquanto ele se deitava no sofá, suando frio. - Você precisa ir ao médico.
É só uma gripe - ele respondeu, tentando tranquilizá-la. - Vai passar.
Mas não passou. Na verdade, só piorou.
Ele se lembrava de ter ido ao hospital visitar um colega de trabalho, Mark, que havia sido infectado. Ele se lembrava do olhar vazio nos olhos do homem, da pele acinzentada, da respiração fraca e irregular.
Dizem que é o Hades - Mark sussurrou com dificuldade. - O vírus... está matando os homens.
Não diga bobagens - 047 respondeu, tentando soar confiante. - Você vai ficar bem.
Mas ele sabia, no fundo, que Mark estava certo. O medo frio que o invadiu naquele momento foi a confirmação. Mark morreu no dia seguinte.
Foi então que 047 percebeu que ele também estava infectado.
Ele contou a Sarah, e o medo que viu nos olhos dela foi pior do que qualquer sintoma que ele estava sentindo.
Nós vamos superar isso - disse ela, segurando suas mãos com força. - Vamos encontrar um jeito.
Eles se abraçaram, choraram, tentaram encontrar alguma esperança em meio ao caos crescente. Mas, no fundo, ambos sabiam que as coisas estavam mudando rapidamente.
A cidade foi ficando cada vez mais perigosa. Hospitais lotados, necrotérios improvisados, saques, violência... o mundo que ele conhecia estava desmoronando. E, em meio a tudo isso, a doença progredia em seu corpo.
Ele se lembrava da febre alta, dos delírios, da fraqueza que o impedia de levantar da cama. Sarah cuidou dele da melhor maneira que pôde, mas ela também estava assustada, exausta e sobrecarregada.
Então, vieram as ordens de evacuação. Os homens infectados deveriam se apresentar aos centros de triagem, para o bem de todos. Sarah implorou para que ele não fosse, mas ele sabia que não tinha escolha. Ele estava fraco demais para lutar, e a ideia de colocar Sarah em perigo por sua causa era insuportável.
É o certo a fazer - ele disse a ela, tentando manter a voz firme. - Eles vão cuidar de mim. Eu vou ficar bem.
Não vá, por favor - ela implorou novamente, agarrando-se a ele. - Nós podemos fugir, ir para algum lugar...
Não podemos fugir disso, Sarah - ele respondeu, acariciando o rosto dela. - Mas eu vou voltar para você. Eu prometo.
No dia em que ele saiu de casa, 047 se lembrava de ter olhado para Sarah uma última vez. Ela estava parada na porta do apartamento, os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, os braços cruzados sobre o peito como se estivesse tentando se proteger do frio. Ele tentou sorrir para ela, dizer que tudo ficaria bem, mas as palavras morreram em sua garganta.
Eu te amo - ele disse novamente, e então se virou e caminhou em direção ao centro de triagem, sem olhar para trás. Ele sabia que, se olhasse, não teria forças para continuar.
Aquele foi o último dia em que ele viu Sarah.
047 abriu os olhos. O zumbido do maquinário parecia mais alto agora, mais opressivo. Ele olhou ao redor, para as paredes frias e cinzentas de sua cela, para a pequena janela gradeada que dava para um pátio sem vida. Aquela era a sua realidade agora. Aquele era o resultado da nova ordem de Anya.
Ele se levantou e caminhou até a pequena pia de metal no canto da cela. Ele se olhou no espelho embaçado acima dela. Seu rosto estava mais magro, seus olhos mais fundos, seu cabelo mais ralo. Ele mal se reconhecia.
Mas, em algum lugar, bem no fundo de seus olhos, uma pequena chama ainda bruxuleava. Uma chama de resistência. Uma chama de esperança. Um dia, ele pensou, as coisas seriam diferentes. Um dia, os homens se levantariam novamente.
Mas, por enquanto, tudo o que ele podia fazer era sobreviver. E esperar.
Continua...