Naquela noite, Gabrielle havia deixado Guilherme descansar. Ele estava sentado na escrivaninha de seu quarto, tentando se concentrar nos estudos. Contudo, sua mente estava a mil. O refeitório, as risadas de Rodrigo, o sorriso sutil de Gabrielle – tudo ainda ecoava em sua cabeça como um pesadelo interminável.
Quando o telefone vibrou, ele olhou para a tela e viu a mensagem de Gabrielle:
"Oi escravo rs. Preciso que esteje aqui às 20h!"
Mais uma vez na casa de Gabrielle, mas algo estava diferente. Guilherme sentia que o peso das últimas semanas estava prestes a atingi-lo de forma irreversível. Ele entrou no apartamento com a mesma expressão resignada de sempre, apenas para encontrar Gabrielle deitada no sofá, seus pés descalços descansando sobre a mesa de centro, enquanto Rodrigo ocupava a poltrona ao lado, com uma garrafa de cerveja na mão. Ambos estavam relaxados, como se já tivessem planejado a noite.
"Ah, Guilherme, você chegou." disse ela, olhando para ele com aquele sorriso que misturava sarcasmo e satisfação. "Tem muito trabalho esperando por você, acostume-se."
Gabrielle se recostou no sofá e olhou para ele com expectativa. "Você já sabe o que fazer, Guilherme. Meus pés estão precisando de atenção."
Ele se ajoelhou ao lado do sofá, começando a massagear seus pés com o mesmo cuidado de sempre. O cheiro característico, fruto de um longo dia de uso, estava mais forte, mas Guilherme tentou ignorar.
Rodrigo soltou uma risada abafada, claramente se divertindo. "Ei, Guilherme, quando terminar com ela, eu tô na fila, beleza? Dia cheio pra mim."
Guilherme lançou um olhar rápido para Rodrigo, mas não respondeu. Concentrou-se na tarefa, tentando ignorar o calor da vergonha subindo por seu rosto. Gabrielle estava completamente relaxada, enquanto Rodrigo assistia a cena com puro prazer, bebericando sua cerveja.
Depois de alguns minutos, Gabrielle tirou os pés da mão de Guilherme. "Agora é a vez do meu macho."
Rodrigo estendeu os pés como se fosse um rei sendo servido. "Capricha aí, campeão. E não fica com essa cara."
Guilherme obedeceu, sentindo cada segundo como uma eternidade. Enquanto massageava os pés de Rodrigo, ouvia os dois rindo sobre algo, como se ele fosse invisível.
Gabrielle, no entanto, não pretendia deixá-lo passar por isso em silêncio. Ela estendeu o outro pé, encarando Guilherme com um sorriso frio.
"Você é muito beta, não é? Um homem de verdade, jamais faria isso." ela disse, sua voz carregada de um tom provocador.
"Você sabe, betinha, eu realmente aprecio tudo o que você faz. Mas acho que você deveria saber: você não está aqui porque quer. Está aqui porque eu sei que você não consegue dizer não para mim."
Rodrigo riu alto, inclinando-se para frente na poltrona. "Ela tem razão, cara. Você tá aqui porque é patético. Não importa o que a gente peça, você faz, só pra tentar ficar no radar dela. É meio triste, na real."
Ela continua: "Mas me pergunto... será que você faria qualquer coisa que eu mandasse?"
Antes que ele pudesse responder, ela levantou um dos pés e o colocou bem próximo do rosto dele. Guilherme congelou, incapaz de acreditar no que estava acontecendo.
"Cheire," disse ela, seu tom agora mais firme, sem espaço para negociação.
Guilherme hesitou, sua mente dividida entre a humilhação e a pressão esmagadora que Gabrielle exercia sobre ele. Ele tentou se levantar, afastando-se do sofá, e pegou sua mochila. "Já chega," disse, sua voz baixa, mas firme. "Eu não vou mais fazer isso."
Gabrielle arqueou uma sobrancelha, surpresa, mas não intimidada. "Oh? Finalmente resolveu ter uma opinião, é?"
Guilherme respirou fundo, reunindo coragem que ele nem sabia que tinha. "Eu não sou isso. Não sou o que você quer que eu seja. E não vou mais voltar aqui."
Gabrielle ergueu uma mão, ordenando que ele ficasse onde estava.
"Ah, não, ainda não terminamos," ela disse, sua voz endurecendo. "Se você sair agora, Rodrigo e eu vamos ter que contar para o pessoal do campus o quanto você é... dedicado. Quero dizer, como acha que vão reagir quando souberem que você massageia os pés do namorado da garota por quem é apaixonado?"
Guilherme arregalou os olhos, e se perguntava como ela sabia disso. "Você não faria isso," ele murmurou, sua voz tremendo.
"Não?" Gabrielle inclinou-se para frente. "Eu faria, sim. E Rodrigo também. Não é, amor?"
"Com certeza," Rodrigo respondeu, sorrindo de orelha a orelha. "Ia ser uma história incrível. Imagina só o pessoal do time de futebol sabendo disso. Você seria o mascote oficial deles."
Guilherme engoliu em seco, sentindo-se encurralado. Ele queria gritar, queria sair dali, mas sabia que eles eram capazes de cumprir a ameaça. Seus olhos se voltaram para Gabrielle, que parecia se divertir com seu sofrimento.
"Então, você vai continuar colaborando, seu manso?" ela perguntou, inclinando a cabeça como se estivesse pedindo algo banal. "Ou quer que a gente torne sua vida no campus ainda mais... interessante?"
Ele fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Guilherme se ajoelhava mais uma vez, sentindo a humilhação como uma corrente pesada em seus ombros.
|
Guilherme mal conseguia acreditar no que estava acontecendo. Sentado no chão do apartamento, ele se sentia mais como um objeto do que uma pessoa. Gabrielle, com um ar de superioridade que parecia tão natural para ela, cruzava as pernas no sofá, enquanto Rodrigo, rindo, abria outra cerveja.
"O que foi, Guilherme? Está desconfortável?" Gabrielle perguntou, inclinando a cabeça com falsa preocupação. "Eu pensei que você estivesse acostumado a... servir. Você tem duas opções: ou você faz o que eu pedi, ou Rodrigo e eu vamos espalhar aquela história maravilhosa pelo campus."
A sala parecia congelar no tempo. O ar, pesado e tenso, era dominado pela autoridade fria de Gabrielle e pela risada provocativa de Rodrigo. Guilherme estava ajoelhado, com o rosto próximo ao pé estendido de Gabrielle, sua mente em um turbilhão de humilhação e raiva. Ele queria gritar, queria sair correndo daquele lugar, mas as palavras de Gabrielle o prendiam como correntes invisíveis.
"Cheire," ela repetiu, a voz cortante como uma lâmina.
Rodrigo deu um gole na cerveja e se inclinou na poltrona, claramente se divertindo com o espetáculo. "Vai lá, parceiro. Mostra pra gente o quão dedicado você é. Afinal, você não quer decepcionar a Gabi, não é?"
Os olhos de Guilherme estavam fixos no chão. Sua respiração estava pesada, e ele sentia o suor escorrer pela testa. Ele sabia que não tinha saída. A chantagem de Gabrielle era cruel, mas eficaz. Qualquer resistência seria transformada em munição para mais humilhação. Lentamente, ele se inclinou, sentindo a proximidade do pé dela, o cheiro inconfundível de uma rotina de um dia inteiro. Ele fechou os olhos e inalou o cheiro que vinha dos pés dela, sentindo a humilhação queimando em seu peito. Rodrigo aplaudiu, rindo como se estivesse assistindo ao melhor espetáculo de sua vida.
"Você é inacreditável, cara!" Rodrigo disse, balançando a cabeça em descrença. "Eu não sabia que você podia se rebaixar tanto. Você merece um troféu por isso."
"Boa escolha, betinha," Gabrielle disse, sorrindo com triunfo. "Viu? Você é um bom garoto. Só precisava de um empurrão."
Depois de horas, Gabrielle puxou os pés e, em seguida, os colocou de lado. "Agora é a vez do meu homem." ela disse casualmente, como se estivesse delegando uma tarefa trivial.
Guilherme ergueu o olhar para Rodrigo, que já estendia os pés com um sorriso triunfante. Enquanto obedecia, Gabrielle começou a rir baixinho.
"É impressionante como você se deixa manipular. Isso é uma habilidade rara. Quer dizer, poucas pessoas têm essa combinação perfeita de submissão e desespero."