O corpo parecia pulsar com uma energia nova, como se cada célula estivesse vibrando em harmonia com uma euforia crescente. Havia uma leve aceleração no coração, um calor inesperado que aquecia a pele e tornava os toques mais intensos. Os sentidos se aguçaram: o ar parecia mais fresco, a luz mais intensa, os sons mais envolventes. Cada olhar, cada gesto pequeno, criava uma conexão invisível, que se fazia sentir na leveza dos dedos, no borbulhar da barriga. Era uma sensação de urgência, como se o corpo fosse chamado a se mover em direção àquilo que desejava, sem sequer precisar pensar.
Nos dias que se seguiram à decisão judicial, comecei a perceber como a presença de Maya era essencial na minha vida. Ela não era apenas meu apoio emocional; ela estava ao meu lado em cada pequeno detalhe, me ajudando a enfrentar as dificuldades e a encontrar alegria mesmo nos momentos mais desafiadores.
Uma noite, enquanto Nicolas dormia profundamente em seu berço, Maya e eu estávamos sentadas no sofá, envoltas em uma conversa tranquila e sincera sobre o futuro. A luz suave da lâmpada ao lado iluminava seus olhos, que brilhavam com uma mistura de esperança e amor. O momento era tão cândido, que a ideia de morarmos juntas surgiu de forma natural, como se já estivesse esperando para ser dita.
Nicolly: Amor, já pensou em como seria se morássemos juntas?
Ela sorriu, e aquele sorriso fez meu coração acelerar. Havia uma doçura nele, uma promessa silenciosa de que tudo ficaria bem.
Maya: Já pensei, sim. E, para ser honesta, não consigo imaginar nada melhor. Você e Nicolas são minha família.
A emoção em sua voz me tocou profundamente. Concordamos que seria um grande passo, mas também um passo necessário para nós. A vida parecia nos empurrar na direção de uma maior proximidade, e morar juntas seria o próximo capítulo da nossa história. Decidimos que levaríamos alguns meses para planejar tudo com calma, garantindo que Nicolas se adaptasse bem às mudanças e que tivéssemos tempo para preparar nosso novo lar.
O primeiro mês foi dedicado a procurar um lugar adequado. Cada visita a uma nova casa ou apartamento era uma aventura em si. Queríamos um espaço que fosse acolhedor e seguro para Nicolas, mas também que tivesse a nossa cara. Visitamos várias opções, cada uma com suas peculiaridades. Maya era meticulosa, observando cada canto, enquanto eu me perdia em devaneios sobre como seria a nossa vida ali. Cada detalhe era analisado com carinho e atenção.
No segundo mês, encontramos a casa perfeita. Era uma casa térrea, com um quintal espaçoso onde Nicolas poderia brincar e crescer em contato com a natureza. As paredes claras e os cômodos bem iluminados criavam uma atmosfera acolhedora. Havia três quartos, o que nos dava a flexibilidade de ter um espaço para o trabalho e para o lazer. Ao atravessarmos a porta, sentimos imediatamente que aquele lugar poderia ser nosso lar. Fechamos o contrato e começamos a planejar a mudança com uma empolgação renovada.
Durante esse período, passamos muito tempo organizando as coisas. Decidimos juntas o estilo de decoração, escolhendo móveis e cores que refletissem nossa personalidade. Cada peça que comprávamos era escolhida com carinho, imaginando como aquele espaço se transformaria em nosso lar. As tardes eram preenchidas com risadas e brincadeiras, enquanto Nicolas observava tudo com curiosidade.
Maya sempre fazia questão de incluir Nicolas nas decisões, mesmo que ele ainda fosse muito pequeno para entender. Eu amava como ela se dedicava a nós, sempre pensando no que seria melhor para ele e para mim. Sua presença constante e amorosa era um alicerce em minha vida.
No terceiro mês, chegou a hora de finalmente nos mudarmos. A mudança foi cansativa, mas também cheia de excitação. Cada caixa que desembalávamos era um passo mais perto de transformarmos aquela casa em nosso lar. Nicolas, no auge de seus sete meses, observava tudo com curiosidade, e cada sorriso seu era um lembrete de que estávamos no caminho certo.
Na primeira noite na casa nova, depois de colocar Nicolas para dormir, sentamos no sofá da sala ainda cheia de caixas. Maya me puxou para perto, me abraçando com firmeza. O silêncio da noite era quebrado apenas pelo suave som da nossa respiração, enquanto nos permitimos um momento de paz.
Maya: Conseguimos, amor. Estamos em casa.
A emoção tomou conta de mim. Estávamos ali, juntas, construindo uma vida que era inteiramente nossa. Aquele momento foi um marco, a realização de um sonho que compartilhamos desde o início da nossa jornada.
Nicolly: Sim, estamos. E eu não poderia estar mais feliz.
Nos meses que se seguiram, ajustamos à nova rotina. Dividimos as responsabilidades, cuidamos de Nicolas e continuamos a apoiar uma à outra. Cada desafio era enfrentado com a certeza de que, juntas, podíamos superar qualquer coisa. Nossa casa se tornou um santuário, um lugar onde podíamos ser nós mesmas e onde o amor que sentíamos uma pela outra crescia a cada dia.
Tudo isso acontecia enquanto eu fazia meu curso para o trabalho na Polícia Militar após a licença maternidade, Maya se desdobrava entre suas responsabilidades como personal trainer. Mesmo com agendas tão ocupadas, encontrávamos maneiras de equilibrar nossas carreiras e a vida familiar. E nos deparamos com um impasse, Nicolas não podia ficar tanto tempo só, no início a mãe de Maya e meus pais ajudaram bastante. Mas senti que deveria inserir os avós paternos de Nicolas, eles já haviam perdido um filho, não faria sentido eu privá-los de ver o neto. Queria garantir que eles também participassem de sua vida de uma maneira saudável e equilibrada, dessa vez sem interferência judicial.
Eu me sentia grata pelo apoio constante de Maya . Nos momentos em que o trabalho na polícia era exaustivo, suas palavras de encorajamento me mantinham firme. Ela, por sua vez, sempre encontrava tempo para Nicolas, mesmo nos dias mais corridos. As noites em que ela chegava tarde eram preenchidas por conversas sussurradas e carinhos que acalmavam nossas almas cansadas.
Durante uma dessas noites, falei sobre os avós paternos de Nicolas e decidimos juntas que realmente seria importante a presença deles. Nos encontramos em uma tarde tranquila, na casa deles. A conversa foi aberta e sincera.
Nicolly: Eu queria que vocês participassem da vida de Nicolas, mas não quero que falem ou interfiram no meu relacionamento ou na forma de criar ele. Eu estou trabalhando dia sim dia não na PM e queria propor que em um dia que eu trabalhe ele fique com vocês e outro com meus pais, e nas minhas folgas estarei com ele claro.
Mãe de Guilherme: Nicolly, eu queria pedir desculpas, demorei a perceber meu erro, ainda sinto uma dor intensa de ter perdido meu filho. Mas quero sim compartilhar a vida de meu neto. Ainda não estou bem com a sua decisão de estar com outra mulher, mas farei meu máximo para entender, respeitar e aceitar.
Nicolly: Que bom, fico feliz de ouvir isso.
Explicamos nossa rotina e como seria fundamental ter o apoio deles para cuidar de Nicolas quando eu estivesse indisponível. Para nossa alegria, eles se mostraram compreensivos e dispostos a ajudar. Concordamos em estabelecer um cronograma que permitisse a eles passar tempo de qualidade com o neto, sem prejudicar o vínculo dele comigo e com Maya.
O equilíbrio entre nossas profissões e a vida em casa era desafiador, mas a parceria que tínhamos construído fazia tudo valer a pena. Cada conquista no trabalho era comemorada juntas, e cada obstáculo superado fortalecia ainda mais nosso vínculo. Com o passar dos meses, nossa casa se tornou um verdadeiro lar, onde amor e dedicação se entrelaçaram em cada detalhe.
