Capítulo 2: O Convite de Rodrigo
Lara surgiu na porta da sala, segurando uma xícara de leite desnatado com canela.
— Já está dentro de quê? — ela perguntou, arqueando uma sobrancelha após ouvir o André relendo a mensagem que havia mandado momentos antes.
— Rodrigo mandou mensagem — respondeu André, levantando o celular para mostrar a tela. — Ele quer reunir o grupo no resort dele para o Réveillon.
— Reunir o grupo? — Lara franziu o cenho. — O que exatamente ele está planejando? Porque com o Rodrigo, nunca foi só uma festa normal.
André deu de ombros, tentando disfarçar o entusiasmo.
— Ele não deu detalhes, mas… é o Rodrigo. Vai ser bom. E, convenhamos, a gente está precisando de algo assim.
Lara se aproximou, apoiando-se na mesa.
— Algo assim? Tipo o quê? Um evento extravagante? Você lembra como ele era. Ele nunca perdeu uma oportunidade de passar dos limites.
— Lara — André começou, segurando a mão dela. — Vai ser bom pra gente. Um tempo longe da rotina, do trabalho. Pense nisso como uma chance pra tirarmos umas férias.
Lara suspirou, mordendo o lábio inferior.
— Eu não sei. Rodrigo sempre teve esse jeito… liberal demais. Ele adorava provocar todo mundo, inclusive eu. E eu não tenho paciência para isso agora.
— E se ele provocar, você ignora — André respondeu, sorrindo. — Depois de tantos anos morando nos EUA, ele deve ter amadurecido.
Ela cruzou os braços, pensativa. André sabia que Lara tinha suas razões para hesitar, mas também sabia que ela não resistia a uma proposta bem argumentada.
— Tudo bem — ela disse finalmente — Mas, se ele começar com piadinhas, eu saio na hora.
Na cozinha de sua casa, Marcelo segurava o celular com uma mão e um copo de suco com a outra, enquanto Yasmim cortava frutas no balcão. Ele olhou para ela com um sorriso largo, lendo a mensagem de Rodrigo em voz alta.
— Rodrigo quer que a gente vá para o resort dele no Réveillon. Já confirmei.
Yasmim parou, levantando os olhos para ele.
— Você já confirmou? Sem nem me perguntar?
— Amor, é o Rodrigo — ele disse, aproximando-se dela — Ele sempre soube dar as melhores festas. Vai ser ótimo. Você vai ver.
Ela colocou a faca no balcão e cruzou os braços.
— Marcelo, você sabe como ele é. Eu gosto do Rodrigo, mas ele tem um histórico de… exagerar nas coisas.
Marcelo deu um passo à frente, segurando os ombros dela com suavidade.
— E é exatamente isso que faz tudo ser tão divertido. Além disso, você sabe que merece uma pausa. Pense nisso: sol, piscina, boa comida, nosso grupo de amigos. Não tem como dar errado.
Yasmim revirou os olhos, mas sorriu, rendendo-se ao entusiasmo do marido.
— Você é impossível.
— E você é perfeita — ele respondeu, inclinando-se para beijá-la — Agora, começa a pensar na mala. Quero ver você arrasando no resort.
Jorge leu a mensagem duas vezes, sentindo uma mistura de surpresa e curiosidade. Ele se levantou e foi até a porta do banheiro, batendo levemente.
— Alice, lembra do Rodrigo? — ele perguntou.
— Rodrigo… o banqueiro? Lembro. Por quê?
— Ele mandou uma mensagem — Jorge respondeu. — Tá organizando alguma coisa pra o Réveillon. Parece interessante.
O som da água parou, e Alice abriu a porta, envolvendo-se em uma toalha.
— Rodrigo? Faz anos que a gente não vê ele.
— Pois é — Jorge respondeu, mostrando o celular. — Ele quer reunir o pessoal num resort. O que você acha?
— Não sei… — Alice secou o rosto com a toalha, pensativa. — Parece… muito em cima da hora. Mas, ao mesmo tempo, talvez seja bom pra gente. Algo diferente, sabe?
Jorge sorriu, satisfeito com a resposta.
— É, exatamente o que pensei.
Talvez, pensou ele, essa fosse a chance de finalmente sair da rotina.
— E o Igor? Não podemos simplesmente deixá-lo sozinho.
— Ele vai pra casa dos meus pais — Jorge sugeriu — Ele adora estar com os primos. Vai ser bom pra ele também.
Alice suspirou, inclinando-se para trás na cadeira.
— Eu não sei, Jorge. Eu tenho tanta coisa pra fazer… — disse enquanto escolhia algo leve para vestir antes de dormir.
— E é exatamente por isso que a gente deveria ir — ele disse, segurando a mão dela — Você precisa de uma pausa. Nós precisamos. Só por alguns dias. Nada de provas, nada de trabalho. Apenas nós dois.
Alice ficou em silêncio por um momento, então assentiu lentamente.
— Tudo bem. Mas, se isso virar alguma loucura, é você quem vai ouvir.
Jorge riu, aliviado. Ele sabia que Alice precisava de férias, mesmo que ela não admitisse.
Lara estava sentada na cama, olhando para a tela do celular em silêncio. O dedo rolava os stories de sua rede social, mas sem que lhe prendesse realmente a atenção. Sua mente estava longe. Ela passou os dedos pelo cabelo castanho longo, enrolando uma mecha distraidamente, enquanto sua mente vagava. Rodrigo sempre fora… inconveniente. Era difícil pensar nele sem se lembrar de seus comentários sugestivos ou dos olhares que pareciam atravessá-la.
André entrou no quarto, secando o cabelo com uma toalha. Ele vestia uma bermuda folgada e uma camiseta desbotada, o visual descontraído que ele usava sempre que queria evitar uma conversa séria. Lara o conhecia bem o suficiente para perceber que ele estava tentando se antecipar à discussão.
— Você ainda está pensando nisso? — André perguntou, jogando a toalha sobre a cadeira.
— Você sabe que não confio nele — Lara respondeu, sem tirar os olhos do celular.
André sentou-se ao lado dela, segurando sua mão.
— Rodrigo é… Rodrigo. Sim, ele gosta de se exibir, mas você sabe que ele nunca faria nada para destruir nossa amizade.
Lara olhou para ele, os olhos verdes refletindo uma mistura de ceticismo e preocupação.
— Não sei… Ele sempre teve um jeito de passar dos limites. Você lembra da última vez que nos encontramos com ele?
André riu, balançando a cabeça.
— Claro que lembro. Ele fez aquele discurso enorme sobre liberdade e... o que era mesmo? Ah, isso. Que monogamia é uma construção social.
— Exatamente! — Lara disse, gesticulando com as mãos. — E ele não parava de insinuar coisas. Até você ficou desconfortável.
— É verdade — André admitiu, inclinando-se para trás. — Mas, honestamente, é exatamente por isso que precisamos ir. Rodrigo nos tira da nossa bolha. Ele sempre faz isso. E, convenhamos, talvez a gente precise se divertir um pouco.
Lara ficou em silêncio por um momento. Ela sabia que André tinha razão, mas o desconforto persistia.
— Você acha que estamos vivendo em uma bolha?
André suspirou, tentando escolher as palavras com cuidado.
— Não estou dizendo que estamos apagados. Mas… eu sinto que faz tempo que a gente não se conecta como antigamente. Tudo virou trabalho, rotina. Nós dois estamos sempre cansados. Pense nisso como uma oportunidade. Não só pra relaxar, mas pra nos reencontrarmos.
As palavras dele a atingiram de forma inesperada. Mesmo sem saber, ele tinha razão. Ela estava cansada de ter que se aliviar às escondidas. Eles precisavam de algo diferente, algo que os tirasse da monotonia confortável em que haviam caído e que pudesse reacender a chama de antigamente.
— Tudo bem — ela disse finalmente, cruzando os braços.
André sorriu, aliviado.
— Agora, vamos pensar no que levar.
O shopping estava agitado, com famílias e turistas caminhando apressados de loja em loja. Lara, Yasmim e Alice andavam lado a lado, cada uma carregando sacolas de compras, enquanto seus olhos passeavam pelas vitrines repletas de roupas leves e acessórios de praia. A conversa fluía entre risos e comentários sobre a festa de Réveillon.
— Não sei como você conseguiu me convencer a sair de casa para isso — Alice disse, ajustando os óculos que escorregavam pelo nariz.
— Você precisa de férias, Alice. Nós todas precisamos — Yasmim respondeu, animada, jogando os cabelos loiros para trás.
Ela vestia uma blusa de alças finas que destacava seus ombros bronzeados e uma calça justa de tecido leve, ideal para um dia de calor.
— E quem sabe o que Rodrigo está planejando? Pode ser divertido.
Lara bufou, segurando uma sacola com o logotipo de uma loja de roupas femininas.
— Divertido para ele, talvez. Rodrigo adora testar os limites dos outros. Já estou me preparando para lidar com as piadinhas dele.
— Lara, você precisa relaxar — Yasmim disse, parando em frente a uma loja de lingerie que exibia conjuntos provocantes na vitrine. — E acho que sei exatamente como te ajudar.
Ela puxou as duas amigas pela mão antes que pudessem protestar.
A loja era elegante, com uma iluminação suave que destacava a delicadeza das peças. Manequins exibiam conjuntos sensuais em tons vibrantes e rendas sofisticadas, enquanto uma trilha sonora tranquila preenchia o espaço.
— Yasmim, o que estamos fazendo aqui? — Lara perguntou, olhando ao redor com um misto de curiosidade e hesitação.
— Explorando novas possibilidades — Yasmim respondeu com um sorriso malicioso, já passando os olhos pelas araras.
Ela puxou um conjunto vermelho de renda transparente, segurando-o contra o corpo.
— O que acham? Marcelo vai adorar, né?
Lara riu, cobrindo a boca com a mão.
— Isso deixa pouco para imaginação e muito para intenção, não acha?
Alice, por outro lado, ficou vermelha.
— Eu não usaria isso nem morta.
— Por que não? — Yasmim perguntou, virando-se para ela com os olhos azuis brilhando de diversão — Jorge não merece um pouco de emoção?
Alice cruzou os braços, claramente desconfortável.
— Eu não sou do tipo ousada, Yasmim. E Jorge não é do tipo que liga para essas coisas.
— Todos os homens ligam para essas coisas — Yasmim retrucou, puxando um conjunto preto elegante, com detalhes em renda que eram ao mesmo tempo recatados e provocantes — Aqui, experimente isso. É discreto, mas marcante.
— Eu não acredito que estou fazendo isso — Alice olhou para a peça como se fosse um animal selvagem, mas pegou-a com relutância.
Enquanto Alice desaparecia no provador, Lara caminhou até uma prateleira próxima que exibia óleos corporais aromáticos. Ela pegou um frasco, lendo a descrição na embalagem.
— Esses óleos são interessantes — murmurou para si mesma.
Yasmim apareceu ao lado dela, segurando mais dois conjuntos provocantes.
— Interessantes? Lara, esses óleos são essenciais. Você deveria levar um. Ou dois.
Lara riu, balançando a cabeça.
— Não sei… Eu nunca fui muito de usar essas coisas.
— Então está na hora de começar — Yasmim disse, piscando.
Alice saiu do provador com o conjunto preto, visivelmente envergonhada.
— Eu pareço uma piada, não é?
Lara e Yasmim se viraram para ela, e Yasmim imediatamente começou a bater palmas.
— Você está incrível! Jorge vai ficar sem palavras.
Lara sorriu, tentando tranquilizar a amiga.
— Ficou muito bonito, Alice. Não é tão ousado quanto você pensa.
Alice ajustou a alça do sutiã, olhando-se no espelho.
— É... diferente. Mas não sei se tenho coragem de usar isso.
— Coragem não é problema — Yasmim respondeu, colocando as mãos nos ombros de Alice — É uma questão de atitude. Confie em mim, Jorge vai amar.
Lara, ainda segurando um dos óleos corporais, olhou para Yasmim.
— E você? Vai mesmo usar aquele vermelho escandaloso com Marcelo?
— Com certeza — Yasmim disse, jogando os cabelos para trás — A vida é curta demais para lingerie sem graça.
Lara revirou os olhos, mas não conseguiu conter um sorriso.
— Eu sabia que você ia dizer algo assim.
Yasmim colocou o braço ao redor de Lara, sorrindo.
— E você, minha querida, vai levar esses óleos. E talvez, só talvez, eu te convença a experimentar algo mais ousado.
Lara riu, mas acabou colocando o frasco de óleo na cestinha.
De volta ao corredor do shopping, as três mulheres caminhavam lado a lado, rindo das escolhas feitas na loja. A conversa tornou-se mais descontraída, com Yasmim liderando o tom leve e Lara e Alice contribuindo com comentários e risadas.
— Se essa festa for metade do que Rodrigo promete, já valeu a pena as compras — Yasmim disse, ajustando uma das alças da bolsa.
— Só espero que não seja mais uma das extravagâncias dele — Lara respondeu.
— Se for, a gente se diverte mesmo assim — Yasmim disse com confiança — E, Lara, eu ainda acho que você deveria ter levado aquele conjunto azul. André teria adorado.
Lara balançou a cabeça, rindo.
— Um passo de cada vez, Yasmim.
Alice olhou para as amigas, um sorriso tímido nos lábios.
— Sabe, acho que estou ansiosa para essa viagem. Mesmo com todas as incertezas.
— Isso, Alice — Yasmim disse, abraçando-a — É disso que precisamos: novas experiências, bons amigos e… lingeries incríveis!
As três caíram na gargalhada, caminhando pelo shopping com a sensação de que, apesar de suas diferenças, a amizade que compartilhavam as fazia mais fortes.
O som de malas sendo arrastadas ecoava na garagem enquanto André terminava de encher o porta-malas do carro. Ele vestia uma camiseta preta simples e bermuda, já suado por causa do calor de verão.
— Lara, você ainda não terminou? Vamos nos atrasar! — ele gritou, inclinando-se para dentro do porta-malas para ajeitar melhor as bolsas.
No andar de cima, Lara estava no banheiro, com o celular apoiado na bancada da pia. Ela usava um robe de seda leve, entreaberto, que caía suavemente sobre seu corpo esguio. O reflexo no espelho mostrava um leve rubor em suas bochechas enquanto ela observava o vídeo no celular: duas mulheres compartilhando momentos íntimos com um homem em uma cena tão provocante quanto instigante.
Lara tentou conter o riso nervoso. O áudio estava baixo, mas a intensidade da cena era suficiente para fazê-la esquecer o tempo. Seu corpo respondia de forma incontrolável, e seus dedos exploravam caminhos conhecidos, enquanto seu rosto alternava entre prazer e culpa.
Quando o clímax veio, ela se apoiou na pia, tentando recuperar o fôlego. Olhando para o espelho, viu a familiar expressão de vergonha que sempre a acompanhava após esses momentos. Desligou o vídeo, lavou o rosto rapidamente e ajeitou o robe, murmurando para si mesma: “Você precisa parar com isso.”
Enquanto descia as escadas, encontrou André com as mãos na cintura, impaciente.
— O que você estava fazendo lá em cima? Pintando as unhas?
— Algo assim — Lara respondeu com um sorriso enigmático, ajeitando o cabelo.
No carro, enquanto André dirigia pela estrada em direção a Angra dos Reis, o rádio tocava uma música pop. Lara olhava pela janela, o cabelo castanho balançando com a brisa que entrava pela janela aberta.
— Então, está animada? — André perguntou, lançando-lhe um olhar rápido.
— Digamos que estou curiosa — Lara respondeu — Espero que Rodrigo não transforme isso em um circo.
— É só o Rodrigo sendo ele mesmo — André retrucou — Mas acho que vai ser bom para a gente. Um pouco de sol, mar e diversão.
— Espero que você esteja certo — Lara murmurou, voltando a olhar para a paisagem.
Marcelo estava ao volante de seu SUV, com os óculos de sol refletindo a estrada à frente. Ele dirigia com uma mão, enquanto a outra ajustava o volume do rádio.
— Então, amor, o que você acha que Rodrigo está aprontando dessa vez? Será que vai rolar algum chef francês preparando nosso jantar?
Yasmim, sentada no banco do passageiro, sorriu e revirou os olhos.
— Com Rodrigo, sempre rola alguma extravagância. Mas eu não estou preocupada com ele. Estou pensando no que eu vou aprontar com você.
Marcelo lançou-lhe um olhar intrigado, tirando os óculos para encará-la.
— O que isso quer dizer?
Yasmim deu um sorriso misterioso, cruzando as pernas de forma casual.
— Você vai descobrir.
A lembrança da lingerie provocante que ela havia comprado no shopping a fez sorrir consigo mesma. Ela já estava planejando uma noite inesquecível com Marcelo, algo que reafirmasse a conexão deles e, talvez, o tirasse de sua zona de conforto.
— Só espero que você não tenha comprado outra daquelas camisolas que mal cobrem os ombros — Marcelo brincou, rindo.
— E se eu tiver? — Yasmim respondeu, com uma voz suave e provocante.
Marcelo riu alto, batendo levemente no volante.
— Você sabe como me deixar curioso, não sabe?
— Esse é o meu trabalho — Yasmim respondeu, piscando.
No sedã modesto de Jorge, o clima era bem diferente. Ele dirigia em silêncio, enquanto Alice, no banco do passageiro, segurava uma pasta cheia de papéis. Apesar de estarem a caminho de um resort paradisíaco, ela estava concentrada no planejamento das aulas do ano seguinte.
— Você vai trabalhar durante a viagem também? — Jorge perguntou, lançando um olhar breve para ela.
— Eu só quero garantir que tudo esteja em ordem — Alice respondeu, ajustando os óculos enquanto folheava a pasta — Tenho muita coisa para terminar antes do começo do ano letivo.
— Alice, a gente está indo para um resort. Você precisa relaxar um pouco.
— Eu sei — ela disse, suspirando — Mas não consigo evitar. Estou preocupada com os alunos. O resultado das provas foi horrível e…
Jorge soltou um suspiro longo, mas tentou manter a calma.
— Se servir de consolo, eu acho que você faz um trabalho incrível — ele disse, mantendo os olhos na estrada.
Alice sorriu, ainda olhando para os papéis.
— Obrigada, Jorge. Mas isso não resolve o problema.
— Talvez o Rodrigo resolva — Jorge brincou, tentando aliviar o clima.
Alice riu baixinho.
— Eu ficaria surpresa.
A estrada sinuosa revelou o azul brilhante do mar de Angra dos Reis, pontilhado por pequenas ilhas verdes. Cada casal, em seus próprios carros, sentiu uma onda de antecipação ao ver o cenário deslumbrante. O resort, localizado em uma enseada isolada, apareceu à distância: um conjunto de vilas brancas com telhados vermelhos, cercado por palmeiras e areia dourada.
O portão de ferro trabalhado abriu-se automaticamente quando os carros se aproximaram, revelando uma propriedade que parecia tirada de uma revista de viagens de luxo. A estrada ladeada por palmeiras levava até o coração do resort, onde um edifício principal de dois andares se destacava com sua arquitetura contemporânea, paredes brancas reluzentes e telhado de barro terracota.
Em torno do edifício principal, pequenos chalés com varandas privativas formavam um círculo harmonioso. Uma piscina infinita deslumbrante dominava o centro do espaço, com água que parecia se fundir com o azul do mar ao fundo. Espreguiçadeiras brancas e guarda-sóis elegantes estavam dispostos ao redor, enquanto uma música suave tocava ao longe, misturando-se ao som das ondas quebrando suavemente na praia privativa do resort.
Rodrigo e Fabíola estavam na entrada principal, recebendo os amigos com sorrisos largos. Ele usava uma camisa de linho bege aberta no colarinho, complementada por calças brancas leves, enquanto Fabíola, sempre impecável, vestia um longo vestido branco fluido que balançava com a brisa, destacando suas curvas graciosas. Seus cabelos estavam presos em um coque solto, e seus olhos brilhavam com um misto de acolhimento e mistério.
— Bem-vindos ao paraíso! — Rodrigo exclamou, estendendo os braços dramaticamente.
— Isso é incrível — Yasmim disse, retirando os óculos escuros para apreciar melhor a vista. Seus olhos azuis captaram cada detalhe do cenário, refletindo sua surpresa. — Você se superou, Rodrigo.
— Eu não faço nada que não seja surpreendente, querida — Rodrigo respondeu, aproximando-se para beijar a bochecha dela.
Enquanto os casais saíam dos carros, Rodrigo e Fabíola cumprimentavam cada um com entusiasmo. Lara, ainda segurando sua bolsa, olhou ao redor com uma mistura de ceticismo e fascínio.
— Preciso admitir, isso é impressionante — ela disse, ajustando os óculos de sol.
— Claro que é — Fabíola respondeu, aproximando-se dela — Rodrigo tem um olho para o extraordinário. E isso é só o começo.
Lara respondeu com um sorriso curto, enquanto André apertava a mão de Rodrigo calorosamente.
— Você conseguiu, cara. Esse lugar é incrível.
— Eu sei — Rodrigo disse com confiança, piscando.
Marcelo olhou para a piscina e soltou um assobio baixo.
— Esse é o tipo de lugar onde a gente podia passar uns bons meses, hein?
— Cuidado, Marcelo — Yasmim brincou — Se eu te encontrar dormindo em uma dessas espreguiçadeiras, não te deixo voltar para o quarto.
Fabíola riu, entregando a Yasmim um drinque que um funcionário havia acabado de trazer em uma bandeja.
— Esses quartos são algo que você vai querer aproveitar, eu garanto.
Alice, enquanto isso, mantinha-se ligeiramente atrás, observando tudo com uma expressão de fascínio contido. Jorge notou e colocou a mão nas costas dela.
— Relaxa, amor. Vamos aproveitar isso.
Alice suspirou, mas permitiu-se sorrir levemente.
— É… talvez eu consiga.
— Antes de mais nada — Rodrigo disse, liderando o grupo pelo caminho de pedra que cortava o jardim bem cuidado — deixem-me mostrar a vocês o que o meu pequeno pedaço de paraíso tem a oferecer.
Ele os levou até a piscina infinita, onde a água parecia se derramar diretamente no oceano ao fundo. O horizonte era de tirar o fôlego, com o céu tingido por cores quentes enquanto o sol começava a se pôr.
— Esta é a peça central do resort — Rodrigo disse com um gesto amplo — Perfeita para relaxar durante o dia e… talvez um pouco de diversão à noite.
Fabíola, ao lado dele, completou com um sorriso malicioso:
— Vocês vão descobrir que este lugar tem tudo para ser inesquecível.
De lá, o grupo seguiu para a praia privativa. A areia dourada era macia sob os pés, e espreguiçadeiras adicionais estavam dispostas ao longo da costa, sob cabanas de palha que ofereciam sombra para os mais preguiçosos.
— Se preferirem algo mais tranquilo, a praia é o lugar — Rodrigo explicou. — Mas aviso desde já que não tenho muita paciência para tranquilidade.
Os amigos riram, mas havia algo no tom de Rodrigo que parecia carregar uma camada de provocação.
Finalmente, Rodrigo levou os casais para os chalés. Cada um tinha uma varanda privativa com vista para o mar ou para os jardins, decorados com móveis de madeira clara e detalhes em azul e branco. O interior era espaçoso, com uma cama king size coberta por lençóis de algodão egípcio, e o banheiro tinha uma banheira de mármore e um chuveiro com vista para o jardim.
— Vocês têm tudo o que precisam aqui — Fabíola disse, entregando as chaves a cada casal. “Se precisarem de algo mais… basta pedir.
Lara entrou no quarto dela com André e soltou um suspiro involuntário.
— Isso é… perfeito.
— Eu disse — André respondeu, colocando as malas no chão. — Talvez Rodrigo tenha um jeito extravagante, mas ele sabe como fazer as coisas.
Yasmim, em outro chalé, já estava tirando os sapatos e admirando a vista.
— Marcelo, vem ver isso. É maravilhoso.
Marcelo sorriu, jogando-se na cama.
— Eu já estou planejando minha aposentadoria aqui.
Enquanto isso, Alice caminhava pelo quarto que compartilhava com Jorge, tocando os móveis com uma mistura de admiração e desconforto.
— É lindo, mas... talvez seja demais.
— Você merece isso — Jorge respondeu, abraçando-a por trás. — Relaxe. Só por alguns dias.
À medida que a noite caía, Rodrigo reuniu os casais na área da piscina, onde uma mesa havia sido montada para um jantar ao ar livre. Velas flutuavam na água, e o som das ondas completava o ambiente. O aroma de pratos requintados, frutos do mar grelhados, risotos aromáticos e saladas frescas, pairava no ar, misturado com o perfume das flores tropicais que adornavam o ambiente.
Rodrigo levantou-se com sua taça de vinho, o som de seu movimento suavemente chamando a atenção de todos. Ele usava um blazer leve que complementava sua postura descontraída, mas confiante. Fabíola, ao lado dele, era a própria imagem da sofisticação, com seu vestido longo que refletia as luzes suaves ao redor.
— Bem, meus queridos — Rodrigo começou, sua voz firme e envolvente. — É uma alegria imensa tê-los aqui. Faz tempo desde a última vez que nos reunimos assim. Então, antes de tudo, quero agradecer a vocês por terem aceitado meu convite.
Os amigos brindaram, cada um erguendo suas taças.
— Mas, claro — Rodrigo continuou, com um sorriso enigmático — este não é apenas um Réveillon comum. Eu prometi algo especial. E, queridos, prometo que será diferente de tudo o que vocês já experimentaram.
Os olhos de Lara estreitaram-se enquanto ela analisava as palavras de Rodrigo.
— O que exatamente você quer dizer com ‘diferente’?
Rodrigo inclinou-se levemente para frente, apoiando-se na mesa.
— Ah, Lara, sempre tão direta. Vamos apenas dizer que esta será uma celebração de… liberdade, de novas experiências e de recomeços.
Yasmim sorriu, intrigada.
— Isso soa misterioso.
— Eu sou um homem de mistérios — ele respondeu, piscando para ela.
O jantar prosseguiu com um ritmo descontraído. Marcelo, sempre o piadista, cutucou André enquanto pegava mais um pedaço de peixe.
— Então, você acha que Rodrigo vai transformar isso aqui em uma daquelas festas malucas que ele adora?
André riu, mas lançou um olhar breve para Lara, que estava focada em Fabíola.
— Se ele fizer, espero que pelo menos seja uma boa história para contar depois.
— Pode apostar — Marcelo disse, erguendo a taça.
Yasmim, do outro lado da mesa, observava discretamente Fabíola. Havia algo na mulher que exalava controle e confiança, algo que a fazia parecer sempre à frente de todos. Quando Fabíola percebeu o olhar de Yasmim, deu um sorriso amigável, mas intrigante, como se soubesse exatamente o que ela estava pensando.
Alice, sentada ao lado de Jorge, parecia desconfortável. Ela olhou para o prato à sua frente, empurrando a comida com o garfo. Jorge, percebendo, inclinou-se para ela.
— Você está bem?
— Estou — ela respondeu, sem muita convicção. — Só estou tentando entender o que Rodrigo realmente quer com tudo isso.
— Talvez ele só queira reunir os amigos — Jorge sugeriu. — Você está pensando demais.
— Talvez — Alice disse, mas seus olhos mostravam que ela não estava convencida.
À medida que a noite avançava, pequenas interações começaram a criar uma teia de tensões e curiosidades.
Lara, que inicialmente parecia desconfortável, percebeu que Rodrigo a observava com mais frequência do que o necessário. Embora tentasse ignorar, sentia os olhares dele como um peso constante. André, por outro lado, parecia mais relaxado, imerso em conversas com Marcelo e Jorge sobre esportes e trabalho.
Yasmim inclinou-se para Marcelo e sussurrou:
— Você percebeu como Rodrigo é sempre tão... teatral?
— Claro — Marcelo respondeu. — Ele não seria o Rodrigo se não fosse assim.
Alice, enquanto isso, mantinha-se em silêncio, mas observava Fabíola com uma curiosidade cautelosa. Havia algo quase hipnotizante na maneira como Fabíola se movia e falava, como se estivesse sempre em controle absoluto. Jorge tentou envolvê-la na conversa, mas Alice apenas deu respostas curtas, mantendo-se reservada.
Quando o jantar terminou, Rodrigo levantou-se, batendo levemente em sua taça.
— Meus amigos, o Réveillon está quase aí. Até lá, descansem, aproveitem o resort e… estejam prontos. Este será um novo começo para todos nós.
Fabíola aproximou-se dele, segurando sua mão.
— E lembrem-se: a liberdade começa com a confiança.
Os casais se dispersaram lentamente, cada um perdido em pensamentos sobre o que as palavras de Rodrigo e Fabíola realmente significavam. A noite havia plantado sementes de curiosidade, mas também de tensão, enquanto as estrelas brilhavam sobre o resort e o som do mar se misturava com as incertezas que começavam a se formar.