Parte 19 – De novo comigo ?
Pedro ficou atrás de Patrícia, ele era um homem alto, colocou uma de suas mãos no queixo e a outra na cabeça dela. Patrícia olhava para mim fixamente e pude ver seus lábios dizerem “eu te amo”. Pedro quebrou o pescoço dela na minha frente. Seu corpo caiu sem vida no chão.
Eu tentei gritar mas a dor era tanta que minha voz não saiu, meu corpo inteiro sentia dor, meu coração parecia que ia estourar a qualquer momento, eu estava de joelhos e os homens não me seguravam mais, eu olhava as minhas mãos como se quisesse que tudo aquilo fosse mentira. Pedro ria e abraçava de lado Camila que estava em choque, ela não se movia, não tinha reação.
Depois de algum tempo saiu então o meu primeiro grito de dor.
- Aaaaahhhhhhhh – seguido de um choro incontrolável
Esse grito fez Camila sair do transe, ela olhava para os lados e quando viu Patrícia no chão correu para sacudi-la, sem sucesso percebendo que ela estava morta ela olhou para com os olhos arregalados, a culpa e o meu estado fez ela sentir dor.
Ela se levantou socando o peito do Pedro enquanto gritava
- Não era esse o acordo, você me prometeu que não ia fazer nada com eles, você me prometeu.
Pedro segurou as mãos delas e desferiu um tapa com as costas da mão no rosto que fez ela cair no chão.
- Cala a boca piranha, eu não faço acordo com as minhas putas.
- Deixem ele sentir toda dor desse momento e depois o matem.
- Não! Por favor, não foi o que combinamos
Pedro pegou Camila pelos cabelos e arrastou para o carro, e foi embora. Eu estava ajoelhado no chão e tinha aceitado meu destino, era a morte, eu não tinha mais pelo o que viver.
Algum tempo depois que Pedro se retirou, eu escutei disparos e os homens caindo mortos ao meu redor, eu não vi quem me salvou, eu tinha escolhido a morte.
- Vamos garotão, não chegou sua hora ainda.
Eu olhei e era Maria acompanhada de Rodrigo, 2N e mais alguns homens.
- Vamos irmão, o Cauã tá com a Jack, você precisa enterrar a Patrícia, e nós precisamos nos vingar deles.
Com os olhos cheios de lágrimas, abracei Rodrigo procurando abrigo, fiquei naquele abraço por algum tempo, cada vez que eu me movia, meu corpo doía.
Maria fez a limpa na casa e levou o corpo para o morro, lá 2N fez um lindo funeral, eu fiquei mudo, não conseguia dizer uma palavra, meu corpo estava cheio de manchas, nem Larissa conseguia me fazer falar, eu não contei pra ela o envolvimento da mãe nisso tudo.
Jack teve que explicar para o Cauã porque ele não veria mais a mãe, eu voltei para os fundos do puteiros e todos revezavam para tentar me animar. Sem sucesso eu continuava em um luto eterno. Até aquela voz inesperada invadir meu quarto.
- Vai ficar assim até quando? Eu não te criei para ser um covarde
Minha mãe entrava no puteiro e ao vê-la chore, deitei com a cabeça no seu colo e chorei como criança machucada.
- Está na hora meu menino, você precisa se levantar. A mãe te ama, e sabe o homem que botou no mundo, então tá na hora de tomar as rédeas da tua vida.
Eu voltei a falar e nem me lembrava do som da minha voz.
- Tem razão mãe, eu preciso que a senhora volte para casa, não vou poder te proteger, e se caso acontecer alguma coisa comigo, saiba que eu te amo muito.
Nos abraçamos e ela voltou para casa, eu fui ao túmulo da Patrícia.
- Oi meu amor, me perdoe por ter te colocado nessa vida, eu sei que você diria que não tenho culpa, mas é impossível não me sentir culpado. Eu vou fazer eles pagarem por isso, o Cauã está bem, minha irmã tá cuidando dele, assim que isso tudo acabar eu vou me dedicar a fazer dele um homem bom, eu prometo. Não descanse ainda meu amor, venha comigo nessa última jornada e vamos fazer eles se arrependerem de estarem vivos.
Peguei um pouco da Terra do túmulo dela, coloquei dentro de um frasco de vidro que virou um cordão, que eu iria levar na altura do peito, ali estava meu coração.
Reuni todos no morro, Maria, Rodrigo, 2N e os caras que sempre nos ajudaram, alguns outros amigos
- Senhoras e senhores, eu vou com tudo para cima do Pedro, não existe plano, eles são em maioria e estão me esperando, se vocês não quiserem ir eu vou entender. Mas não dispenso ajuda de ninguém.
- Deixa eu ver se entendi, você está dizendo que vamos para uma missão suicida ?
- Estou dentro – Disse Rodrigo se levantando
Um por um foi ficando de pé, e estava montado o cerco, 2N armou todos, Rodrigo como bom atirador de elite mapeou a mansão e viu melhor lugar para ficar. Iríamos pela manhã.
No primeiro horário invadimos com tudo, mas percebi que tinha poucos homens e o acesso foi até fácil, matamos alguns mas sem resistência, mandei que todos ficassem fora da mansão tudo aquilo parecia uma armadilha.
Entrei sozinho e de fato não tinha ninguém, quando entrei no escritório de Pedro, Camila estava amarrada na cadeira e tinha um envelope escrito “Achou mesmo que seria tão fácil?”.
Tirei a mordaça da Camila e ela começou a dizer que a casa tinha bombas, peguei ela no colo e sai correndo, mas me dei conta de que ele não colocaria uma bomba para destruir sua mansão. Mandei Camila ficar quieta e pela janela vi refletir o mira da arma do atirador que me mataria assim que eu saísse. Liguei para o Rodrigo que finalizou ele com um só tiro.
- Por favor, por favor deixa eu me explicar – repetia Camila
Peguei uma cadeira sentei na frente dela
- Dessa vez eu quero saber o porque, me dê um bom motivo para eu não te matar
Ela se assustou com aquela palavras
- Foi por ciúmes, eu vi vocês dois e o filho dela passeando e aquilo me queimou por dentro.
- Ciúmes Camila ? Vai para a puta que pariu, e como o Pedro entra nessa história ?
- Em um primeiro momento eu me aproximei de Patrícia, usei Larissa para isso, naquele dia eu sabia dela e de vocês e forcei amizade, eu queria destruir ela de alguma maneira para você voltar pra mim, mas quanto mais eu a conhecia, ficava impossível de destruir o que vocês tinham, ela era irritantemente fiel a você.
- Então certa vez pedi para ir ao banheiro e vi seu plano para pegar Pedro, passei a procurar por ele, e o encontrei mas ele só me atendeu depois que me passei por puta, ele me forçou a transar com ele e fiz um acordo. Eu diria onde vocês estavam e ele me prometeu que separaria vocês, iria mandar ela pra outro estado enquanto você continuaria trabalhando pra ele.
- Eu estava cega de ciúmes e quando vi o que ele fez, eu ... Eu sinto muito – Ela começou a chorar.
- Naquele dia, você não só matou a Patrícia, você me matou também, minha vida só existe para me vingar, quanto a você, eu não vou te matar, você vai viver com essa culpa, suas mãos estão sujas de sangue, e eu pela primeira vez desde o dia que te vi na minha casa, sinto ódio e nojo de você, não quero te ver nunca mais, não quero saber de você e desejo que todos os dias seja assombrada por isso. Eu te odeio com todas as minhas forças.
Virei as costas e deixei ela lá, chorando e amarrada. Sai da mansão com um plano, descarregar aquelas palavras parece que abriram a minha cabeça. Pedro mal podia esperar pelo o que viria.
Continua ...
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