A LUA QUE EU TE DEI - CAP 1 - O LUTO

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 2605 palavras
Data: 15/12/2024 04:00:15

Oi, pessoal. Tudo bem? Estou de volta!!!!!! Antes de iniciar a história quero salientar que escrevo sobre amor. Seja amor entre irmãos ou a descoberta de um novo amor. Não espero encontrar neste romance sexo ou algo do tipo. Essa história é sobre encontrar a si mesmo e desafiar os seus limites. Sei que algumas pessoas já estão familiarizadas pela minha forma de escrever, mas se você começou agora, peço que dê um achance. Segue a sinopse:

A LUA QUE EU TE DEI

Após a devastadora perda dos pais, os irmãos Joaquim e Benedito enfrentam o luto à sua maneira, sobrevivendo a meses de escuridão emocional. Tudo muda quando Joaquim encontra o diário do pai, repleto de sonhos e anotações sobre uma viagem nunca realizada: percorrer o trajeto de São Paulo até Ushuaia, a cidade no extremo sul da Argentina conhecida como o "fim do mundo". Decididos a honrar a memória dos pais e buscar cura para suas próprias dores, os irmãos vendem parte dos bens da família e compram um velho ônibus a que dão o nome de Leopoldo, embarcando em uma jornada que promete mudar suas vidas para sempre.

A estrada, no entanto, não é só feita de quilômetros e desafios logísticos; ela também revela encontros e conexões inesperadas. É no meio do trajeto que Joaquim conhece Roberto, um jovem ciclista que compartilha a mesma vontade de alcançar Ushuaia. O vínculo entre os dois cresce a cada parada e a cada conversa sob o céu estrelado, desafiando Joaquim a se abrir para um novo tipo de amor em meio ao luto.

A Lua que eu te Dei é uma narrativa emocionante sobre superação, conexão e descobertas. Entre paisagens deslumbrantes da América do Sul, o romance entre Joaquim e Roberto se desenvolve, enquanto Benedito aprende a encontrar sua própria força e voz na ausência dos pais. Uma história sobre seguir em frente, manter vivos os sonhos de quem amamos e encontrar novas razões para viver.

VAMOS PARA O PRIMEIRO CAPÍTULO:

Eu posso falar da tarde que cai

E aos poucos deixa ver no céu a Lua

Que um dia eu te dei

Pra brilhar

Por onde você for"

— Pai? — perguntei, pausando o vídeo no exato momento em que o som do violão cessava. Virei-me, esperando vê-lo, mas foi apenas meu irmão caçula, Benê, que apareceu na sala.

— Não, mano. Sou eu. — Ele suspirou, sentando ao meu lado no sofá. Seus olhos estavam vermelhos, mas ele tentava manter uma expressão neutra. — Encontrei uns livros antigos do papai. Sabia que ele tinha um diário?

Peguei o diário de suas mãos sem cerimônia, notando o desgaste da capa e as folhas amareladas pelo tempo. Benê deu play no vídeo, deixando a voz do nosso pai encher a sala.

— Ele cantava muito, né? — Benê comentou, com um sorriso triste. — Você acha mesmo que a gente deve se livrar de tudo?

— Precisamos seguir em frente, Benê. — Respondi, tentando manter a voz firme. — Já se passaram seis meses, e a tia Lúcia sugeriu vender algumas coisas.

— Mas... isso significa que eles não vão mais voltar. — A voz de Benê quebrou, e ele desabou em um choro descontrolado.

Não havia palavras que pudessem consolar o vazio que sentíamos, mas eu o abracei com força.

— Ei, vai ficar tudo bem. Você não está sozinho. Eu prometo.

Mesmo com os olhos inchados, Benê acabou adormecendo no sofá. Aproveitei o silêncio da casa para continuar organizando as coisas. Roupas, documentos, objetos que uma vez foram tão cheios de vida e história, agora apenas lembranças empilhadas em caixas.

A verdade é que eu estava tão perdido quanto ele. Tinha 24 anos, mas me sentia uma criança tentando encontrar a saída de um labirinto escuro. Quando os nossos pais morreram, Benê ainda era menor de idade, e eu precisei assumir a responsabilidade de ser seu guardião. Aquela perda triplicou o peso nos meus ombros, mas eu não podia fraquejar.

Entre as caixas, encontrei o diário que Benê havia deixado comigo. A caligrafia do meu pai era terrível, mas as palavras tinham uma honestidade que atravessava o tempo.

O meu pai era um homem simples e que relutou a tratar de uma depressão, mas acabou seguindo a risca as orientações médicas. Porém, um segundo baque surgiu devido a um vacilo meu - vídeos de sexo viralizados.

O Paulo, meu ex-namorado, não gostou do término e público uma série de vídeos nossos na internet. Ele foi tão psicopata, que enviou o link para todos os meus parentes. A minha família até buscou alternativas para tira os vídeos das plataformas online, mas eu me fechei e não quis saber de nada.

Os meus pais ficaram possessos. O seu Agenor ficou um bom tempo sem falar comigo, enquanto a dona Rita só chorava e lamentava com minhas tias. O meu alicerce foi o Benê, que se provou o mais maduro na situação. Nem na época em que me assumi houve tanto drama e rompimentos.

Em várias passagens do diário, o meu pai revelou que me amava e temia as minhas escolhas, mas que respeitava. Entretanto, uma das anotações me pegou de surpresa:

"Brasil x Ushuaia

Eu amo a neve. Lembro da primeira vez que a vi, fofa e gelada. Pena que o dólar está alto, porque eu queria levar a Rita e os meninos para viajar.

A Rita mencionou Ushuaia outro dia. Pesquisei sobre o lugar, e parece incrível. São mais de 5.000 quilômetros até lá. Já pensou em uma viagem de carro? Será que os meninos topariam?

Essa viagem seria uma maneira de me reaproximar do Joaquim. Ele pisou na bola, mas eu o amo. Sei que ele está sofrendo, e eu também. Registramos o caso contra aquele canalha. Espero que o Paulo pague pelo que fez ao meu filho.

Depois da viagem com a Rita, vou propor uma grande aventura até o 'fim do mundo'."

Fechei o diário com as mãos trêmulas, sentindo as lágrimas correrem pelo meu rosto. Meu pai sabia. Ele sabia de tudo e tentou me proteger, mesmo quando eu achava que havia me tornado uma decepção para ele.

Abri a janela e, sem pensar duas vezes, gritei para o vazio da madrugada:

— COMO VOCÊ PODE ME ABANDONAR ASSIM?!

Minha voz ecoou pelo silêncio, mas o vazio respondeu apenas com o farfalhar das folhas ao vento. Ali, debaixo da luz da lua, prometi a mim mesmo que, de alguma forma, encontraria uma maneira de seguir em frente. E talvez, só talvez, realizar o sonho que ele nunca teve a chance de viver.

Não consegui pregar o olho naquela noite. Algumas latas de energético me mantiveram acordado enquanto mergulhava na missão de planejar uma viagem que nunca imaginei possível.

— Ok, Google. O que é necessário para planejar uma viagem para a Argentina? — perguntei ao vazio, enquanto o computador inundava a tela com milhares de respostas.

Assisti vídeos, li sites e olhei o mapa com atenção. Realmente, eram mais de 5.000 quilômetros até Ushuaia, o "fim do mundo". A ideia inicial era pegar um avião, mas percebi que a maioria dos aventureiros preferia motorhomes, transformando a jornada em parte essencial da experiência.

Em menos de quatro horas, montei um esquema de viagem. Cada rota, parada e ponto turístico que encontrei fazia o sonho do Seu Agenor parecer possível. A questão agora era: o Bene toparia?

Na manhã seguinte, ele já estava na cozinha com a típica cara de poucos amigos de segunda-feira. Adolescente é um bicho complicado, mas o meu irmão era diferenciado, pois apesar do mau humor, ele usava a energia para fazer algo que amava — cozinhar.

— Tapioca com ovos, bolo de chocolate e pão de queijo... — Benê enumerou com a sua feição de superioridade.

— Acordou inspirado, maninho lindo. — comentei, sentando de frente ao Benê.

— Meu aniversário já passou, hein. Tá, Quim, qual é a pegadinha? — Ele arqueou uma sobrancelha. Quando me chamava de Quim, eu sabia que o seu humor estava mudando. Hora de atacar.

— Vamos para Ushuaia.

— Quando?

— Não sei. Precisamos de um motorhome e...

— Pera aí, motorhome? Por que não de avião? — ele me interrompeu, tomando um gole de chocolate frio.

— Era o sonho do papai. Ele queria uma viagem de carro.

Expliquei toda a história do diário, enquanto Benê devorava os pratos que eu havia preparado. Missão cumprida: com o estômago cheio, ele era muito mais fácil de convencer. Mas o garoto fez milhares de perguntas, e ficamos quase o dia inteiro discutindo a ideia.

— Não dá pra ir de qualquer jeito, Quim. — Benê protestou após assistir a um vídeo de um casal sobre os prós e contras de viajar até a Argentina de carro.

— Eu sei. Por isso, vamos setorizar a viagem.

— Cê tá maluco. O que significa "setorizar a viagem"?

— Temos dez meses até o final do ano. Vamos nos preparar durante esse tempo. Mas, pra ninguém ficar sobrecarregado, vamos dividir as responsabilidades.

— E como?

— Simples, meu irmão. — Toquei em seu ombro. — Eu fico com a parte operacional, e você cuida do roteiro e aprende espanhol.

— No inglês eu me viro, mas espanhol? Nada a ver comigo.

— Por isso, te matriculei num curso de espanhol. É aqui perto de casa.

— Você o quê?! — Benê levantou as mãos e começou a andar de um lado para o outro. — É muita coisa, Quim. E a casa?

— Podemos alugar nos aplicativos de estadia. Isso renderia uma grana e evitaria que a casa ficasse vazia.

— Por que você tá tão obcecado por essa viagem? A gente acabou de perder os nossos pais e...

— Ele me perdoou, ok?! — exclamei, cortando o tom crescente de Benê. — Ele me perdoou, Benê.

Peguei o diário e mostrei o trecho que tinha me feito virar a noite em claro. Enquanto ele lia, as lágrimas começaram a cair dos meus olhos novamente. Benê ficou em silêncio, os olhos se enchendo de lágrimas. Quando terminou de ler, fechou o diário, aproximou-se e me abraçou com força, acariciando meus cabelos, como papai fazia.

— Eu também macetaria o filho da puta do Paulo em socos. — Ele tentou quebrar o clima, e eu ri em meio às lágrimas, mas a decisão ainda não tinha sido tomada.

— E então? — perguntei, ainda o abraçando.

— Eu topo. Mas fico com a parte recreativa, e você não pode contestar.

— Fechado. — menti descaradamente. Era óbvio que eu ia contestar.

Agora, estávamos juntos nessa. O sonho do Seu Agenor estava mais vivo do que nunca. O que pode dar errado?

13 meses depois

(x) Comprar o Leopold

(x) Cópias e originais de todos os documentos (Joaquim e Benê)

(x) Carta verde (um dos documentos para entrar na Argentina)

(x) Vacinas

(x) Curso de mecânico Joaquim

(x) Espanhol do Benedito

(x) Juntar dinheiro

(x) Roteiro

(x) Dinheiro em espécie

(x) Dinheiro no cartão

(x) Partida.

(x) Partida 2

(x) Partida 3

O último ano foi uma montanha-russa. Foram meses mergulhados em um único objetivo: transformar um sonho quase impossível em realidade. E olha, não foi fácil. Minha vida passou a girar em torno de automóveis — algo que eu jamais imaginei. Não que eu tenha me tornado um mecânico profissional, longe disso, mas dá para dizer que agora entendo bem mais do que só trocar pneu.

Nossa família ainda acha que essa viagem é maluquice. Mas, entre risadas e olhos arregalados de incredulidade, nos ajudaram no que puderam. O dinheiro que juntei foi direto para comprar uma van velha, a qual apelidamos de Leopoldo. Ele é mais que um veículo; é a nossa casa, nosso refúgio e o protagonista dessa história. Encontrei uma equipe incrível que me ajudou a transformá-lo em um motorhome. Painéis solares, banco de baterias, banheiro com água potável... Ele ficou perfeito.

Claro que o Leopoldo deu trabalho. Infelizmente, a equipe responsável atrasou o projeto e não saíriamos mais na data prevista. Agora, o Benê e eu, pegaríamos o inverno da Argentina, que é considerado um dos mais rigorosos do mundo. Isso também refletiu na estrutura do motorhome, ou seja, mais atrasos e prazos não cumpridos.

Enquanto eu metia a mão na graxa, o Benê, meu irmão, se dedicava a montar o roteiro da viagem. Não foi fácil para ele também, mas, no meio do caminho, conseguiu tirar a CNH — algo que era indispensável, porque eu sozinho não ia dar conta de dirigir até a Argentina. Fizemos até um curso de primeiros socorros juntos. Era sério, os irmãos Guedes estavam decididos a conquistar o mundo, ou pelo menos cruzar a América do Sul.

Ah, e o espanhol? Sim, comecei um curso online. Meu objetivo era não depender tanto do Benê na hora de pedir informações. Já ele, se transformou no meu copiloto oficial, e, juntos, cadastramos nossa casa no aplicativo de aluguel por temporada para ajudar a bancar os custos. Uma das nossas tias ficou responsável pela limpeza, ganhando uma porcentagem. Foi uma operação cuidadosamente planejada.

Apesar de todo o trabalho, os últimos meses foram cheios de emoções. O sonho começou com o meu pai, mas se tornou nosso. E agora, aqui estávamos, transformando memórias de infância em uma nova jornada.

Antes de partirmos, fizemos um último teste com o Leopoldo, dormindo na rua. Foi em São Paulo, claro, um lugar que nunca recomendaria para tal experiência. Acordei com o som da cidade pulsando ao nosso redor.

— Dormiu? — perguntei ao Benê, que estava ao meu lado, olhos arregalados.

— Nem um pouco. Juro que ouvi tiros. — Ele olhou para mim com uma expressão preocupada. — Será que vamos conseguir, Quim?

— Claro que vamos! Não investi tudo isso no Leopoldo à toa. Temos uma data limite para sair, irmão. E vamos fazer isso funcionar. — Respondi, tentando transmitir uma segurança que nem eu sentia direito. Enquanto preparava um café, Benê soltou:

— Faz chocolate frio pra mim?

— Vai sonhando. — retruquei, mas acabei cedendo.

Na manhã seguinte, voltamos para casa pela última vez. Foi estranho me despedir daquele lugar. Crescemos ali. Era o cenário dos melhores dias da nossa vida, mas também dos piores.

Gravei nosso primeiro vídeo para o canal no YouTube, que decidimos chamar de "Quim e Benê na Estrada".

— Oi, gente, eu sou o Quim! — comecei, enquanto apontava para a câmera. — E esse aqui é o Benê. Hoje começa a maior aventura das nossas vidas. Vamos cruzar o Brasil até chegar à Argentina. Conheçam o Leopoldo, o motorhome que será nossa casa nos próximos meses. — Mostrei todos os detalhes do carro, orgulhoso do que tínhamos conquistado. — Acompanhem a gente!

Benê estava ansioso para partir.

— Temos 10 minutos. — avisou ele, já sentado no banco do carona.

— Tem certeza de que não esquecemos nada? — perguntei pela centésima vez.

— Documentos? Check. Água e comida? Check. Ar-condicionado funcionando? Espero que sim, ou a gente vira churrasco no caminho.

Dei a partida no Leopoldo. Respirei fundo e fiz uma prece silenciosa. "Por favor, Leopoldo, nos leve com segurança." Benê me olhou e soltou:

— E vê se melhora sua dicção nos vídeos. Tá parecendo um mecânico explicando como trocar óleo. — riu.

— Obrigado pelo toque, Lucinda! O que mais prezo na vida é conselho de mendiga. — ironizei, arrancando com o carro.

— Idiota. — Ele retrucou, ligando o som.

E assim, com música tocando ao fundo e um misto de ansiedade e empolgação, começamos a maior viagem de nossas vidas. Era oficial: os irmãos Guedes estavam a caminho da Argentina.

***

Segure-se em mim enquanto vamos

Enquanto descemos por este caminho desconhecido

E embora esta onda esteja nos amarrando

Apenas saiba que você não está sozinho

Porque eu vou fazer deste lugar o seu lar

Acalme-se, tudo vai ficar claro

Não preste atenção aos demônios

Eles enchem você de medo

O problema pode arrastá-lo para baixo

Se você se perder, você sempre pode ser encontrado

Apenas saiba que você não está sozinho

Porque eu vou fazer deste lugar o seu lar


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Comentários

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Continua logo por favor abstinência de conto please

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Conto maravilhoso,enredo caprichado, desejos sonhos e emoções fortes que te fazem sonhar, torcer e querer acompanhar cada vez mais.

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Que bom que voltou com outra história sensacional.

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