Rogério trabalha como perito criminal há alguns anos na Polícia Civil. Sua função é recolher provas e por mais brutal que fosse o crime ele sempre teve muito sangue frio para exercer sua atividade. Só não contava que um caso iria mexer com sua família pelo resto de sua vida.
Ele era casado com Adália, uma mulher de 35 anos que vivia fazendo todo tipo de curso que surgia a fim de ter o máximo de renda que conseguisse, pois o marido tinha um trabalho estável e ela ficava pulando de galho em galho, não parava num lugar por muito tempo. Até que resolveu ser cabeleireira e se encontrou trabalhando no salão da Jaki, o Jaki Beauty.
A proprietária desse estabelecimento é uma nigeriana de 40 anos que andou por várias partes do mundo até se encontrar por aqui. Abriu o espaço num bairro nobre, frequentado por mulheres de classe média. No início, muitas relutaram em frequentar o local, mas logo a competência e desenvoltura de Jaki em vários penteados falou mais alto e assim foi conquistando adeptas.
Uma das clientes mais assíduas era a advogada Jasmine Benafonte, uma exuberante mulher de 47 anos, divorciada, morena de longos cabelos, beleza marcante, e corpo chamativo, com seios médios siliconados, coxas grossas e bunda arrebitada. Ela ajudou muito Jaki com novas frequentadoras.
Passaram os meses e Adália se queixava do cansaço, e dos cada vez mais longos períodos extenuantes de trabalho. Rogério chamava atenção dela:
- Essa sua patroa vai arrancar seu couro, mulher! Cada dia você chega mais tarde desse trampo!
- Você viu, amor, como é o esquema lá, só 6 cabelereiras e 4 manicures. Aquela Jaki é uma sovina, mão de vaca, não contrata mais ninguém, segundo ela “não ter confiança em tanta gente”, como diz naquele sotaque desgraçado dela.
- Mas do jeito que está vocês vão ficar doentes! Tão ganhando direitinho, mas tá puxado. Não digo nada a ela quando a fiscalização bater lá. E olha que nem sei se ela ela tá legal por aqui.
E era assim, tinha sábados que Adália chegava quase uma hora da manhã em casa. E é isso mesmo, todos sabem como esses locais ficam empanturrados nos fins de semana.
Até que a merda aconteceu. Os noticiários da TV passaram a dar a notícia do assassinato da doutora Jasmine. O corpo foi encontrado na sua SUV com várias facadas, em local ermo. Tudo indicava que a assassina era Jaki. Rogério trabalhava na DP que investigaria o caso. À medida que o caso avançava, o perito se deu conta do escândalo de tudo aquilo.
Bem, o que os veículos de comunicação apontaram foi que o crime teria sido em razão de uma dívida no salão que passava dos 10 mil reais. Tudo lorota. O motivo foi outro. Muito diferente.
O que foi descoberto e ocultado pela polícia foi que os fundos do salão davam pra uma pequena pensão, cuja entrada se dava por um acesso localizado numa avenida de vale, ou seja, havia um caminho alternativo que saia nessa pensão. Os moradores eram estudantes nigerianos que vieram por conta de um intercambio cultural, tudo legalizado. Acontece que Jaki aliciava esses jovens. Foi ela quem ofereceu essa moradia, pequenos quartos que ela alugava para eles, em virtude da aproximação conterrânea.
Com isso, ela começou a apresentar algumas clientes a esses jovens e, sigilosamente, muitas passaram a se encontrar com eles, utilizando o espaço do salão como passagem para esse local. Realmente, elas iam fazer seus cabelos, mas aproveitavam a longa espera indo para os quartos da pensão “confraternizar” com os africanos.
Jasmine era uma das mulheres que ia trepar com um deles, ou até mesmo com dois deles. E assim, muitas iam pra sessão sexual e depois subiam pra arrumar seus cabelos bagunçados e também se maquiarem a fim de não deixarem marcas no corpo após trepadas selvagens. Verdade que muitas não sabiam, nem ficaram sabendo, pois tudo era feito com muita discrição. Para chegar aos quartos havia um corredor após a porta do sanitário. Com isso, muitas saiam e depois entravam no salão como se viessem da rua. Algumas que sabiam, não interagiam com os jovens, porém, recebiam gordos descontos para ficarem quietinhas, afinal, cada uma que sabe de sua vida.
A proposta dessa fuzarca toda partiu de Jasmine, após conversas com Jaki, que pensava em algo do tipo, mas tinha medo da exposição. Jasmine teve a idéia de utilizar aquele espaço para realização de fetiches e assim ao mesmo tempo arrumar clientela para a nigeriana. O rapazes aceitaram de bom grado, pois além de morarem num lugar pouco espaçoso, era razoavelmente confortável e próximo da faculdade onde estudavam, e ainda iriam se divertir comendo um monte de madame com corpos esteticamente modelados em academias e clínicas de estética, a maioria na faixa entre os 30 e 50 anos.
Adália e as funcionárias ficaram sabendo desde o início e ganhavam gordas gorjetas e uma “taxa de silêncio” sobre essa putaria toda por ali. No fim, era todo mundo subornado. Elas tinham horário de descanso situado num hall da pensão. Assim, passaram a conviver e conversar com aqueles jovens, a intimidade crescia, e também algumas aproveitavam aquele antro erótico. Adália foi uma delas.
Acontece que Jaki começou a cobrar “um a mais” para manter todo esse negócio fetichista funcionando. Jasmine enrolava, enrolava, até que as duas discutiram feio. Jaki queria dar com a língua nos dentes e delatar tudo. Jasmine ameaçou e ainda mandou um “conheço o caminho da justiça e vou fazer tudo pra acabar com você”. A discussão ganhou corpo, as duas se atracaram, e Jaki ameaçou com uma faca a advogada, e essa, furiosa, se saiu com uma injuria racial feia:
- Volta pra sua terra com esses orangotangos, sua macaca de merda!
Enraivada, Jaki esfaqueou por diversas vezes a jurista e assim deu-se o babado. Dias depois, Jaki também apareceu sem vida e concluíram que ela deu um tiro em si mesma. A verdade é que alguém “atirou por ela”.
O escândalo todo não veio à tona por um motivo bem abrasileirado: Foi descoberto algo que as envolvidas não sabiam. Jasmine implantou um sistema de câmaras pra filmar tudo o que rolava e assim ter provas contra qualquer uma delas que delatasse qualquer coisa que pudesse surgir. O sistema era ligado ao computador pessoal de Jasmine. E foi ai que Rogério descobriu o motivo de tanto trabalho da esposa: aparecia ela amasiada com aqueles homens, mamando imensas toras, cavalgando, de quatro, e levando ejaculações no rosto. Mas o motivo de tudo aquilo ficar encoberto é que apareciam também uma desembargadora do Tribunal de Justiça, uma pastora evangélica que apresentava um podcast sobre valores da família,uma repórter de TV, uma major da PM e a filha de um deputado que era candidato a prefeito. Todas elas na maior putaria, fazendo orgias, e fazendo realizando todo tipo de categoria sexual. Tinha uma médica cirurgiã que transava sozinha com todos eles!! Aparecia também uma noiva numa despedida de solteira, acompanhada de quatro madrinhas, numa suruba louca com os estudantes, dois dias antes de se casar numa festa suntuosa com o filho de um proprietário de uma grande concessionária de veículos. Uma Conselheira Tutelar vestida de dominatrix chicoteando uma das manicures. Uma psicóloga requisitada,vestindo um enorme cintaralho, comia uma comissária de bordo,enquanto esta chupava uma janponesa,esposa de um funcionário do consulado japonês. Todas duas, clientes dessa terapeuta. Se fosse revelado os reais motivos, aquelas mulheres influentes teriam o nome revelado por apurações jornalísticas, o que geraria reações em cadeia e não se sabe até onde o que ia ser descoberto, além de destruir a reputação moral delas e demais familiares. Com isso, todo o material foi destruído. A jornalista participante deu um jeito de enviesar a pauta e os policiais protegeram Rogério, que acabara de se tornar presidente do Sindicato dos Policiais Civis, apoiado por todo o departamento. A desembargadora quebrou o sigilo bancário de Jasmine e descobriu contas alternativas. Uma delas foi utilizada para viabilizar indenização trabalhista para as funcionárias, uma espécie de “cala boca” para elas. O salão deixou de funcionar, o local foi adquirido pelo parente de um delegado, reformado, e a conexão com a pensão foi desativada. E o assunto morreu aí.
Adália fugiu com um dos africanos, mais pra se livrar de Rogério e seu instinto policial do que apaixonada pelo jovem. Com passaporte falso conseguido em seu país de origem, ele conseguiu levá-la para o Canadá.
O que ninguém notou foi o nome do estabelecimento. O nome de Jaki era Ursula Akwamb’ia, nada a ver com Jaqueline, que era o que todos achavam, abrasileirando assim o nome. É que Jaki significa “Jegue” ou “Jumento” no dialeto hauçá, falado na região de onde Jaki e os estudantes vieram, ou seja, o nome tinha duplo sentido. O nome desse animal é usado como referência pejorativa a homens extremamente bem-dotados, o que era o caso da maioria dos estudantes que participavam desse rendez-vous.
Muitos policiais conversaram sobre o caso, se perguntando: será que teria outros salões no país com esse mesmo ambiente dúbio? Isso aí, só as mulheres sabem...