Na antiguidade, existia uma prática ritualística onde cem bois eram sacrificados para os deuses. Com o passar do tempo, o ritual passou a ter outros significados e conteúdos, com o sentido de massacre ou carnificina. Essa é a designação para hecatombe.
A manchete do jornal nas minhas mãos era a seguinte: "Nesse dia, uma hectombe varreu a cidade". Tratava-se de um acidente em uma das minas em que 34 homens morreram em 1982. Ao lado, algumas fotos de uma quadra esportiva com dezenas de caixões, um ao lado do outro com pessoas andando para todos os lados. A companhia não foi responsabilizado, pagando tão somente uma indenização as famílias e tendo a causa final do ocorrido um acidente – caso de força maior. Marinho me deu esse jornal para ilustrar o quanto tragédias assim eram comuns na região, mas também aproveitou para me mostrar uma foto do meu falecido sogro. Ele olhava com saudade aquela fotografia, explicando que o seu pai sempre forá muito bom, mas que o caso dos sequestros na época havia o quebrado.
Uma semana havia se passado desde o dia da briga com o tal Tomás Castanho, o que fez com que ele passasse a executar trabalhos menos desgastantes até se recuperar completamente. Nessa altura, ele já estava muito bem mesmo ainda possuindo algumas limitações e hematomas. Ele inclusive aguentou dar para mim, mas fui muito cuidadoso para não machucá-lo muito, deixaria para pegar pesado quando ele estivesse totalmente recuperado. Enquanto eu analisava os documentos recostado em seu peito, ele me contava algumas situações sobre a cidade. No geral, tragédias assim faziam parte da história de quem vivia por ali. Eu os darei alguns exemplos.
O desabamento que matou os 34 mineiros era só o começo. Em 1887 uma tempestade virou uma embarcação, matando 18 pessoas incluindo mulheres e crianças. Uma década depois disso, uma explosão mal calculada ceifou a vida de 49 homens que estavam abrindo túneis para a busca de mais metais preciosos que poderiam ser explorados nas minas. Já em 1919, uma enchente devastou uma parte da cidade que estava sendo construída para abrigar colonos, resultando na morte de 9 pessoas. Ainda buscaram investigar alguma responsabilidade da barragem da cidade que era administrada também por um grupo ligado a família Castanho, mas não se chegou a lugar nenhum. Cinco anos depois um mineiro que acabará de descobrir que havia sido deixado pela mulher alegou ter tido uma revelação e foi até a um bar local atirando em todos por ali – 11 pessoas morreram. Uns acreditam que as alucinações podem ter sido fruto de intoxicação por Cobre Branco.
Em uma manhã Abril dedeslizamento de terra atinge a única escola da cidade, onde 23 crianças acabaram morrendo soterradas. No mesmo ano outro deslizamento fez com que 6 mineiros morressem presos em um elevador que despencou. Na década de 1960, um incêndio nas instalações da madeireira custou a comunidade a morte de 16 pessoas, entre eles dois supervisores de segurança. Ainda nessa década outro acidente na mina matou 4 pessoas eletrocutadas, uma delas era uma criança. Nos anos de 1970, um cilindro de oxigênio explodiu em um hospital matando 2 médicos, um paciente e três enfermeiras durante uma cirurgia de emergência de um mineiro com problemas respiratórios. Marinho me disse que havia indícios de sabotagem na válvula do cilindro.
Mesmo com os acidentes e desastres parando nos anos de 1980 em diante, ainda assim presenciamos o caso das jovens desaparecidas, situação que se repete agora nos anos 2000. Quem via aquela cidade com paisagens tão lindas nem imaginava toda a dor que era possível existir naquele lugar. Eu não busquei mais exemplos de mortes em massa mesmo tento outros tantos, dando como certeza uma coisa: a grande maioria dos casos estavam ligados as atividades da família Castanho.
Muito embora houvesse a colaboração do grupo com as investigações, algo ainda não estava claro. Marinho reforçava minha desconfiança, explicando uma situação de falsificação de documentos que descobriu quando estava traindo sua esposa com Tomás, eles tiveram um caso estranho de quase 8 meses. Nesse meio tempo ele acabou me contando o que eu já sabia e não o julguei, eu não tinha essa moral. Fiquei feliz por saber que agora a relação era irremediável e que se fosse para ele investir em alguém na sua vida afetiva seria em mim. Isso obviamente encheu meu coração de alegria, e fiquei muito feliz em flagrar eles se esmurrando e não se pegando, mesmo eu sendo pouco ciumento.
As coisas iam bem entre nós e com a investigação. Primeiro, em relação a nós, passávamos agora a compartilhar com maior intensidade nossas experiências de vida nas poucas horas de descanso. Ele era bastante carinhoso quando estávamos a sós, gostava muito de um dengo e já não dormíamos separados – todas as noites estávamos de conchinha. Era muito comum que ele fosse a concha menor nas noites que passávamos juntos. Acabei que o country tornou-se recorrente na minha playlist.
No trabalho, as investigações estavam rendendo bons frutos. Mesmo ainda com as três jovens desaparecidas o cerco para algumas situações estava se fechando. Descobrimos que havia um ritual indígena que era praticado pelos povos originários da região que reservava semelhanças com as características dos corpos encontrados. Era um festival de colheita, em que uma virgem era levada a uma fonte e bebia água contaminada por ervas venenosas e morria de falência múltipla de órgãos. Os olhos e a língua da pessoa eram retirados, sendo as regiões costuradas em seguida. Parte dessa descoberta foi mérito de Marinho dado a um trabalho que desempenhou no passado sobre o mapeamento cultural da região. Além de todas as qualidades físicas ele era extremamente inteligente. Os registros foram analisados por ele e outro policial, que acredito saber de nós dois, mas demostrava não se preocupar com isso.
Aos poucos, acredito que algumas pessoas foram percebendo uma proximidade para além do profissional entre nós. Eu havia comentado com ele essa sensação e ele pouco se importou, disse que éramos discretos somente por sermos reservados, mas que caso alguém descobrisse alguma coisa não seria o fim do mundo e que por ele estaria tudo bem. Gostei de sua atitude, isso me deu um pouco mais de sossego em relação as demostrações de afeto que eventualmente aconteciam quando estávamos sozinhos, mas fora de casa que era nossa "zona segura". Dia desses um policial em tom de brincadeira perguntou onde eu estava dormindo, e Marinho se adiantou a falar que era na cama junto a ele. O sujeito não acredito, mas Marinho foi firme e disse que eu dormia com ele desde o primeiro dia ali. Uns riam, outros não. Era bom para quebrar um pouco do clima pesado deixado pela investigação.
As três jovens resgatadas ainda não falavam coisa com coisa. Mesmo sendo bastante novas (duas com dez anos e uma com 8) esperávamos encontrar alguma coisa de mais substancial, mas nada. Elas diziam que na noite em que o rapto aconteceu elas não lembram de nada, só de estarem caminhando por lugares frios e depois dormindo em camas quentes. Era estranho porque não havia fontes térmicas naturais em nenhuma das minas das três colinas, dando a entender que de alguma forma havia uma forma artificial de mantê-las aquecidas caso elas estivessem nas câmaras subterrâneas. Depois pensaria melhor nisso.
Foi descoberta uma instalação em uma nova passagem em uma das minas que serviu para o preparo de pelo menos duas das jovens encontradas mortas, de forma que conseguimos interditar mais uma e proceder com as investigações. Já que se tratava de cena de crime, foi rápido paralisar as atividades no local. Alguns funcionários reclamavam e recebíamos pressão dos responsáveis pela atividade comercial, em uma espécie de guerra fria.
No final, eles estavam preocupados com o impacto econômico da paralisação e não necessariamente com as vítimas eu acreditava. Apenas as atividades em uma das colinas continuava, o que de certa forma atrapalhava nosso trabalho. Nesse ponto o policiamento na região era intenso, e parceria não haver lugar ali para se esconder. Sabia que em breve encontraríamos os jovens, e eu estava dando o meu melhor para que fossem encontradas vivas. Era muito a se fazer e eu nem sai da cama ainda, por sorte eu tinha Marinho como parceiro – de cama e trabalho.
Eu pensava em todas essas coisas sentindo o calor do corpo dele no meu. Enquanto me fazia um cafuné, eu analisava documentos e buscava ver algo que ainda não conseguia ver no panorama geral. Hoje o delegado voltaria para o campo e eu estava muito feliz por isso, especialmente por ele estar recuperado e estarmos bem com nosso relacionamento. Apesar de ser algo indefinido por ser muitíssimo recente e ter acontecido no meio dessa loucura, ele não poupava esforços em demostrar que queria tentar algo comigo para além daquele momento enfatizando que tínhamos um compromisso sim e que estava honrando aquilo. Honestamente, eu acha afofo e me derretia, mesmo não demostrando muito. Eu buscava pensar muito nisso com a situação das férias, que ele sempre buscava frisar que estaríamos juntos. Em determinado momento me cansei de tudo aqui e busquei dar uma respirada, deixando de lado e me virando para ele o abraçando. Imediatamente ele me abraça firme sem desligar o celular. Lá fora, o dia ainda estava nascendo devagar e ao que parece iríamos ganhar um pouco de sol.
Enquanto cheirava meus cabelos, Marinho fazia carinho em minhas costas.
_ Tá tudo bem contigo, Otávio? – Perguntou de forma casual.
_ Tá sim. Eu acho que tá... Só tô cansado ainda, mas pelo menos tô tranquilo em saber que o cerco tá fechando. Falta pouco pra gente encontrar as meninas. – Falei.
_ Vai sim, as coisas estão fluindo bem na investigação. Perguntei em relação a gente, cara. Tá tudo bem? – Perguntou me deixando sem respostas. As vezes um medo tomava conta de mim e eu imaginava que tudo isso não passava de um momento, que logo mais eu precisaria voltar para a capital e ele ficaria aqui. Nesse ponto, eu já me sentia apaixonado e queria permanecer correspondido, mas o "depois" me preocupava.
_ Quando eu tiver voltado tu vai me visitar lá na capital? – Perguntei sério olhando em seus olhos. Ele sorriu para mim como se não estivesse acreditando no que estava vendo.
_ Então quer dizer que o senhor investigador pau-no-cu tá com medo de perder o macho dele é? – Fala isso quase gargalhando – Bem que eu poderia denunciar a corregedoria que meu viadinho número um tá precisando de um treinamento pra reconhecimento de foda casual em processos de investigação. – Concluiu me fazendo rir também, acabei não aguentando. Ele tinha dessas coisas, as vezes em momentos sérios que envolviam nossa relação ele fazia isso, inclusive faz até hoje. Em seguida ele me olha com o mesmo olhar divertido, mas agora mais sério:
_ Eu tô aqui agora, e vou tá depois que você for embora. Sei que a gente vai se afastar fisicamente, mas espero que a gente ajuste isso e tenha uma rotina de presença física na vida um do outro. Sei que as coisas vão tomar um rumo bom para nós. De toda forma sou teu amigo agora e tu pode contar comigo sempre. – Diz ele em tom realista e muito cordial. Acabei concordando com ele, pois sabia que eu estava sofrendo por antecipação.
_ Eu tenho consciência de tudo, mas as vezes me bate um medo de te perder. É meio estranho por ser tão recente, mas eu nunca tinha experimentado nada disso antes. Mas tu tá certo, vamos aproveitar eu por aqui e depois tem nossas férias juntos também né!? – Falei agora rindo também e beijando ele, que me abraçou forte e retribui mais ainda o beijo. Ele segura meu rosto e me olha bastante sério.
_ Eu não vou te deixar por nada, entendeu!? Da forma que for, como amigos ou além disso, estamos juntos agora... Eu vou estar com você, amor, até porque contigo do meu lado eu vou ter mais facilidade em conseguir uma promoção boa no trabalho e virar professor do centro de investigação. Vou praticar alpinismo social contigo e tu não vai perceber, porque vai tá ocupado demais chupando minha pica. – Ele quase não conseguiu terminar de falar, tendo uma crise de riso em seguida. Eu também não me aguentei e dei tanta risada ao ponto de perder o ar e ficar com a barriga doendo. Era inacreditável o quando ele misturava assuntos sérios com humor involuntário nessas horas. A gente acabou se abraçando e namorando um pouco até levantarmos de fato. Não eram nem 6h a.m. quando fomos para nosso banho.
Ambos sempre dormíamos pelados, então fomos para o banheiro abraçados com ele me falando todo tipo de sacanagem ao pé do ouvido. Nessa hora já estávamos de pau duro, e começamos a nos pegar no banheiro mesmo, sabendo que precisávamos ser ágeis pois não teríamos muito tempo. Eu comecei beijando seu pescoço e descendo até os seus mamilos, que estavam bastante rígidos. Eu comecei lambendo cada um deles, depois sugava e dava leves mordidas. Ele se contorcia e pedia para eu morder mais. Seu pau babava muito, enquanto eu pegava o líquido e passava na região onde estava lambendo e em seguida beijava ele, pois o homem gostava de sentir seu gosto na minha língua. Fui descendo, beijando e cheirando seus pelos que cobriam toda a barriga, o delegado era realmente bem peludo. Quando cheguei ao seu pau, comecei primeiro sentindo o cheiro dele e dos seus pelos, lambendo toda a região enquanto massageava a cabeça que pulsava no ar. Sabia que ele estava entregue e que eu poderia fazer o que quisesse com aquele macho, que agora seria minha puta.
Em um gesto rápido, engoli todo o seu pau de uma vez de forma que Marinho gemeu desesperado puxando meu cabelo enquanto eu fazia isso. Eu apertava a cabeça do seu pau com a garganta, um movimento que ele gostava muito. Eu engolia fartamente seu pré-gozo, enquanto ele me xingava e eventualmente me dava tapas fortes na cara. Seu pau, assim como o meu, possuía um tamanho e grossura muito bons, sendo a diferença que o dele era muito mais cabeçudo que o meu, que por sua vez era um pouco mais grosso que o dele. Eu ia chupando seu pau enquanto aproximava meu dedo do seu rabo, que era igualmente peludo. Comecei fazendo movimentos circulares em seu cu, enquanto seus gemidos aumentava ainda mais. Com a outra mão, eu chupava e o masturbava. Meu pau de tão duro latejava no ar e uma poça de pré-gozo se formava no chão onde eu estava abaixado. Eu peguei o líquido que saia da cabeça em grande quantidade e passei no cu dele, introduzindo a cabeça do meu dedo em seguida. Ele geme desesperado nessa hora e retirou meu dedo, me pegando pelos braços e me subindo imediatamente. Seu beijo era urgente, quase que me engolindo.
_ Para, amor, que eu tô quase gozando. Não aguento quando tu faz isso com a garganta. – Falou ofegante, fazendo um esforço evidente para controlar o gozo. Eu o virei de costas para mim e mordi sua orelha e nuca, no qual ele empinou a bunda peluda pra mim e gemeu ainda mais.
_ Eu faço o que eu quiser contigo, delegado. Tu é meu daqui por diante. – Disse enquanto ele continuava gemendo pedindo para que eu o penetrasse, mas eu não ia fazer isso, estava disposto a deixá-lo louco e com tesão o dia todo. Pincelei a cabeça do meu pau na sua bunda, enquanto ele implorava para ser comido.
_ O que tu quer que eu faça, porra? – Eu falava beijando sua nuca, ele gemia como uma puta. Era uma delícia ouvir um vozeirão daquele de macho implorando por pau.
_ Me come, Otávio, por favor. Eu não tô aguentando mais. Coloca a cabecinha em mim, por favor. – Pedia ele desesperado. Eu passei a cabeça do pau várias vezes, vendo seu cu piscar em desespero. Em determinado momento eu pressionei sua entrada, entrando sem muito problema já que meu pau babava muito. Coloquei a cabeça muito devagar, sentindo tudo o calor dele no meu pau. Ele rebolou pra trás querendo mais, mas eu não deixei. Tirei meu pau em seguida e abaixei, metendo minha língua em seu cu.
Ele deu um leve grito e senti seu pau pulsar ainda mais, sabia que nesse ritmo ele gozaria. Chupei seu rabo com vontade, enfiando minha língua nele enquanto massageava seu saco. Não demorou muito e ele gozou diversos jatos sem ao menos se tocar. Ele ficou fraco e por pouco não caiu. Tive que o segurar para sua recuperação.
Subi e o beijei apaixonadamente, ele ainda disse rindo que ficaria com vontade de dar o dia todo e que fui cruel com ele, no final eu tinha conseguido o que queria. Ele pegou meu pau que estava super duro igual ao dele, que por mais que tivesse dado uma gozada daquelas ainda não tinha baixado. Ele acabou abaixando e me chupando, não demorando muito até eu gozar em sua boca. Ele engoliu a maior parte, deixando apenas na boca um pouco do meu leite, no qual me beijou e dividimos a porra um na boca do outro. Depois disso tomamos um banho com bastante carinho e fomos a delegacia muito felizes, já mudando nossa postura em relação ao trabalho que precisava ser feito. A medida que íamos voltando a realidade, as obrigações caiam de forma pesada nos nossos colos.
***
Um raio de sol tocava meu rosto e eu sentia aquele cheiro de pinho com terra invadindo meu nariz. Precisava aquilo antes de ver o que tinha para ver.
Alguns policiais tiravam fotos dali e outros anotavam alguma coisa em suas cadernetas. Marinho estava de luvas, máscaras e uma touca no cabelo. Além disso, estava com um saco protetor nos pés de forma a não contaminar a cena do crime. Ele falava com um técnico em perícia que recolhia as roupas das crianças que acabamos de encontrar. Aquele lugar serviu de abrigo para elas durante um tempo, havia todos os vestígios de um acampamento improvisado ali, mas não era só isso. Uma urna de argila grande foi encontrada contendo quatro línguas e restos de retinas, do qual tínhamos certeza que seriam em oito. Além disso, alguns órgão de animais estavam misturados no pote. A visão com certeza não era das mais agradáveis.
As vezes eu conseguia disfarçar melhor, outras não. A verdade é que eu estava cansado do meu trabalho como era feito e tudo o que eu via. Eu sabia que era forte e aguentava, mas também entendia que aquela resistência não iria durar pra sempre. Eu era forte porque precisava ser, mas algo dentro de mim também estava corroído. Tentei agir de forma mais profissional possível, mas ele percebeu que eu não estava muito bem.
Naquele lugar havia várias carcaças de animais, entre peles e algumas outras coisas. Imediatamente os policiais se atentaram para a comunidade pesqueira, dizendo que ali estava o culpado ou os culpados. Foi expedido uma busca pela região e alguns interrogatórios foram feitos, porém busquei instruir bem a equipe para proceder tudo com cautela pois não necessariamente todos estariam envolvidos e não sabíamos até que ponto aquilo poderia representar a coisa como ela é. Eu fiquei catalogando as provas com o técnico enquanto Fred ajudava Marinho no recolhimento dos restos mortais. Em determinado momento o homem que estava trabalhando comigo deu uma pausa para fumar, foi o tempo que Marinho se aproximou de mim.
_ Otávio, tá tudo bem com você? – Ele me pergunta, agora sem máscara e touca.
_ Tá tudo sim, quero só terminar isso aqui. – Falei sem olhar para ele.
_ Você tá meio pálido, amor. Tá precisando de alguma coisa não? – Falou evidentemente preocupado.
_ Se eu precisar te aviso. Melhor voltar ao trabalho. – Falei sabendo que não havia o convencido, e que daqui por diante ele ia me encher o saco até saber o que se passava. De certa forma sabia que logo mais teria que explicar para ele meu episódio de depressão dado ao trabalho, se bem que em função do cargo que ocupo problemas psicológicos são bastante comuns.
Ele me olhava contrariado e com uma expressão de dúvida. Eu por minha vez me sentia um pouco deprimido e levemente enjoado, isso acabou se tornando comum de três anos pra cá, mas fazia tempo que não acontecia. Mesmo estando obtendo avanço nas buscas e estando feliz em conhecer Marinho e viver algo que eu nem imaginava, essas coisas vieram com força. Tentei amenizar minha expressão falando que depois que as provas fossem levadas para a perícia iríamos almoçar, pois já estava com fome. Ele não tocou mais no assunto, só me dizendo que hoje seria assado de porco com purê de batatas – comida que amávamos. Eu me adiantei a instruir também que os policiais para que continuassem as buscas naquela região, dando os pontos no mapa que precisavam de maior atenção. Quem quer que fosse que estivesse ali não estaria tão longe, acredito que no máximo teria partido a 10 horas atrás.
Com excessão de um policial incoveniente que insistia em querer fazer o contrário do que eu mandava, todos os outros apenas ouviam e se organizavam para executar o serviço. Coloquei o policial mais velho e experiente para comandar a equipe, pois sabia da sua competência e controle mental para a situação. O policial que insistia em querer tomar outro rumo continuava a ter seu ataque de pelancas enquanto os outros seguiam o mais velho, que de certa forma se dava muito bem comigo. Eu gostava da postura do sujeito e todos ali o respeitavam.
O incoveniente continuava, mesmo já estando sendo repreendido pelos seus amigos, que a essa hora me olhavam preocupados pela minha expressão cada vez pior. Meu foco era planejar as buscas com a coordenação dos polícias locais mais capacitados como cabeças, nomes que foram me dado por Marinho. Os policiais de apoio que vieram de outros lugares iriam estar a disposição deles, que conheciam profundamente a região. Foi o caso de Dacota, uma policial muito competente que morava lá há 10 anos e acabou achando aquele lugar que estávamos agora.
Muitos ali gostariam de ter seus 15 minutos de fama e talvez não estivessem tão preocupados assim em avançar no caso, felizmente eram poucas essas situações porque a equipe no geral era muito boa. Em um determinado momento o filho da puta insistente soltou o seguinte:
_ Tenho certeza que se fosse o macho dele pedindo, ele iria de quatro pelo caminho que fosse! – Disse em claro e bom tom, enquanto eu estava virado para o velho policial perguntando alguns detalhes dos 4 caminhos que eles iriam cobrir. Depois que escutei aquilo, não senti mais nada. Tudo ao meu redor foi puro vazio e meu corpo ficou sem reação. Eu pedi licença ao homem que estava agora me olhando sério e me dirigi ao policial que acabou de falar isso. Ele era recém formado, e atendia por Campos. Marinho e Fred me olhavam já prevendo o que iria acontecer, enquanto os outros permaneciam em silêncio. Ele se virou para outros policiais e ainda disse:
_ Como se ninguém soubesse que esses aí estão comendo um ao outro, com certeza o corregedor vai... – Ele não terminou de falar porque lhe dei um soco que o fez desmaiar imediatamente. Marinho correu para cima de mim me segurando, enquanto Fred olhava sem acreditar no que aconteceu. Tom, o velho policial, tentava se manter sério, mas era evidente sua vontade de rir, ao mesmo tempo em que também se manteve indiferente e começou a coordenar as buscas naquela hora. Ele me deu um aceno e partiu, me mandando somente ficar atento ao celular no caso de alguma novidade. Mandei um amigo do policial caído ficar e cuidar dele, ligando em seguida para meu supervisor explicando o que aconteceu. Ele me tranquilizou e disse que assim que o tal Campos acordasse ele voltaria para a capital, pois seria desligado imediatamente das buscas. Eu agradeci e expliquei o que iria fazer daqui por diante.
A cara do sujeito estava coberta de sangue enquanto ele repousava desacordo no chão. Eu havia quebrado seu nariz, o deixando deformado. Sabia que eventualmente enfrentaria algum processo, mas estaria encarregado de tramar alguma coisa para chantagear esse verme e deixá-lo com medo. Não gostava disso, mas quando era necessário eu usava da minha influência para conseguir coisas assim. Nesse meio tempo, Marinho me segurava, mas eu não tinha resistência alguma. Os amigos dele não quiserem encrenca, provavelmente sabiam que se fizessem alguma coisa iriam apanhar também. Eu lutava Judô há 14 anos e Muy Thai há 5, então para mim era muito fácil amassar qualquer pessoa na porrada. Sem falar que um deles me conhecia, e provavelmente já havia espalhado minha fama de perturbado entre eles.
O delegado parecia não se importar muito com os olhares e continuou me segurando. Ele me soltou quando eu voltei para as evidências e dei todas as instruções a Fred, ele apenas concordou e se foi. A equipe forense continuava seu trabalho como se nada tivesse acontecido, e ele também. Quando eu estava enfim acabando, Marinho pegou minha mão machucada e a limpou, me conduzindo de mãos dadas até seu carro. Ele dirigiu para fora dali, comigo basicamente sem expressão e um pouco travado.
Estávamos já perto da cidade. Eu gostava da sensação da brisa do dia assim mais quente. Ele pegou minha mão e colocou entre suas pernas, intercalando o controle do veículo me dando carinho. Permaneci mais calado, apenas admirando a paisagem. De forma descontraída, ele puxa assunto comigo:
_ Agora tô com medo de dizer o que quero fazer contigo mais tarde e levar uma surra também. – Disse rindo, aliviando mais o clima. Eu só consegui rir também, ele era o único que conseguia fazer isso comigo.
_ Eu sei que tu deve tá preocupado, mas não precisa. Eu tô bem de verdade, só meio cansado. – Expliquei.
_ Não sei o que tá rolando, acho que até posso saber, mas vou te deixar de boa. Qualquer coisa tu sabe que tô por aqui... – Ele fala, passando sua mão pela minha barriga e me puxando para mais perto dele. Acabei sorrindo triste e me aproximando. Ele colocou minha cabeça em seu ombro e eu me senti feliz naquele instante. Eu queria chorar, mas não consegui.
Passávamos por uma encosta e o sol refletia sob as águas de um rio gigantesco que cruzava a região. As árvores pareciam se mover conforme o vento passava entre elas. Era lindo. Eu admirava aquela vista em completo silêncio, tudo parecia um filme. As vezes, Marinho olhava pra mim e sorria, sem soltar minha mão um segundo que fosse. Os raios de sol passavam pelo seu rosto iluminando-o ainda mais. Sua barba o deixava especialmente mais lindo do que era, e seu cabelo levemente desarrumado completava a visão. Ele era realmente um homem muito atraente. Me senti com sorte naquele momento, que por mim poderia durar todo uma eternidade.
Eu sabia que mais cedo ou mais tarde teria que conversar com ele sobre meus demônios, mas que bom que não foi naquele momento. Busquei apenas aproveitar aquele momento e desfrutar da presença daquele homem, que naquele momento eventualmente já me chamava de amor. Mesmo que fosse talvez rápido demais eu gostava, e apesar de não retribuir o tratamento me dava vontade de chamá-lo também. Eu estava me segurando, porque caso não acontecesse talvez eu não sofresse tanto assim.
Almoçamos tranquilos e tomamos um cafezinho depois. Ele tentava me distrair contando alguma bobagem ou outra, mas no geral estávamos bem empenhados nas nossas atividades. Sabia que logo mais estaríamos recebendo boas notícias, pelo menos eu esperava por isso.
***
Dado a proporção que o caso de Três Colinas teve, algumas fotografias emblemáticas ficaram bem famosas. Uma das mais famosas foi tirada naquela tarde, um registro realmente surpreendente e emocionante.
Marinho estava em uma das cavidades das minas, e eu estava acompanhando um interrogatório. Passavam das 17h p.m. e o céu começava a escurecer, a brisa fria indicava que o tempo virou e logo mais estaríamos sob uma forte chuva. Não demorou para a delegacia ficar imersa em uma energia muito caótica, de forma que me retiraram do local imediatamente para o hospital, onde estavam aguardando mais uma vítima que acabou de ser resgatada.
A chuva começou a cair lentamente quando cheguei. Foi pouco depois de um fotógrafo tirar a foto que Marinho chegou por trás de mim, explicando que precisaríamos entrar no hospital imediatamente. Saindo do carro de polícia, Tom segurava a criança em seu colo e saiu também em direção ao hospital. Era uma cena verdadeiramente linda e comovente.
Tom nos explicou que a equipe dele segui por uma baixada, e após passar por um caminho muito estreito em meio a pedras chegaram a uma clareira em que a jovem estava. Ela estava acordada e consciente, mas parecia em estado de transe. Um homem jovem segurava uma faca, e correu para a menina na tentativa de matá-la, mas Tom foi mais rápido e o derrubou, um tiro perfeito na perna que fez com que seu sangue ficassem espalhados pelo lugar. Ainda tentaram imobilizar o homem, mas ele foi mais rápido e cortou a própria garganta em uma cena grotesca de suicídio. A menina estaca cega de um olho, mas isso parecia não a incomodar. Ela agora estava sendo tratada no hospital junto as outras vítimas, cercadas por uma equipe de segurança muito bem capacitada.
Estávamos esperando pacientemente o trabalho de descontaminação das vítimas pela exposição direta do Cobre Branco. Os resultados que saíram alguns dias atrás provaram as suspeitas, levando em consideração todos os sintomas que elas apresentavam. O processo era lento, mas efetivo. Precisávamos ter paciência, pois era muito comum que as vítimas se mantivessem em um estado profundo de demência que poderia durar semanas. Por sorte, ótimos especialistas estavam tratando da descontaminação o que poderia também render bons resultados para o tratamento dos mineiros que eventualmente poderia se prejudicar. Disso tudo, entendemos que as vítimas estavam sendo submetidas a algum ritual, e tudo aprontava para a comunidade tradicional pesqueira que buscava se defender a todo custo.
Nessa hora o pânico estava instalado por todos os lados, e eu e Marinho buscávamos ponderar tudo de forma mais racional possível. De toda forma, sabíamos que não estava longe de tudo aquilo acabar e que duas garotas estavam por ali em algum lugar esperando para serem resgatadas. Notoriamente a equipe estava feliz, e Tom foi tido como o grande herói da vez, tendo sua foto eternizada até hoje quando estudiosos ou curiosos relembram os eventos de Três Colinas.
Eu parabenizei Tom pessoalmente, dizendo que poderia contar comigo para qualquer coisa que precisasse da instância superior. Ele agradeceu e disse que não queria nada, que a aposentadoria já está bom. Tratei de agilizar isso para ele junto a uma boa bonificação pelo excelente trabalho.
Resolvemos o que precisava ser resolvido e fomos para casa. No caminho, ele parecia mais feliz que o normal e ansioso por mais resoluções como aquela. A chuva caia com mais força quando chegamos, ambos exaustos. No relógio já passavam das 11h da noite, e tudo o que queríamos era dormir. Acabamos por resolver uma tentativa de linchamento de um grupo de civis a comunidade pesqueira, deixando alguns policiais lá de guarda. Mesmo com os ótimos avanços o dia havia sido um inferno.
Novamente lembrei do jornal que li aquela manhã: "Nesse dia, uma hecatombe varreu a cidade". Por sorte, Marinho estava muito carinhoso comigo, sempre me dando beijos quando estávamos "seguros" e sempre se aproximando de mim enquanto dirigia. Ele as vezes falava alguma bobagem, outras falava algum fato interessante da geografia do lugar, sempre buscando me distrair. Por várias vezes esqueci do meu ataque de fúria mais cedo. Ele tinha esse poder sobre mim, onde mesmo com o mundo queimando ao meu redor ele conseguia me tirar do meu próprio inferno e me trazer para perto dele.
***
Meu humor melhorou aos poucos, mas eu ainda me sentia tenso. Marinho que estava mantendo-se bem ao longo do dia ficou bastante preocupado com a possibilidade de um ataque por um grupo de civis a comunidade de pescadores. Nesse ponto eu busquei também ficar mais leve, pois sabia que o homem estava uma pilha e não queria ser mais uma preocupação para ele. Mesmo assim, ele se esforçou muito para me agradar durante a noite, mesmo já cansado e com a cabeça cheia de coisa. Acabamos jantando em uma lanchonete antes de virmos para cá.
Como ele não estava tomando mais remédios decidiu abrir um vinho, do qual tomei metade em um gole e fiquei leve. Ele riu divertido me mandando tomar cuidado porque "cu de bêbado não tem dono, heim!?", acabei rindo também mandando apenas um "vai se foder!". Ele preparou um banho para nós e repousei tranquilo no seu peito, enquanto ele me abraçava com força. A água estava de morna para quente e ele me fez uma massagem muito boa no couro cabeludo. Não sei se pelo vinho ou pelo estresse do dia, mas acabei ficando com um tesão absurdo naquele momento.
Eu virei para ele, de forma que suas pernas passaram pela minha cintura e ficamos entrelaçados. Comecei com beijos carinhosos, e fui aumentando para beijos mais violentos, descendo ao seu pescoço e mamilos. Ele também estava com tesão, pois já gemia muito com meus toques. Eu gostava de sentir seu corpo peludo enquanto o beijava e a essa altura já sabia as regiões que o deixavam vulnerável para mim. Fiquei em pé e o mandei chupar meu pau, ele prontamente me obedeceu. Ele tinha dificuldade, mas consegui engolir quase que por completo.
Eu segurava sua nuca e quando via que ele estava sem ar fazia carinho em sua barba e rosto, o mandando aguentar. Ele por sua vez continuava, aguentando para além dos seus limites, tudo para me agradar. Era nítido o tesão dele ao me servir. Eu o peguei e levantei como se não tivesse peso algum e o levei para a cama, onde beijei muito meu delegado. Ele gemia e pedia por mim dentro dele, e eu pincelava seu rabo como forma de deixar ele naquele estado de desespero. Posicionei meu pau que babava muito na porta do seu cu, sentindo ele piscar em uma velocidade absurda. Não o penetrei, sabendo que ele queria aquilo desde a manhã em que eu havia chupado muito seu cu, deixando-o cheio de tesão.
Fiquei apenas posicionado e não fiz nada, deixando-o tomar o rumo da nossa foda. Eu beijava seu pescoço enquanto ele rebolava pedindo para que eu o comesse. Aos poucos, ele foi se encaixando no meu pau enquanto me segurava e eu sentia cada centímetro dele descendo, até que sentia sua bunda batendo no meu saco. Não aguentei e o beijei com vontade, começando a fodê-lo com muita força em seguida.
Não sei por quanto tempo eu o penetrei, só sei que foi tempo o suficiente para ele me arranhar e morder de todos as formas possíveis. Ele me xingava e gemia muito, enquanto eu delirava na sua bunda me segurando para não enchê-la de leite. Gozamos juntos, com ele mordendo meu pescoço marcando imediatamente. Mais uma vez, ele gozou sem se tocar. Ficamos ali deitados abraçados, enquanto eu tinha sua cabeça em meu peito. Fiz um cafuné nele enquanto Marinho repousava tranquilo.
Fizemos amor outra vez depois do jantar, mas agora na sala no tapete que ficava perto da lareira, decidimos aproveitar mais aquele ambiente que era agradável demais. Ele me comeu com uma força muito grande, parecendo querer se vingar de tanto que eu o tentei e deixei com tesão. Já que aconteceu de conversamos sobre isso durante a semana, faríamos sem preservativos dali em diante. Achei muito proveitosa nossa conversa sobre saúde sexual, não podíamos brincar com isso em nenhuma etapa da vida e vendo nossos resultados dos exames que fizemos recentemente as coisas só melhoraram. Havia confiança e motivação para confiar, era uma combinação maravilhosa.
Ele estava pelado na janela como sempre fazia e eu terminando de lavar a louça do café da manhã e de um lanche que fizemos. Me aproximei devagar o abraçando por trás, ele se aconchegou em mim. Era incrível perceber como nossos corpos se completavam em um abraço. Naquele momento Marinho parecia distante, não sabia ao certo do se tratava. Ele me apertou em seus braços como quem quer dizer alguma coisa.
_ Tem dias que é uma sensação tão ruim que só Deus sabe. – Falou recostando ainda mais seu corpo no meu.
_ A gente tá tendo um progresso legal. Tenho fé que as coisas estão indo por um rumo bom, logo mais a gente tá de férias e todo mundo salvo. Ninguém vai morrer. – Eu falei tentando o acalmar e a mim também, mas estava nervoso.
_ Contigo aqui acho que vai dar tudo certo mesmo. – Ele sorri beijando minhas mãos, continuando olhar a cidade através da janela.
Em determinado momento as luzes começam a oscilar um pouco. Marinho deu um pequeno pulo mais pra frente olhando que isso acontecia em toda a cidade. Nessa momento me encarreguei de segurá-lo pela cintura e trazê-lo para mais perto de mim, pedindo para ele se acalmar. Eu não estava entendendo aquilo, até um segundo atrás ele estava calmo e agora parecia extremamente agitado. Marinho estava prestes a falar alguma coisa, mas calou-se. Instantemente todas as luzes visíveis se apagaram, não restando nada além do completo breu para se ver. Eu não via nada, só sentia sua respiração agitada como a de um animal selvagem pronto para abater uma fera, ou vice versa.
O silêncio assustador era alimentado pelas folhas que batinham na janela devido ao vento, que naquele momento soprava forte. Ele me agarra falando em seguida:
_ Aconteceu de novo!