Meu Pai e Minha Noiva 15.

Um conto erótico de Lukinha e
Categoria: Heterossexual
Contém 3904 palavras
Data: 07/06/2024 15:17:17
Última revisão: 07/06/2024 17:43:28

É fácil, no momento de raiva, dizer que não nos importamos com alguém. Independentemente de tudo o que ele aprontou, era o meu pai que acabara de ser assassinado. Se ele era um cara bom ou ruim, ele não merecia aquele destino. O correto era que ele pagasse por seus crimes.

Lembrei das palavras da Tina: “Homens como o seu pai, que se entregam à escuridão, devem estar preparados para pagar o preço por suas escolhas”. Será que ela tinha alguma coisa a ver com o assassinato do meu pai? Era difícil de acreditar que uma garota tão meiga e delicada pudesse estar associada a algo desse tipo. Se bem que, crimes passionais, não tem explicação lógica. Eles apenas acontecem, sendo necessário apenas um gatilho.

Confesso que a notícia me pegou de um jeito que eu não estava preparado. Uma tristeza estranha invadiu o meu peito. Um misto de choque e incredulidade. Apenas voltei para o quarto e me deitei na cama, me cobrindo completamente, até a cabeça, com o lençol. Ouvia meu nome sendo chamado, tanto pela Olívia quanto pelo Carlos, mas eu estava em um mundo próprio, totalmente envolvido pelos meus próprios pensamentos sombrios e acabei saindo do ar.

Voltei à realidade apenas dois dias depois, sem a mínima noção do que tinha acontecido nas últimas quarenta e oito horas. Além do Carlos, da Vanessa e da Olívia, minha mãe, meu padrasto e até mesmo a Maitê estavam no meu apartamento. Todos preocupados comigo, cada um a seu modo.

Ao me ver acordado e reativo, um homem vestido de branco, provavelmente um médico, talvez um psiquiatra, tentava falar comigo:

— Sr. Rafael, como está se sentindo?

Estranhei a pergunta e, principalmente, a presença daquele homem:

— Apesar de tudo, até que estou bem.

Ele insistiu:

— Tudo? Tudo o quê?

Tentei forçar a memória, pois não entendia como minha mãe, orando ao pé da minha cama, chegou em meu apartamento sem que eu percebesse:

— Meu pai … acabei de ler a matéria … meu primo acabou de me mostrar o que aconteceu.

O homem se apresentou:

— Sr. Rafael, eu sou o César. Dr. César, para ser mais exato. Sou psiquiatra. A verdade é que já se passaram dois dias desde que o seu primo lhe deu essa notícia. Se o Senhor permitir, eu gostaria de examiná-lo enquanto faço algumas perguntas.

Dona Celeste me encarava apreensiva. Mesmo não entendendo muito bem o que ele dizia, achando que ele devia estar louco, achei melhor não me fazer de difícil, já que minha mãe estava angustiada e ansiosa.

Ele fez seus procedimentos e algumas perguntas relativamente simples. Acho que testando se eu estava em pleno controle das minhas faculdades mentais. Alguns minutos depois, ele disse:

— O senhor está saudável e lúcido no momento. Por enquanto, acho que não precisamos nos preocupar. Acredito que o Senhor acabou tendo um pequeno colapso. Foram muitas situações estressantes em tão pouco tempo e a notícia sobre o seu pai acabou sendo a gota d'água que fez o “copo” transbordar. O Senhor não precisa de qualquer tipo de medicação, mas eu o aconselho, por precaução, iniciarmos uma terapia o mais breve possível. Ela vai lhe ajudar a lidar com tudo o que vem ocorrendo. Entender o que aconteceu é importante, para que não se repita. Sentimentos reprimidos tendem a se manifestar fisicamente em algum momento.

O Doutor se despediu e, mesmo contra as orientações que ele deixou, todos vieram para o meu quarto imediatamente. Minha mãe me fez mil perguntas, para as quais eu não tinha nenhuma resposta e só após o Cirilo acalmá-la, ela me deu um pouco de espaço e sossego.

Carlos e Vanessa estavam mais calmos e brincavam com a situação. Maitê e Olívia pareciam assustadas. As duas com os olhos marejados, sem saber como falar comigo. Brinquei com elas, tentando dissipar aquela névoa negativa:

— Ei, relaxem vocês duas. Não foi dessa vez, eu ainda estou firme e forte.

Olívia não se conteve, vindo até mim, chorando enquanto me abraçava. Maitê chorava ainda mais forte, mas ainda imóvel, no canto dela. Eu não tinha a mínima ideia do que dizer ou como confortá-las. Acabei não dizendo nada e, com a desculpa de me deixar descansar, Carlos e Vanessa conseguiram acalmar as duas e as tiraram do quarto.

Aproveitei para tomar um banho e processar mentalmente a minha situação. Mesmo com aquele blackout na memória, eu me sentia bem e disposto fisicamente, com muita fome. Aquele sentimento anterior, misto e ruim, ainda estava presente, e trazia consigo o luto e uma certa melancolia. Por mais que ele não prestasse, ele ainda era o meu pai.

Após o banho, aproveitei a casa cheia para desviar de qualquer assunto que me incomodava. Era estranho ver a Olívia e a Maitê no mesmo ambiente. Não sei o que acontecia, mas as duas conversavam civilizadamente e nenhuma hostilidade transparecia.

Minha mãe, grudada em mim, preocupada e muito insistente, me mimava o tempo todo. Carlos e Vanessa meio que se transformaram nos anfitriões, tentando atender a demanda de todos e não deixando faltar nada para ninguém. Um pouco constrangida, eu acho, após o jantar, Olívia dividiu um quarto com Vanessa e nem tentou vir dormir comigo. Minha mãe e Maitê dividiram o outro e Carlos e Cirilo se instalaram na sala.

Consegui, sem muito esforço, me refugiar no meu quarto e tive tempo para avaliar tudo o que descobri depois que acordei. Carlos me colocou a par de tudo o que eu havia perdido: a investigação policial avançava a passos largos, pois a busca e apreensão feita anteriormente na casa do meu pai, fora muito bem sucedida e a polícia tinha bastante informação sobre tudo. Com a quantidade de provas apreendidas, a investigação não demoraria muito a ser concluída. Inclusive, até para o mandante do assassinato do meu pai, a polícia já tinha algumas respostas. Só precisávamos aguardar e confiar que a justiça seria feita.

Após sair do ar por dois dias inteiros, dormir foi impossível. Na manhã seguinte, fui o primeiro a estar de pé. Enquanto tentava preparar um café, Cirilo logo levantou também. Calmo como sempre, ele veio até mim:

— E aí? Como está se sentindo? Tudo bem? Você nos deu um baita susto?

Sorri pra ele:

— Estou bem. Acho que o tal doutor tem razão. Foi muita coisa em tão pouco tempo. Acabei segurando tudo …

Ele me abraçou, me apertando contra ele:

— Meus sentimentos, Rafa. Apesar dos pesares, ele era seu pai. Independente de qualquer coisa, é uma perda enorme. Eu realmente sinto muito. Entendo o conflito que você está vivendo.

Eu, sinceramente, me senti protegido e acarinhado por aquele abraço. Senti, naquele momento, que mesmo perdendo, eu acabava ganhando. Eu sentia dentro de mim que minha melancolia era substituída por esperança. Um pai ausente e ruim tinha partido, mas um novo se apresentava, com um desejo genuíno de ter seu espaço em minha vida e cuidar de mim.

Aceitei aquele abraço e o retribuí ainda mais fortemente. Desejando, do fundo do meu coração, que a partida daquele homem tão miserável, tão triste e solitário, tenha sido para o melhor. Pelo menos, seu rastro de destruição e infortúnio para os outros que cruzavam o seu caminho estava encerrado.

Quando nos desgrudamos, percebemos dona Celeste nos encarando, sorrindo para nós, orgulhosa dos dois homens da sua vida.

É claro que ela não perdeu a oportunidade:

— Essa água vai secar no fogo. Sai daí vocês dois, deixa que eu faço isso.

Aproveitei o momento para fugir de qualquer conversa mais séria:

— Se eu não estou enganado, hoje é segunda. Tenho que ir trabalhar.

Minha mãe me puxou:

— Como assim? Você não está falando sério, está? Não, não … sem chance. Você acabou de …

A abracei, bem apertado:

— Eu estou bem, mãe. Fica tranquila.

Todos começaram a chegar ao mesmo tempo. Menos a Maitê. Vanessa foi a primeira a falar:

— Hoje é nosso primeiro dia. Eu e Olívia estamos ansiosas. Podemos ir com você? Não vai pegar mal?

— Tranquilo! Por que pegaria mal? Moramos na mesma casa, é mais do que normal irmos todos juntos.

Enquanto as duas voltavam ao quarto para se arrumar, minha mãe aproveitou para falar comigo:

— Você pode dar alguma atenção à Maitê? Além do que aconteceu com o seu pai, o susto que você nos deu mexeu muito com ela. Ela praticamente implorou para vir comigo e com o Cirilo. Não tinha como deixá-la sozinha. Ela queria muito ver você, saber se estava bem. Eu sei que você ainda se importa com ela. Por favor, por mim.

Eu realmente estava fugindo, mas não só da Maitê, como também da Olívia. Era estranho demais vê-las juntas no mesmo ambiente.

— Eu sei, mãe. Vou falar com ela. Mas não agora. Tenho certeza de que a senhora não está pensando em ir embora hoje de qualquer maneira.

Cirilo entrou na conversa:

— Só eu vou embora hoje. Sua mãe quer ficar e cuidar de você.

Olhei para minha mãe buscando uma explicação e ela foi rápida:

— É claro que eu vou ficar. Agradeça por eu não ir com você para o trabalho. Aliás, nem acho que você deveria ir trabalhar hoje. Isso não está certo. Deveríamos marcar logo uma hora com o Dr. César. Ainda precisamos entender o que aconteceu.

Fui honesto com ela:

— Mãe, eu preciso manter a mente ocupada. Trabalhar é o melhor para mim no momento. Não vou abusar, prometo.

Nem deixei que ela respondesse e voltei para o quarto. Assim que comecei a me arrumar, ouvi batidas na porta. Já imaginei quem seria e abri:

— O que foi dessa vez, mãe? O que a senhora …

Era a Olívia:

— Minhas roupas estão aqui. Preciso me arrumar também.

Acabamos rindo juntos. Ela entrou e trancou a porta. Sem perder tempo, ela me deu um beijo delicioso. Longo, intenso e apaixonado.

— Desculpa, mas eu não conseguia mais me segurar. Estávamos todos muito preocupados com você.

Em seguida, ela disse uma coisa que me deixou bastante intrigado:

— Que estranho … A Maitê é completamente diferente do que eu tinha imaginado. Até tentei ter raiva dela, mas não consegui. Ainda mais depois de conversar com ela, das coisas que ela me disse …

Fui obrigado a perguntar:

— E o que foi que ela disse? E, mais importante, diferente do que você tinha imaginado? De que forma?

Olívia, enquanto se vestia, pensava bem na resposta que queria dar:

— Achei que ela seria uma daquelas interesseiras arrogantes, que se acha mais do que os outros … mas ela é o oposto disso. Ela é uma pessoa bastante interessante, objetiva. Ela até disse que não tem nenhuma pretensão de atrapalhar a nossa relação. Ela foi honesta ao dizer que ainda ama você, mas que tem a certeza de que o sentimento que você tinha por ela morreu.

Acabei dando uma bandeira enorme ao deixar meus pensamentos ficarem tão transparentes em meu rosto e não dizer nada de imediato. E sendo honesto, eu não tinha como dar uma resposta satisfatória. Eu estava confuso, incapaz de escolher entre Olívia e Maitê. Dentro de mim, qualquer escolha significava perda. Eu estava cansado de perder. Não importa o que fosse.

Olívia respirou fundo. Ela parecia angustiada e triste. Ela fez com que eu me sentasse na cama, e após andar de um lado para outro por alguns segundos, enquanto enrolava uma mecha de cabelo nos dedos, ela finalmente disse:

— Essa situação não está sendo justa para nenhum de nós. Não me entenda mal, pois eu não estou desistindo de você, longe disso, mas é necessário que a gente aborde a questão com outra perspectiva.

Ela se sentou ao meu lado, segurando em minha mão:

— Eu estou de luto, você está de luto … ambos estamos sofrendo. Não acho que é a hora certa para eu cobrar compromisso ou lealdade. Eu preciso me curar e você tem obrigações importantes no momento … que ser humano cruel eu seria lhe colocando contra a parede, fazendo com que abandone aquela garota grávida no momento mais frágil dela …

Tentei interromper, dizer alguma coisa, mas Olívia me calou com um beijo rápido:

— Eu já disse que não estou desistindo de você, de nós … eu apenas quero lutar de forma justa. Eu não vou abrir mão da oferta de emprego que você me fez e muito menos sair daqui … é só que … — Olívia estava com os olhos marejados. – … eu acho justo que você possa resolver a situação com a Maitê, à sua maneira, sem interferências ou pressão externa. Forçar uma relação, aproveitar a fragilidade desse momento, sendo que eu também não estou no meu melhor, é simplesmente errado. Eu não sou assim.

Olívia pegou as roupas que precisava e, antes de sair do quarto, disse:

— Éramos bons mesmo quando não tínhamos nenhum tipo de compromisso. Isso não precisa mudar. — Ela me deu um sorriso safado e saiu.

Eu fiquei ali, procurando um buraco no chão para enfiar a cabeça e nunca mais tirar. Eu estava envergonhado e me sentindo um lixo. Ver Olívia fazendo o que eu deveria ter feito, se impondo e escolhendo por nós dois — nós três na verdade. — Em um primeiro momento me fez sentir pequeno e mesquinho.

Pensando melhor, ao entender a mensagem que ela transmitia, aquele balde de água fria acabou se convertendo em um despertar. Um reboot, um recomeço. Era hora de fazer melhores escolhas e tomar as rédeas da minha vida. Era hora de ser ativo e deixar de ser reativo. Até aquele momento, desde que todos os meus problemas começaram, eu apenas reagia ao que era jogado sobre mim. Era hora de trilhar meu próprio caminho e parar de andar pela trilha criada por outros.

Me arrumei rapidamente e ainda tive tempo para conversar com minha mãe e Cirilo enquanto tomávamos o café da manhã e eu aguardava as meninas. Maitê finalmente apareceu. Ela estava com os olhos vermelhos e inchados. Aquela cena partiu o meu coração e me fez lembrar da conversa com Olívia, ainda fresca em minha memória.

Aproveitando que Cirilo recolhia a louça suja e minha mãe começava a lavar, me aproximei e me sentei ao lado da Maitê:

— Venho buscar você na hora do almoço. Acho que está na hora da gente conversar e, pelo bem do nosso filho, começarmos a estabelecer as bases para o futuro.

Ela me encarava admirada, incapaz de conter o sorriso. Pisquei para ela e me levantei, vendo que Vanessa e Olívia se aproximavam. Maitê segurou em meu braço, me fazendo olhar para ela de novo:

— Você acredita em mim? Acredita que esse filho é seu?

Vendo minha mãe ligada na conversa, mais ansiosa do que a Maitê pela minha resposta, eu confirmei:

— Sim! Eu acredito em você. Foi você mesmo que sugeriu fazermos o exame de DNA e em nenhum momento usou qualquer artimanha ou subterfúgio para tentar me enganar.

Fui ainda mais além:

— Se alguém tem que se desculpar, esse alguém sou eu. Deixei aquele monstro se aproximar de você e fui incapaz de lhe proteger.

Todos acompanhavam a cena. Até Olívia estava mais emotiva do que brava. Emoções a parte, era hora de trabalhar e eu cortei o clima de uma vez:

— Preciso ir. Volto na hora combinada. — Virei para Olívia e Vanessa. — Vamos? Cadê o Carlos?

— Ele saiu antes de você deixar o quarto. É o primeiro dia dele também. Ele queria chegar cedo e causar boa impressão. — Vanessa respondeu.

Finalmente saímos de casa, rumo a empresa. Com o trânsito agitado de toda segunda-feira de manhã, não sei como conseguimos chegar na hora. A manhã foi de orientação, de explicar para as meninas suas novas funções e também de olhar os interessados para a vaga do novo setor de pesquisa e desenvolvimento que eu estava criando.

Tanto Olívia quanto Vanessa eram boas no que faziam e rapidamente se adaptaram às suas funções e começaram a trabalhar. Quase não nos vimos naquela manhã. Como eram as responsáveis por seus setores, o foco das duas estava em conhecer suas equipes e criar um relacionamento sólido e respeitoso com seus subordinados.

A hora do almoço se aproximava e eu já estava pronto para ir buscar a Maitê quando minha secretária me informou:

— Sr. Rafael, tem um advogado aqui querendo falar com você. Ele disse que é importante, assuntos relacionados ao seu pai.

Eu sabia que esse momento chegaria, só não imaginei que fosse ser tão rápido:

— Vou recebê-lo.

Era o mesmo advogado que acompanhava meu pai nas reuniões no escritório do Dr. Mathias. Indiquei a cadeira e ele se sentou. Ofereci café e água, mas ele recusou, indo direto ao ponto:

— Como único parente e herdeiro, vim lhe informar que todo o processo funerário foi concluído ontem. A cremação ocorreu com o acompanhamento da autoridade policial. O Senhor tem algum desejo de retirar as cinzas do seu pai e cumprir o último pedido dele?

Não me senti confortável com a pergunta, pois acabei me esquecendo que como último parente vivo, seria minha aquela responsabilidade. Sendo bem honesto, eu não estava nem um pouco inclinado a ceder:

— Se eu me recusar, o que acontece?

Parecendo um robô, sem demonstrar a mínima emoção, o advogado respondeu:

— O desejo do seu pai será cumprido. Com ou sem você. Esse é o meu trabalho. E então?

Fui egoísta:

— Então pode fazer o seu trabalho. Eu passo. Aquele homem já teve mais do que merecia de mim. Chega!

Completamente profissional, sem nenhum resquício de se abalar com a minha postura, o advogado apoiou sua maleta sobre a mesa e me entregou alguns documentos que retirou dela:

— Para finalizarmos, de acordo com os desejos do seu pai, ele deixou para você alguns imóveis, inclusive a mansão em que ele morava.

Eu já ia interromper, xingar, mas ele foi mais rápido:

— Fique tranquilo, pois todos esses imóveis são “limpos”. Eles eram a segurança do seu pai e nenhum dinheiro sujo foi usado para aquisição dos mesmos. A parte suja, como já relatado à polícia, estava em nome de laranjas. Tudo foi devidamente entregue às autoridades. Eu já enviei uma cópia ao Dr. Mathias. Inclusive, já liguei e conversei com ele. Só preciso da sua assinatura, a transferência legal será feita pelo seu advogado, não por mim. Assim que você assinar, não teremos mais nada a discutir e o seu pai será um assunto encerrado para todos nós.

Peguei o telefone imediatamente e fiz a chamada. O Dr. Mathias me atendeu sem demora.

— Estou aqui com o advogado do meu pai. Tudo o que ele me disse confere? Posso assinar sem medo?

Meu advogado me acalmou:

— Pode sim. Minha equipe já conferiu tudo e nada está ilegal. Consultei os investigadores que estavam cuidando do caso do seu pai também e eles confirmaram. Nada do que está sendo deixado para você está sob suspeita.

Agradeci o Mathias, me despedi e assinei os papéis em seguida, liberando o advogado. Ele tinha mais a falar:

— Obviamente, com a morte do seu pai, o processo em que ele era réu, foi encerrado. Resta apenas, e isso agora depende apenas de você, já que é o único parente e por suposto, interessado, a conclusão das investigações no caso do assassinato. Em breve, a polícia fará uma declaração e apresentará o culpado. Só nos resta aguardar e torcer para que a justiça seja feita.

Ele se levantou e se despediu:

— Passar bem, Sr. Rafael. Eu lhe desejo uma vida plena e feliz.

O advogado se foi e só faltava a conclusão sobre a investigação do assassinato do meu pai. Com o predador morto, eu tinha a certeza de que as mulheres que foram suas vítimas estavam se sentido frustradas. Pelo menos, eu me sentiria assim. A morte não faz justiça, ela apenas libera o réu da culpa e da pena. Mas, de qualquer forma, essa agora era a responsabilidade de forças superiores, muito acima da minha alçada.

Avisei a minha secretária que tinha um compromisso fora, sem hora para voltar e também mandei mensagens para Olívia e Vanessa dizendo que estaria de volta até o final do expediente. Como morava relativamente perto da empresa, com a ajuda de um trânsito melhor, estava em casa em menos de meia hora.

Almocei com minha mãe e a Maitê, Cirilo já havia voltado para nossa cidade natal. Assim que terminamos de comer, dona Celeste entendeu a situação e disse que iria dar uma volta pelo bairro, talvez ir ao shopping e nos deixou a sós. Ela era esperta e não foi preciso que disséssemos absolutamente nada. Ela torcia abertamente pela minha reconciliação com a Maitê e não fazia nenhuma questão de esconder.

Desde que cheguei, notei como a Maitê estava vestida para me impressionar, para mexer comigo. Apesar de simples, suas roupas eram sensuais, mas longe de serem vulgares ou apelativas. O short de tecido fino, mais largo, deixava as coxas bem expostas, às vezes era até possível ver um pedacinho de calcinha. A blusinha também era mais solta, confortável, marcando os biquinhos dos seios. A falta do sutiã era proposital, para me atiçar, não me deixar desviar o olhar.

Tentei resistir, focar a mente em outra coisa, indo direto ao ponto. Começamos pelo assunto mais sério e que eu achava mais necessário para o futuro da Maitê:

— Como faltava apenas um semestre para você quando tudo aconteceu, eu gostaria que você terminasse a faculdade.

Maitê me olhava sem entender, como se eu falasse em grego. Me expliquei:

— Meu pai tentou destruir o que tínhamos e não é justo que você tenha que desistir dos seus sonhos por causa do que ele fez. Eu vou pagar sua mensalidade e lhe apoiar no que for necessário.

Maitê me surpreendeu:

— Ele não apenas tentou, como conseguiu. Eu perdi tudo …

Maitê sempre foi sensível. Ainda mais depois de tudo pelo que ela passou recentemente. Reviver novamente o mesmo trauma que destruiu sua infância e sua família, e ainda conseguir se manter de pé, tentando lutar, era admirável. Vendo que ela começava a chorar, incapaz de se segurar, eu também não resisti e instintivamente a abracei, tentando confortá-la:

— Tudo não. Eu ainda estou aqui. Nosso filho está a caminho. Você é uma guerreira. Assim como minha mãe, você é forte. Você parece até mais filha dela do que eu.

Maitê me apertou forte, buscando abrigo em meu peito:

— Eu perdi você … meu grande amor. Eu sei que jamais vou conseguir lhe esquecer e seguir em frente. E ainda tem a Olívia, que é uma mulher incrível, que também merece ser amada … eu não quero atrapalhar o que vocês estão construindo, não é justo, seria egoísmo …

Naquele momento percebi que mesmo me fazendo de forte, eu estava um pouco ressentido com a Olívia. Mesmo admirando sua coragem e atitude ao ser honesta comigo e me dar espaço, eu não suportava mais perder. Maitê foi tirada de mim por covardia. Olívia, por altruísmo, mesmo dizendo que não se afastaria, que iria lutar de forma justa, estava se protegendo para não sofrer.

Me sentindo incompleto, meio que explodi, deixando Maitê completamente abismada com minhas palavras:

— Por que eu não posso ter vocês duas? Por que eu tenho que escolher? Por que alguém precisa sair perdendo?

Para completar minha total falta de noção, incapaz de tirar meus olhos daquele corpo que me estava me deixando louco, eu sucumbi aos meus desejos reprimidos e apenas beijei a Maitê. Um beijo quase obsceno, de pura luxúria e saudade.

Ao invés de brigar comigo, ela sorriu e montou sobre mim, tirando rapidamente a blusa e retribuindo o meu beijo com ainda mais intensidade e desejo.

Continua …


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Comentários

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Esse sem dúvidas é o personagem mais pamonha de todos os contos que já li.

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Lukinha é Ida a situação na cabeça dele só embaraça kkkkknota mil parabéns

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Não sei não, mas, algo me diz que ainda vão aparecer coisas relacionadas ao pai do Rafael.

O que o Rafael diz ser sem noção, pode ser que seja a solução para o enlace romântico que está acontecendo no coração e na cabeça dele, pois assim ele terá as pessoas que gosta!

Ida, Luk, maravilhoso como sempre! Parabéns!

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Opa me caro, ótimo relato! Confesso que conhecendo um pouco sua lógica eu esperava por isso. Vc é um romântico liberal nato. É difícil imaginar as duas numa mesma casa com mulheres se relacionando, até porque Maitê não foi descrita como bi ou lésbica, mas vc é um fera. Fico feliz com o apoio a Maitê.

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Que sensacional esse capítulo! O Rafael está correto,se pode ficar com 2 para que escolher só uma se as duas são perfeitamente viáveis ! Ambas se completam, o que em uma falta outra preenche 😂. Parabéns parceiro!

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Eba! Bora ler!!!!

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