Segundas Intenções

Um conto erótico de Darius Rossi
Categoria: Heterossexual
Contém 2481 palavras
Data: 10/04/2024 21:38:05

Se não fossem por estas regras e convenções morais que regem nossa sociedade, talvez eu já teria cruzado aquele semáforo vermelho há muito tempo. O frenesi desta metrópole é enlouquecedor, tornando desafiador manter-se no caminho correto o tempo todo. Mas, no fundo, não é exatamente sobre desafiar o irritante semáforo à frente que desejo falar. E sim, sobre um sentimento clandestino, uma paixão dessas que dilaceram o peito e nos arrebata com voracidade. Olha, talvez fosse melhor nunca atravessar a linha tênue que divide a razão da emoção, pois uma vez que se faz, você nunca será mais o mesmo, ao menos é o que me parece. Mas continuando, desde que… bem, não consigo tirá-la da cabeça. Seus passos descalços vagam constantemente pelos corredores da minha mente, a minha espreita, nutrindo esse delicado desejo.

Em busca de um pouco de paz, ouvia um conhecido podcast sobre escrita criativa enquanto dirigia. Ao menos assim, consigo me concentrar no antigo sonho de escrever um livro de contos que mesclasse suspense, terror e erotismo. Foi então que uma garota atravessou apressadamente a faixa de pedestres, capturando minha atenção de forma avassaladora. Sua semelhança com ela era tão marcante que foi impossível evitar que as recordações povoassem minha mente.

Era chegada a data do casamento de Débora e Juliano, sendo este último, meu primo. E não era um primo qualquer; desde a infância, cultivamos uma conexão especial; uma amizade dessas que nos faz entrar numa briga sem ao menos saber qual a razão. E por isso, fiz questão de dirigir por cerca de treze horas, para estar presente e celebrar esse momento tão importante em suas vidas. No entanto, talvez existissem outras motivações por trás desta decisão, talvez fosse apenas para …

Débora sempre foi uma pessoa incrível. Têm o poder de fazer um homem se apaixonar por ela no instante que a vê. Seu olhar maroto, frequentemente me levava a devaneios lascivos a seu respeito. E seus pés? Ah seus pés! Pequenos e delicados. Por diversas vezes me peguei sonhando com ela, porém em uma cena, que para alguns, possa parecer muito peculiar: Seus punhos amarrados na cabeceira da minha cama, elevados acima de sua cabeça. Seus tornozelos presos aos pés da cama mantinham suas pernas abertas, expondo sua sexualidade a mim. Vendada, ela apenas aguardava perdidamente ser tocada com luxúria.

Mas eu não era o único a sentir esse desejo por Débora. Nos conhecemos logo que ela começou a namorar Juliano, o que significa que isto aconteceu há cerca de dez a doze anos atrás. Lembro-me de como ela rapidamente conquistou o carinho de toda família. Durante estes anos, sempre estivemos próximos. Desde compartilhar uma pizza na casa dos pais dela, visitar cachoeiras ou simplesmente tomar uma cerveja no bar. Mas ela prefere vinhos, e eu nunca me esqueço disso. Como sempre fui um bom observador, era fácil notar os olhares libidinosos de muitos que estavam ao seu redor. Tenho certeza de que até mesmo Juliano, percebia isso. Mas ele sempre soube lidar com isto, e com muita tranquilidade. Muito porque ela sabia manter todos os cafajestes em seu devido lugar. Débora sustentava uma inocência que costumava me deixar pertubardo, pois ela contrastava diretamente com o seu semblante que parecia estar sempre a nos encorajar a ultrapassar a linha do proibido. O seu abraço, ou qualquer gesto de carinho despretensioso, pareciam me mais ser uma forma de brincar com o desejo de qualquer um que estivesse sob o seu domínio.

Com o passar dos anos, o relacionamento deles se fortaleceu ainda mais, e foi justamente por isso que lutei para afastar aquele desejo que eu alimentava em relação a ela. Cheguei até a tentar me distanciar deles. No entanto, isto se mostrou complicado e não apenas pela ótima relação que tínhamos, mas também pela minha própria fraqueza. Nunca pensei que no auge dos meus quarenta anos e poucos anos, me veria desta forma, dominado por uma paixão impossível de ser vivida.

E lá estava eu, testemunhando-a entrar pela porta daquela imponente igreja, acompanhada por seu pai em direção ao altar. E ela estava linda. Por um breve instante, nossos olhares se encontraram. Ela me fitou diretamente nos olhos, da mesma forma que por anos me confundia. Mas então… eles se casaram. A festa foi incrível, regada à tradicional comida mineira e, é claro, não poderia faltar, a velha e boa cachaça do alambique de seu Zé Pimenta.

Como estava de férias, aproveitei para relaxar um pouco e ficar por mais alguns dias na cidade. Tempo suficiente para que eles voltassem da lua de mel. Certo dia, Juliano me convidou para ir à sua casa. A ideia era juntar a nossa velha turma para uma boa prosa e saborear os deliciosos salgados de Tia Vanilde. Naquela noite a casa transbordava vida, com crianças correndo de um lado para outro, cachorro latindo e nós, em torno da mesa, envolvidos em animadas partidas de Uno.

Num dado momento, deixei a mesa e fui encontrar o Gigante, o cachorro deles lá no quintal. À espreita dos olhos dos donos, joguei três coxinhas e duas bolinhas de queijo para o velho amigo. Depois, acabei por ficar distraído observando o céu. Era uma bela noite, estrelada, sem nuvens à vista. Torci para que o dia seguinte trouxesse uma noite como aquela; seria reconfortante pegar a estrada de volta sob um o céu daquele. — Perdido nas estrelas? — Era ela, linda como sempre, com seus pés descalços, cabelo preso num rabo de cavalo e um vestido que delineava perfeitamente seu corpo.

— Pois é, estava aqui pensando. Seria bom estar assim amanhã, uma noite como esta, é ótima para dirigir. — Houve um breve silêncio. — Você mora tão longe, fiquei muito feliz que veio — ela disse, parando ao meu lado. Depois de fitar os seus olhos, olhei rapidamente a janela da cozinha, me certifiquei que nenhum curioso nos vigiava, embora eu acreditasse que não houvesse motivos para alguém nos espreitar. Não vi ninguém, só ouvia as vozes tumultuadas vindas de dentro da casa. — E eu não perderia este dia por nada. Vocês sabem que são muito especiais. É muita história entre nós.

— Obrigada… Você não faz ideia como gosto de você — ela falou, então jogou seus braços por cima do meu ombro e me abraçou. Neste momento, meu coração acelerou como há muito tempo não acontecia. Com uma mão na sua cintura e outra acariciando sua mão, encostei meu rosto ao pescoço dela, apreciando vagarosamente o seu cheiro. Ouvi-a sussurrar de forma sutil, quando minha barba resvalou em sua pele. Usando suas unhas, ela acariciava minha nuca em movimentos delicados, o que me incitava fortemente.

— E você não faz ideia de como quero você — sussurrei aquelas palavras em seu ouvido. Com uma voz carregada de prazer ela respondeu: — Talvez eu saiba sim. — Movendo suavemente meu rosto no seu, fiz nossas bocas se encaixarem em um beijo intenso, preenchido de muito desejo e pecado. Rapidamente, tratei de levá-la para longe daquela luz, que vinda da cozinha, poderia nos denunciar a qualquer momento. Aproveitando a escuridão, encostei-a no muro do quintal e ali, nos beijávamos com volúpia.

Levando minha mão entre as suas pernas, deslizei com segurança, meus dedos pela pele macia de sua coxa, subindo o seu vestido. — Não… não faz isto, por favor … — ela murmurou. Mas pude logo perceber sua intimidade molhada, me provando que suas palavras se opunham completamente contra o que seu corpo me dizia com muita clareza. Continuei avançando, explorando sua sexualidade, me deixando levar pelas sensações que ela transmitia. Encontrando seu ponto mais sensível, iniciei uma carícia suave, e à medida em que intensificava aquele estímulo, suas unhas cravaram em meu braço com vigor, revelando sua excitação.

Abri o zíper da calça e segurando o seu braço, guiei sua mão até meu membro ereto. Ao nos olharmos, apreciei suas bochechas coradas e sua respiração entrecortada e sem trocarmos uma só palavra, ela começou a me estimular. Definitivamente havíamos ultrapassado a temida linha. Eis que o Gigante começa a latir repentinamente, nos assustando. Com isto Débora se afastou de mim e voltou para dentro da casa. Sabe lá porque aquele cachorro inventou de latir justamente naquela hora, ninguém estranho havia se aproximado. Eu fiquei parado ali sozinho, sem acreditar no que havia acontecido e aguardando o ardor se dissipar.

No final daquele dia, dormir era uma tarefa impossível. Não parava de pensar nela. “Como será que ela está?”, “Será ela que vai mudar comigo?”, não parava de me fazer aquelas perguntas. E neste momento é que lhes apresento o poder da paixão, poder que nos subjuga, nos reduz a pó e que transforma homens feitos em adolescentes ingênuos e sonhadores.

No dia seguinte, Juliano apareceu logo cedo lá em casa. Assim que o vi pela janela da sala, o primeiro pensamento foi: “Fodeu… ela contou!”. Mas assim que ele levantou a sacola, mostrando que havia trago um queijo que ele havia me prometido, meu aliviado foi imediato. Juliano estava indo trabalhar, mas mesmo assim reservou um tempo para tomar um café comigo. Durante a nossa prosa eu só conseguia pensar em Débora. Desejava mais do que nunca vê-la ao menos mais uma vez, embora temesse sua reação.

Na frente de casa nos despedimos, mas antes de sair, montado em sua moto, ele comentou: — Hoje Débora acordou estranha, meia indisposta, nem foi trabalhar. Talvez seja a tal da Dengue. — Houve uma pausa dramática e meu coração deu um salto. “Droga! O que eu fiz?”, pensava comigo mesmo. Débora é cabeleireira, apaixonada por seu salão. Dificilmente deixaria de ir, senão por um bom motivo, ao seu trabalho. — Mas ela mandou dizer que vai ficar brava com você se não for se despedir dela — acrescentou Juliano enquanto colocava o capacete. E assim veio o segundo suspiro de alívio. — Boa viagem primo, e vê se não demora voltar — concluiu, ligando a moto e partindo.

No começo da tarde, bati à porta da sua casa. E assim que ela me viu, entusiasmada exclamou: — Até que enfim! Ah se você não me aparecesse aqui! Iria atrás de você lá em São Paulo — me envolvendo em um abraço afetuoso. Notei que ela estava usando o mesmo vestido da última noite, o que me trouxe grande satisfação, pois lhe caia muito bem. — Sabe, ontem aprendi que preciso tomar cuidado com esses nossos abraços, são muito perigosos — ela brincou, quebrando qualquer desconforto que pudesse ainda existir naquela situação. Então sorri e concordei dizendo: — Bom, eu não lhe tiro a razão — minhas mãos progrediram por suas costas, a desejando, a sentindo. A proximidade da sua boca com a minha, deixava o desafio de não beijá-la ali mesmo, na frente de sua casa, extremamente difícil. — Vem, entra. Não tem cerveja, mas toma um vinho comigo. Ah! esqueci! Você não pode beber hoje. Terá que ficar só no cafezinho mesmo.

Mas bastou ela fechar o portão para que nossos corpos se unissem em um beijo fogoso. As roupas eram tiradas uma a uma e jogadas ao chão sem cautela alguma. Erguendo-a contra a parede da sala, entre suas pernas a penetrei com força, para o bem do prazer, ela já estava incrivelmente lubrificada. Lá fora, o Gigante não parava de latir, dava até para ouvir suas patas arranharem desesperadamente a porta da cozinha, querendo entrar.

Colocando-a sobre a mesa, continuei a penetrá-la. Nos beijávamos perdidamente. Então, carregando-a em meus braços a levei para a proibida cama do casal. A deitando na cama, logo aquela cena tão fantasiada por mim, veio à minha mente, uma pena eu não estar com minhas cordas aqui. Segurando uma de suas pernas, a ergui conduzindo seu pé até os meus lábios e segui chupando seus dedos, um a um. Depois desci resvalando minha boca por entre suas pernas até abocanhar o seu sexo. Débora arqueou o corpo e sussurrou um gemido safado, de imenso prazer. Minha boca explorava seu centro molhado com um ânsia. Até que, a coloquei de quatro na cama, e depois de uns belos tapas em sua nádega enquanto a chamava de putinha safada, voltei a penetrá-la com avidez.

Trepamos por cerca de uma hora e meia. E tive o prazer até de romper as deliciosas pregas de seu anelzinho. Deitados na cama, ainda nus e entrelaçados um ao outro. Ficamos por um tempo trocando beijos e carícias e rindo daquela situação. — Não dormi pensando naquele beijo. — Ela me confessou enquanto seus dedos brincavam com os pelos do meu peito. — Eu também não, mas estava receoso, achei que se afastaria de mim, principalmente depois de ver seu marido bater lá na porta de casa hoje cedinho — respondi sorrindo enquanto afagava seu cabelo. Me olhando nos olhos, perguntou: — Me promete manter isso em segredo? — Nos beijamos, os beijos ecoavam arteiros pelo quarto — Só se me prometer que irá trepar comigo assim sempre que eu voltar — beijei seu pescoço e continuei — E virar minha safada, só minha. — Débora sorriu, mordeu os lábios e respondeu: – Seu bobo, amei trepar com você, você é muito gostoso. Eu quero muito virar a sua putinha - nos beijamos novamente e ela continuou - Eu amo o seu primo, só que descobri que sou completamente apaixonada por você.

Aquelas palavras me incendiaram. Engatinhando sobre meu corpo, ela segurou meu membro e o conduziu em sua fenda. Seu riso safado, mordendo os lábios enquanto se deslocava suavemente em meu sexo, me levava a insanidade. Enquanto ela cavalgava, sem parar, fiquei analisando sua expressão, e por um breve momento, baseado em puro instinto, ou talvez puro delírio, eu tive a estranha sensação de que eu não era o único a desfrutar daquele fruto proibido. Não sabia explicar o porque chegara àquela conclusão, mas fato é que aquele raciocínio repentino me torturava. E sentindo-me incapaz de tê-la só para mim, fiquei furioso. O que me fez agarrá-la pelo cabelo com força e a jogar meu corpo contra o dela com um ímpeto vigoroso, intensificando assim nossos movimentos impulsivos. Gozamos, e numa sincronia quase perfeita. Ela me olhava sorrindo, e sua expressão já me dizia o quanto havia gostado daquela maior intensidade nos últimos minutos.

Cerca de duas horas depois, eu estava sozinho a percorrer um pouco mais de oitocentos quilômetros de volta para casa. Refletia sobre tudo o que havia acontecido e só conseguia concluir que queria mais, e muito mais. Alguns dias depois, as coisas pareciam ter voltado ao normal. Com ela lá, e eu aqui, infelizmente eu sabia que aquele desejo acabaria esfriando. Distância é foda. Tanto que dois dias depois, Débora me enviou uma mensagem me dizendo que seria melhor para nós dois, não alimentar aquele desejo, não levar aquilo adiante. É, parece que alguém havia recuperado o juízo, mas este, tragicamente, não era eu. E pior, só de imaginar que qualquer um daquela cidade poderia estar… ahh! Eu vou acabar ficando louco pensando nisso. Enfim, daqui a dois meses eu voltarei lá. Realmente preciso resolver alguns problemas, enfim. Ou talvez seja apenas para…


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