TINHA QUE SER VOCÊ - O3: DESTINO (JOÃO)

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 1857 palavras
Data: 23/02/2024 00:31:38

E AI, PESSOAL? ESTÃO GOSTANDO? EU SEI. AINDA É CEDO PARA PERGUNTAR, MAS, POR FAVOR, FORTALEÇAM ESSE HUMILDE ESCRITOR COM CURTIDAS, COMENTÁRIOS E DIVULGAÇÃO. QUASE NÃO PEÇO NADA PARA VOCÊS. AJUDEM O MEU TRABALHO, POR FAVOR.

CAPÍTULO 3: DESTINO

NARRADOR: JOÃO

Eu nem acredito que caí na história do Mauro. Aquele papinho furado de ser virgem. Imagina com quantos outros caras o desgraçado ficou nos últimos meses? Eu só quero morrer. Desaparecer deste mundo perverso e cruel.

Estou perto da minha casa. Preciso respirar e fingir que está tudo bem. Tirei a chave da mochila e destranquei a porta de metal, que faz o seu habitual barulho de metal velho. Tirano, o cachorrinho que adotamos, vem na minha direção todo faceiro. Ele é um vira-latas preto, mas com várias pintinhas brancas, quase um dálmata ao contrário.

A dona Esther, a minha mãe, é uma doceira de mão cheia e faz encomendas pelo bairro. O cheiro de bolo toma conta do pequeno jardim que temos na entrada de casa. O papai, seu Josué, vive viajando a trabalho, então, é difícil vê-lo nos dias de semana.

Antes de entrar, respirei fundo e deixei todo o sentimento negativo para trás. Minha mãe me conhece bem e vai pegar no ar a tristeza dentro do meu coração. Deixei a mochila no sofá e segui para a cozinha. Encontrei o meu irmão e a dona Esther debruçados sobre o celular e escuto a minha voz saindo do aparelho.

"Posso deixar as coisas mais interessantes, seu babaca!"

Os olhos da mamãe estão arregalados. O JR me olha de maneira estranha. Na verdade, os dois estão assustados. Alguém gravou o barraco no restaurante? Meu Deus. O meu coração parece que vai sair pela boca de tanto nervoso. Eu tento ensaiar algumas palavras, porém, não tenho coragem de dizer nada.

— Você é gay, João? — perguntou a minha mãe, fazendo o meu irmão se assustar ainda mais.

— É brincadeira, mãe. — ele intervém ao meu favor. — Deve ser alguma trollagem.

— Eu sou mãe. Eu sou gay. — eu soltei de uma maneira natural, mas assustadora para mim.

— Filho. Eu...

— Gente, qual é. Tivemos um dia cheio e não devemos resolver as coisas assim. — O JR deu alguns passos e ficou entre nós. — É melhor conversar depois e...

— Eu estou cansado, mãe. Cansado de fingir ser alguém que não sou. — eu abri o meu coração e não contive as lágrimas.

— Oh, meu filho. — a mamãe se levantou, andou em minha direção e me deu um forte abraço. — Não se preocupe, viu.

— Ufa. Pensei que ia ter um barraco agora. — brincou o meu irmão tentando quebrar o gelo. Ele sentou na cadeira da mesa de jantar e respirou aliviado.

Tive que explicar toda a história para os dois. Eles ficaram revoltados com a traição do Mauro, mas a mamãe pediu para que eu não contasse ao meu pai, só que seria um pouco difícil com os milhares de compartilhamentos nas redes sociais.

Quem adorou a repercussão foi o JR. Ele fez um vídeo em sua conta no Tik Tok afirmando não ser o rapaz do vídeo, uma vez que a gente tinha o mesmo rosto. Apesar de tudo, o meu irmão foi super compreensivo e garantiu que tinha dúvidas sobre a minha sexualidade. Na verdade, a única preocupação dele era a rejeição por parte dos nossos pais.

Nos grupos da instituição, o único assunto era o vídeo da traição. Fui chamado de 'O Corno da Caipirinha'. Ainda bem que faltam poucos meses para esse inferno acabar. Eu vou fazer o vestibular e começar o meu curso de Sistema da Informação. Isso é só uma fase. É só uma fase.

— João, cara, por favor, converse comigo. — pediu Mauro, após o professor sair da sala.

— Mauro, eu já falei que não quero conversar contigo. Eu só quero ficar em paz. — pedi, colocando os livros sobre a mesa. Na instituição, os alunos tinham que devolver os livros usados no ano letivo e os meus estavam impecáveis.

— Por favor, eu estou pedindo uma chance de me explicar e...

— Eu não tenho nada para conversar com você, Mauro. Tenha uma ótima vida e cresça. — eu soltei, antes de assinar o termo de responsabilidade e deixar o Mauro sozinho na biblioteca.

As aulas terminaram e pude respirar aliviado. O único que vai sentir falta do ensino médio é o JR. Diferente de mim, o meu irmão sempre foi popular, conseguindo diversos amigos e amores. A única vez que tentei dar uma chance ao amor virei o 'corno da caipirinha', que ódio!

Enfim, eu preciso focar nos meus estudos. Graças ao Enem, obtive uma boa nota e vou estudar em uma universidade próxima de casa. Até pensei em universidades públicas, mas elas estão localizadas distantes do meu bairro.

Depois de um dia cansativo para levar meus documentos até a universidade, retornei para casa e do jardim senti o cheiro um cheiro irresistível. Isso só podia significar uma coisa: a mamãe estava na cozinha. A encontrei à beira do fogão, imersa em uma nuvem de felicidade enquanto preparava o seu famoso doce de morango.

— Oi, mãe! Uau, esse cheiro está incrível! O que você está aprontando? — perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

Ela se virou para mim, um sorriso caloroso, que iluminou o seu rosto. A verdade é que, desde que me assumi, as coisas não mudaram nada. Dona Esther provou o seu amor por mim e aceitou a minha sexualidade, ou seja, a diva se tornou a personificação da aceitação.

— Oi, amor da minha vida. Estou fazendo o seu doce favorito. — ela avisou, voltando a atenção para a panela. — Sei que você adora. Sente, quero saber tudo sobre o seu dia.

Gratidão. Reconheço a sorte que tive. Sentei à mesa da cozinha, enquanto a mamãe continuava a preparar seu doce com mãos ágeis e experientes. A casa modesta, com suas paredes desgastadas e móveis simples, era o nosso refúgio. Mas ali, naquela cozinha, não importava o quão modesto fosse, porque estava cheio de amor e aceitação.

Enquanto os morangos ferviam na panela, começamos a conversar sobre a faculdade. A mamãe sempre foi uma mulher sábia, apesar da simplicidade de sua vida. Ela nos encorajou a perseguir os nossos objetivos, independente de quem somos.

Ela parou por um momento, olhando com ternura para mim. Eu sou louco por essa mulher e vou fazer de tudo para lhe dar uma vida digna.

— João, meu filho, eu sei que você vai conquistar todos os seus sonhos. O seu irmão também, mesmo o coitadinho sendo desmiolado. — ela brincou, finalmente, terminando de fazer o doce e colocando uma tampa sobre a panela.

— Ele já voltou do alistamento? — questionei, apoiando os cotovelos na mesa. Curioso, pois o José nos assustou quando contou o desejo de seguir a carreira militar.

— Nada. Essas coisas duram o dia todo. Agora, vá tomar banho. Vou começar a fazer os preparativos dos bolos de potes e preciso de ajuda. — ela me convidou, colocando a mão na cintura e sorrindo.

— Ok! — exclamei, levantando os braços e correndo para abraçá-la.

As semanas foram se passando e o papai retornou para casa. O Seu José assistiu ao vídeo do 'corno da caipirinha', mas reagiu de uma maneira tímida à minha saída do armário. O papai é o tipo de pessoa que odeia conflitos, ou seja, enquanto estivermos em um bom caminho não há motivos para escândalos.

O Natal passou e, em seguida, veio o ano novo. O José foi chamado para todos os tipos de festas e confraternizações. Aproveitei a folga para adiantar os assuntos da faculdade, eu não quero chegar lá cru e passar vergonha na frente de todos.

No primeiro dia de aula, pude conhecer os meus companheiros de sala. Diferente do ensino médio, o curso de sistema da informação é formado por pessoas de diversas idades, alguns já são senhores de idade.

Desde o momento em que pus os pés no campus, senti a vibração pulsante de possibilidades e desafios que aguardavam minha jornada acadêmica. Diferente da minha antiga instituição, a faculdade de tecnologia conta com prédios modernos e corredores movimentados, como veias pulsantes, conectando alunos com diferentes trajetórias e origens.

Dentre os poucos colegas que se destacaram, alguns ganharam a minha simpatia. Trocamos ideias e possibilidades que o mundo da programação nos oferecia. Entre esses colegas, havia os notoriamente atraentes, os 'nerds gatos', como alguns gostavam de chamar. Mas, para mim, o verdadeiro encanto estava nas linhas de código, nas soluções de problemas e na imensidão do conhecimento à nossa frente.

Contudo, a vida universitária não se resumia apenas a salas de aula e códigos. Recebemos o convite para a festa universitária lendária, destinada a dar boas-vindas aos calouros. A tentação de participar foi forte, e decidi fazer algo que nunca fiz antes: chamei o meu irmão para me acompanhar.

Não queria admitir, mas fiquei com saudades do traste. Sempre fomos unidos e compartilhamos 18 anos de nossa vida. Agora, cada um seguiria o seu caminho, eu na universidade e o José na carreira militar. Inclusive, ele conseguiu entrar para o Exército em um batalhão próximo de casa.

— Cara, se comporta. — pedi, andando ao lado do meu irmão.

— Relaxa, quando te dei trabalho? — ele perguntou, dando um soquinho no meu ombro e sorrindo.

Ao atravessarmos os portões da festa, mergulhamos em um mar de luzes, músicas e jovens. A energia me atingiu como um raio. Diferente de mim, o José já pegou um copo e correu para o open bar, afinal, pagamos quase R$ 100 nas pulseiras do evento.

Encontrei alguns colegas da faculdade. Percebi que estavam tão deslocados quanto eu. Isso é bom, não é? Por que não quero parecer estranho na frente de todos. A música alta toca e nos afastamos para falarmos sobre um projeto que queremos desenvolver.

O bate-papo é tão gostoso. Na instituição, eu era tratado como o nerd desajustado, porém, perto dos meus colegas eu me sinto incluído e o sentimento é bom demais. Depois de alguns minutos, percebi que o José não havia voltado com a cerveja.

— Caras, eu preciso encontrar o meu irmão. — falei, pedindo licença e me esgueirando entre as pessoas.

Do nada, fogos de artifício começaram a iluminar os céus. Todos nós olhamos para cima e ficamos admirando as faíscas cintilantes. Realmente, o orçamento para a festa foi grande. Alguns alunos pegaram os seus celulares de marca e apontaram para cima. Aproveitei a distração para continuar avançando.

— Eu não sou viado, porra! — ouvi José gritando e corri na direção de sua voz.

— Que merda, João. — alguém gritou e a atenção da festa se voltou para o meu irmão.

— Amigo! — uma moça correu na direção de uma pessoa jogada no chão. — O que esse homofóbico fez?

— Homofóbico? — questionou José, acoado e passando a mão na boca. — Ele me beija a força e sou homofóbico?!

— José! — gritei, tentando passar pela multidão e cheguei perto da confusão. — O que tú fez? — quis saber, pegando no ombro do meu irmão e olhando para a pessoa deitada no chão. — Ei, — peguei na cabeça. O rosto dele me trouxe um turbilhão de sentimentos. — Hector? Caramba. — me abaixei, pegando em seu rosto vermelho pelo soco do José. — Você está bem? Esse brutamontes te machucou?


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Comentários

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Meu comentário saiu truncado. Este corretor... Amo teus contos. Obrigado por escrever.

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vc tem o talento de emocionarseus fãs.

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estou adorando o conto. cintinue com seu talento em proporcionar alegruas em.forma de conto.

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