Perdão pela demora em continuar relatando nosso relato, prometo que irei me dedicar mais.
Antes de continuar escrevendo, gostaria de dizer que hoje estou vivendo um sonho, um sonho apenas nosso. Um sonho com alguém que está em busca do mesmo que eu, apesar de apenas nós dois sabermos disso, achamos que assim é melhor para nós dois.
Sem mais enrolação...
Quando eu li aquela última mensagem fiquei apreensivo. Imaginando que ele não teve coragem de dizer não na minha cara e iria dizer aquilo por mensagem. Mas decidi encarar o que viesse. E logo mandei:
"O que quer que seja, você não precisa ter vergonha ou medo de dizer. Foram muitas revelações para um dia só, e também você pode pensar no que eu disse, você não é obrigado fazer nada."
Mandei a mensagem e larguei o celular no meu peito e fiquei encarando o teto enquanto eu pensava como seria daqui para a frente. Meu celular logo vibrou.
"Não se trata disso, eu disse que quero o mesmo que você, também sinto desejos, necessidades e se podemos ajudar um ao outro com isso, porque não? Só não sei por onde começar, como vamos dar início nisso?"
Senti um frio no estômago, me senti ansioso de uma forma boa, como se finalmente algo estivesse dando certo na minha vida, e percebi que sorri. Sorri de uma forma como há muito não fazia. Mas não podia criar grandes expectativas, pois nem sabíamos por onde começar. Pensei um pouco antes de continuar:
"Quando você fala que não sabe por onde começar, está falando de como iremos fazer sexo? Ou como iremos dar início à esta nova fase da nossa amizade?"
Fiquei pensando na palavra sexo. E percebi que nunca olhei para o Maurício dessa forma. Pensando bem, sempre o vi como um amigo-irmão. Nunca parei para ver como ele era atraente, fisicamente falando. Sou um cara que se atrai pelo afeto, cuidado, carinho, caráter... E agora eu percebo, sempre tivemos tudo isso um pelo outro e nunca tive ou senti "segundas intenções" da parte dele. Mas fisicamente falando. Ele é bem bonito, o corpo dele é quase igual ao meu, com exceção de que ele tem o tom de pele levemente mais escuro. Tem pelos no tórax, usa o cabelo mais baixo que o meu e a barba bem mais aparada. Sempre foi um pouco vaidoso. Pesa 81kg, e tem 1,76 de altura. Enquanto pensava, ele respondeu:
"Nossa amizade está segura, e tenho certeza que ficará ainda melhor, sinto um carinho enorme por você. Mas o sexo me dá medo. Eu não sei como fazer. Posso estar sendo ridículo, mas sou um pouco inseguro com meu corpo. O que você vai pensar de mim? Será que você vai sentir prazer comigo?"
Eu li aquilo rindo muito. Pois ele estava preocupado sem motivo algum.
"Todos essas inseguranças eu tenho também. E eu quero acabar com elas junto contigo. Eu conheço você desde os 12 anos. E nos últimos anos vi essa sua bunda várias vezes pois nunca fechamos a porta do banheiro da loja e você tem preguiça de abrir o zíper da calça, acha mais fácil baixar ela haha. E também já perdi as contas de quantas vezes me deparei com você cagando com a porta aberta, com o pau para fora do vaso. Eu te conheço mais do que você imagina".
Enviei a mensagem e fui logo para o banho. Fiquei pensando nele enquanto a água quente corria pelo meu corpo. Meus batimentos acelerados, entendi que estava feliz. E como é bom sentir isso.
Terminei o banho, enxuguei o corpo e fui para o quarto, deitei na cama pelado mesmo, geralmente dormia apenas com a cueca, pois minha ex dizia que não era higiênico dormir sem roupas, mas de uns tempos para cá prefiro dormir assim. Peguei meu celular e abri a mensagem dele.
"Foi mal, sou mais tranquilo com essas coisas do que você. Nunca vi você sequer mijar com a porta aberta. Espero que você não tenha se incomodado com isso"
Jamais me incomodaria com isso, convivemos boa parte do dia juntos.
"Somos pessoas normais, qual o problema? Somos amigos, não tem nada de errado nisso. Pode continuar usando o banheiro com a porta aberta. A visão é muito bonita haha"
Notei que alguém estava mostrando sinais de vida, então decidi não ir adiante com esse papo pois não queria bater punheta. Queria guardar todo o meu tesão para quando acontecesse de verdade.
Quando chegou a mensagem fui logo abrir.
"Nossa que gay hahaha. Cobiçando bunda de homem? Não esperava isso de você"
Depois que li aquilo, ri bastante e respondi:
"Vamos parar por aqui com essa conversa pois estou começando a ficar excitado."
Logo meu celular vibrou novamente:
"Eu também, melhor pararmos aqui. Vamos dormir. Amanhã a loja não abre mas tenho dois consertos para fazer ainda pela manhã. Então boa noite."
O efeito do álcool já estava quase passando e eu não havia me arrependido de ter falado nada daquilo. Ou seja, fiz a coisa certa, pensei pra mim.
"Certo. Boa noite, fica bem."
Recebi outra mensagem:
"Estou bem, mas quero ver você bem também. Que a gente possa ajudar um ao outro à se curar."
Eu não consegui responder, aquela frase me impactou. Ajudar um ao outro à se curar. Nós estávamos, todo esse tempo, machucados. E acho que nem ao menos sabíamos disso.
Aquela noite foi longa. Acho que estava tão ansioso por tudo aquilo que não consegui pregar o olho. Nem o barulho da chuva ajudou. Quando dei por mim já eram 5 da manhã.
Meu sábado decorreu como de costume. É bem chatão. Meu pai faleceu há 5 anos. Perdi minha mãe para o câncer há pouco mais de 2 anos. Não tenho irmãos. Então desde que me divorciei, passo meus fins de semana em casa sozinho, a não ser quando o Maurício vem passar aqui em casa. Aí sim, bebemos cerveja o dia todo.
Mas nesse sábado ele não veio. E eu entendo. Talvez eu também não fosse. Não enviei mensagem alguma pra ele, e ele também não. Quando deu 19:30, meu celular vibrou:
"Vamos pedir uma pizza? Eu pago. Chego aí em 20 minutos. Tem cerveja ainda? Tô levando umas pra garantir"
Meu coração aqueceu. Mandei mensagem para a pizzaria, já fiz um pix, mesmo sabendo que ele iria ficar puto com aquilo.
Sabia que ele não tinha intenção nenhuma. Mas corri para o banho como se fosse um garoto de 16 anos prestes a ir em um encontro. Gosto de jantar depois de ter tomado um bom banho, é aconchegante.
Terminei o banho rápido e quando estava me enxugando ouvi o barulho da porta da frente abrindo e ele gritando:
- Vai tomar uma voadora no peito se já pediu a pizza. E vai tomar outra se pagou.
Eu ri alto do banheiro, enrolei a toalha na cintura. E passei pelo corredor para ir pro quarto vestir a roupa, deixei lá pois não achei que ele fosse chegar tão rápido, mas somos homens, que besteira, mas sempre fui mais inibido e introvertido mesmo. Só achei que depois de tudo o que falamos ele poderia ficar sem graça. Ele estava na cozinha colocando as cervejas no congelador. Ele olhou e percebi que riu meio sem graça. Mas contornou a situação:
- Pra que a toalha? Tem mais alguém além de nós aqui? Como se eu já não tivesse visto esse pau aí.
Ele parou e pensou um pouco, pois percebeu que se equivocou.
- Nossa, eu nunca vi mesmo. Esqueci que você sempre foi meio tímido. Foi mal pela brincadeira.
Como se eu fosse ficar constrangido com uma brincadeira de amigos. Resolvi brincar também, no calor do momento:
- Poxa, se tu pedir com carinho eu até mostro ele haha.
E caímos na gargalhada. Mas fiquei vermelho na hora, senti meu rosto queimar de vergonha. E ele percebeu.
- Desculpa por te fazer ficar envergonhado. Vai lá se vestir que eu recebo a pizza caso chegar...
Eu sei que é extenso, mas é gratificante poder contar com todos os detalhes que consigo lembrar desse momento único da minha vida. Espero que gostem.