Episódio 1: Um barraco vira uma aposta
Era uma tarde ensolarada em São Paulo quando Bernardo saiu do seu luxuoso escritório de advocacia e caminhou pelas movimentadas ruas da cidade. Seu corpo musculoso, seus cabelos pretos fartos e sua pele imaculada se destacava entre os transeuntes. Ele tinha alcançado sucesso em sua carreira como advogado, mas, apesar disso, algo lhe faltava. Bernardo suspirou e apressou o passo, ansioso para chegar em casa, apesar de já saber da realidade que o aguardava.
Ao chegar no Buckingham House, um dos mais disputados condomínios de alta renda de São Paulo, onde morava com sua esposa Melisa, Bernardo sentiu um frio na barriga. Ele sabia que teria que enfrentar mais uma noite de humilhações e desrespeito. Melisa, arrogante e cheia de si, fazia questão de lembrar Bernardo constantemente de sua origem humilde. Era como se ela se alimentasse do poder que tinha sobre ele.
Enquanto Bernardo caminhava pelo elegante saguão do prédio, ele avistou um homem alto e sofisticado parado perto da portaria. Era Christopher, um residente há anos no prédio, homossexual assumido, um dos arquitetos mais requisitados de São Paulo. Seus cabelos negros perfeitamente penteados e sua postura elegante chamaram a atenção de Bernardo. Ele sempre notava a presença de Christopher, mesmo que de longe. Era uma curiosidade, mas nunca falou diretamente com ele. A sua esposa, ao contrário, vivia bajulando Christopher, pois sabia que ele era convidado VIP em todos os eventos de moda e artísticos de São Paulo, mas Christopher a tratava com visível desdém, apesar de Melisa não perceber.
Bernardo entrou na portaria e foi nesse momento que Melisa decidiu fazer uma cena, ela estava descendo de um Uber, cheia de bolsas de compras de grifes caras. Ela começou a humilhar Bernardo na frente de todos, diminuindo sua autoestima. Bernardo sentia o olhar de todos sobre ele, e o peso da vergonha começou a se acumular em seus ombros.
"Eu já falei que você tinha que acelerar o conserto do meu carro, eu não gosto de ficar andando nessa porra de Uber", gritou Melisa na frente de todos que passavam.
Ela continuou misturando vários outros assuntos da intimidade do casal, mesmo na frente de todos, sempre humilhando Bernardo, cujo rosto estava ficando vermelho, mas sem responder nada. Bernardo só gritava em resposta quando estava sozinho com Melisa no apartamento, nunca em público.
No meio do caos, Christopher observava a situação com curiosidade e um brilho malicioso nos olhos. Augusto, o porteiro-chefe, homossexual assumido e espalhafatoso de 55 anos, permanecia ao seu lado, observando atentamente mais uma cena do casal. Foi então que Christopher decidiu intervir.
"Melisa, você está sendo injusta e cruel", disse Christopher, sua voz carregada de confiança. "Bernardo não merece esse tratamento. É hora de parar com essa humilhação desnecessária."
Melisa ficou momentaneamente surpresa, mas logo seu rosto se contorceu em fúria. "Quem é você para se intrometer nos nossos assuntos? Cuide da sua vida!"
Christopher sorriu de maneira irônica. "Acho que você precisa aprender a lidar com as consequências das suas atitudes, Melisa. Não acha, Bernardo?"
Bernardo olhou para Christopher, surpreso com sua intervenção. Ele sentiu um misto de gratidão e curiosidade em relação a esse homem enigmático, com quem nunca tinha trocado uma palavra. Nem imaginava que Christopher, um arquiteto famoso, soubesse seu nome. Em seu peito, sentiu uma comoção por ser defendido diante de Melisa por alguém, situação que nunca tinha ocorrido em sua vida, mesmo sua família sempre perdoava todas as grosserias de Melisa. "Sim, você está certo. Eu... eu não mereço ser tratado assim", disse o advogado olhando para o arquiteto.
O casal entrou no elevador e subiu. O olhar de Melisa fulminava Christopher com ódio e desprezo.
Augusto, o porteiro-chefe, depois que a porta do elevador se fechou, apenas disse para Christopher. "E então? Vamos fazer desta vez. Ele é lindo, vai valer a pena. Que pena que eu não tenha suas habilidades para poder desfrutar desse homem".
Christopher se virou surpreso para Augusto, mas um sorriso malicioso surgiu imediatamente no lábio de Christopher.
"O mesmo valor de sempre?", perguntou Christopher. Após Augusto assentir, Christopher perguntou do prazo.
"Nosso habitual é 90 dias, mas desta vez 120 dias é o mínimo para a aposta ser justa, não é?" ponderou o malicioso porteiro-chefe.
"Fechado então. Vou precisar da ajuda dos seus métodos como sempre", disse Christopher com um semblante pensativo, mas se deliciando com o que estava por vir.
Com determinação, Augusto estendeu a mão para Christopher. "Está feita a aposta, doutor. Vamos ver o que o futuro dirá."
Os próximos meses seriam um jogo intrigante de sedução e transformação. Christopher estava determinado a conquistar o coração de Bernardo, enquanto Augusto observava atentamente, secretamente feliz por ser o destinatário único de mais uma maravilhosa novela da vida real.
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NOTA DO AUTOR: Dêem uma chance a esta minisérie. Ela começa leve para vocês conhecerem os personagens e vai num crescente. Com o tempo, vocês ficarão loucos para conhecer o final da história, que será surpreendente. Eu sou gay, 40 anos, atualmente moro no Recife e procuro um namoro sério, para posteriormente arrumar um bom marido. Podem entrar em contato pelo e-mail